PAULO LEONARDO ARAÚJO DE GÓIS MORAIS PROJEÇÃO RETINIANA, CARACTERIZAÇÃO CITOARQUITETÔNICA E NEUROQUÍMICA DA ZONA INCERTA DO MOCÓ (Kerodon rupestris) Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. NATAL 2014 PAULO LEONARDO ARAÚJO DE GÓIS MORAIS PROJEÇÃO RETINIANA, CARACTERIZAÇÃO CITOARQUITETÔNICA E NEUROQUÍMICA DA ZONA INCERTA DO MOCÓ (Kerodon rupestris) Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Psicobiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientador: Prof. Dr. Expedito Silva do Nascimento Júnior NATAL 2014 TÍTULO: PROJEÇÃO RETINIANA, CARACTERIZAÇÃO CITOARQUITETÔNICA E NEUROQUÍMICA DA ZONA INCERTA DO MOCÓ (Kerodon rupestris) AUTOR: PAULO LEONARDO ARAÚJO DE GÓIS MORAIS DATA DA DEFESA: 27/03/2014 EXAMINADORES: __________________________________________ Prof. Dr. Fausto Pierdoná Guzen __________________________________________ Prof. Dr. Jeferson de Souza Cavalcante __________________________________________ Prof. Dr. Expedito Silva do Nascimento Júnior AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a minha família, Ana Maria, José Orlando e Paula Giovanna, base de tudo, que é diretamente responsável por tudo de bom que acontece comigo e que sei que posso contar quando as coisas ruins acontecem. Amo vocês! Agradecimento especial para o Prof Expedito Jr, meu orientador e grande líder, que fez tudo e mais um pouco para me ajudar a trabalhar. Aos professores Judney, Jeferson, Miriam, Celcimar e Ruthnaldo, pela compahia, duvidas esclarecidas e sugestões, tantos para os experimentos e trabalhos quanto para outras questões cotidianas. A Todos os alunos que passaram pelo Labneuro, pelos momentos alegres, ajuda nos experimentos, compahia nos diversos lugares, desde os almoços de confraternização até nos congressos e simpósios da vida, em especial para Karen, André, Melquisedec, Mariana, Nelyane, Fladjane, Helder, Wilqui, Renata, Nayra, Felipe, Joacil, Twyla, Rovena, e um agradecimento especial a Dona Regina, responsável pela manutenção da lei, da ordem e do funcionamento geral do Laboratorio. Aos meus grandes amigos da biologia e agregados, Rodolfo, Rafael, George, Ivon Edipo, Huguinho, Guido, Cleanto, Stanlley, Fernando, Daniel, Bozena, Alf, Marilia, Vanessa, Aline, Helton e mais uma galera grande, pelos momentos de alegria, conhecimento, e angustias compartilhados desde o período de graduação. A galera do ABC Leozinho, Joao Paulo, Romario, Oreia, Duble, Michel, Idamilton, Marquinhos, Bia, Junior e Nessah, excelentes compahias em jogos, viagens e em vários outros momentos unidos por uma paixão em comum pelo ABC.FC. E o que dizer das galeras dos cursos de Geofisica 2013.1 e Fisioterapia 2013.1 e .2, que convivi pouco tempo, mas já os considero pacas? Amizades surgidas a pouco tempo pela loucura de querer cursar outra graduação durante o mestrado, mas também importantes para conhecer outros ares e áreas do conhecimento. A Capes e CNPq, pelo suporte financeiro indispensável. LISTA DE ABREVIATURAS 3v – terceiro ventrículo 5-HT – Serotonina CB – Calbindina ci – Capsula interna CR – Calretinina CS – Colículo superior DA - Dopamina f - Fornix FIG – folheto intergeniculado GABA -ácido gama aminobutírico GFAP - Proteína acídica fibrilar glial GLD – Núcleo Geniculado lateral dorsal GLV – Núcleo Geniculado lateral ventral HRP – horseradish peroxidase IR- - Imunoreativo MD - núcleo médio dorsal do tálamo ml – lemnisco medial mt – tracto mamilotalâmico NO - óxido nítrico NOS - óxido nítrico sintase NPA – Núcleo pretectal anterior NPY - Neuropeptídeo Y NSO – núcleo supraóptico NSQ – Núcleo supraquiasmático PV – Parvalbumina PVT – núcleo paraventricular do tálamo Rt – núcleo reticular do tálamo rts – radiação talâmica superior TF – tampão fosfato TH – Tirosina hidroxilase VIP - Polipeptídeo intestinal vasoativo VP – Vasopressina VM - núcleo ventral póstero medial ZI – Zona Incerta ZIr - Zona Incerta rostral ZId - Zona Incerta dorsal ZIv - Zona Incerta ventral ZIc - Zona Incerta caudal LISTA DE FIGURAS Tabela 1: Especificação das substâncias, bem como seus fabricantes e diluições, utilizadas