Pró-Reitoria de Graduação Curso de Enfermagem Trabalho de Conclusão de Curso ESTUDO SOBRE O TRABALHO DO ENFERMEIRO NO TRANSPORTE AEROMÉDICO Autores: Nayane Martins da Silva Rodrigues Daniella Ferreira Fernandes Orientadora: Dra. Leila Gottems Brasília - DF 2013 NAYANE MARTINS DA SILVA RODRIGUES DANIELLA FERREIRA FERNANDES ESTUDO SOBRE O TRABALHO DO ENFERMEIRO NO TRANSPORTE AEROMÉDICO Trabalho de conclusão de curso de graduação em enfermagem da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem. Orientador: Dra. Leila Gottems BRASÍLIA 2013 Dedico este trabalho ao meu esposo Rômulo, que por ser piloto de aeronaves me fez apaixonar pela sua profissão tão quanto sou pela enfermagem, me ajudando na escolha do tema deste trabalho que pude unir as duas áreas que mais gosto, que é fazer o bem às pessoas e voar! Obrigada por sempre estar ao meu lado me dando forças. Eu te amo! (Nayane Martins da Silva Rodrigues) Dedico este trabalho ao meu ilustríssimo esposo Henrique Rodrigues, que contribuiu de forma significativa para a conclusão deste projeto, obrigado por estar ao meu lado sempre, por suas orientações, ajuda física e psicológica, pelas palavras de apoio nos momentos de fraqueza e pelas noites de sono que perdemos juntos, obrigado por ser o meu norte e meu porto seguro. Dedico também ao meu filho Marcelo Henrique, que ainda bebê me deu muitas forças para continuar, você meu amor, foi o principal motivo dessa caminhada. (Daniella Ferreira Fernandes) AGRADECIMENTO Hoje, vivo uma realidade que parece um sonho, mas foi preciso muito esforço, determinação, paciência, perseverança, ousadia e maleabilidade para chegar até aqui, e nada disso eu conseguiria sozinha. Minha eterna gratidão a todos aqueles que colaboraram para que este sonho pudesse ser concretizado. Agradeço a minha mãe Maria Elizabeth com suas orações, seu apoio e conselhos; ao meu pai Antônio Neto por me ajudar a encontrar as empresas de pesquisa; ao meu falecido irmão Fernando, que no decorrer desta trajetória se fez ausente, embora em minha memória esteja vivo; a minha sogra Rosilene, por me levar e ficar comigo durante as entrevistas. A minha orientadora Dra. Leila Gottems por sua ajuda e paciência, à professora de estágio Daniela Ferreira Araújo com sua ajuda na parte escrita do trabalho. Minhas queridas amigas Clarissa Araújo e Luciana Soares com palavras positivas e sempre tirando minhas dúvidas. À minha companheira Daniella Ferreira na produção deste projeto. (Nayane Martins da Silva) AGRADECIMENTO Agradeço todas as pessoas que de certa forma vieram a contribuir com a concretização deste projeto. Agradeço a Deus que esteve comigo o tempo todo, me norteando nesta caminhada; Agradecimentos especiais a minha orientadora Dra. Leila Gottems por sua contribuição indispensável, por sua dedicação, e atenção; À minha mãe Silvana Fernandes, que sempre está ao meu lado quando preciso com suas palavras mágicas “Tudo dará certo, confie”; Aos meus irmãos Santiago Fernandes e Gessica Fernandes, que sempre confiaram e torceram muito por mim, À minha sogra Rosilene Silva pela dedicação e empenho. Não poderia deixar de citar minha companheira de “lutas”, Nayane Martins que veio a contribuir para a conclusão deste projeto. (Daniella Ferreira Fernandes) RESUMO Referencia: Rodrigues, Nayane Martins da Silva; Fernandes, Daniella Ferreira. Estudo Sobre o Trabalho do Enfermeiro no Transporte Aeromédico. 50 páginas. Do curso Enfermegem – Universidade Católica de Brasília, Taguatinga-DF, 2013. O Transporte Aeromédico é uma atividade em desenvolvimento no Brasil, regulamentada pela Portaria n° 2.048/2002 do Ministério da Saúde, que normatiza o serviço de um atendimento pré-hospitalar móvel, estabelece a capacitação dos profissionais, o insumo e equipamentos mínimos a serem utilizados. Objetivos: Identificar a composição da equipe de enfermagem e as práticas mais frequentes no Transporte Aeromédico; Identificar o perfil socioeconômico e profissional dos enfermeiros que atuam em Transporte Aeromédico. Método: Estudo qualitativo e descritivo, onde se analisa as práticas profissionais dos enfermeiros que atuam no Transporte Aeromédico. A pesquisa foi realizada em empresas de Transporte Aeromédico da cidade de Goiânia. Os dados foram coletados com roteiro semiestruturado por meio de entrevistas individuais, com questões abertas e fechadas. Os resultados indicam que o sexo masculino é predominante, trabalham em dois ou mais empregos para complementar a renda mensal, tem uma carga horária em média de 50 horas semanais. São graduados e pósgraduados, todos com formação específica exigida pela regulamentação oficial. Palavras-chave: Transporte Aeromédico. Enfermagem. RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA The aeromedical transport is an activity developing in Brazil, regulated by Decree n° 2.048/2002 of Health Ministry, which regulates the service of a mobile pre -hospital care, establishes the training of professional, input and the minimum equipment to be used. Objectives: identify the composition of the nursing staff and the most common practice in air medical transport; identify the socioeconomic and professional profile of nurses working in medical transportation. Method: qualitative and descriptive study, where analyzes the professional practice of nurses working in medical transportation. The research was conducted in aeromedical transport companies in Goiânia. The data were collected through semi-structured script through individual interviews, with open and closed questions. The results indicate that the male is dominant, work in two or more jobs in addition to the monthly income, has an average workload of 50 hours per week. Are graduates and postgraduates, all with specific training required by official regulation. Palavras- chave em lingua estrangeira: Aeromedical Transport. Nursing. SUMÁRIO 1.Introdução........................................................................................................................... 10 2.Justificativa......................................................................................................................... 12 3.Objetivos............................................................................................................................. 13 4.Revisão de Literatura.......................................................................................................... 14 4.1 Aspectos Históricos e Organizacionais da Remoção Aeromédica.................................. 14 5.Transporte Aeromédico Atual no Brasil............................................................................. 15 5.1Meios de Transporte Inter-Hospitalar............................................................................... 16 6.Planejamento da Aeronave: Resgate Aeromédico X Remoção Aeromédica...................... 17 7.Materiais, Equipamentos e Medicações a Bordo............................................................... 19 8.Aspectos Gerenciais e Tripulação Aeromédica.................................................................. 22 8.1Qualificação do Enfermeiro de Bordo.............................................................................. 22 9.Etapas de voo: Pré, Per e Pós - Voo.................................................................................... 24 10.Cuidados de Enfermagem................................................................................................. 25 11.Condições Médicas e Situações Críticas para o Transporte Médico................................ 26 12.Fisiologia do Voo.............................................................................................................. 27 12.1Fases do Voo................................................................................................................... 27 12.2Oscilações do Valor da Pressão Atmosférica.................................................................. 27 12.3Divisão Fisiológica da Atmosfera.................................................................................. 28 12.4Pressurização e Despressurização.................................................................................. 