7
1. INTRODUÇÃO
1.1. JUSTIFICATIVA
Os superdotados sofrem mais do que se imaginam, com a
conseqüência dos cuidados exagerados das famílias, dos amigos, até mesmo
dos médicos. O preconceito que sofrem, fazendo com que se sintam isolados,
podendo ter problemas no seu processo de aprendizagem, também são
fatores que prejudicam os superdotados. É necessário despertar à importância
dos cuidados sobre essas crianças, a fim de que não sejam prejudicados pela
escola e pela sociedade como um todo.
É um dever da sociedade auxiliar esses alunos e apoiá-los no processo
de ensino-aprendizagem, visto que a escola tem uma responsabilidade social
nesse sentido. É importante mostrar certos valores e limites para uma criança
superdotada.
Esta monografia se justifica pela importância que os educadores
possuem para o desenvolvimento da aprendizagem de qualquer aluno,
inclusive dos alunos superdotados. É importante ser abordado em sala de
aula, uma vez que todos têm suas diferenças e isso deve ser respeitado.
1.2. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
O assunto delimitado foi “A importância dos educadores no processo
ensino-aprendizagem dos alunos superdotados” dentro de um aspecto
inclusivo.
Através de reportagens e
livros percebeu-se uma preocupação por
parte de autores, de especialistas e dos professores com a educação dos
superdotados, a qual chamou atenção dessa pesquisadora.
A escolha desse tema surgiu de uma reportagem da revista Veja do ano
de 2000. Isso ocorreu no primeiro semestre de 2002.
Este tema tem como base dois problemas principais:
8
Como está sendo feito esse acompanhamento por parte dos
professores
ao
aluno
superdotado
para
que
ele
tenha
um
bom
desenvolvimento em sala de aula?
Qual é a atenção devida com esses alunos?
1.3. OBJETIVOS
1.3.1. Geral
Verificar se os professores estão percebendo a sua importância no
processo de desenvolvimento dos superdotados e identificar maneiras
adequadas de atuação com estes alunos.
1.3.2. Específicos
¾ Analisar como são preparados os professores para que trabalhem
com alunos superdotados;
¾ Definir o que pode ser trabalhado com esses alunos, de modo a
colaborar com o seu processo de desenvolvimento;
¾ Oferecer subsídios para o trabalho com o aluno superdotado.
9
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. CONCEITO DE SUPERDOTADOS
Há diversas concepções de superdotado. Duarte (1992, p.19) cita o
conceito aceito pelo Ministério da Educação:
Dentro de um conceito geral, a concepção de superdotados
aceita pelo Ministério da Educação e Cultura é a de que são
superdotados e talentosos aqueles que apresentam seu
desempenho de um modo bem elevado a sua potencialidade em
qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados, como:
capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica;
pensamento criador ou produtivo; capacidade de liderança;
talento especial para artes visuais, dramáticas e musicais e
alguma capacidade psicomotora.
As definições e tipologia sobre superdotação parecem a priori,
rotulários. Isso é o que afirma Duarte (ibidem, p. 21).
Os termos “bem dotados”, “superdotado” e "gênio" eram utilizados de
acordo com o nível de dotação (ANTIPOFF apud DUARTE, 1992, p. 21).
Existem diversos aspectos a respeito das definições de superdotado
que devem ser salientadas. Alencar e Flaith citam no livro Superdotados:
determinantes, educação e ajustamento (2001, p. 52) alguns fatores
importantes:
O primeiro aspecto a salientar diz respeito ao fato de que
superdotação é um conceito ou constructo psicológico inferido a
partir de uma pessoa. Nós não temos condições de medi-lo
diretamente, da mesma forma como podemos fazê-lo com
relação à altura ou no peso.
Muitas são as idéias sobre o termo superdotado. Alencar em seu livro
Criatividade e Educação de Superdotados afirma que este termo tem
significados distintos: para algumas pessoas um superdotado seria um gênio;
para outras um jovem inventor; para outros um aluno que se situa entre os
primeiros da classe durante toda a sua formação (2001, p. 119).
10
Esta autora ressalta que o termo superdotado tem sido questionado
(ibidem, p. 128). Isto ocorre em função do prefixo Super:
Sabe-se, entretanto, que os superdotados não são um grupo
homogêneo, variando tanto em suas habilidades cognitivas como
em termos de personalidade e nível de desempenho. Assim,
enquanto um deles pode apresentar uma competência elevada
em uma grande diversidade de áreas, outro pode mostrar-se
excepcionalmente competente em apenas uma área. Observa-se
ainda um contínuo em termos de competência e habilidade, não
sendo necessário estar no extremo deste contínuo para ser
considerado superdotado ou digno de um atendimento especial.
Há uma concepção no meio social, o qual relata que superdotado é o
indivíduo que se sai bem nos testes de inteligência (ALENCAR e FLAITH,
2001, p. 52).
Elas ainda afirmam que ocorrem muitas mudanças nessas definições:
um exemplo, nível elevado de QI era sinônimo de superdotado; atualmente
existem outros aspectos além desse, que passaram a ser considerados
(ibidem, p. 54).
Nos países da América Latina, o termo “talento” equivale ao termo
“superdotação”; isso é o que Landau (2002, p. 35) relata:
[...] o que possibilita dizer que os superdotados são realmente
mais talentosos, contudo isso não exclui os talentos de outros
indivíduos. Tal conceituação na verdade alcança também aquelas
crianças cujas habilidades são menos óbvias, mas que têm
capacidade para desenvolver-se em um campo específico e,
portanto, contribuir consigo mesmo e com a sociedade.
Cada criança tem seu próprio talento e o objetivo da educação é
estimulá-la todas as maneiras possíveis (FELDMAN apud LANDAU, 2002, p.
35).
Os termos superdotado e talentoso têm sido utilizados por muitos
especialistas como sinônimos. Isto é o que Alencar enfatiza (2001, p. 135). A
autora completa, dizendo “[...] embora a noção de superdotação focalize mais
o domínio cognitivo, como por exemplo, um desempenho acadêmico elevado
ou um marcante raciocínio abstrato”.
11
Existe uma grande dificuldade sobre a definição de superdotado. Essa
dificuldade vem desde os tempos de Lewis Terman, conforme relata Santos
(1988, p. 55):
[...] na história da construção dos primeiros testes de inteligência.
Nesta época, a superdotação ficou unida, quase exclusivamente,
ao sinônimo de alta inteligência, e definida como aqueles
indivíduos que alcançavam os mais altos resultados nos testes de
inteligência, ou seja, cerca de 3% a 5% da população.
Há alguns autores que utilizam alguns requisitos para definir o que é um
superdotado, como: definições a posteriori; definições de Q.I.; definições mais
amplas; distribuição percentual; e criatividade. Isso é o que afirma Rosemberg
(1978, p. 14 e 15), que continua dizendo:
As definições a posteriori, baseadas em realizações profissionais
destacadas, predominaram até o princípio do século XX, mas
eram de pequeno valor prático. Com a elaboração de medidas
objetivas, foram superadas pelas definições de Q.I.
Qualquer afirmação sobre educação é válida, pois nenhuma afirmação
é absolutamente verdadeira ou falsa, relata Guenther em seu livro
Desenvolver Capacidades e Talentos (2000, p. 58).
Conceituar a pessoa talentosa como aquela que apresenta altos
padrões de desempenho em certos momentos e em certas situações é uma
definição proposta por Renzulli (apud GUENTHER, 2000, p. 31 e 32).
Esse autor enfatiza ainda que a pessoa talentosa não tem
necessariamente alto nível de desempenho em tudo que elabora, mas possui
um nível elevado na sua área de capacidade, não sendo todos os tipos de
talentos que são reconhecidos pela legislação brasileira, para fins de
educação. Os tipos estão divididos em: inteligência e criatividade que se
dividem em talento psicossocial e psicomotor.
Há diversos conceitos confusos sobre superdotados (FALCÃO, 1992, p.
57). Esse autor continua afirmando que os autores, os quais se dedicaram
bastante nessa análise, não estão de acordo entre si.