nos procedimentos de imunohistoquímica. Figura 1: Área de distribuição do mocó. Figura 2: mocó (Kerodon rupestris). Figura 3: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó coradas pelo método de Nissl nas subdivisões da ZI. Figura 4: Em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra CTb, evidenciando a projeção retiniana para a ZIc. Figura 5: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra TH. Figura 6: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra NOS. Figura 7: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra 5-HT. Figura 8: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra GFAP. Figura 9: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra CB. Figura 10: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra CR. Figura 11: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra PV. Tabela 2: Resumo esquemático da distribuição das substâncias neuroativas nas subdivisões da ZI do mocó. SUMÁRIO RESUMO 10 ABSTRACT 11 1. INTRODUÇÃO 12 1.1 Zona Incerta (ZI) 12 1.2. Subdivisões da ZI 12 1.3 Hodologia da ZI 13 1.4 Aspectos Funcionais da ZI 14 1.5 Projeções retinianas 16 1.6 Projeções retinianas para núcleos classicamente não visuais 17 1.7 Sujeito experimental 18 1.8 Justificativa 20 2.OBJETIVOS 21 2.1 Objetivos gerais 21 2.2 Objetivos específicos 21 3. METODOLOGIA 22 3.1 Anestesia 22 3.2 Injeção intra ocular 22 3.3 Perfusão 23 3.4 Remoção dos Encéfalos 23 3.5 Microtomia 23 3.6 Método de Nissl 24 3.7 Imunohistoquímica 24 3.8 Análise das imagens 26 4. RESULTADOS 27 4.1 Citoarquitetura Nissl 27 4.2 Projeção retiniana 29 4.3 Neuroquímica 31 TH 31 NOS 32 5-HT 33 GFAP 34 CB 35 CR 36 PV 37 5 DISCUSSÃO 39 5.1 Citoarquitetura 39 5.2 Projeção retiniana 41 5.3 Neuroquímica 44 TH 44 NOS 46 5-HT 47 GFAP 48 CB 48 CR 49 PV 50 5.4 Considerações do funcionamento global da ZI 51 6. CONCLUSÕES 53 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54 8. ANEXO 69 RESUMO A Zona Incerta (ZI) é um grupamento neuronal embriologicamente derivado do tálamo ventral, em continuidade com o núcleo reticular do tálamo. Diversos estudos com traçadores retrógrados e anterógrados revelaram a conexão da ZI com diversas estruturas do sistema nervoso central. Dados moleculares e citoquímicos revelaram que a ZI é um dos grupamentos neuronais com maior diversidade neuroquímica e citoarquitetônica do diencéfalo, e estudos hodológicos e neuroquímicos permitiram considerar o envolvimento da ZI em diversas funções, as quais se destacam a nocicepção, atenção, estado de alerta, controle e manutenção da postura e controle da atividade visceral. Este trabalho tem por objetivo caracterizar a citoarquitetura e o conteúdo neuroquímico da ZI do mocó (Kerodon rupestris), bem como a aferência óptica presente neste núcleo nesta espécie. A técnica de Nissl é eficiente para a delimitação e caracterização citoarquitetônica da ZI do mocó; A ZIc recebe projeção da retina contralateral, apresentando fibras Classe II ou modulator, sugerindo um caráter modulatório da informação fótica; A ZI do mocó, assim como em outros roedores e primatas, é caracterizada por uma complexa rede neuroquímica, sobretudo na porção medial da ZIr, onde encontramos imunorreatividade de todas as substâncias neuroativas investigadas, além de que A IR-NOS, GFAP e CR auxiliaram a delimitação da ZI no nível médio em ZId e ZIv. Contudo, somente fibras IR 5-HT estão presentes em todas as subdivisões da ZI. Esses dados demonstram a grande riqueza neuroquímica da ZI do mocó, auxiliando para explicar o envolvimento em um amplo repertorio funcional. Palavras chave: Zona Incerta, neuroquímica, citoarquitetura, projeção retiniana, Kerodon rupestris. 