29 13.Metodologia...................................................................................................................... 30 13.1Classificação do Estudo.................................................................................................. 30 13.2Local e Participantes........................................................................................................ 30 13.3Coleta de Dados.............................................................................................................. 30 13.4Análise dos Dados.......................................................................................................... 31 13.5Aspectos Éticos................................................................................................................ 31 14.Resultados e Discussão...................................................................................................... 32 14.1Perfil do Entrevistados..................................................................................................... 32 14.2Formação Complementar................................................................................................. 33 14.3Carga Horária de Trabalho............................................................................................... 33 14.4Riscos da Ocupação no TA.............................................................................................. 34 14.5Desafios no Trabalho de Bordo...................................................................................... 35 14.6Escolha da Enfermagem de Bordo.................................................................................. 35 14.7Requisitos Necessários para o Enfermeiro de Bordo...................................................... 36 14.8Pontos Positivos e Negativos do Transporte Aeromédico............................................... 37 15.Conclusão.......................................................................................................................... 38 16.Referências........................................................................................................................ 39 10 1.INTRODUÇÃO O transporte de emergência surgiu com os feridos em campos de batalha, começando com o transporte animal, passando para veículos de locomoção terrestre ou aéreo e com aparelhos sofisticados. No contexto internacional a França, em 1917 teve seu inicio, onde o Transporte Aéreo se mostrava rudimentar na I Guerra Mundial. A partir da Segunda Guerra Mundial, o setor de transporte aéreo foi dominado pela tecnologia e capital norte-americanos. Durante o conflito, as empresas de origem alemã foram entregues ao capital nacional. A estrutura do mercado de transporte aéreo na década de 1930 foi marcada por fortes barreiras à entrada geradas pelo acesso privilegiado à tecnologia as inovações radicais que caracterizam a evolução da indústria de transporte aéreo nos anos 1930 só eram acessíveis às subsidiárias de empresas estrangeiras. Além das restrições tecnológicas, a fragilidade gerencial financeira do incipiente capital nacional também limitava a atuação das empresas brasileiras, o que resultou no predomínio das empresas estrangeiras nas décadas de 1920 e 1930. No Brasil o serviço aeromédico surgiu na Força Aérea Brasileira (FAB) com o Serviço de Busca e Salvamento (SAR), em 1950. O primeiro serviço de socorro médico de urgência, provido pelo Estado, na cidade de São Paulo, remonta a 1893, quando médicos do serviço legal da Polícia Civil do Estado passaram a atender as emergências da cidade. Com o crescimento da cidade, em 1924, criou-se o Posto Médico da Assistência Policial. Em 1950, o governo do Estado passa para o município a responsabilidade do atendimento de urgência, que assume o Pronto-Socorro de pacientes e que tinha como retaguarda alguns hospitais. No Estado do Rio de Janeiro também criou um sistema de transporte aéreo na década de 1980. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) é o órgão brasileiro responsável por homologar e supervisionar as aeronaves para esse tipo de transporte. Esta entidade determina um currículo mínimo para o treinamento da tripulação aeromédica. Há vários requisitos para um enfermeiro de bordo, entre eles: condição física, controle emocional, habilidade em improvisar, porém há pouca oferta de cursos e capacitações para habilitar os profissionais. Na composição da equipe, a presença do enfermeiro é necessária de acordo com a ENA (Emergency Nurses Association), sendo imprescindível que este profissional seja treinado e tenha ao menos, experiência em assistência a pacientes críticos. A atuação do Enfermeiro no Transporte Aeromédico constitui-se em um grande desafio prático e uma área de estudos pouco explorada. A Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, estabelece que é privativo do enfermeiro os cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica, bem como capacidade de tomar decisões imediatas, fazendo parte do quadro funcional “exclusivamente enfermeiros”. É necessário também a presença do médico, comandante e copiloto no transporte aeromédico, facultando a presença do técnico em enfermagem que atua apenas sob a supervisão do enfermeiro. Exige-se que o enfermeiro tenha conhecimento básico na utilização de equipamentos, da fisiologia da altitude, e das peculiaridades próprias do Resgate Aéreo e da Transferência Inter-hospitalar. O enfermeiro de bordo presta atendimento de urgência e emergência, em ambulância aérea e/ou terrestre, sendo desejável que tenha mais de uma especialidade, conhecimento intermediário de inglês; que possua ampla experiência em atendimento de emergência e/ou terapia intensiva e que preste assistência direta a todos os pacientes criticamente enfermos, seja neonatal, pediátrico e/ou adulto (PENA, 2009). Embora a legislação brasileira e a implantação do transporte aéreo tenham mais de 50 anos, ainda hoje, essa área de atuação de enfermagem no transporte aeromédico é pouco estudada e pouco divulgada, tornando-se um desafio para os novos enfermeiros de bordo. Neste sentido esta pesquisa tem como temática de estudo contribuir e ampliar ainda mais o conhecimento sobre o cliente aerorremovido e entender o cenário do Pré-voo, Per voo e Pós- 11 voo baseando-se na assistência de enfermagem. Neste sentido a questão norteadora do estudo é: como se caracteriza o Papel do enfermeiro no transporte aeromédico? É responsabilidade do enfermeiro, saber atuar com conhecimento científico acolhendo o paciente desde sua chegada a aeronave até o hospital que irá recebê-lo, estando atento as prioridades do cliente, realizando assistência integral, psíquica e física, não se esquecendo de observar equipamentos de monitorização e manter o paciente informado sobre procedimentos a serem realizados. 12 2.JUSTIFCATIVA O enfermeiro de bordo nasceu da necessidade de especializar o profissional que presta assistência de enfermagem ao paciente aerorremovido. Essa especialização é recente no nosso meio e vem se desenvolvendo com a formação específica ministrada pelas instituições prestadora deste serviço. Temos hoje diferentes serviços de remoção aeromédica, mais ainda poucos têm em seu quadro de tripulantes aeromédico, o enfermeiro de bordo na assistência direta (THOMAS, MIRANDA, SOUZA, GENTIL, 1999). Dispomos hoje de vários serviços de remoção aeromédica, sendo ainda uma atividade em desenvolvimento no Brasil, tendo como orientação e conhecimento às normas, padrões e protocolos. De acordo com a portaria n° 2.048/2002 do Ministério da Saúde normatiza o serviço de atendimento pré-hospitalar móvel no Brasil e estabelece a capacitação dos profissionais de transporte aeromédico e dispõem os matérias e equipamentos mínimos a serem utilizados. Este trabalho visa apresentar alguns aspectos relevantes a esta atividade de enfermagem esclarecendo os Aspectos Históricos e Organizacionais da Remoção Aeromédica; Transporte Aeromédico; Equipamentos Mínimos Exigidos na Aeronave; cenário do Pré-voo, Per-voo e Pós-voo; Fisiologia básica de voo; Perfil Profissional; Protocolo de Cuidados de Enfermagem no Ambiente Aeroespacial; Legislação e Portarias; Competências e Atribuições do Enfermeiro de Bordo. Acreditamos servir de fonte de pesquisa a outros graduandos contribuindo para seu conhecimento e aprimoramento científico. Sendo assim este trabalho tem relevância pratica e acadêmica. Do ponto de vista pratico se propõe a produzir evidencias em uma área de atuação da enfermagem que é pouco conhecida pelos profissionais. Do ponto de vista acadêmico busca-se salientar aspectos da atuação em urgências e emergências que não são abordadas na graduação e há pouca oferta de formação especifica na pós graduação. 