Algumas questões básicas sobre a Física Quântica A. O. Caldeira – IFGW 17/08/2010 A Mecânica Quântica • Na virada do século XX a Física Clássica não consegue explicar diversos fenômenos observados experimentalmente. • Hipóteses de Planck, Einstein, Bohr e de Broglie culminam com a criação de uma nova teoria na década de 20; A Mecânica Quântica • Um novo paradigma para as teorias físicas. • Formulações complementares; Schrödinger & Heisenberg. • A visão unificada de Dirac. • O que é o sistema físico? A ênfase na observação; a teoria da medida. von Neumann. Os experimentos fundamentais • 1900-Radiação do corpo negro • 1905-Efeito fotoelétrico • 1913-Espectro do átomo de hidrogênio (quantização da energia) • 1922-Experiência de Stern-Gerlach • 1923-Efeito Compton • 1927-Difração eletrônica A experiência de Young Os experimentos de difração eletrônica são compatíveis com o fato de depois de passar por duas fendas , partículas suficientemente pequenas (elétrons, por exemplo) apresentam uma figura de interferência ao serem detetadas num anteparo A experiência de Young Por outro lado, corpúsculos clássicos apresentariam uma figura da forma I=I1+I2 Como conciliar a teoria ondulatória com a corpuscular ? A experiência de Young 1- feixe eletrônico intenso: figura de interferência na medida do número de partículas que chegam no anteparo A experiência de Young 2- feixe eletrônico intenso + detetor no anteparo: figura de interferência na medida de intensidade no anteparo, mas...contagem discreta da chegada dos elétrons, apesar de muitos por segundo detetor A experiência de Young 3- feixe eletrônico não intenso + detetor no anteparo: 1 elétron por segundo atravessa uma das fendas e 1 elétron por segundo é registrado em algum ponto do anteparo. detetor A experiência de Young Mas, no decorrer de um intervalo de tempo muito longo: histograma apresenta perfil de interferência Compatível com a sobreposição dos resultados de N >>1 experiências envolvendo apenas 1 elétron! A experiência de Young Intensidade da radiação wavemechanics-duality A experiência de Young Por onde passou o elétron? Bloqueador de fenda Esta informação destrói a figura de interferência! A função de onda A nossa conclusão sobre tudo o que foi dito até agora é que, dada uma partícula atômica ou um fóton, este objeto pode ser descrito pela chamada amplitude de probabilidade (r , t ) , ou função de onda, à qual podemos aplicar o Princípio da superposição (r , t ) 1 (r , t ) 2 (r , t ) ea 2 Interpretação probabilística: (r , t ) | (r , t ) | onde (Max Born) (r , t ) d 3r 1 V A função de onda carrega a informação máxima que podemos ter sobre o sistema em questão. Dualidade e complementaridade Assim, as propriedades ondulatórias e corpusculares coexistem. Esta é a chamada dualidade partícula – onda . Entretanto, não há nenhuma forma destas duas propriedades serem testadas simultaneamente. Ou fazemos um esquema de medida onde o aspecto corpuscular seja evidenciado ou um que revele o caráter ondulatório do sistema em questão. Este é o princípio da complementaridade, que ficou bem claro na experiência de Young que analisamos. O experimento de Stern-Gerlach Teste da existência do momento magnético do elétron O experimento de Stern-Gerlach g U B B Bz B Bz 2 Energia magnética Momento magnético e spin e e g S onde S B 2m 2 2m Força magnética h 1.05 1034 J s 2 stern-gerlach U Bz Fz B z z O experimento de Stern-Gerlach Medida do spin da direção z onde S z | 2 | e S z | 2 | 0 1 0 /2 | e | ; Sz 0 1 0 / 2 Forma da função de onda Análoga a | (r , t ) (r , t ) | (r , t) | E(r , t ) Ex (r , t ) xˆ Ey (r , t) yˆ Densidade de probabilidade de deteção (r , t ) | (r , t) | e (r , t) | (r , t) | 2 2 O experimento de Stern-Gerlach Variáveis compatíveis e | (r , t ) (r , t ) | () (r , t ) | () z z incompatíveis | (r , t ) (r , t ) | | (r , t ) (r , t ) | O experimento de Stern-Gerlach Estado do momento magnético inicial Estado total inicial | ( r , t ) (| | ) | ( ) x 2 (| | ) | ( r , t ) 0 ( r , t ) 2 0 ( r , t ) | 0 ( r , t ) | ) 2 Estado total ao longo do magneto | (r , t ) (r , t ) | (r , t) | Estados emaranhados Estado separável nas variáveis de posição e spin (| | ) | ( r , t ) 0 ( r , t ) 2 Estado emaranhado nas variáveis de posição e spin | (r , t ) (r , t ) | (r , t) | Estados emaranhados Estados de duas partículas | (r1, r2 , t ) Estados separáveis de duas partículas (fermions distinguíveis) | (r1, r2 , t ) (r1, t ) (r2 , t ) | 1 2 ; i ou Estado emaranhado (em spin) de duas partículas E (r , t ) 0 (r r0 (t )) D (r , t ) 0 (r r0 (t )) Estados emaranhados | | | | | | ( r1, r2 , t ) E ( r1, t ) D ( r2 , t ) 2 O paradoxo EPR | | | Observação do spin de (1) implica no conhecimento do spin de (2). O mesmo ocorre com estados de polarização de fótons. Esta possibilidade gerou o famoso paradoxo EPR ( Einstein, Podolsky e Rosen). Mais ainda, o resultado da medida do spin de (2) depende da medida que (1) escolhe para fazer, em contradição com o princípio da localidade de Einstein. O paradoxo EPR Outro princípio importante: realismo. Objetos devem possuir propriedades que pre-existam à sua medida. Localidade + realismo = realismo local Teorias que obedecem o realismo local; variáveis ocultas. Não-localidade X relismo local = mecânica quântica X teorias locais de variáveis ocultas Como decidir ? Desigualdades de Bell Experimento de Aspect mecânica quântica OK! O gato de Schrödinger nada ocorre corrente aciona sistema letal O gato de Schrödinger | (a | b |) V (r1 ,..., rN ) a | V (r1 ,..., rN ) b | V (r1 ,..., rN ) Interação emaranha as duas alternativas ~ | a | V (r1,..., rN ) b | M (r1,..., rN ) Superposição de configurações macroscopicamente distinguíveis O gato de Schrödinger: um exemplo Interferência de objetos complexos Recentemente foi possível mostrar que nem só partículas atômicas ou sub – atômicas apresentam uma figura de interferência. Moléculas com um grande número de átomos também podem apresentar essa característica. O gato de Schrödinger: um exemplo Interferência de objetos complexos Nature 401 (1999) 1131 Teoria da medida S Aparato sistema P ponteiro R | (i ) | | | p acoplamento apropriado | (c) |, p |, p sistema+ponteiro emaranhados reservatório | 0 (r1,...,rN ) |, p |, p 0 (r1,...,rN ) (c) Teoria da medida | ( c ) 0 ( r1 ,..., rN ) |, p |, p 0 ( r1,..., rN ) acoplamento apropriado | (r1,...,rN ) |, p (r1,...,rN ) |, p sistema + ponteiro + reservatório emaranhados As configurações do reservatório são inacessíveis; soma sobre todas as possíveis alternativas destrói a característica de superposição gerando uma mistura de |, p e |, p com 2 2 probabilidades | | e | | , respectivamente. Este é o conhecido fenômeno de decoerência. Resolução do problema da medida? Comentários finais: a) Emaranhamento: relevante para a informação e computação quântica; teleportação, codificação superdensa etc... b) Estados do tipo gato de Schrödinger: efeitos quânticos macroscópicos, desenvolvimento de qubits para a eletrônica convencional etc... c) Decoerência: teoria quântica da medida, limitação de operação de qubits, limite clássico, etc... d) Fundamentos da mecânica quântica.