11 ABSTRACT The Zona Incerta (ZI) is embryologically derived from the ventral thalamus, in continuity with the reticular nucleus of the thalamus. Studies usingneural tracers technics have allowed identify a complex connectional map including the ZI. Futhermore, cytochemical, molecular and functional data have shown abundant variability in the neurochemical contend in the ZI, as well as,the involvement of the ZI in the modulation of nociception, attention, alertness, control and maintenance of posture and control of visceral activity. This work aims to characterize the cytoarchitecture, neurochemical content of the ZI in the rock cavy (Kerodon rupestris), and a direct retinal-ZI pathway present in this species. The Nissl staining is effective for the delineation and characterization of ZI citoarchitecture. ZIc receives a contralateral retinal projection showing varicosities, suggesting a modulatory character of photic information. The ZI in the rock cavy, as in others rodents and primates, is characterized by a complex neurochemical signature. The ZI neurochemistry presents great diversity, especially in the medial portion of ZIr, where we have found immunoreactivity of all neuroactive substances investigated, and that NOS-IR, GFAP and CR helped the delimitation of middle ZI in ZId and ZIv. Nevertheless, just 5-HT-IR fibers are present in all subdivisions of the ZI. These data demonstrate the great wealth of the neurochemistry of rock cavy’s ZI and a direct retinal modulation in the ZI, helping to explain it’s broad functional repertory. Keywords: Zona Incerta, neurochemistry, cytoarchitecture, retinal projection, Kerodon rupestris. 12 1. INTRODUÇÃO 1.1 Zona Incerta (ZI) A ZI é um grupamento neuronal embriologicamente derivado do tálamo ventral (Jones, 2007), em continuidade com o núcleo reticular do tálamo (rt) (Kolmac e Mitrofanis, 1999). Desde sua primeira descrição, feita por Forel em 1877, diversos estudos com traçadores retrógrados e anterógrados revelaram a conexão da ZI com diversas estruturas do sistema nervoso central. Dados moleculares e citoquímicos revelaram que a ZI é um dos grupamentos neuronais com maior diversidade neuroquímica e citoarquitetônica do diencéfalo (Mitrofanis, 2005; Nicolelis et al, 1995). Esses estudos hodológicos e neuroquímicos permitiram considerar o envolvimento da ZI em diversas funções, as quais se destacam a atenção, estado de alerta, controle e manutenção da postura e controle da atividade visceral (Mitrofanis, 2005) e nocicepção (Petronilho et al, 2012). 1.2. Subdivisões da ZI Em diversas espécies estudadas, a ZI está organizada em subdivisões, e estas variam de acordo com o autor. Por exemplo, Kawana e Watanabe (1981) caracterizaram seis porções na ZI do rato: Pars rostropolaris, Pars ventralis, Pars dorsalis, Pars caudalis, Pars magnocellularis e Pars retropolaris; enquanto outros autores consideram 4 subdivisões: rostral, caudal, ventral e dorsal (Nicolelis et al, 1992; Kim et al, 1992; Lin et al, 1995; Mitrofanis e Mikuletic, 1999). Em estudos com o macaco Rhesus (Macaca mullata), a ZI foi inicialmente subdivida em quatro setores: polo anterior, lâmina superior, lâmina inferior e pólo posterior. Entretanto, não houve uma clara identificação dos limites da ZI, resumindo a divisão da ZI em apenas lâmina dorsal e lâmina ventral (Ma et al, 1992). No sagui, a ZI também foi delimitada em quatro regiões: rostral, dorsomedial, ventrolateral e caudal, utilizando o método de Nissl e pela imunohistoquímica contra NeuN, uma proteína nuclear específica de neurônios (Lima, 2008). No cão e no gato, a ZI foi subdividida em cinco regiões: rostral, ventral, dorsal, caudal e dorsolateral, esta sendo uma dilatação da porção rostral. Estudos acerca da subdivisão dorsolateral, que se estende lateralmente ao rt, mostram que ela é característica de animais carnívoros, embora não tenha sido encontrada no furão (Gorbachevskaya e Chivileva, 2008). 