13 3.OBJETIVOS • Identificar os potenciais e limites da atuação do enfermeiro no transporte aeromédico; • Identificar o perfil socioeconômico e profissiográfico dos enfermeiros que atuam em transporte aeromedico. 14 4.REVISÃO DE LITERATURA 4.1- Aspectos Históricos e Organizacionais da Remoção Aeromédica O transporte aéreo vem obtendo destaque, desde seu início em 1870, na Guerra Franco Prussiana. Depois, foi utilizado na Segunda Guerra Mundial e nas Guerras da Coréia e Vietnã. Neste tipo de transporte se faz necessário à presença do enfermeiro e, de acordo com a Emergency Nurses Association (ENA), é importante que este profissional seja treinado e tenha experiência na assistência a pacientes graves. (PASSOS et al., 2011). O Dr. Baron Dominique Jean Larrey foi o primeiro a reconhecer a necessidade de uma rápida avaliação de um paciente traumatizado. Durante a Revolução Francesa, veículos eram usados para entender os combatentes feridos a facilitar a avaliação cirúrgica e os cuidados. Em 1870, durante a guerra Franco Prussiana foram relatados os primeiros casos de remoção aeromédica, 160 feridos foram resgatados por balões de ar quente. Já em 1908 os irmãos Wilbor e Orville Wright iniciaram seus primeiros voos com o Zepelin VII, transportando pessoas acidentadas. (ROCHA et al., 2003). As aeronaves eram rudimentares, despressurizadas, em baixa altitude, sem equipe de vigilância durante o voo, isso já demonstrava a necessidade do piloto em conhecer procedimentos básicos de primeiro atendimento com sistema de rede de oxigênio suplementar, em monomotores de velocidade média de 150 km/hora e os feridos encontravam-se em compartimentos à frente do piloto. Em 1916 se tem conhecimento da primeira remoção aérea, rudimentares monomotores. Sendo assim a experiência adquirida solidificou a importância do uso do transporte aeromédico no tratamento de pacientes no meio militar e posteriormente no meio civil e para pacientes clínicos que precisavam de uma assistência mais rápida. A guerra impulsionou a necessidade de transporte rápido de feridos, alemães e americanos adaptaram aeronaves militares de transporte para "ambulâncias aéreas" com macas apropriadas, sistema de aspiração e oxigênio, equipamentos de ventilação não invasiva com máscaras, medicações e com presença dos profissionais de saúde para atendimento. (FERRARI, 2005). A gravidade do estado geral dos soldados durante as guerras trouxeram a necessidade de um transporte rápido e seguro, levando ao avanço e o desenvolvimento técnico. 15 5.TRANSPORTE AEROMÉDICO ATUAL NO BRASIL No Brasil, a remoção aeromedica teve inicio na FAB, com o Serviço de Busca e Salvamento (SAR), em 1950. Depois, muitos outros locais implantaram esse tipo de remoção, por exemplo, o Corpo de Bombeiros Militares do Rio de Janeiro e o Projeto Resgate do Estado de São Paulo. O antigo DAC (Departamento de Aviação Civil), hoje ANAC (Agencia Nacional De Aviação Civil), é o órgão responsável por homologar as aeronaves para esse tipo de remoção, bem como supervisionar e estabelecer um currículo mínimo para a formação e treinamento da tripulação aeromédica. Ha uma serie de requisitos que o enfermeiro de bordo deve ter, dentre eles: boa condição física, controle emocional, criatividade,habilidade em improvisar, porem ha poucas disciplinas e/ou cursos específicos no Brasil (DURAN at al,2011). Em relação ao transporte aerorremovido há no Brasil uma legislação recente e que vem sendo aperfeiçoada e adequada ao longo dos últimos 30 anos aproximadamente. Obsevase no Quadro 1 que as regulamentações do trabalho do aeronauta, do enfermeiro, da aeronave e do transporte aeromedico evoluíram paralelamente, sendo que este ultimo é objeto de uma portaria do MS. Quadro 1- Síntese das legislações que regulamentam o transporte aeromédico e a atuação do enfermeiro. Legislação Regulamentação 05/04/1984 Regula o exercício da profissão de aeronauta e dá outras providências. 25/06/1986 Estabelece que sejam privativos do enfermeiro os cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica. Publicação Lei n° 7.183 Lei n° 7.498 Lei n° 7.565 Portaria 2.048 Ministério Saúde n° do da COREN n° 290 Lei n° 2.604 19/12/1986 Regula os requisitos de segurança de voo das aeronaves, do tráfego aéreo, do Sistema de proteção ao voo, do sistema de segurança de voo, da coordenação de busca, assistência e salvamento, da composição da tripulação, serviços aéreos privados e públicos, serviços aéreos especializados. 05/11/2002 Equipamentos e materiais para adequada atenção às urgências e emergências, medicamentos exigidos, equipe de profissionais não oriundos da saúde, perfis profissional habilitado à operação de aeronaves, capacitação específica dos profissionais de transporte aeromédico, definição do atendimento pré-hospitalar móvel tipo A, B, C, D, E, F. Aeronave de Transporte Médico (Tipo E) equipamentos médicos fixos e Móveis. 2004 Fixa as especialidades de enfermagem e reconhece a especialização Aeroespacial. 17/09/1955 Regula o Exercício da Enfermagem Profissional. 16 5.1- Meios de transporte inter-hospitalar O transporte inter-hospitalar faz-se necessário quando o hospital onde se encontra o paciente/cliente/usuário não tem recursos humanos, diagnósticos e terapêuticos, necessários para melhora do quadro clínico. A escolha interfere nas condições de assistência, diagnóstico, terapêutica na qualidade prestada ao paciente (JUNIOR, NUNES, FILHO, 2001). O enfermeiro deve promover meios para que o transporte destes pacientes seja feito sem prejudicar o seu tratamento, ou seja, deve ser indicado, planejado, executado minimizando o máximo possível os riscos para o transportado. Para o presente estudo o tipo de ambulância é de classe E. Classes de ambulâncias existentes no país e no mundo segundo a portaria do Ministério da Saúde nº 2.048/ 2002 são as seguintes abaixo: Tipo A: Ambulância Transporte; Tipo B: Ambulância de Suporte Básico; Tipo C: Ambulância de Resgate; Tipo D: Ambulância de Transporte Médico; Tipo E: Aeronave de Transporte Médico Tipo F: Embarcação de Transporte Médico; Veículo de intervenção rápida; Outros veículos. No transporte tipo E - Aeronave de Transporte Médico, o MS (Brasil, 2002) define que a aeronave de asa fixa ou rotativa será utilizada para transporte inter-hospitalar de pacientes e a aeronave de asa rotativa, para ações de resgate, dotada de equipamentos médicos homologados pela ANAC- Agência Nacional de Aviação Civil. As aeronaves são sempre consideradas viaturas de suporte avançado, requerendo uma tripulação composta por piloto, médico e enfermeiro; resgatista pode ser associado, se necessário. Para melhor compreensão dos tipos de transporte, apresenta-se a seguir uma descrição de cada um, no Quadro 2. Quadro 2- Meios de transporte de pacientes. Ambulância Aeronaves Aquaviário Ambulância é um veículo (terrestre, aéreo ou aquaviário) que se define exclusivamente ao transporte de enfermos. As dimensões e outras especificações do veículo terrestre deverão obedecer às normas da ABNT – NBR 14561/2000, de julho de 2000, e os materiais obrigatórios, à Portaria do Ministério da Saúde nº 2.048/ 2002, e cada tipo de ambulância tem de apresentar condições mínimas para realizar o atendimento com segurança.