12
Este autor ainda ressalta a questão do Q.I., afirmando que “na tradição
mais recente, um elevado Q.I. era sinônimo de alta inteligência e o
sobredotado era definido como o indivíduo de alta capacidade intelectual”
(ibidem, p. 59).
Ainda, segundo esse autor, existem outros itens que surgiram junto com
o conceito:
Com o rodar dos tempos e o conhecimento cada vez mais
alargado de sobredotado, outras variáveis, além daquela,
passaram a ser consideradas e incluídas como, por exemplo, a
capacidade de liderança, a criatividade, a capacidade
psicomotora, etc.
Por último, têm-se sobre o superdotado que “o que se afirma e foi
comprovado pelo trabalho desenvolvido é que todo superdotado tem o direito
de fazer a sua história como ser humano” (DUARTE, 1992, p. 26).
2.2. CARACTERÍSTICAS DOS SUPERDOTADOS
O termo superdotado é utilizado para se referir às crianças com três
características não comuns.
Precocidade: costumam progredir mais rápido do que as crianças
comuns, visto que a aprendizagem em certa área ocorre com
facilidade para elas (Ex: dar os primeiros passos no domínio em
uma idade anterior à média). Uma insistência em fazer as coisas
a seu modo: as crianças não somente aprendem rápido do que a
média, mas aprendem de uma maneira diferente. Uma fúria por
dominar: essas crianças são essencialmente motivadas a extrair
sentido da área na qual demonstram precocidade (WINNER,
1998, p.12-13).
Muitas crianças, tidas como prodígios na faixa etária de idade de 02,
03, 04, 05 anos e quando crescem se revelam normais, não apresentando
nem dotação e nem características de dotação superior, quando adultos
(GUENTHER, 2000, p. 52).
A autora continua com a seguinte afirmação “mas isso parece ser um
erro de identificação, tomando a mera presença de precocidade como sendo
13
potencial ou talento pronunciado, assim criando a falsa expectativa de que a
criança continuaria a se desenvolver nesse mesmo ritmo” (ibidem).
O talento é visto por alguns autores citados neste trabalho, como uma
das características, o qual é muito importante, mas não é única:
Talento não é uma característica única, perene e global, mesmo
quando se fala em capacidade, não se refere a algo singular,
estático e total, mas a uma pluralidade de atributos e aptidões
diferenciados, existindo tanto sozinhos como combinados, e
referindo-se a alguma área de atividade e da vida humana (idem,
ibidem, p. 30).
A autora ainda relata a questão da identificação, afirmando que é
procurar sinais de comportamento, indicando mais potencial e os mais
diversos talentos (ibidem, p. 88).
A criatividade é uma área não medida pelos testes de inteligência, é o
que afirma Santos (1988, p. 57), mas é uma medida importante e necessária
aos programas de atendimento para o aluno superdotado que não está sendo
utilizada.
A criatividade é o ponto alto das funções intelectuais, emocionais e
artísticas de acordo com Landau (2002, p. 111). Tais características assim
como as que denotam talento, têm sido identificadas por meio da observação
e da descrição biográfica de pessoas talentosas. O autor cita algumas
características da criança superdotada que estão destacadas a baixo:
Uma das mais claras indicações de superlotação é referente à
capacidade da criança para estabelecer relações entre fatos e
emoções [...]; a criança superdotada interessa-se por tudo aquilo
que possa proporcionar-lhe prazer [...]; o brincar faz parte do
prazer [...]; o pensamento do superdotado é mais fluente e mais
flexível [...]; são crianças bastante perspicazes ao combinar fatos
e conhecimentos ao associar de maneira ampla; e ao planejar; e
executar detalhes, criando novas estruturas, a título de
redefinição [...]; podem ser também muito dominadoras em seus
círculos de convivência [...]; recusam a autoridade de outros [...];
a criança pode adiar o julgamento das coisas [...]; tem tolerância
com a ambigüidade [...] e é perseverante (ibidem, p. 112 e 113).
14
A autora ainda cita outras características como: olhar ingênuo;
curiosidade; boa memória; abertura e sensibilidade na visão dos problemas; a
preferência ao complexo; originalidade; imaginação muito mais ampla;
coragem; não admitem falhas; pode adiar o julgamento (ibidem, p. 112).
Existem outras aplicações do potencial superior que são abordadas na
proficiência escolar e profissional (ROSEMBERG, 1978, p. 21).
Essa autora continua afirmando que essas aplicações têm o intuito de
verificar se uma capacidade maior se emparelha a uma realização
proporcional a ela, e em que condições esta correspondência é obtida ou
alternada (ibidem, p. 21).
Há
autores
que
destacam
aspectos
da
personalidade
como
características importantíssimas, sendo que Alencar e Flaith dão a devida
atenção para esse fator (2001, p. 64).
Essas autoras ressaltam que os seguintes traços da personalidade
discriminavam os dois grupos (os superdotados e os não superdotados):
persistência, autoconfiança, ausência de sentimentos de inferioridade,
integração com relação a metas (ibidem, p. 64), reforçando que:
Esses dados chamam atenção para a relevância de fatores não
intelectuais, uma vez que não basta que o indivíduo tenha uma
auto-inteligência para apresentar um desempenho superior. É
necessário que ele apresente algumas características de
personalidade que facilitem a utilização deste potencial superior.
Toda a criança tem sua cota de talento, não na mesma proporção.
Segundo Landau (2002, p. 30), o talento não surge de um vazio interior, mas
da capacidade de adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades e
compreender a experiência.
De acordo com alguns autores há diferentes níveis do homem. Landau
(2002, p. 36) cita três diferentes níveis da capacidade humana: talento,
superdotação e genialidade, afirmando que:
O talento manifesta-se num campo específico de interesse do
indivíduo. A superdotação constitui um aspecto básico da
15
personalidade da pessoa talentosa, que lhe propicia revelar seu
talento num nível superior, de maior abrangência, tanto cultural
quanto social. A genialidade é um fenômeno raro na humanidade
que abriga um grande número de manifestações, incluindo o
talento do superdotado, cuja compreensão e/ou realização se
observa em âmbito mundial.
Há
uma
característica
fundamental
na
caracterização
mental.
Rosemberg aponta algumas conclusões referentes a esse aspecto com
dúvidas e hipóteses a testar (1978, p. 18):
Recentemente, a crença na associação entre inteligência e
criatividade como necessária foi abalada por resultados
psicométricos e observações de fatos. Grupos de jovens
intelectualmente dotados incluem indivíduos criativos; cada um
destes subgrupos tem seus padrões próprios de auto-imagem e
de valores.
2.3.
A
IMPORTÂNCIA
DOS
EDUCADORES
NO
PROCESSO
DE
DESENVOLVIMENTO DOS SUPERDOTADOS
As necessidades de uma pessoa superdotada são diferentes daquelas
de uma pessoa com capacidade média (SANTOS, 1988, p. 64). O autor
continua relatando que, uma pessoa superdotada tem o direito de
desenvolver-se, e precisa encontrar recursos na comunidade.
Este autor ainda dá a devida atenção ao aspecto das pessoas acharem
que os alunos superdotados se desenvolvem intelectualmente sozinhos:
Pensamos freqüentemente que pessoas superdotadas trazem,
em si, recursos próprios que facilitam seu desenvolvimento;
porém nos esquecemos que há superdotados e/ou talentosos em
todas as classes sócio-econômicas, e que para muitos deles não
há estímulo nem recursos que possibilitem o desenvolvimento de
seu potencial (ibidem, p. 65-66).
Um aluno superdotado é uma pessoa que merece respeito por todos,
assim como uma pessoa considerada “normal”. É necessário respeitar as
diferenças de cada criança, suas aptidões e criações, com o intuito de buscar
práticas criativas que atinja o superdotado. Nesse sentido, pode-se ler:
16
Uma íntima ligação com os de seu mundo para que seja capaz
de contínua transformação e recriação de sua realidade. Uma
ação educacional voltada para o significado do homem, seu
mundo, sua relação com este, conseqüências destas relações e
responsabilidades nestes espaços relacionais. (DUARTE, 1992,
p. 31).