13 1.3 Hodologia da ZI As principais fontes aferentes para a ZI são: retina, núcleo central do complexo amigdalóide, núcleo sensitivo do trigêmio, área hipotalâmica posterior e lateral, núcleo ventromedial do hipotálamo, rt, núcleo talâmico posterior, núcleo geniculado lateral ventral (GLV), complexo ventrobasal, área pretectal, núcleo peripeduncular, as camadas profundas e intermédia do colículo superior (CS), colículo inferior, núcleo coclear, substância cinzenta periaquedutal, complexo parabraquial, pars reticulata da substância negra (SN), áreas perirubrais, núcleo interpósito do cerebelo, área tegmentar ventral, núcleo reticular pontino, núcleo grácil, núcleo cuneiforme, núcleo intersticial de Cajal, núcleo do oculomotor, núcleo da coluna dorsal, núcleo do trato espinal do trigêmio, núcleo supraquiasmático (NQS), folheto intergeniculado (FIG) e núcleo tegmental pedunculopontino. Várias áreas corticais também se projetam para a ZI: córtex cingulado, motor primário, pré frontal, sensório motor primário e secundário, occipital, neocórtex temporal, piriforme, tubérculo olfatório e núcleo septal medial (Roger e Cadusseau, 1985; Mitrofanis e Mikuletic, 1999; Mitrofanis, 2004; May et al, 1997; Shaw e Mitrofanis, 2001, Lechner et al, 1993; Barthó et al, 2002, Çavdar et al, 2006, Leak e Moore, 2001; Power et al, 2001, Mitrofanis, 2005; Mitrofanis et al, 2004; Gaillard et al, 2013; Morin, 2013). Em relação às eferências, a ZI é ponto de partida para estruturas como o rt, núcleo parabraquial, núcleo oral da ponte, núcleo caudal da ponte, parte ventral do bulbo, núcleo de Edinger Westphal, complexo olivar inferior, camadas intermediárias e profundas do CS, complexo pré tectal, núcleo perioculomotor (núcleo intersticial de cajal, núcleo de Darkschewitsch e núcleo da comissura posterior), núcleo rubro, núcleo cuneiforme, corno ventral da medula espinal (especificamente na região cervical), núcleo dorsal lateral, vários núcleos talâmicos (parafascicular, médio central, paracentral, ventromedial, reuniens e lateral central), núcleos da base (globo pálido, SN, Núcleo entopeduncular), FIG, núcleo central da amigdala, rafe, pituitária posterior, habenula, bulbo olfatório, órgão subfornical, núcleos hipotalâmicos (núcleo posterior, dorsal, lateral, NQS) e a banda diagonal de Broca (Ricardo, 1981; Kolmac et al, 1998; Lechner et al, 1993; May et al, 1997; Watanabe e Kawana, 1982; Kim et al, 1992; Wagner et al, 1995; Çavdar et al, 2006, Moga e Moore, 1997; Shaman–Lagnado et al,. 1985; Krout et al, 2002, Power et al, 2001; Mitrofanis, 2005;Heise e Mitrofanis, 2004; Trageser e Keller, 2004; Gaillard et al, 2013; Morin, 2013; Da Silva et al, 2013). 14 1.4 Aspectos Funcionais da ZI Os vários estudos sobre a neuroquímica e as conexões auxiliaram os pesquisadores a propor prováveis funções para ZI, e a partir disso as pesquisas mais recentes detalham sobre como a ZI atua no processamento de diversas informações, através de estudos farmacológicos, eletrofisiológicos e de lesão. Mitrofanis (2005) faz uma revisão geral sobre os estudos sobre a ZI, e aponta quatro funções gerais desempenhadas pela ZI: Controle da atividade visceral, manutenção da postura e locomoção, Atenção e excitação. Outros estudos ressaltam a importância da ZI no processamento da informação nociceptiva. O envolvimento da ZI em funções como a ingestão alimentar e hídrica, comportamento sexual e mudanças na função cardiovascular exemplificam bem a sua importância sobre a atividade visceral (Mitrofanis, 2005). Estudos de lesão, bem como injeções de lidocaína na ZI, induzem um aumento de ingestão de comida e água, sugerindo que a ZI atua em mecanismos de inibição dos sinais de saciedade (Tonelli e Chiaraviglio, 1993). Em (1995), esses mesmos autores também verificaram que a ativação do receptor D2 de dopamina (DA) na ZI inibe a ingestão alimentar e hídrica. A ZI é alvo de diversos sistemas neuronais, entre eles GABA, DA serotonina (5-HT), orexina, hormônio de concentração de melanina, que estão envolvidos com a liberação de gonadotrofina (Siddiqui et al, 2004). Também há relatos que a injeção de Lglutamato na ZI diminui a frequência cardíaca e a pressão arterial (Spencer et al, 1988). Estudos eletrofisiológicos e farmacológicos, estimulando ou inibindo esses sistemas, detectaram que os neurônios da ZI apresentam características intrínsecas de membrana que geram disparos rítmicos espontâneos (Trageser e Keller, 2006). A ZI se projeta para o bulbo olfatório de ratos, estrutura fundamental para a percepção do ambiente dos roedores em geral. Especula-se que a ZI, que recebe projeção do