(BRASIL, 2002). Há dois tipos principais de ambulâncias: a de Suporte Básico e a de Suporte Avançado de Vida, sendo assim o enfermeiro deverá identificar qual é a modalidade de ambulância que estará sendo utilizada. Para distâncias a partir de 400 Km, recomendam-se os Learjets, Turboélices e Bimotores, cuja opção será baseada no tipo de pista disponível na cidade de origem. Apesar de estarmos habituados apenas ao transporte de ambulância, o preconizado em relação ao modo de transporte é: via terrestre para distância de até 150 Km, helicópteros para distâncias de até 400Km e, para distâncias maiores, devem ser utilizados Learjeats,Turboélices ou Bimotores (JUNIOR, NUNES, FILHO, 2001). Para Gentil (1997) as aeronaves não pressurizadas são úteis para remoções em distância intermediárias, pousando em pistas curtas e não pavimentadas. Já aeronaves a jato são pressurizadas, removem pacientes em distâncias intermediárias e longas possuindo maior autonomia e rapidez de voo. Necessitam de pista longa e pavimentada, em função de sua velocidade. Este tipo de transporte poderá ser indicado em regiões onde o transporte terrestre esteja impossibilitado pela inexistência de estradas e/ou onde não haja transporte aeromédico, observando-se a adequação do tempo de transporte às necessidades clínicas e a gravidade do caso. Como o transporte aeromédico, aqui o profissional envolvido é considerado “tripulante de embarcação” e, portanto, submetido à legislação da Marinha do Brasil (LACERDA, CRUVINEL e SILVA, 2003). 17 6.PLANEJAMENTO DA AERONAVE: RESGATE AEROMÉDICO X REMOÇÃO AEROMÉDICA O resgate aeromédico em aeronaves de asa rotativa ocorre quando a gravidade do quadro clínico do paciente exigir uma intervenção rápida, e as condições de trânsito tornem o transporte terrestre muito demorado. A remoção aeromédica se realiza em aeronaves de asa fixa, para percorrer grandes distâncias em um intervalo de tempo aceitável, diante das condições clínicas do paciente. Ambas as operações devem seguir as normas e legislações específicas vigentes, oriundas do Comando da Aeronáutica através da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Para efeito da atividade médica e da assistência de enfermagem envolvida no atendimento e transporte aéreo de pacientes, consideram-se os profissionais envolvidos como “tripulantes aeromédicos”. (LACERDA, CRUVINEL, SILVA, 2007). Há duas situações para o transporte aeromédico: remoção da vítima do local do acidente; transferência do paciente para outro hospital com mais recursos em atendimento. A remoção aeromédica é uma modalidade inter-hospitalar. No procedimento é necessário para transportar o paciente de um hospital para outro, um médico, enfermeiro e materiais necessários em menor tempo. O enfermeiro deverá ser capaz de entender o cenário de atuação, o transporte aeromédico e o modelo de equipamento usado no transporte. No transporte aeromédico é imprescindível a presença de um médico, um piloto e um enfermeiro de bordo nas chamadas UTIs aéreas. Dispõem de maca outonoma, adaptável a qualquer tipo de transporte aéreo tanto para remoção como para resgate. O enfermeiro deverá possuir conhecimentos básicos aeronáuticos para entender a estrutura da aeronave e saber como atuar no cenário que se encontra para prestar a assistência de enfermagem livre dos riscos ao paciente aerorremovido. O médico e o enfermeiro participam da escolha da aeronave e quanto ao tipo de equipamento. A montagem da aeronave será realizada pelo enfermeiro, após analise sistematizada de todos os fatores e de acordo com a necessidade clínica de cada paciente. É importante que exista entre o médico e o enfermeiro entrosamento, simpatia e não apatia, uma boa interação entre os tripulantes. O trabalho em equipe é fundamental para que haja êxito tanto na escolha como na execução de todo o processo. As aeronaves deveram ser equipadas e homologadas para a realização de voo por instrumento, o que significa que estão aptas a voar em condições adversas de tempo, como em caso de chuva ou com baixa visibilidade. E deveram ser submetidas a constantes procedimentos de manutenção preventiva, seguindo os padrões internacionais de segurança (VIEIRA, 2009). Alguns aspectos deverão ser observados para facilitar a atuação da equipe aeromédica: Avalia as condições do paciente, autorizando o voo depois de confirmada à viabilidade das suas condições; Confirma a existência de vaga no hospital de destino do paciente; Verifica requisitos, como: a dimensão e o tipo de piso da pista dos aeroportos que serão utilizados; o horário limite para operação diurna, quando os aeroportos não tiverem infraestrutura; a aeronave mais adequada para a missão; a coordenação do voo e do transporte em terra; a equipe médica especializada no quadro clínico do paciente; os equipamentos necessários; a largura e a distancia entre o chão e a porta da aeronave, a quantidade de degraus, forma de abertura da porta; 18 As portas devem ser largas para permitir que a maca ou padiola seja levada sem rodá-la, mais que 30 graus em seu eixo longitudinal ou 45 graus sobre a lateral; A UTI Aérea é uma operação ágil e cuidadosa, que segue padrões internacionais de qualidade e eficiência. Quando o percurso for maior, os aviões pressurizados com maior espaço na cabine (charuto da aeronave) são mais eficientes por proporcionar maior mobilidade e conforto para a equipe de atendimento, além de comportar mais quantidade de equipamentos (GENTIL ,1997). 19 7.MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E MEDICAÇÕES A BORDO. Segundo as autoras Carvalho e Dias (2009) os materiais, medicamentos e equipamentos necessários para realização de missões de transporte aeromédico são organizados em kits contendo o seguinte: Materiais Equipamentos Medicação Bolsa de vias aéreas, bolsa Bomba de infusão; de medicamentos. Ventiladores mecânicos; Glicose 25% e 50%. Adenosina Nitroprussiato de sódio; Nitroprussiato de sódio Glucagon Naloxona Bolsa de soroterapia e Monitores com Dopamina Água destilada bolsas de roupas de cama. multiparamentos Procainamida Diltiazem Heparin Epinefrina Bolsa de procedimentos Baterias reservas; Nitroglicerina Albuterol Solução invasivos de medicações Conversores de energia salina Difenidramina Isoproterenol Fenitoína Bolsa kit básico Balas de oxigênio/válvulas Digoxina Amiodarona Sulfato de portáteis magnésio Metilprednisolon Labetalol Fenobarbital Bolsa contendo comadre e Geradores de marca-passo Metoprolol Atropina Terbutalina marreco Verapamil Lidocaína Furosemida Materiais específicos (Tipo E) Maca ou incubadora; Cilindro de ar comprimido e oxigênio com autonomia de pelo menos 2 horas; Régua tripla para transporte; Suporte para fixação de equipamentos médicos (conjunto aeromédico). Equipamentos de proteção Cloreto de potássio Cloreto de à equipe de atendimento cálcio Bicarbonato de sódio e aeromédico: Óculos, Morfina,Manitol Propofol. Máscaras, Luvas, Colete imobilizador dorsal; Cilindro de oxigênio portátil com válvula; Manômetro e fluxômetro com máscara e chicote para oxigenação; Bandagens triangulares; e Talas para imobilização de membros; Coletes reflexivos para a tripulação; Lanterna de mão. 20 Equipamentos Médicos Móveis De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde n° 2.048/2002 estabelece os equipamentos para aeronaves de Transporte Aeromédico (Tipo E): Maleta de vias aéreas: Maleta de acesso venoso: Maleta de parto: Conjunto de cânulas orofaringeas; Tala para fixação de braço; Luvas cirurgicas; Cânulas endotraqueais de vários tamanhos; Luvas estéreis; Clamps umbilicais; Cateteres de aspiração; Recipiente de algodão com antisséptico; Estilete estéril para corte do cordão; Adaptadores para cânulas; Pacotes de gaze estéril; Cobertor ou similar para envolver o recém nascido; Cateteres nasais laringoscópio infantil/adulto com conjunto de lâminas curvas e retas; Esparadrapo e garrote; Ressucitador manual adulto/infantil completo; Sondas para aspiração traqueal de vários tamanhos; Saco plástico para placenta; Material para punção de vários tamanhos incluindo agulhas metálicas, plásticas e agulhas especiais para punção óssea; Equipos de macro e microgotas; Luvas de procedimentos; Lidocaína geléia e spray; Absorvente higiênico grande; Compressas cirúrgicas estéreis; Pacotes de gases estéreis; Braceletes de identificação; Cateteres específicos para dissecção de veias, tamanhos adulto/infantil; Cadarços para fixação de cânula; Sondas vesicais; Coletores de urina; Seringas de vários tamanhos; Seringa de 20 ml; Espátulas de madeira. Ringer lactato; Estetoscópio; Lâminas de bisturi; Esfigmomanômetro adulto/infantil; Fios guia para entubação; Tesoura e caixa de pequena cirurgia; Pinça de Magyll; Torneiras de 3 vias; Bisturi descartável, Cânulas para traqueostomia; Cortadores de soro; Equipo de infusão; Material para cricotiroidostomia; Frascos de solução; Conjunto de drenagem de tórax. Pinça de Kocher; Salina. 