A visão que se tem de alunos superdotados é que eles são
considerados como crianças de comportamentos difíceis, agressivas,
desatentas,
perturbadoras.
Os
professores
têm
esse
“pré-conceito”,
cometendo o erro de não questionarem a sua prática pedagógica. O professor
precisa avaliar o porquê dos desinteresses, dos comportamentos que o
incomodam, e isso na realidade não ocorre. É um julgamento de valor feito por
causa da ação da criança.
Esses julgamentos de valores são resultados da falta de conhecimento
sobre o assunto por parte do educador. Percebe-se também uma prática
pedagógica não ligada a um contexto sócio-político. Dentro desse aspecto,
Duarte afirma que “[...] a criança superdotada incomoda porque devolve ao
adulto a questão de potencialidade humana e o atinge interiormente nas
questões individuais de repressão e castração do próprio potencial” (ibidem, p.
31).
Eles são esquecidos muitas vezes, tanto pelos professores quanto pela
família, e acima de tudo são crianças ou adolescentes e suas características
devem ser preservadas e respeitadas.
O educador convive diariamente com cada criança, em diversas
situações e em um tempo longo. O problema é que foi instalada a idéia do
professor não estar sendo um bom detector de sinais de superdotação em
seus alunos.
É necessário atentar para o fato de que, quando as crianças são bem
dotadas, o professor começa a apontar, indicar os alunos que ele considera
talentosos, passando a observar sistematicamente essas crianças. Acredita
ser essencial que ocorra um entendimento, um conhecimento sobre talento e
17
capacidade humana e suas manifestações nas interações do dia a dia, em
uma sala de aula, conforme afirma Guenther (2000, p. 92 e 93).
Essa autora ainda afirma que “é na escola que professores e alunos se
encontram
e,
pela
seqüência
das
interações
vividas,
constróem
o
relacionamento que vai determinar, em grande parte, a direção do trabalho
escolar” (idem, ibidem, p. 95).
Existe outra condição para a promover as capacidades, que diz respeito
ao aspecto intelectual. Landau (2002, p. 31) menciona que o superdotado
deve ser desafiado de acordo com seus potenciais, mas também precisa de
incentivo para aprender, brincar com desconhecido, explorando e formulando
perguntas.
Essa autora ressalta ainda que um bom sistema educacional deve
adaptar-se às necessidades de cada criança, afirmando que “a experiência
tem-me revelado que, com o estímulo adequado dos potenciais, a criança
adquire autoconfiança e termina por resolver seus pontos fracos à sua
maneira” (ibidem, p. 35).
Há necessidade de programas de atendimento para os alunos
superdotados, os quais enfatizem também a preparação dos professores.
Falcão (1992, p.171) salienta essa necessidade de professores devidamente
preparados:
É que o estatuto de professor de crianças sobredotadas implica
mudanças e riscos. Por um lado, requer a reestruturação do
sistema de relações intra e interpessoais, pelo que exige de
mudanças e atitudes e do tipo de relação habitual. Por outro lado,
implica vivenciar situações de desafio e até de conflito: de
desafio, porque o sobredotado é curioso, inquiridor, instável, por
vezes até agressivo; de conflito, porque nem sempre está
preparado psicologicamente para o enfrentar.
Este autor ainda destaca a utilização de alguns atributos específicos,
como: a criatividade, no uso de materiais de aprendizagem, ou no
planejamento de situações educacionais; a capacidade para organizar os
currículos, o contexto físico e a dinâmica funcional da turma; o conhecimento
18
da psicologia do superdotados e a disponibilidade para a relação educativa
(ibidem, p. 172).
Um professor de superdotados não necessita de ser um superdotado,
afirma ainda esse autor (ibidem, p. 173). O importante é que tenha alto grau
de compreensão e sensibilidade, para que possa desenvolver com sucesso, o
seu papel de facilitador e estimulador.
O professor não pode ensinar, mas pode revelar o presente em que a
criança brinca, bem como planejar, tomar decisões e imaginar o futuro. Essa
afirmação é de Landau (2002, p. 98), o qual ressalta, ainda, que para isso
acontecer não precisa criar novos currículos e nem transformar todo o atual
sistema educacional.
O educador, além de assumir compromisso com o ensino, assume
também compromisso com o educando. Isso é o que Mira acredita (apud
MACHADO e RAPOSO, 1989, p.54):
O compromisso do educador com tais educandos deve, portanto,
ser o mesmo daquele que tem com os demais, devendo respeitar
suas diferenças e características, estabelecer uma relação
educativa que denote o seu envolvimento pessoal, uma vez que
devem ser tratados como pessoas e não, apenas, como
superdotados.
2.4. O TRABALHO ESCOLAR COM OS SUPERDOTADOS
A falta de atendimento adequado à criança superdotada, como criança
diferente que é, gera problemas de adaptação (FALCÃO, 1992, p. 110). Esse
autor ainda relata que o não atendimento provém do desconhecimento
daquele fato real.
O fundamental é construir-se uma realidade educacional compatível
com as necessidades e as possibilidade do próprio sistema de ensino (MIRA
apud MACHADO e RAPOSO, 1989, p. 55). Para ela, é ilusão pensar que nas
19
escolas públicas terão números suficientes de professores especializados e
competentes, recursos financeiros e humanos suficientes e programas mais
avançados e fortes para se trabalhar esse aspecto.
A busca e reconhecimento do talento é a tarefa do futuro na área de
Educação Especial para os superdotados. Isso é o que afirma Feldhusen
(apud GUENTHER, 2000, p. 88):
Prevê-se que a busca e reconhecimento do talento é,
essencialmente, a tarefa do futuro na área de Educação especial
para dotados e talentosos, e para tal as maneiras de se
reconhecer o talento devem ser reestruturadas dentro de
princípios gerais, em um processo contínuo e flexível, envolvendo
vários estágios e diversas estratégias e, em qualquer
circunstância, dirigidos a toda população.
Sem a devida atenção e preparo com essas crianças nas escolas, têmse como conseqüência alunos abandonando as escolas. Santos (1988, p. 43 e
44) enfatiza, neste aspecto, a escola pública, e afirma:
[...] a formação pedagógica e a própria orientação de currículos
por parte da Secretaria da Educação voltam-se, especificamente,
para crianças com Q.I. [...] Não há um instrumental adequado
para lidar com a criança de um nível de Q.I. extremamente
elevado. Ocorre, então, que esta criança acaba se
desinteressando pela escola e muitas vezes marginalizada pelo
próprio processo educacional, o que representa, do ponto de
vista social, uma perda importante, pois se deixa aproveitar um
recurso significativo. Corre-se o risco de a escola pública estar
expulsando os melhores talentos, por inadequação.
É necessário analisar o atendimento de cada etapa. Santos (ibidem, p.
66) enfatiza que ao invés de separar o atendimento ao superdotado por área
em que este se dá, é preferíveis acompanhar o processo temporal de
desenvolvimento do indivíduo, e analisar o atendimento necessário em cada
etapa.
Quanto ao trabalho do professor com os superdotados, Guenther relata
um guia para os professores:
Uma vez estabelecida a idéia do recrutamento de crianças
portadoras de talento a partir da observação direta, conduzida
20
pelo professor no ambiente escolar, orientada por um referencial
semi-estruturado sob a forma de um guia, coloca-se imensa
responsabilidade à estruturação desse instrumento (2000, p. 95).
Esta autora continua atribuindo a importância de um guia e propõe os
seguintes aconselhamentos:
1. Ser facilmente introduzido e utilizado de forma integrada ao
trabalho regular de sala de aula; 2. Incorporar situações variadas;
3. Incluir, porém ultrapassar, situações de desempenho e
produção escolar; 4. Ser manejado por um professor bem situado
dentro da experiência escolar; 5. Aplicar-se observação
sistematizada, realizada através da folha; 6. Ser manejável,
prático, de compreensão escolar (ibidem, p. 95).
Há autores que aconselham algumas modalidades. Falcão (1992, p.
126) é um deles e destaca três soluções ou modalidades propostas para
atendimento a esses alunos especiais: “a aceleração dos estudos; o
enriquecimento dos programas; a criação de turmas ou escolas especiais.