rt, serve como um intermediário que modula a atividade dos neurônios do bulbo olfatório, alterando seu padrão de atividade elétrica (Uemura-Sumi et al, 1985). As conexões da ZI com o núcleo interpósito cerebelar (Aumann et al, 1996; Mitrofanis e deFonseka, 2001), núcleo rubro (Mitrofanis, 2002), a região cervical da medula espinal (Shaw e Mitrofanis, 2002), núcleo pontino (Mihailoff, 1995), e do CS suportam a concepção da atividade modulatória da ZI sobre a manutenção da postura e da locomoção. Experimentos farmacológicos também ratificaram o envolvimento da ZI 15 com funções motoras, como o trabalho de Supko et al (1991), que verificaram que a injeção unilateral de L-glutamato age especificamente em receptores AMPA e cainato, e provocam aumento de mobilidade, seguido de mudança postural. Em contrapartida, a ativação de receptores de GABA na ZI diminui a atividade locomotora (Wardas et al, 1988). A ZI também apresenta conexão com o CS, atuando na modulação dos movimentos dos olhos e da cabeça (Moschovakis, 1996). Esta modulação ocorre através de células GABAérgicas localizadas na porção ventral da ZI, corroborado por estudos eletrofisiológicos, que detectaram que a inibição da células da ZI sobre as células coliculares, e farmacológicos, onde a administração de um agonista (mucimol) ou de um antagonista (bicuculina) provocam movimentos irregulares (“tilts”) nos olhos e na cabeça (Murer e Pazo, 1993). Outro importante estudo demonstrou evidências de que a ZI é organizada somatotopicamente (Nicolelis et al, 1992), e outros que a ZI possui uma conexão com os núcleos da base, núcleos fundamentais para a execução de movimentos voluntários (Heise e Mitrofanis, 2004). Ainda no que tange a sensibilidade, verificou-se que a ZI apresenta ativação neuronal rítmica, e que esse padrão de disparo é muito importante para a sensibilidade, regulando, por exemplo, a atividade dos músculos das vibrissas em ratos da linhagem Long Evans, apresentando queda significativa na taxa de disparo espontâneo, alterações estas também documentadas em células corticais, em indivíduos com lesão unilateral da ZI (Shaw et al, 2013). Trabalhos realizados mostram que a ZI é envolvida no processamento nociceptivo. A ZI recebe expressiva entrada de fibras do tracto espinotalâmico, além de ter conexão com o núcleo posterior do tálamo, substância cinzenta periaquedutal, núcleo pretectal anterior, núcleo tegmental pedunculopontino e núcleo magno da rafe, todas sendo estruturas envolvidas com o processamento nociceptivo (Trageser e Keller, 2004; Trageser et al, 2006; Masri et al, 2011). Um recente estudo detectou uma forte e rápida inibição nociceptiva após injeção de glutamato na ZI (Petronilho et al, 2012). Estudos mais detalhados vêm mostrando que essas conexões exercem forte influência sobre a atividade destes núcleos supracitados e da ZI, e que essas conexões são predominantemente inibitórias, ou seja, a ZI pode atuar nesses núcleos inibindo a ação destes, ou estes inibindo a ação da ZI, ambos provocando diminuição da sensação dolorosa. Os mecanismos destas alças regulatórias não são totalmente elucidados, mas mostram o inegável papel da ZI sobre a nocicepção (Trageser e Keller, 2006; Trageser et al, 2004; Masri et al, 2011, Petronilho et al, 2012). 16 1.5 Projeções retinianas No sistema nervoso central dos mamíferos, a entrada de luz proveniente da retina alcança dois sistemas funcionais distintos: o sistema formador de imagem, responsável pela formação das imagens do ambiente, e o sistema não formador de imagem, responsável pela integração visuomotorae da geração e regulação dos ritmos biológicos. Outro grupo de fibras oriundas da retina, projetam-se para áreas classicamente nãovisuais, envolvidas com diversas outras funções e dentre elas a ZI, região de interesse neste estudo. O sistema formador de imagem, classicamente denominado de sistema visual primário, é composto por vários conjuntos neuronais localizados no diencéfalo e mesencéfalo são responsáveis pela formação de imagens. O núcleo geniculado lateral dorsal (GLD) é principal