21 Equipamentos Médicos Fixos Respirador mecânico; Oximetro portátil; Monitor cardioversor com bateria com marca-passo externo não invasivo. Monitor de pressão não invasiva; Prancha longa para imobilização de coluna; Capnógrafo. Bomba de infusão. O enfermeiro plantonista e responsável pelo check-list aeromédico, principalmente dos cilindros de oxigênio que deverão ser checados a sua capacidade e disponibilidade na aeronave e solicitar reposição do mesmo. Pode ocorrer uma diferença em relação a equipamentos de empresa para empresa. Entende-se que todas essas bolsas são controladas utilizando lacres e numerando cada um dos kits, o enfermeiro deverá anotar em ficha própria a numeração dos kits que foram utilizados. As obrigações mínimas são previstas na legislação brasileira pela Portaria nº 2.048/2002. À semelhança desta portaria, existem diversos relatos na literatura internacional instituindo condições e enumerando os equipamentos e medicamentos para se realizar um transporte inter-hospitalar com segurança. No Brasil, toda aeronave de transporte aeromédico, deve ser homologada de acordo com as regras do IAC 31-34, RBAC 135, além de seguir, como qualquer outro helicóptero, as regras da IMA 100-4. Os “Kits” aeromédicos devem ser homologados pelo CTA – Centro Tecnológico Aeroespacial e pela ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil (VIEIRA, 2009). Segundo a resolução do COFEN 311/ 2007: Art. 30 – É vedado administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade de riscos. Medicamentos obrigatórios que deverão constar nas aeronaves ou naves de Transporte médico (tipos D, E e F): Lidocaína sem vasoconstritor; Adrenalina, Epinefrina, Atropina; Dopamina; Aminofilina; Dobutamina; Hidrocortisona; Glicose 50%; Soros: glicosado 5%; fisiológico 0,9%; ringer lactato; Psicotrópicos: hidantoína; meperidina; diazepan; midazolan; Medicamentos para analgesia e anestesia: fentanil, ketalar, quelecin. 22 8 .ASPETOS GERENCIAIS E TRIPULAÇÃO AEROMEDICA As atividades gerenciais em organizações de saúde estabelecem atividades diferenciadas para cada categoria, tais como atividades privativas do enfermeiro e atividades para técnicos e auxiliares de enfermagem, o que modificou, em parte, a realização do trabalho em equipe, tendo-se em vista que cada categoria tem uma visão fragmentada da assistência prestada ao paciente. A equipe deve desenvolver suas tarefas de maneira a alcançar objetivo principal proporcionar um atendimento integral ao paciente / cliente. As diferentes habilidades de cada membro são utilizadas de forma a complementar para alcançar o resultado almejado no ambiente de trabalho, são destacados o respeito e o estimulo à criatividade. A enfermagem conduz a equipe constantemente observando e buscando identificar problemas que afetam o seu funcionamento, bem como as soluções possíveis. Ainda segundo os autores Thomaz, Souza e Gentil (1999), nenhum operador pode empregar um médico ou profissional de enfermagem como tripulante em operações aeromédicas, assim como nenhum médico ou profissional de enfermagem pode trabalhar a bordo de tais operações, a menos que seja habilitado pela ANAC para o exercício da função; e tenha completador o programa de treinamento específico aprovado para o operador (empresa). 8.1-Qualificação do enfermeiro de Bordo A importância da qualificação do profissional enfermeiro é primordial nessa área, bem como a realização de treinamentos. No Brasil, o enfermeiro de bordo e uma atividade ainda em expansão, com avanço dos grandes centros urbanos como São Paulo - SP e Rio de Janeiro – RJ, hoje existem cursos específicos ministrados por instituições de ensino, tendo sua formação voltada para o transporte aéreo de doentes, tendo o público alvo os profissionais da saúde: médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, com carga horário de 30 horas para Médicos e Enfermeiros, Auxiliar/técnico de enfermagem de 22 horas, conforme estipulada pela legislação brasileira do Ministério da saúde Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002, e a Resolução COREN nº 290/2004 que fixa as especialidades de enfermagem e reconhece a especialização Aeroespacial. 23 Quadro 3- Requisitos do enfermeiro para atuação no transporte aeromédico. Formação Requisitos Específicos Requisitos Gerais Profissional de nível superior, que possua diploma expedido no Brasil, por escolas oficiais ou reconhecida pelo Governo Federal, nos termos da Lei nº 775, de 06 de agosto de 1949; Exercer todas as funções legalmente reconhecidas à sua formação profissional; Aptidão física e psíquica; Devem ter noções de aeronáutica de fisiologia de voo conforme a Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002; Habilitado para ações de enfermagem no atendimento Aeromedico; resgate e transporte aeromedico; Prestar assistência direta às vítimas, em atuação na aeronave; Disposição pessoal para a atividade. Equilíbrio emocional e autocontrole devido às possíveis situações de risco que estão envolvidas durante o transporte; Capacidade física e mental para a atividade; Condicionamento físico para trabalhar em unidades móveis; Capacidade trabalhar em equipe; Exigências antropométricas; Iniciativa e facilidade de comunicação; Disposição de cumprir ações orientadas; Tato e sensibilidade; Experiência profissional prévia em serviço de saúde voltado ao atendimento de urgências e emergências; Disponibilidade para a capacitação discriminada, bem como para a re-certificação periódica; Liderança; Resposta satisfatória ao estresse; Curso básico de transporte aeromédico; Curso e exercício simulado de emergência anual; 24 9.ETAPAS DE VOO: PRÉ, PER E PÓS – VOO PRÉ- Voo PER- Voo PÓS – Voo O pré-voo também conhecido como “primeira fase” é a etapa inicial que compreende o preparado da aeronave co materiais (Kit`s) e equipamentos (bomba infusora, cilindro de oxigênio, respirador, tempo útil de baterias etc...). O enfermeiro deverá instalar os equipamentos dentro da aeronave assim como verificar sua funcionalidade testando cada aparelho, interar-se do histórico do paciente, quadro clínico, sinais vitais e o tempo de missão. O per – voo também conhecido como segunda fase e a etapa que compreende a remoção aeromédica, missão propriamente dita. O enfermeiro irá oferecer uma assistência direta de enfermagem realizando uma avaliação inicial do paciente, assistir ao médico e realizar os procedimentos a bordo, realizar anotações de enfermagem e administrar medicações. Para Carvalho e Dias (2009) é função do enfermeiro de bordo avaliar e sistematizar as prioridades do paciente, realizar assistência integral ao paciente e zelar pela integridade física e psíquica do paciente, preservar a segurança do paciente. O pós – voo também conhecido como terceira fase que compreende a última etapa, e o retorno à base operacional. O enfermeiro atua nessa etapa após a entrega do cliente ao hospital de destino, repondo o material e coordenando a desinfecção e esterilização do material e a parte burocrática desse processo pós-voo. Carvalho e Dias (2009) o enfermeiro irá realizar o preenchimento da ficha de gastos, que deverá conter todos os materiais que foram utilizados durante a missão. Deverá conferir os kits, realizar o registro no livro de relatório de enfermagem. Para Thomaz, Miranda, Souza e Gentil (1999) o enfermeiro fará a reposição da aeronave para uma nova missão. Realizar desinfecção dos materiais, encaminhar roupas usadas para lavanderia, organizar o prontuário e protocolar em ordem decrescente. Esse processo pode ser diferente em algumas empresas que executam o serviço de transporte aeromédico. Existem hoje no mercado grandes empresas de renome que atuam com protocolos criados da instituição, o enfermeiro poderá atuar de forma diferente em algumas etapas do transporte. Porém, o enfermeiro sempre deverá atuar de forma planejada, sem planejamento os acontecimentos ficam sujeitos ao acaso, não há rendimento do trabalho, há perda de tempo, esforço, energia e recursos materiais e financeiros. O planejamento processa-se através da organização. O planejamento faz parte da ciência de administração. 