Mais
sinteticamente
poderíamos
dizer:
aceleração;
enriquecimento;
segregação”.
Estas três modalidades têm mostrado resultados tanto na própria escola
onde o aluno estuda, como em outros locais, como museus e universidades.
Isso é o que Alencar ressalta (2001, p. 140).
Esta autora destaca, ainda, que há um forte preconceito por parte dos
pais e até dos professores no que se refere a programas de aceleração, onde
é oferecido, em um ritmo mais rápido, um programa desenvolvido em um
tempo mais longo (ibidem, p. 127).
O brincar pode ser um instrumento para o aprendizado tanto para um
aluno bem-dotado ou não. Nesse sentido, segundo Duarte:
Através do brincar, peça fundamental perdida em nosso tempo
pelas limitações físicas [...] e pessoais [...], a criança experimenta
o seu mundo e neste experimentar mobiliza sua unidade de ser,
amplia o conhecimento de si, do outro, do mundo em uma
dialética entre o interno e o externo (1992, p. 60).
21
Existem autores que enfatizam cursos para crianças superdotadas,
como Landau em seu livro A Coragem de Ser Superdotado (2002, p. 31).
Essa autora pensa que esses cursos devem transmitir mais que
conhecimentos específicos, a abordagem de um método mais criativo, aberto
e instigante.
Ela ressalta, ainda, o quanto é importante relacionar as disciplinas
escolares com o social, exemplificando:
Durante uma aula de matemática, por exemplo, problemas
sociais podem ser abordados, para que se tente resolvê-los com
o auxílio dessa ciência exata, ao mesmo tempo em que se
enfatiza o pensamento sócio-político. Assim, é reforçada a
consciência social entre os superdotados, que geralmente são
muito individualistas. Acreditamos que isso lhes beneficie tanto
pessoal como socialmente (ibidem, p. 99).
É preciso reconhecer que a educação formal é algo indispensável a
todos, devendo ser de acordo com as habilidades individuais (ALENCAR,
2001, p. 133).
Essa autora completa que, a escola, ao invés de oferecer uma
educação padronizada, deveria possibilitar ao aluno receber uma educação
que favorecesse o seu potencial individual (ibidem, p. 133).
Muitos são os objetivos que um programa de atendimento ao
superdotado poderá incluir, afirmam Alencar e Flaith (2001, p. 125). O
aprimoramento de habilidades de natureza cognitiva é o mais importante, de
acordo com as autoras, mas existem outros objetivos:
1. Ajudar aqueles indivíduos com um alto potencial a desenvolver
o máximo dos seus talentos e habilidades; 2. Favorecer o seu
desenvolvimento global; 3. Fortalecer um auto-conceito positivo;
4. Ampliar as experiências desses alunos em uma diversidade de
áreas; 5. Desenvolver no aluno uma consciência social; 6.
Possibilitar ao aluno uma maior produtividade criativa.
Segundo Falcão (1992, p. 121) “a escola deveria propiciar ao
superdotado um clima estimulador que favorecesse tanto o desenvolvimento
22
pleno das potencialidades pessoais como o seu processo de adaptação
social”.
2.5. A NECESSIDADE DE SE TRABALHAR A AUTO-ESTIMA DOS ALUNOS
SUPERDOTADOS
A valorização do “ser” capaz está ligada à plena dificuldade da criança
conhecer suas capacidades e potencialidades. De acordo com estudos, os
superdotados desconhecem o que podem ser capazes de fazer.
Dentro deste aspecto, sobre a auto-percepção do superdotado, Duarte
afirma que “o preconceito de superdotação sobre o superdotado está no
próprio superdotado que não quer ser assim. Ele não quer se discriminar das
outras pessoas, não quer se diferenciar” (1992, p. 25).
Alguns autores afirmam que os superdotados têm alguma reação aos
normais, o qual abaixam mais a sua auto-estima. Rosemberg destaca que
desde que o conceito de normal se funde embora erroneamente, com o de
certo ou natural, a “diferença“ que faz o superdotado chamar atenção em
relação ao seu grupo pode tornar-se anormal (1978, p. 43).
Essa autora ressalta, ainda, que as reações dessas crianças
dependerão muito das circunstâncias familiares, escolares etc., que o cercam
(ibidem, p. 43).
O superdotado carrega uma das mais freqüentes dificuldades que é o
fato de se sentir diferente, segundo Guenther (2000, p. 135). Esta ainda
completa, dizendo que dessa diferença surge uma sensação de solidão, pela
falta de um grupo que possui os mesmos interesses.
Muito dos problemas que a criança superdotada enfrenta tem a ver com
a falta de estímulo e a frustração sentidos por ela diante de um programa
acadêmico que é repetitivo e monótono. Isso é o que Cropley (apud
ALENCAR, 2001, p. 177 e 178) relata que “a escola não responde de forma
adequada aos alunos que apresentam habilidades intelectual superiores, o
23
que ajuda a explicar a apatia e ressentimento apresentado freqüentemente por
estes alunos” .
É importante que a criança reconheça suas habilidades, mas ela
precisa ser reconhecida também, como qualquer outro ser humano, precisa
ser reconhecido e aceito pelos outros (GUENTHER, 2000, p. 135).
A luta pela existência está no conflito entre duas tendências humanas:
partir para o mundo ou refugiar-se em caminhos bem traçados que
apresentam perspectivas conhecidas (LANDAU, 2002, p. 30).
Essa autora completa dizendo que a quebra desses dois mundos só
ocorre quando a pessoa obtém a liberdade e a segurança e que:
Segurança é a sensação de quem se sabe aceito, estimado e
pertencente a um meio. Um sentimento que dá ao indivíduo
possibilidade de ousar abandonar a estufa interior e deixar-se
seduzir pelo novo e desconhecido; em miúdos, aceitar os
estímulos do mundo à sua volta. Qualquer ambiente que fortaleça
o ego proporciona segurança (ibidem, p. 30).
2.6. RECURSOS A SEREM UTILIZADOS COM ALUNOS SUPERDOTADOS
O brincar é um instrumento essencial, pois a criança experimenta o seu
mundo e neste experimentar mobiliza sua unidade de ser, ampliando o
conhecimento de si (DUARTE, 1992, p. 60).
Brincar pode ser utilizado como instrumento de estímulo que o aluno
superdotado tem para trabalhar com conceitos, afirma Landau (2002, p. 98).
Essa autora ressalta, ainda, que a criança terá aprendido muitas coisas
por meio de jogos e brincadeiras antes de entrar a idade escolar, quando
entrar ela perceberá que a brincadeira não está somente fora da escola
(ibidem, p. 99), ressaltando:
Quando brincamos com a criança, estamos colaborando na
formação de um adulto feliz que irá experimentar sem se
impressionar muito consigo mesmo, será capaz de aprender, a
partir dos próprios erros e se disporá a sempre recomeçar.
Estamos, com isso oferecendo os alicerces para uma abordagem
criativa perante a vida.
24
Quando a criança joga, ela se depara com regras que cumprirá, mas
compreende que há diferentes possibilidades e alternativas (ibidem, p. 99).
É necessária a presença de recursos para serem trabalhados em sala
de aula e a brincadeira pode ser um importante instrumento para o
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Materiais simples,
como massa de modelar, poderão desenvolver a criatividade do aluno.
Exemplos de brincadeiras que foram trabalhadas com alunos
superdotados, além da massa de modelar, tais como obstáculos, tapete e
outras brincadeiras foram mostrados no livro de Duarte
(1992, p. 61),
observando-se, com isso, um desenvolvimento psicomotor.
Durante toda ação com a criança, o adulto estará revivendo seu próprio
processo infantil e julgando não só a criança que está a seu lado, mas seu
próprio processo de desenvolvimento. O adulto deve mostrar disponibilidade,
sendo isso um requisito básico necessário para a criança (DETROOPER apud
DUARTE, 1992, p. 77).
25
3. METODOLOGIA
3.1. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
O interesse que os pesquisadores da área de educação demonstram
pelo uso das metodologias qualitativas só aumenta.