estação de retransmissão do sinal visual (Jones, 2007). Já o GLV está envolvido em funções como estimulação visual e visuomotora (Jones, 2007). O complexo pré tectal um conjunto de núcleos localizados na transição entre o mesencéfalo e o diencéfalo, sendo responsável pelo controle do reflexo pupilar (Kaas e Huerta, 1988). Este complexo foi alvo de estudos no macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus), que o dividiu em cinco núcleos: Pré tectal anterior, medial e posterior, núcleo o trato óptico e núcleo olivar pré tectal, todos eles recebendo projeção da retina (Hutchins e Weber, 1985). Outro componente do sistema formador de imagem é o CS. Este apresenta uma estrutura laminar, geralmente contendo sete camadas, sendo as camadas superficiais as que recebem aferência retiniana. O CS está envolvido com integração vísuomotora e o controle dos movimentos dos olhos e da cabeça (Kaas e Huerta, 1988). O Sistema não formador é composto por quatro pequenos núcleos mesencefálicos: núcleo terminal dorsal, lateral, medial e o núcleo intersticial do fascículo superior posterior (Blanks et al, 1995; Kaas e Huerta, 1988), responsável pela integração sensório motora dos movimentos da cabeça e do pescoço (Simpson, 1984; Giolli et al, 2006). Classicamente, esse conjunto de núcleos é chamado de sistema óptico acessório. Juntamente com esses núcleos mesencefálicos, existem estruturas responsáveis pela geração e modulação dos ritmos circadianos, e essas estruturas compõem o sistema de temporização circadiana. O sistema de temporização é formado por estruturas neurais osciladoras, moduladoras e vias de sincronização (Lima et al, 2012), orquestradas pela atividade do NSQ do hipotálamo, núcleo que recebe forte projeção da retina através do trato retino hipotalâmico. Outra importante estrutura que compõe o sistema de 17 temporização circadiana é o FIG, que se trata de uma lâmina celular intercalada entre o GLD e o GLV, que recebe projeção bilateral da retina. (Moore e Lenn, 1972; Moore, 1973; Morin e Allen, 2006; Cavalcante et al, 2006; Morin, 2013). 1.6 Projeções retinianas para núcleos classicamente não visuais Com o desenvolvimento de técnicas utilizando traçadores mais sensíveis, os pesquisadores começaram a detectar projeções retinianas para áreas classicamente não visuais. Diversas áreas talâmicas consideradas não visuais foram descritas como retinorecipientes, como os núcleos anterodorsal e lateral posterior (Kudo et al., 1988; Youngstrom et al., 1991; Martinet et al., 1992; Fite e Janusonis, 2001). No tronco encefálico, projeções retinianas foram detectadas no núcleo dorsal da rafe (Foote et al., 1978; Shen e Semba, 1994; Fite et al., 1999; Fite e Janusonis, 2001), no núcleo parabraquial (Fite e Janusonis, 2002; Engelberth et al., 2008), como também no CS (Itaya e Van Hoesen, 1982). Projeções retinianas também foram descritas nos núcleos intralaminares e da linha média (Cavalcante et al.. 2005), no núcleo habenular lateral (Qu et al., 1996.). O tubérculo olfatório, o complexo amigdalóide no prosencéfalo basal e o córtex piriforme são outros exemplos de terminais retinianos não envolvidos com o sistema formador de imagem (Cooper et al, 1993; Martinet et al, 1992; Mick et al, 1993; Herbin et al, 1994; Elliot et al, 1995). Considerando especificamente o mocó, o trabalho de Nascimento Jr, et al.,(2010) detectou a presença de projeções retinianas para o núcleo médio dorsal do tálamo (MD), conexão até então inédita na literatura, sendo mais um exemplo de estrutura retinorecipiente e para o PVT (Nascimento Jr et al, 2008). 