25 10.CUIDADOS DE ENFERMAGEM Nas remoções o nível do cuidado deve ser determinado antes da remoção através da consulta entre os médicos do transporte aéreo e o do hospital de origem, que devem determinar se o paciente requer o suporte de vida básico ou avançado e quais as possibilidades de haver alterações ou piora das condições do paciente, durante o voo, ou ainda, se a remoção deve ser imediata ou não. A avaliação inicial, deve contar de um breve histórico de enfermagem e exame físico de enfermagem, oferecendo informações para a indicação ou não da remoção. Esta avaliação também e realizada durante a remoção aérea, através dos registros fornecidos pela monitorização constante do paciente, evolução de enfermagem, anotações dos procedimentos realizados e avaliação neurológica, através da escala de Glasgow.( GENTIL, 1997) Os cuidados de enfermagem em voo estão voltados para corrigir e/ou diminuir os efeitos da altitude no organismo, bem como os efeitos das forças gravitacionais e os provocados pelo funcionamento da aeronave (THOMAZ, MIRANDA, SOUZA e GENTIL,1999). Após chegar ao hospital de destino final o enfermeiro de bordo deve passar o caso para o outro enfermeiro que receberá o paciente, junto com o prontuário contendo as possíveis alterações ocorridas e toda a evolução do paciente durante o translado hospitalaeronave –hospital (GENTIL 1997). 26 11.CONDIÇÕES MÉDICAS E SITUAÇÕES CRÍTICAS PARA O TRANSPORTE MÉDICO Existem fatores que influenciam na escolha do transporte como: duração; distância; complicações que o paciente pode desenvolver no transporte aéreo ou terrestre; urgência da situação; condições meteorológicas e disponibilidade de recursos. No entanto podem-se considerar algumas condições em que os médicos possam preferir o transporte aeromédico. Algumas dessas condições podem ser de pacientes nas seguintes situações abaixo (LARCERDA, CRUNIVENEL e SILVA 2007): • Com problemas neurológicos que necessitem de monitorização intracraniana; • Com problemas respiratórios que necessitem de ventiladores; • Com traumatismos; • Com fraturas múltiplas (recentemente sujeitos a um transplante); • Unidade obstetrícia que necessitem de cuidados intensivos; O médico tem a função de avaliar a situação do paciente e estabelecer os cuidados que lhe devem ser administrado tanto no local como na unidade de saúde. Em alterações térmicas prevenir a desidratação, utilizando cobertores quando necessário e solicitar ao piloto a correção da temperatura da cabine e monitorização da temperatura corporal do paciente/cliente/usuário (REIS,VASCONCELLOS, SAIKI,GENTIL, 2000). 27 12.FISIOLOGIA DO VOO O objetivo da fisiologia do voo e a Adequação técnica dos profissionais de saúde credenciados pela ANAC para realizar o transporte de enfermos em aeronave de asa fixa. Um dos grandes desafios para a enfermagem nos dias de hoje é a especialização na assistência ao paciente aerorremovido. A necessidade de uma assistência de enfermagem especializada só é possível por meio de um estudo sobre a fisiologia de voo, que é fundamentada nas leis físicas gasosas, determinado como o corpo humano responde à alteração de pressão atmosférica e seus efeitos sobre a tripulação aeromédica. 12.1-Fases do Voo Taxiamento 5 a 10 minutos com 46 tarefas Decolagem Dura em média 2 min-recebe 89 inf.N executa 15 tarefas. Dura 15 a 30 min –63 inf. – tarefas 39 Subida Descida Aterrissagem 15-30 min com 82 inf. e 32 tarefas Aproximação 5 min- 239 inf para 69 tarefas 35 inf. para 21 tarefas O organismo humano foi feito para viver sobre a crosta terrestre e, portanto, quando embarca numa aeronave para uma viagem, fica sujeito a condições que não são as habituais. Na altitude, ocorre a menor pressão parcial de oxigênio no alvéolo pulmonar, de que resulta a hipóxia. Existe também, a diminuição da pressão atmosférica, que pode levar a problemas de aerodilatação. Existe ainda a turbulência que, como os outros, é fator estressante do vôo. E quando submetido a estresse, o organismo humano pode apresentar, além de problemas específicos, os problemas generalizados, devido às alterações psíquicas. O paciente aerorremovido necessita de profissionais competentes, e o enfermeiro de bordo deve estar preparado para utilizar todos os recursos tecnológicos disponíveis na aeronave para manter o paciente estável durante todo o voo e entregá-lo da melhor maneira possível, com conhecimento científico, principalmente sobre fisiologia de voo. Por isso da importância de uma avaliação constante, seguindo protocolos mundialmente aceitos, como o Prehospital Trauma Life Support (PHTLS). (SCHWEITZER, NASCIMENTO, NASCIMENTO, MOREIRA, BERTONCELLO, 2011). 12.2-Oscilações do Valor da Pressão Atmosférica À medida que se ganha altitude, ocorre queda da pressão atmosférica, devido a uma progressiva redução do peso exercido pela atmosfera sobre a superfície terrestre. A atmosfera exerce uma pressão pelo peso de seus gases sobre a superfície terrestre. A atmosfera é composta essencialmente de Nitrogênio (78%), Oxigênio (21%), Gás Carbônico (0,03), e 28 traços de seis gases raros: Hélio, argônio, neônio, xenônio, criptônio e hidrogênio. As várias camadas sobrepostas da atmosfera exercem uma pressão sobre os corpos colocados na superfície da Terra, chamada pressão barométrica ou pressão atmosférica; que ao nível médio do mar (NMM) é igual a 760 mmHg e corresponde a 1 Atm ou 1013.2 milibares. Á medida que se ganha altitude a pressão atmosférica cai. Considera-se a pressão atmosférica como um total, entende-se que seu peso corresponde ao da soma de cada uma das parcelas dos gases que a compõem. Assim sendo, a pressão atmosférica é a soma da pressão parcial de cada gás. 12.3-Divisão Fisiológica da Atmosfera Zona Fisiológica Zona Fisiológica Zonas das Zonas de Indiferente Deficiente Compensações Impossibilidade de Fisiológicas Parciais Compensação Fisiológica - Do nível do mar - De 2.000 m (6.500 - De 4.500 m (15.000 - Acima de 6.500 m até 2.000 m (6.500 pés) até 4.500 m pés) até 6.500 m (22.000 pés) pés); (15.000 pés) (22.000 pés) - Há necessidade de - O corpo humano - Representa, junto - A deficiência de oxigênio suplementar está ± adaptado; com a zona oxigênio torna-se um para permitir a Apenas precedente, o local problema crescente à manutenção das problemas onde é realizada a medida que subimos; funções vitais; fisiológicos maior parte dos voos - O organismo não A hipóxia menores podem não pressurizados; consegue compensar a incapacitante instalaocorrer, como - As reservas cardíacas deficiência de se em pouco tempo e dificuldade de e respiratória são oxigênio e os sinais e a morte ocorre alguns equalização no solicitadas e provêem sintomas da hipóxia minutos depois. ouvido médio. alguma proteção instalam-se; - A vida está em contra a hipóxia; - Gases no trato perigo! Aumenta a digestivo e em outros Frequência Cardíaca, locais do corpo podem o Volume Respiratório acarretar problemas Minuto e a Pressão Arterial; Diminui o Raciocínio • Disbarismo: “Estado Patológico Decorrente das Variações da Pressão Ambiente” Exceto hipóxia. Tipos: AERODILATAÇÃO como por exemplo um balão cheio de ar, e a DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO que e a Formação, sem eliminação, de bolhas gasosas nos tecidos, devido aos efeitos mecânicos da depressão barométrica. • Aerocinetose: (MAL DO AR) Doença cinética ou cinetose, é resultante de uma crise neurovegetativa complexa, oriunda do movimento da aeronave, desencadeada pela hipersensibilidade vestibular, agravada por instabilidade neurovegetativa e uma predisposição psíquica. 