Segundo Bogdan e Biklen (apud LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 12), diz
que a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de
dados e o pesquisador como seu principal instrumento.
Os problemas que serão pesquisados são estudados no ambiente em
que eles ocorrem naturalmente, sem qualquer manipulação intencional do
pesquisador. De acordo com Lüdke e André (1986, p. 13) “esse tipo de
estudo denomina-se ‘naturalístico’”. Para essas autoras, portanto, todo
estudo qualitativo é também naturalístico.
Segundo estas autoras, a pesquisa qualitativa possui as seguintes
características:
1. O ambiente natural como fonte direta de dados e o
pesquisador como instrumento fundamental; 2. O caráter
descritivo; 3. O significado que as pessoas dão às coisas e a sua
vida como preocupação do investigador; 4. Enfoque indutivo; 5. A
Pesquisa Qualitativa supõe o contato direto e prolongado do
pesquisador como o ambiente e a situação que está sendo
investigada, através do trabalho intensivo de campo (ibidem, p.
13).
O pesquisador deve encontrar meios de enxergar os pontos de vista do
participante, discutindo-os, confrontando-os para que possam ou não ser
confirmados.
26
3.2. TIPO DE PESQUISA UTILIZADO
Há três tipos de pesquisa qualitativa: a pesquisa documental, a
etnográfica e o estudo de caso (SPARADLEY apud LÜDKE e ANDRÉ, 1986,
p. 14).
O tipo de pesquisa qualitativa, que foi utilizado nesta monografia, foi o
Estudo de Caso Etnográfico, sendo necessário relatar que etnografia tem um
sentido próprio: é a descrição de um sistema de significados culturais de um
determinado grupo (ibidem).
Lüdke e André (ibidem, p.17) afirmam que “o estudo de caso é um
estudo de um caso, seja ele simples e específico[...]”. O caso deve ser
sempre bem delimitado, tendo que ser bem definido seus contornos no
desenrolar do estudo.
Cada caso segue um interesse próprio, mesmo que possa ser similar a
outros. Segundo Goode e Hatt (apud LÜDKE e ANDRÉ, p. 17), o caso se
destaca por se formar numa unidade dentro de um sistema mais amplo.
Existem características importantes do estudo de caso, o qual se
assemelham às características gerais da pesquisa qualitativa (idem, ibidem,
p. 18). Entre estas são destacadas:
1. Os estudos de caso visam à descoberta; 2. Os estudos de
caso enfatizam a “interpretação em contexto”; 3. Os estudos de
caso buscam retratar a realidade de forma completa e profunda;
4. Os estudos de caso usam uma variedade de fontes de
informação; 5. Os estudos de caso revelam experiências vicária e
permitam generalizações naturalísticas; 6. Estudos de caso
procuram representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos
de vista presentes numa situação social; 7. Os relatos do estudo
de caso utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível do
que os outros relatórios de pesquisa.
27
3.3. PARTICIPANTES DA PESQUISA
Para um bom desenvolvimento deste trabalho, com o intuito de
observar e analisar a importância que certas escolas dão a alunos
superdotados que precisam de cuidados educacionais especiais, pesquisouse duas escolas que recebem crianças bem dotadas.
A pesquisa enfatizou o trabalho dos professores e das escolas em
relação ao aluno superdotado, e se a escola recebe algum incentivo
governamental, visto que esse problema está dentro da sociedade brasileira.
Nesta pesquisa, foram feitas entrevistas em três professores de séries
iniciais, sendo dois professores de escolas públicas e uma professora de
escola particular do Plano Piloto – DF, com o intuito de verificar duas
realidades distintas.
3.4. ESPECIFICAÇÃO DAS FASES DA PESQUISA
A pesquisa qualitativa pode ser realizada através de fases. Neste
trabalho aconteceram seis fase distintas, iniciando-se com a escolha do tema,
a elaboração do projeto de pesquisa, e concluindo com as considerações
finais da monografia.
Assim, essas fases foram distribuídas em:
¾ A primeira fase consistiu na escolha do tema e na pesquisa
bibliográfica em livros e periódicos. Foi possível, nesse sentido,
iniciar um posicionamento em relação aos princípios teóricos
pertinentes, com a definição do seguinte tema deste trabalho “A
importância dos educadores no processo ensino-aprendizagem dos
alunos superdotados”. Essa primeira fase ocorreu em agosto de
2004.
¾ A segunda fase consistiu na elaboração do projeto de pesquisa, no
período de agosto a novembro de 2004.
28
¾ A terceira fase consistiu na construção do referencial teórico da
monografia, no período de setembro de 2004 a abril de 2005.
¾ A quarta fase consistiu na elaboração e aplicação do instrumento de
coleta de dados, em abril de 2005.
¾ A quinta fase consistiu na organização, análise e discussão dos
dados, no período de abril de 2005.
¾ A sexta fase consistiu na construção final da monografia com suas
considerações teórico-práticas, no período de maio a junho de 2005.
3.5. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Foi utilizado um instrumento fundamental da pesquisa, a entrevista, a
qual foi realizada com três professoras do ensino fundamental, que a
responderam individualmente (APÊNDICE).
As perguntas foram baseadas no Referencial Teórico e nos objetivos
específicos. As entrevistas são feitas para a pesquisadora, com a intenção de
informar sobre o entrevistado.
3.6. CATEGORIAS, ORGANIZAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO
3.6.1. Especificação das categorias escolhidas
As categorias escolhidas para esse trabalho foram:
¾ Conceito de aluno superdotado;
¾ Identificação do aluno superdotado;
¾ Trabalhar as diferenças;
¾ A relação professor-aluno;
¾ Planejamento/preparação
para
o
trabalho
com
superdotados;
¾ Curso para preparação dos professores;
¾ O apoio escolar ao professor e ao aluno superdotado;
os
29
¾ O trabalho eficaz desenvolvido com os superdotados;
¾ As dificuldades encontradas;
¾ Observações dos professores.
3.6.2. Organização, análise e discussão dos dados
A seguir os dados serão apresentados, analisado e discutidos dentro
das categorias escolhidas1:
¾ Conceito de aluno superdotado
“O aluno superdotado é aquele que possui um alto nível em
determinada matéria (na área de exatas ou humanas)” Professora A.
“Há alguns anos atrás eu só levava em conta o fato do Q.I. elevado,
mas sei que hoje existem outros aspectos importantes: como a habilidade, por
exemplo” Professora B.
“De acordo com o Ministério da Educação, são superdotados aqueles
alunos que possuem seu desempenho de um modo bem elevado. Eu sigo
essa concepção e ainda que cada superdotado tem seu talento em
determinada área” Professora C.
De acordo com as entrevistas realizadas, as três professoras
ressaltaram a questão da habilidade. A professora B citou que o fator do Q.I.
não é tão fundamental para ser utilizada como uma definição, pois envolve
outros fatores. A terceira relatou o conceito geral do MEC, a qual diz que
segue essa concepção.
Vale ressaltar o conceito aceito pelo MEC citado por Duarte (1992, p.
19):
1
Professora A e B – escola pública e Professora C – escola privada.
30
Dentro de um conceito geral, a concepção de superdotados
aceita pelo Ministério da Educação e Cultura é a de que são
superdotados e talentosos aqueles que apresentam seu
desempenho de modo bem elevado a sua potencialidade em
qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados[...]”.
Esse autor completa dizendo que essa concepção parece ser
rotulária (ibidem, p.21).
Falcão destacou a questão do Q.I., afirmando que “na tradição mais
recente, um elevado Q.I. era sinônimo de alta-inteligência e o sobredotado era
definido como o indivíduo de alta capacidade intelectual” (1992, p.59).
¾ Identificação do aluno superdotado
“Cada aluno tem características próprias. Quando eu não sei se eu
tenho alguma criança superdotada, devo ficar atenta no comportamento dos
alunos. Não é muito fácil de identificar um aluno superdotado, pois muitos se
isolam no seu mundo, dificultando ainda mais o processo de identificação”
Professora A.
“É uma tarefa difícil identificar uma criança talentosa. É necessário
prestar atenção em sinais de comportamento diferentes, seus potenciais e
seus diversos talentos” Professora B.