18 1.7 Sujeito experimental O mocó (Kerodon rupestris) é um roedor pertencente à família caviidae, nativo da caatinga do nordeste brasileiro, também com presença registrada no norte do estado de Minas Gerais (Cabrera, 1961) e com introdução bem sucedida na ilha de Fernando de Noronha em 1967 (Oren, 1984). Animais dessa família são dotados de grande capacidade de adaptação aos mais diversos tipos de ambiente, entretanto o mocó exibe uma preferência por habitar regiões áridas de pedreiras com várias fendas e rachaduras, onde costuma ficar alojado. Considerando a classificação filogenética baseada em aspectos morfológicos e comportamentais, o gênero kerodon, a que pertence ao mocó, é agrupado monofileticamente com os gêneros Cavia, Galea e Microcavia, compondo a família Caviidae (Cabrera, 1961; Lacher, 1981), entretanto, considerando aspectos genéticos, o gênero kerodon é incluído na família hydrochaeridae, a mesma família da capivara, pertencente ao gênero Hydrochaeris (Rowe e Honeycutt, 2002). Figura 1: Área de distribuição do mocó Figura 2: mocó (Kerodon rupestris) 19 O mocó apresenta coloração cinza clara, castanho ferruginoso na região caudal e no dorso, um pouco acastanhada nas patas e branco na região cervical, podendo atingir 30cm de altura e pesar 1kg quando adulto (Moojen, 1952; Carvalho, 1969). As patas dotadas de coxins calosos e unhas rígidas lhe confere ótima habilidade saltatória e para escalar, apesar de não possuir garras e cauda, adaptações comuns em animais com essas habilidades. Tem olfato e audição bastante aguçados, o que lhes permite detectar a presença de seus predadores a uma longa distância (Carvalho, 1969).Sua alimentação composta principalmente de cascas de árvores, com preferência para o mufumbo (Cobretum leprosum), Parreira Brava (Cissampelos pareira) e a faveleira (Cnidoscolus phyllacanthus). Na ausência dessas árvores, o mocó alimenta-se de gramíneas em geral (Lacher, 1981; Carvalho, 1969). O mocó tem um período médio de gestação de 65 dias, com número médio de 1,2 filhotes por gestação. Apesar da baixa quantidade de filhotes gerada por gestação, a reprodução ocorre durante o ano todo, exceto durante os meses de abril a junho, e o baixo período gestacional garantem uma elevada produção de filhotes durante o ano (Lacher, 1981). Seu padrão de atividade locomotora mostra que nos dias mais escuros o mocó sai para se alimentar durante a manha e a tarde, enquanto que nos dias mais claros a sua atividade concentra-se no período noturno (Carvalho, 1969). Sousa e Menezes (2006) fizeram a caracterização do ritmo de atividade do mocó em condições controladas de laboratório, e verificaram que o mocó apresenta atividade durante todo o dia, com picos de atividade nas fases do amanhecer e entardecer, sugerindo assim um comportamento predominantemente crepuscular. Desde então, o mocó vem sendo utilizado como modelo experimental em nosso laboratório, e estudos prévios demonstraram projeções retinianas para o PVT (Nascimento Jr et al, 2008) e MD (Nascimento Jr et al, 2010a), descrição do TRH e da neuroquímica do NQS e do FIG (Nascimento Jr et al, 2010b). Mais recentemente, foram descritos os grupamentos serotonérgicos (Soares et al, 2012) e dopaminérgicos (Cavalcanti, 2011), além de um estudo detalhado sobre a anatomia do olho e análise da neuroquímica da retina do mocó (Oliveira, 2013), bem como a descrição das fibras serotonérgicas dos núcleos intralaminares e um estudo comparativo entre a neuroquímica do núcleo médio dorsal do tálamo do mocó com o primata do novo mundo Callitrhix jacchus (Silva, 2013; Sousa et al, 2013). À longo prazo, a meta é torná-lo um modelo experimental nas áreas de comportamento e fisiologia, para os quais os estudos neuroanatômicos fornecem embasamento essencial. 20 1.8 Justificativa Considerando a importância da ZI no controle e modulação de diversas funções do organismo, bem como de sua atual importância clínica em relação à alternativas de tratamentos para doenças neurodegenerativas, como esclerose múltipla e mal de Parkinson, é de fundamental conhecer e esclarecer características neuroanatômicas e neuroquímicas da ZI. Também vale destacar que, mesmo com os avanços dos estudos, pouco se sabe sobre como a ZI interage com tantas regiões do sistema nervoso, que desempenham funções tão distintas, indo desde locomoção até controle hormonal. Quanto ao modelo experimental, o mocó apresenta características morfofuncionais e hábitos comportamentais que garantem singularidades quando comparados com outros animais da ordem Rodentia. Principalmente em