29 12.4-Pressurização e Despressurização: VANTAGENS: Dispensa o uso de O2 suplementar; Aumenta o conforto ambiente; Minimiza os efeitos da hipóxia; Atenua a aerodilatação, Previne a doença da descompressão, Reduz a fadiga de vôo. DESVANTAGENS: Altera o desempenho da aeronave; Cria um microclima artificial; Expõe ao risco da descompressão. VELOCIDADE DE DESCOMPRESSÃO: Lenta (falha de compressão / válvula): hipóxia gradual; Rápida (janela / porta): hipóxia aguda / doença da descompressão Instantânea (estrutura). RUÍDOS: Ruídos produzidos por aeronaves; CONVENCIONAL – Baixa freqüência; TURBO-HÉLICE – Baixa freqüência; JATO E TURBO FAN - MOTORES – Ultra-sons, ATRITO AERODINÂMICO. ASAS ROTATIVAS - Baixa Freqüência. Problemas causados pelos ruídos: Perda auditiva, sendo temporária ( trauma acústico, fadiga auditiva) ou definitiva (Surdez de aeronavegante. VIBRAÇÕES: FONTES DE VIBRAÇÃO: Condições atmosféricas; Condições do vôo. Baixa altura, Acrobático, treinamento.Tipo de aeronave: Asa fixa e Asa rotativa. 30 13.METODOLOGIA 13.1- Classificação do Estudo Este trabalho é um estudo qualitativo e descritivo onde se analisa as publicações sobre a Atuação do enfermeiro no transporte aeromédico, visando esclarecer qual a importância do enfermeiro de bordo no transporte aeromedico e como seria sua atuação no ar. Segundo Minayo (2012) a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir, mas pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da realidade vivida e partilha com seus semelhantes. Desta forma, a diferença entre abordagem quantitativa e qualitativa da realidade social é de natureza e não de escala hierárquica. Os estudos descritivos em pesquisa qualitativa procuram especificar as propriedades, as características e os perfis importantes de pessoas, grupos, comunidades ou qualquer outro fenômeno que se submeta à análise (Danhke,1989 apud Sampieri, 2006). Do ponto de vista científico, descrever é coletar dados (para os pesquisadores quantitativos, medir; para os qualitativos, coletar informações). Isto é, em um estudo descritivo seleciona-se uma série de questões e mede-se ou coleta-se informação sobre cada uma delas, para assim (vale a redundância) descrever o que se pesquisa. 13.2- Local e Participantes A pesquisa foi realizada em empresas de transporte aeromédico da cidade de Goiânia. Foram feitas entrevista com enfermeiros que atuam no transporte aermédico. O critério de inclusão da presente pesquisa foram embasado nos seguintes requisitos: ser enfermeiro, atuar em transporte aeromedico na cidade de Goiânia, aceitar participar voluntariamente da pesquisa. Os critérios de exclusão foram: não possuir vínculo empregatício com a empresa, não ser enfermeiro, não possuir COREN de enfermeiro. 13.3- Coleta de Dados Os dados foram coletados com roteiro semiestruturado por meio de entrevistas individuais com questões abertas, a partir de referenciais teóricos e objetivos do projeto. A entrevista foi realizada com gravador para não comprometer o tempo de cada profissional. 31 13.4- Análise dos Dados Os dados foram analisados por meio de analise de conteúdo de Bardin (1977). As etapas propostas por este autor são: leitura flutuante, tratamento dos dados e interpretação. Buscou-se as características do trabalho do enfermeiro a partir das respostas as questões abertas, coletadas por meio de entrevista. 13.5 - Aspectos Éticos A pesquisa seguiu todas as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que trata de pesquisas envolvendo seres humano. Foi submetida ao Comitê de Ética da UCB, aprovada sob CAAE: 18200713.9.0000.0029. 32 14. RESULTADOS E DISCUSSÃO 14.1-Perfil dos Entrevistados Foram entrevistados 6 enfermeiros, todos do sexo masculino com idade que variou de 26 a 39 anos e média de 32 anos. Em relação ao tempo de formação acadêmica a média foi 5 anos e o tempo de trabalho na empresa de transporte aeromédico foi de 3 anos. Todos com vínculo empregatício com a empresa de TA pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), com uma renda mensal em torno de R$ 3.000 reais. Dos 6 entrevistados todos trabalham em outro emprego, a maioria no SAMU do estado de Goiás. Somando-se as duas rendas chega-se a uma média de R$ 5.416 reais. Nome Idade Nº Vínculos Outros Vínculos Vínculo Com Empresa Renda média total Renda média no TA Bob Esponja 33 1 SAMUGoiânia. RJC; CLT R$ 4.000 R$ 3.000 Thor 39 2 SAMUGoiânia e docente. Pagamento por serviços eventuais R$ 3.000 Batman 32 1 SAMUGoiânia. RJC; CLT Homem Aranha 26 1 CLT Ben 10 30 3 Hulk 32 1 Clínica de saúde Pesquisador do COFEN e FIOCRUZ; Presidente do SIEG; SAMUGoiânia. Tempo Tempo Graduação Atuação no TA C. H. com todos vínculos 6 meses 4 anos 60 horas. R$ 1.000 5 anos 3 anos 50 horas. R$ 11.000 R$ 4.500 2 anos e meio 2 anos 80 horas. R$ 3.500 R$ 2.000 3 anos 1 ano 12/36 em cada emprego. CLT R$ 8.000 R$ 5.000 4 anos 1 ano RJC; CLT R$ 3.500 R$ 2.000 5 anos 3 anos Sem carga horária fixa. Em torno de 6 a 8 horas por dia. 60 horas. Legenda: TA (Transporte aeromédico); BLS (Suporte Básico de Vida); PHTLS (Suporte de Trauma Pré-Hospitalar); UTI (Unidade de Terapia Intensiva); ACLS (Suporte Avançado de Vida em Cardiologia); C. H (Carga Horária); Urg. (Urgência); Emerg. (Emergência) 33 14.2- Formação Complementar Em relação a formação complementar para aperfeiçoar o trabalho no transporte aeromédico os entrevistados demonstraram que são bem qualificados, que fazem os cursos exigidos pela empresa e também cursos opcionais. Também verificou-se que a remuneração recebida se mostra inadequada diante da qualificação profissional. Cita-se que um dos entrevistados cursou pós-graduação em Urgência e Emergência; Outros Três realizaram o Suporte de Trauma Pré-Hospitalar (PHTLS); E todos realizaram o curso de Suporte Básico de Vida (BLS). Segundo os autores Thomaz, Souza e Gentil (1999) para o exercício da função é necessário que seja habilitado pela ANAC (Agência Nacional de aviação Civil) e tenha completado o programa de treinamento específico aprovado pelo operador (empresa), tais como: Urgência e Emergência, UTI, e atuação do enfermeiro no transporte aeromédico. Estas exigências são confirmada pelos depoimentos a seguir dos entrevistados: “É necessário principalmente intensiva” (Hulk). com bastante prática experiência, de terapia “Sim, principalmente Urgência e emergência ou UTI, PHTLS e ACLS” (Ben 10). Observa-se, portanto, que os entrevistados atendem aos requisitos de qualificação que são propostos tanto pelos marcos regulatórios da atuação no TA quanto recomendados na literatura. Todos realizaram os cursos básicos. 14.3 -Carga Horária de Trabalho A carga horária semanal de trabalho dos entrevistados é bastante ampla, em média 50 horas semanais, coerente com o número de vínculos de trabalho, além do transporte aeromédico. Segundo os entrevistados, no TA os horários são improváveis, sempre têm o horário de saída, mas a volta depende da necessidade do paciente, do local onde a aeronave efetuará o pouso e a decolagem, condições meteorológicas, dentre outros. Segundo o decreto – lei 5.452/43 está fixado em 44 horas semanais a carga horária de trabalho. O depoimento a seguir resume a opinião de todos os entrevistados a respeito da carga horária de todos os vínculos empregatícios. “(…) + ou – 60 horas semanais, porém, isso muda muito, tendo em vista que no transporte aéreo só tem hora para sair e não tem hora pra voltar (...)” (Bob Esponja). “Somando todos os vínculos, em média 80 a 85 horas semanais” (Batman). 34 14.4 -Riscos da Ocupação no TA No TA há fatores de risco, como por exemplo, manutenção da aeronave, cuidado com pousos e decolagens, locais não preparados para receber a aeronave, fatores fisiológicos, pressurização da aeronave, deficiente espaço físico, panes e turbulências. Quando questionados sobre esta ser uma ocupação de risco, os entrevistados disseram que: “(...) que se trata de uma aeronave, e por ser um meio de transporte sempre tem riscos, tendo em vista que já passei por algumas situações de perigo em voos, como panes e turbulências” (Bob Esponja). “(...) depende da equipe, manutenção da aeronave, pouso e decolagem em locais não preparados para receber a aeronave” (Homem Aranha). “(...) fatores fisiológicos (...)” (Ben 10). “(...) altamente arriscado devido à pressurização, insalubridade, deficiente espaço físico, e risco operacional da aeronave” (Hulk). Diante das respostas, podemos dizer que todos os entrevistados consideraram a ocupação no TA como uma profissão de risco, tanto por fatores físicos, psíquicos, e também fatores fisiológicos. 