“Quando o aluno não tem o diagnóstico de superdotado é importante
prestar atenção no comportamento dele na escola. A interação com os alunos,
o interesse pelas matérias e outros fatores são necessários para a
identificação. Também é importante saber como a criança é fora da escola,
com isso perguntamos à família também” Professora C.
As professoras destacaram a importância de atentar às características
presentes nestes alunos. A professora B relatou o quanto é importante prestar
atenção nos sinais de comportamento dos alunos. É necessário salientar que
as três entrevistadas estavam de acordo em dizer que, identificar um aluno
superdotado não é uma tarefa fácil.
31
A autora Winner (1998, p. 12) cita três características importantes na
identificação do superdotado, que são: a precocidade; uma insistência em
fazer as coisas a seu modo; uma fúria por dominar o mundo. Para Guenther
(2000, p.30), o talento é visto como uma das características, o qual é muito
importante, mas não é única.
¾ Trabalhar as diferenças
“Sim. Já tive alunos com outros tipos de necessidades educacionais
especiais, com isso considero importante trabalhar o respeito às diferenças e
não são permitidos apelidos de mal gosto dentro da sala de aula” Professora
A.
“Trabalho a questão do respeito às diferenças, mas sinto que a escola
deveria trabalhar mais esse lado, ou seja, o preconceito existente em nossa
sociedade” Professora B.
“Penso que é necessário trabalhar o respeito ao próximo, falo muito
disso em sala de aula. Nós educamos para a vida, não é só à sala de aula”
Professora C.
As três professoras trabalham a questão do respeito. Mas foi
interessante a professora B ter relatado a importância da escola elaborar
atividades que trabalhe esse aspecto “ser diferente”.
De acordo com esse assunto, Rosemberg afirma que desde que o
conceito de normal se funde erroneamente, a “diferença” faz com que o
superdotado chame atenção em relação ao seu grupo (1978, p. 43). Guenther
destaca a importância da criança reconhecer suas habilidades, mas sabendo
que é como qualquer outro ser humano (2000, p.135).
32
¾ A relação professor-aluno
“Eu procuro ter uma relação de amizade com todos os meus alunos. No caso
do aluno superdotado procuro ficar atenta quando ele está fazendo exercício,
e também procuro ser amiga desse aluno, dizendo que ele pode contar
comigo para tudo” Professora A.
“Procuro demonstrar confiança a todos alunos, pois sei que o
relacionamento entre o professor e aluno determina a direção do trabalho da
escola, em relação a essa criança” Professora B.
“Trato os alunos superdotados como qualquer outro aluno. É lógico que
quando temos um aluno que exige mais atenção, é necessário uma confiança
por parte dos professores e do aluno” Professora C.
A questão da amizade foi relatada pela primeira entrevistada como um
fator importante para a relação professor-aluno. As professoras B e C citaram
a questão da demonstração de confiança. Destaca-se a resposta da
professora B que disse: “Procuro demonstrar confiança a todos alunos, pois
sei que o relacionamento entre o professor e aluno determina a direção do
trabalho da escola, em relação a essa criança”
Há professores que têm um pré-conceito, dizendo que os superdotados
são crianças difíceis, agressivas e perturbadoras. Isso é o que afirma Duarte
(1992, p. 31) que completa relatando que esses julgamentos são resultado da
falta de conhecimento. Guenther (2000, p. 95) afirma que “é na escola que
professores e alunos se encontram e, pela seqüência das interações vividas,
constróem o relacionamento que vai determinar, em grande parte, a direção
do trabalho escolar”. Duarte (1992, p. 31) afirma que um aluno superdotado é
um pessoa que merece respeito por todos, assim como uma pessoa
considerada “normal”.
33
¾ Planejamento/preparação para o trabalho com os superdotados
“Como não é uma escola especialmente para alunos especiais, trabalhamos o
conteúdo de acordo com o planejamento. Mas nesse caso é feito um
acompanhamento pedagógico” Professora A.
“A direção da escola junto com a orientadora educacional e conosco,
professores discutimos o que será trabalhado com esse aluno. Não temos
nenhum guia, mas procuro ler bastante livros, artigos de revistas e outros”
Professora B.
“A escola já ofereceu algumas palestras e mini-cursos importantes, mas
sinto que não é suficiente, pois é uma escola particular. Acho necessário uma
estrutura de atendimento melhor para esses alunos, para que não se sintam
desmotivados na sua escola” Professora C.
A professora A citou um acompanhamento pedagógico para o aluno
superdotado, mas trabalha o conteúdo em sala normalmente. A segunda
relatou que trabalha juntamente com a gestão escolar. A terceira entrevistada
destaca a questão da sua preparação com palestras e mini-cursos. Ela
também fez uma observação: “[...] acho necessário uma estrutura de
atendimento melhor para esses alunos, para que não se sintam desmotivados
na sua escola”.
Neste aspecto, pode-se ressaltar o que Falcão (1992, p. 110) afirma
sobre a falta de atendimento adequado à criança superdotada, dizendo que
esse problema gera dificuldades de adaptação. Santos (1988, p. 43 e 44)
ressalta que “[...] a formação pedagógica e a própria orientação de currículos
por parte da Secretaria da Educação voltam-se especificamente, para crianças
com Q.I. elevado[...]. Não há um instrumental adequado para lidar com a
criança de um nível de Q.I. extremamente elevado[...]”. O autor continua
relatando que, uma pessoa superdotada tem o direito de desenvolver-se, e
precisa encontrar recursos na comunidade (ibidem, p.64) .
34
¾ Curso para preparação dos professores
“Não fiz nenhum curso específico. Já fui em algumas palestras de
educadores e psicólogos, mas o governo não ofereceu nenhum curso que nos
dê uma orientação para trabalhar com esses alunos”. Professora A.
“Cursos específicos não fiz. Já fui em congressos e palestras, mas acho
importante se o governo mostrasse mais interesse no trabalho dos
professores a esses alunos”. Professora B.
“Tenho o magistério e estou cursando Pedagogia com habilitação em
ensino especial. Mas não fiz nenhum curso específico para trabalhar com
esses alunos”. Professora C.
As três entrevistadas disseram que não fizeram cursos para trabalhar
com os alunos superdotados, mas ressaltam o quanto seria importante. As
professoras A e B falaram que o governo poderia dar mais atenção aos
professores e escolas que trabalham com esses alunos. É necessário
salientar que as duas primeiras professoras lecionam em escolas públicas e a
terceira leciona em escola particular.
Santos ressalta a importância do preparo dos professores com essas
crianças (1988, p. 43 e 44). Destaca ainda que é necessário analisar o
atendimento de cada etapa (ibidem, p. 66). Falcão (1992, p. 171) salienta a
questão da necessidade de programas de atendimento para os alunos
superdotados, os quais enfatizam também a preparação dos professores.
¾ Apoio escolar ao professor e ao aluno superdotado
“Além da orientadora educacional, aqui tem uma psicóloga que é
responsável por fazer algum encaminhamento aos especialistas e nos orienta
como trabalhar com esses alunos. Também temos acompanhamento
pedagógico que é oferecido em horário distinto ao da aula” Professora A.
35
“Por ser uma escola pública deveria receber um incentivo maior. Se fala
tanto em melhorar o ensino público e a luta de uma educação para todos, mas
não é isso que nós professores vimos. Ouvimos muitas promessas que não
são cumpridas” Professora B.
“Como é uma instituição particular, não vejo um incentivo do governo,
pois acho necessário apoiar qualquer escola que tenta desempenhar um
conceito de inclusão. Não estou falando de incentivo financeiro, mas sim apoio
aos professores com cursos, palestras e outras” Professora C.
A professora A citou o apoio pedagógico da escola. As outras
professoras destacaram a falta de incentivo por parte do governo. A
professora B na sua resposta fez um tipo de apelo: “Por ser uma escola
pública deveria receber um incentivo maior. Se fala tanto em melhorar o
ensino público e a luta de uma educação para todos, mas não é isso que nós
professores vimos. Ouvimos muitas promessas que não são cumpridas”. A
primeira entrevistada citou que sua escola tem uma estrutura privilegiada, pois
conta com o apoio de uma psicóloga e procura utilizar acompanhamentos
pedagógicos. Mas é necessário salientar que as professoras não estão
satisfeitas com a atenção que o governo tem mostrado em questão da
educação, principalmente as professoras das escolas públicas. A escola
particular também deveria receber um motivação por trabalhar a questão da
inclusão, mas ela pode elaborar e criar recursos sem depender tanto do
incentivo da política do governo.
De acordo com este aspecto pode-se citar Mira (apud MACHADO,
1989, p.55), o qual diz que é ilusão pensar que nas escolas públicas terão
número suficientes de professores especializados e competentes, recursos
financeiros e humanos suficientes. Falcão (1992, p. 110) enfatiza que a falta
de atendimento adequado à criança superdotada, como criança diferente que
é, gera problemas de adaptação. O autor ainda relata que o não atendimento
provém do desconhecimento daquele fato real. Alencar (2001, p.133) aborda
36
que é preciso reconhecer que a educação formal é algo indispensável a todos,
devendo ser de acordo com as habilidades individuais.
¾ O trabalho eficaz desenvolvido com os superdotados
“Sempre procuro fazer listas de exercícios com uma dificuldade maior
do que são passados em sala de aula. E passo para a orientadora e
psicóloga, a qual me orienta na elaboração dos exercícios” Professora A.
“Percebo
que
as
brincadeiras
(jogos,
adivinhações
etc.)
são
instrumentos importantes na vida de qualquer criança e ajuda muito ao
superdotado que nos traz resultados satisfatório” Professora B.
“É importante ter um acompanhamento pedagógico que o motive. Mas
é necessário ressaltar que há crianças, as quais necessitam de turmas
especiais, outras que precisam somente do enriquecimento dos programas”
Professora C.
A professora A relatou que elabora listas de exercícios desafiando o
raciocínio do aluno. A professora B ressaltou a importância das brincadeiras
no processo de aprendizagem da criança. E a última destacou as três
modalidades que são: a aceleração dos estudos; o enriquecimento dos
programas e a segregação (turmas especiais).
Duarte afirma que o brincar pode ser um instrumento para o
aprendizado, tanto para o aluno superdotado ou não (1992, p. 60). Quando a
criança joga, ela se depara com regras que cumprirá e compreende as
diferentes possibilidades e alternativas (LANDAU, 2002, p. 99). A questão das
modalidades são enfatizadas por Falcão (1992, p. 126), quais sejam: a
aceleração, o enriquecimento e a segregação. De acordo com essa questão,
Alencar e Flaith (2001, p.125) destacam que muitos são os
37
¾ As dificuldades encontradas
“Quando tenho algum aluno superdotado procuro agir naturalmente,
mas cada um tem suas características e seus problemas. Às vezes a
dificuldade não está no aluno em si, e sim nas pessoas que esperam o melhor
dessa criança” Professora A.
“Às vezes sinto que o aluno precisa da sua ajuda, mas ele se esconde
no seu mundo. Fazer essa aproximação pode ser mais complicada do que
parece” Professora B.
“As maiores dificuldades são em elaborar exercícios que procuram
desafiar o aluno superdotado” Professora C.
A primeira entrevistada ressaltou novamente as características dos
alunos superdotados e disse que a maior dificuldade são nas pessoas que
esperam o melhor desses alunos. A segunda relata a questão da
aproximação. E a última relata as dificuldades de elaborar exercícios.
O educador, além de assumir compromisso com o ensino, assume
também compromisso com o educando (MIRA apud MACHADO e RAPOSO,
1989, p.54). Santos ressalta a necessidade de analisar o atendimento de cada
etapa (1988, p. 66).
¾ Observações dos professores
“O governo não dá a devida atenção com os alunos que precisam de
necessidades educacionais especiais. Trabalho em uma escola pública,
apesar daqui ser privilegiado, pois possui uma estrutura educacional
exemplar, mas falta incentivo por parte da Secretaria de Educação do DF que
não oferece cursos gratuitos e nem apoia o trabalho do professor”.
Professora A.
A entrevistada não fez nenhum comentário. Professora B.
38
“As minhas observações foram inseridas nas outras respostas”.
Professora C.
A primeira professora reclama novamente da falta de incentivo existente
por parte do governo, aliás, durante a entrevista das três percebeu-se o
descontentamento em relação ao apoio recebido, tanto por parte das escolas
quanto do governo, especificamente do Distrito Federal.
A escola, ao invés de oferecer uma educação padronizada, deveria
possibilitar ao aluno receber uma educação que favorecesse o seu potencial
individual (ALENCAR, 2001, p.133). Falcão (1992, p. 121) afirma que “a
escola deveria propiciar ao superdotado um clima estimulador que
favorecesse tanto o desenvolvimento pleno das potencialidades pessoais
como o seu processo de adaptação social”.
39
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os superdotados são pessoas como outras quaisquer, mas precisam de
cuidados especiais. Existem pessoas que exageram nesses cuidados e outras
cometem erros de vangloriá-los fazendo com que os prejudiquem. Com isso a
pesquisadora desta monografia achou necessário salientar conceitos e aspectos
enfatizando a importância dos professores, os quais cometem erros também.
Quando se fala de alunos que necessitam de cuidados educacionais
especiais, pensa-se logo em uma classe especial, esquecendo que a educação
inclusiva para alguns caso pode dar certo. Foi citado, nesta monografia, autores que
consideram importante a separação de alunos superdotados, dependendo do caso e
outros autores não.
Trabalhar com alunos que precisam de atenção especial não é uma tarefa
fácil, porque é necessário pesquisas e métodos de ensinos diversificados. Sabe-se
que o professor enfrenta dificuldades visto que não é uma classe tão valorizada
como deveria ser, principalmente aqueles de escolas públicas que não recebem
apoio e incentivo suficiente dos governantes brasileiros. O educador tem a missão de
inovar caminhos, de ser facilitador e estimulador para os educandos, mas precisa de
incentivo. O apoio da gestão escolar é importante, mas há escolas que não têm
recursos suficientes, pois precisam de incentivos (escolas públicas). Cada um deve
tentar se esforçar, porém, é preciso auxílio de outros.
Conceitos e idéias errôneas sobre alunos superdotados circulam na sociedade
mundial e brasileira. Há professores que acreditam em algumas dessas concepções,
os quais não ajudam em nada o aluno inclusivo no processo de ensinoaprendizagem desses alunos. Com isso é importante a preparação destes
profissionais para que não ocorra o desinteresse por parte dos alunos, podendo
perder a chance de desenvolver o seu talento.
Ninguém cresce sozinho, pois precisa de cuidados e atenção de pessoas que
estão à sua volta. Os alunos superdotados também são assim. Muitas pessoas,
inclusive alguns professores pensam que essas crianças se desenvolvem sozinhas,
não precisando de incentivo e apoio, pois já tem o Q.I. elevado. Isso é totalmente
40
errado e absurdo, uma vez que se o ser humano vive em uma sociedade, significa
que precisa de outras pessoas.
A importância da família não foi mencionada nesta monografia, mas é
essencial para o desenvolvimento desses alunos. É necessário que os pais de
crianças superdotadas não as superprotejam e nem as pressionem. Às vezes a
família espera muito mais de uma criança superdotada do que ela é capaz. Com
isso, pode ser esquecido que ela está vivendo sua infância e não deve se sentir tão
pressionada. Apoio psicológico também é importante para esses alunos, para a
família, e até para os professores, pois assim terão orientações necessárias.
As diferenças devem ser respeitadas, pois todos têm o seu jeito de ser e de
aprender. Os superdotados isolam-se porque têm medo de ser apontados como os
“diferentes”, tanto na escola como fora dela. Trabalhar essas diferenças é essencial
para todos os alunos. Projetos que trabalham essas diferenças são importantes, não
só para os alunos superdotados, mas também para todos.
41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, Eunice Soriano de. Criatividade e educação de superdotados. RJ: Vozes,
2001.
ALENCAR, Eunice Soriano de e FLEITH, Denise de Souza. Superdotados:
determinantes, educação e ajustamento. 2 ed. SP: EPU, 2001.