14.5 -Desafios no Trabalho de Bordo Dentre os desafios citados, incluem-se: alta rotatividade dos colegas, espaço físico da aeronave, problemas emocionais por diversos motivos, uma vez que o TA não oferece boa remuneração, boas condições físicas de trabalho, horários flexíveis e outros, fazendo então com que os empregados procurem outro vínculo empregatício mais seguro. “Manter uma equipe bem treinada pois há uma grande rotatividade de profissionais, médicos e de enfermagem nessa área, levando em consideração que os salários não são tão atrativos (...) os aviões utilizados sempre são modelos pequenos, e em caso de complicações do paciente fica muito difícil de fazer uma boa intervenção (...)” (Bob Esponja). 35 “Domínio cientifico e técnico da parte prática, adaptação aos voos, parte fisiológica, e desafio emocional” (Homem Aranha). “Falta de espaço e corrida contra o tempo” (Hulk) De acordo com VIEIRA,2009 o enfermeiro deverá possuir conhecimentos básicos aeronáuticos para entender estrutura da aeronave e saber como atuar no cenário que se encontra para prestar a assistência de enfermagem livre dos riscos ao paciente aerorremovido. É importante que exista entre o médico e o enfermeiro entrosamento, simpatia e não apatia, uma boa interação entre os tripulantes. 14.6 -Escolha da Enfermagem de Bordo Diante do leque de possibilidades para atuação do enfermeiro, os mesmos escolheram a enfermagem de bordo, mesmo com as dificuldades como baixa remuneração, carga horária excessiva, entre outros. Quando questionados sobre a escolha da enfermagem de bordo eles reponderam que: “(...) tive uma boa identificação com o transporte aeromédico” (Bob Esponja). “Afeição ao paciente crítico” (Batman). “Devido à urgência e emergência. Foi no transporte aeromédico que tive a oportunidade de trabalhar com isso” (Homem Aranha). “Sempre me identifiquei com o serviço de urgência e emergência, gosto de trabalhar com o dinamismo que essa profissão envolve, conhecendo lugares e pessoas diferentes” (Hulk). Segundo JUNIOR, NUNES, FILHO,2001 o transporte inter-hospitalar faz-se necessário quando o hospital onde se encontra o paciente/cliente/usuário não tem recursos humanos, diagnósticos e terapêuticos, necessários para a melhora do quadro clínico. A escolha interfere nas condições de assistência, diagnóstico, terapêutica na qualidade prestada ao paciente. O enfermeiro deve promover meios para que o transporte destes pacientes seja feito sem prejudicar o seu tratamento, ou seja, deve ser indicado, planejado, executado minimizando o máximo possível os riscos para o transportado. 36 14.7- Requisitos Necessários para o Enfermeiro de Bordo Segundo os entrevistados é necessário que se tenha uma boa experiência em UTI, e Urgência e Emergência, Destreza, autoconfiança, perfil de dinamismo, bom trabalho em equipe, habilidade e sensibilidade para um relacionamento interpessoal. Capacidade de lidar com situações inesperadas e lidar com o improvável. Segundo a lei N° 775 de 6 agosto de 1949 é necessário que se tenha formação de nível superior, e que possua diploma expedido no Brasil, por escolas oficiais ou reconhecida pelo Governo Federal. Já a Resolução COREN N°290/2004 fixa as especialidades de enfermagem e reconhecem à especialização Aeroespacial, os requisitos gerais são: Disposição pessoal para a atividade; Equilíbrio emocional e alto controle devido as possíveis situações de risco que estão envolvidas durante o transporte; Capacidade física e mental para a atividade; Condicionamento físico para trabalhar em unidades móveis; capacidade de se trabalhar em equipe; Experiência profissional prévia em serviços de saúde voltados ao atendimento de urgência e emergência; Liderança; Curso básico de transporte aeromédico. “(...) ter uma boa experiência em UTI, e Urgência e Emergência” (Bob Esponja). “Destreza, autoconfiança, e dinamismo” (Thor). perfil de “Capacidade de ter um bom trabalho em equipe, habilidade e sensibilidade para um relacionamento interpessoal. Capacidade de lidar com situações inesperadas e lidar com o improvável” (Homem Aranha). 14.8 -Pontos Positivos e Negativos do Transporte Aeromédico Como todo emprego há pontos positivos e negativos, porém, as maiorias dos entrevistados disseram que os pontos negativos são: Baixa remuneração, Não ter horário fixo, Carga horária excessiva, Local de trabalho insalubre, Privação do sono por voos noturnos entre outros. E os pontos positivos são: Status que a profissão oferece; o conhecimento técnico e científico, Agilidade do voo. 37 “Positivo: sem dúvida é um dos transportes mais rápido e seguro para o paciente grave; Negativo: riscos que a aeronave pode oferecer” (Bob Esponja). “Positivo (...) equipe se respeita e trabalha em união, ao fim de cada voo nos reunimos e fazemos uma reflexão do momento e fim da missão com sucesso, status que a profissão oferece; Negativo: pouco conhecimento pela sociedade, falta de rotina, ausência em eventos social e familiar (...)” (Batman). De acordo com VIEIRA,2009 alguns aspectos deverão ser observados para facilitar a atuação da equipe aeromédica como: a dimensão e o tipo de piso da pista dos aeroportos que serão utilizados; o horário limite para operação diurna; quando os aeroportos não tiverem infraestrutura; a aeronave mais adequada para a missão;a coordenação do voo e do transporte em terra; a equipe médica especializada no quadro clínico do paciente; os equipamentos necessários; dentre outros. De acordo com os resultados das entrevistas ressaltamos que existem mais pontos negativos que pontos positivos, porém os funcionários se agarram aos poucos pontos positivos para se superar a cada dia e poder prestar um atendimento de qualidade, deixam claro que ainda exercem a profissão pelo amor, pela afeição ao paciente, e apesar de não serem bem remunerados, pelo status que a profissão ainda oferece. 38 15.CONCLUSÃO Podemos concluir que diante da coleta de dados, o sexo masculino é predominante nesta profissão, tendo em vista o esforço físico que é executado no transporte do paciente e outras atividades que requerem força, afastado então o sexo feminino devido às muitas dificuldades. A maioria dos entrevistados tem idade média de 32 anos, trabalham em 2 ou mais empregos para complementar a renda mensal; tem carga horária média de 50 horas semanais; São graduados e alguns pós-graduados, todos com formação específica exigida pela empresa como (Urgência e Emergência, UTI, dentre outros). Concluímos também que a profissão em discussão oferece mais riscos que benefícios, por se tratar de local de trabalho insalubre, com espaço físico da aeronave reduzido, problemas com manutenção da aeronave, risco com panes aéreas e turbulências e desgaste fisiológico. Além disso, há os problemas não exclusivos desta ocupação que são questões familiares diversas e emocionais, por falta de tempo, estresse, privação do sono e baixa remuneração. Já por outro ponto de vista, a profissão também oferece o lado positivo, pois o enfermeiro de bordo necessita continuamente aprimorar seus conhecimentos diante das mais diversas situações que um paciente crítico oferece dentro de uma aeronave. São esses requisitos que os levam a diferenciar-se de um enfermeiro que não atua nesta área, que em sua rotina lida com situações opostas. 39 16-REFERÊNCIAS MONTEIRO, R. F. Aviação construindo sua história. Goiânia: UCG, 2002. ROCHA, P.K; PRADO, M.L; RADUNZ, V;WOSNY,A.N. Assistência de enfermagem em serviço pré-hospitalar e remoção aeromédica. Revista da Escola de Enfermagem, Brasília, 2003. THOMAZ, R. R; MIRANDA, M.F.B; SOUZA, G.A.G; GENTIL, R.C. Enfermeiro de Bordo: uma profissão no ar. Acta paulista enfermagem. São Paulo, vol.12, n.1, p. 86-96, 1999. THOMAZ , R.R; LIMA,F.V. Atuação do enfermeiro no atendimento pré-hospitalar na cidade de São Paulo, 2000. VILELLA, M.O. Fisiologia da atividade aérea, Sindicato dos Aeronautas, Secretaria de Saúde. SCHWEITZER, G; NASCIMENTO, E.R.P; NASCIMENTO, K.C; MOREIRA, A.R; BERTONCELLO, K.C.G. Protocolo de cuidados de enfermagem no ambiente aeroespacial à pacientes traumatizados-cuidados durante e após o voo. Florianópolis, 2011. 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