ALVES, Mazotti A. J. e GEWANDSZNAJER, F. O método nas ciências naturais e
Pesquisa quantitativa e qualitativa. SP: Pioneira, 1998.
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. SP: Cortez, 1991.
DUARTE, Rosa Maria Prista. Superdotados e Psicomotricidade: um resgate à
unidade do ser. RJ: Vozes, 1992.
FALCÃO, Ilídio de Jesus Coelho. Crianças Sobredotadas: que sucesso escolar?
Portugal: ASA, 1992.
GUENTHER, Zenita Cunha. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de
inclusão. RJ: Vozes, 2000.
LANDAU, Érika. A coragem de ser superdotado. Tradução: Sandra Miessa. SP: Arte
e Ciência, 2002.
LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens
qualitativas. SP: TBEE, 1985.
MACHADO, João Bina e RAPOSO, Heloisa Anne Dias. Superdotados: como
identificar, desenvolver, integrar (coletânea de dados). RJ: Rotary Club do Rio de
Janeiro, 1989.
42
ROSEMBERG, Rachel Lea. Psicologia dos Superdotados. 2 ed. RJ: J. Olímpio,1978.
SANTOS, Oswaldo de Barros. Superdotados: quem são?/ onde estão. SP: Pioneira,
1988.
WINNER, Ellen. Crianças Superdotadas: mitos e realidades. Tadução de Sandra
Costa. RS: Artmed, 1998.
43
APÊNDICE
44
CENTRO UNVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UNICEUB
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – FACE
CURSO DE PEDAGOGIA
NOME DA PESQUISADORA: RENATA DE OLIVEIRA PALHA
DATA: / /2005
Roteiro de entrevista sobre o tema
"A importância dos educadores no processo ensino-aprendizagem dos
superdotados"
Dados de identificação
- Sexo: Feminino (
)
Masculino (
)
- Faixa etária:
até 30 anos (
)
entre 31 e 50 anos (
)
mais de 51 anos (
)
entre 6 e 15 anos (
)
mais de 16 anos (
)
- Tempo de Magistério:
menos de 5 anos (
)
Questões
1. Qual é a sua concepção de aluno superdotado?
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2. Como você identifica um aluno superdotado?
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3. Você trabalha o “ser diferente” em sala de aula?
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4. Como deve ser o relacionamento entre o professor e o aluno superdotado?
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5. Há algum planejamento/ preparação para se trabalhar com esse aluno?
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6. Você fez algum curso para trabalhar com as crianças superdotadas?
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7. A escola oferece algum tipo de apoio para esse trabalho?
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8. O que você tem trabalhado com o aluno superdotado que tem sido bem sucedido?
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9. Quais as suas dificuldades no trabalho com o aluno superdotado?
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10. Outras observações, se necessárias:
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Obrigada pela atenção!
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRSÍLIA – UniCEUB
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO – FACE
CURSO DE PEDAGOGIA
Renata de Oliveira Palha
A importância dos educadores no processo ensinoaprendizagem dos alunos superdotados
Brasília
2005
Renata de Oliveira Palha
A importância dos educadores no processo ensinoaprendizagem dos alunos superdotados
Monografia apresentada ao Centro
Universitário
de
Brasília
–
UniCEUB,
como
parte
das
exigências para a conclusão do
curso de Pedagogia
Orientadora: Profª.
Eleusa Montenegro
Brasília
2005
Drª
Maria
Conquistas importantes da vida dependem
do apoio, da atenção e do carinho daqueles
que lhe desejam sucessos.
Dedico essa vitória alcançada primeiramente
a Deus, que me trouxe conforto espiritual; a
meus pais, que sempre me apoiaram em
todos os momentos; a meus amigos; a meu
namorado, que acompanhou essa trajetória
da minha vida acadêmica; a meus mestres e,
principalmente, a minha orientadora que me
trouxe sabedoria para a conclusão desta
monografia.
Não é bastante ensinar uma especialidade. Através dela o indivíduo pode
tornar-se uma espécie de máquina útil, mas não uma personalidade
harmoniosa.
É essencial que o profissional adquira compreensão e sensibilidade, viva para
valores... tenha o senso do belo e do moralmente bom.
Se tal não acontecer, com todo o seu conhecimento especializado, ele
parecerá mais um animal bem treinado do que um ser humano.
Albert Einstein
RESUMO
O assunto escolhido para esta monografia foi “A importância dos educadores no processo ensinoaprendizagem dos alunos superdotados”. O objetivo geral desta pesquisa, verificar se os professores
estão percebendo a sua importância no processo de desenvolvimento dos superdotados e identificar
maneiras adequadas de atuação com estes alunos. A pesquisa utilizada foi a qualitativa do tipo Estudo
de Caso Etnográfico e os participantes dessa pesquisa foram três professores, sendo dois de escolas
públicas e um de escola particular do Plano Piloto – DF. O instrumento utilizado nesta pesquisa foi a
entrevista, e é necessário salientar que as perguntas foram baseadas no Referencial Teórico desta
monografia. As categorias selecionadas para análise e discussão dos dados foram: conceito de aluno
superdotado; identificação do aluno superdotado; trabalhar as diferenças; a relação professor-aluno;
planejamento/preparação para o trabalho com os superdotados; curso para preparação dos professores;
o apoio escolar ao professor e ao aluno superdotado; o trabalho eficaz desenvolvido com os
superdotados; as dificuldades encontradas; observações dos professores. Foi concluído, com a
realização desta monografia, que o aluno superdotado é como qualquer outro, porém necessita de
atenção especial. Conceitos e idéias erradas sobre superdotação devem ser esquecidas, principalmente
no âmbito escolar. O professor tem o dever de atualizar seus conhecimentos, procurando ser cúmplice de
seus alunos nas atividades escolares, auxiliando o aluno superdotado no desenvolvimento de seu
talento, fazendo com que se sintam capazes. Assim o educador terá o papel de facilitador. O apoio
escolar e a necessidade de incentivar os professores que trabalham com esses alunos é essencial.
Cursos de preparação para alunos e para professores são importantes, principalmente às escolas
públicas. O que não deve ser esquecido e foi relatado nesta monografia, é a questão do respeito às
diferenças. Todas as pessoas possuem diferenças e merecem respeito.
Palavras-chave: Educador – Superdotado – Desenvolvimento.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 07
1.1. JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 07
1.2. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA......................................................................... 07
1.3. OBJETIVOS........................................................................................................ 08
1.3.1. Geral.......................................................................................................... 08
1.3.2. Específicos................................................................................................ 08
2. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................ 09
2.1. CONCEITO DE SUPERDOTADO...................................................................... 09
2.2. CARACTERÍSTICAS DOS SUPERDOTADOS.................................................. 12
2.3. A IMPORTÂNCIA DOS EDUCADORES NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DOS SUPERDOTADOS................................................. 15
2.4. O TRABALHO ESCOLAR COM OS SUPERDOTADOS..................................... 19
2.5. A NECESSIDADE DE SE TRABALHAR A AUTO-ESTIMA DOS ALUNOS
SUPERDOTADOS............................................................................................... 22
2.6. RECURSOS A SEREM UTILIZADOS COM ALUNOS SUPERDOTADOS.......... 24
3. METODOLOGIA........................................................................................................ 26
3.1. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS.................................................................. 26
3.2. TIPO DE PESQUISA UTILIZADO....................................................................... 27
3.3. PARTICIPANTES DA PESQUISA....................................................................... 28
3.4. ESPECIFICAÇÃO DAS FASES DA PESQUISA................................................ 28
3.5. INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS....................................................... 29
3.6. CATEGORIAS, ORGANIZAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS
DADOS............................................................................................................... 29
3.6.1. Especificação das categorias escolhidas.................................................. 29
3.6.2. Organização, análise e discussão dos dados..................................... ..... 30
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES................................................ 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 42
APÊNDICE – ROTEIRO DE ENTREVISTA UTILIZADO COM
PROFESSORES............................................................................................................ 44
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1. INTRODUÇÃO 1.1. JUSTIFICATIVA Os superdotados