relação ao nicho temporal crepuscular que ele exibe, o mocó é ideal para estudos cronobiológicos comparativos, uma vez que os demais modelos experimentais clássicos são tipicamente diurnos e noturnos. Essas características, peculiaridades e estudos prévios vão cada vez mais consolidando o mocó como um modelo experimental confiável. Recentemente o mocó entrou na lista de espécies ameaçadas de extinção da International Union for Conservation of Nature, órgão mundial que atenta para a questão da preservação e conservação biológica (Catzeflis et al, 2008). Sendo assim, cresce exponencialmente em importância os estudos de qualquer natureza sobre o mocó, uma vez que existe um grande risco de perda de biodiversidade em um bioma endêmico como a caatinga. Por isso, estudos comportamentais e anatômicos podem ajudar a preservar esta espécie e a manter o ecossistema ecologicamente equilibrado. 21 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivos gerais Caracterizar a citoarquitetura e o conteúdo neuroquímico da ZI do mocó (Kerodon rupestris), bem como a aferência óptica presente neste núcleo nesta espécie. 2.2 Objetivos específicos • Definir citoarquitetonicamente as subdivisões da ZI do mocó. • Mapear e descrever os aspectos morfológicos das projeções retinianas marcadas positivamente para CTb na ZI do mocó. • Caracterizar o conteúdo neuroquímico presente na ZI do mocó, utilizando o padrão imunorreativo para 5-HT, GFAP, NOS, TH, CB, CR e PV. 22 3. METODOLOGIA 3.1 Anestesia Os 4 animais utilizados neste trabalho foram anestesiados conforme o seguinte protocolo: inicialmente foi utilizado como medicação pré-anestésica o sulfato de atropina na dosagem de 0,04 mg/Kg, via subcutânea, e 2 mg/Kg de Tramadol, via intramuscular; passados 15 minutos, os animais receberam ketamina e xilazina, administradas após serem misturados na mesma seringa, na dosagem de 20 mg/Kg e 2mg/Kg respectivamente. O plano anestésico, bem como sua manutenção, foi realizado por meio de máscara com oxigênio e isoflurano. 3.2 Injeção intra ocular Após a completa anestesia de um deles, este foi submetido a uma injeção intraocular unilateral de 70μl de uma solução aquosa da CTb (List Biological Laboratories, Inc., Campbell, CA)a 5%, contendo dimetilsulfóxido (DMSO) a 10% com a finalidade de aumentar a permeabilidade e, consequentemente, melhorar a captação do traçador. A injeção ocorreu no olho esquerdo, conforme protocolo do laboratório, utilizando-se uma agulha calibre 30 (8,00mm X 0,3mm), lentamente, sob pressão, com auxílio de uma microbomba propulsora, a qual impulsiona a solução em um fluxo de 1μl/minuto. Essa agulha foi introduzida na junção esclera-corneal, atingindo o corpo vítreo em um ângulo de aproximadamente 45º. Após o término do fluxo da solução, a agulha foi mantida por mais 15 minutos, visando diminuir um possível refluxo da solução. Encerrada esta etapa de injeção intra-ocular, o animal permaneceu em observação a fim de assegurar a normalidade das funções vitais, e em seguida, retornava à gaiola de isolamento onde permaneciam por um período de cinco dias, tempo ideal para o transporte do traçador. Passado este período de sobrevida, os animais eram novamente anestesiados, utilizando o mesmo protocolo descrito para a injeção de CTb, para que fosse iniciado o processo de perfusão transcardíaca. 23 3.3 Perfusão Atingido o plano anestésico, cada animal foi submetido à perfusão transcardíaca, que compreende os seguintes passos: 1 –Posicionamento do animal em decúbito dorsal sobre tela de arame e sob ponto de água. 2 –Toracotomia, com incisão de pele, músculos e arco costal, sendo estes removidos em bloco, para exposição do coração. 3 –Cardiopunção no ventrículo esquerdo, utilizando uma agulha de dimensões 17mm x 1,5 mm, a qual é direcionada para o cone arterioso, seguindo-se uma incisão no átrio direito. A agulha foi conectada a uma bomba peristáltica (Cole-Parmer), passandose 300ml de solução salina a 0,9% em tampão fosfato 0,1M, pH 7,4 com heparina (Parinex, Hipolabor, 2ml/1000 ml de solução salina) durante um tempo estimado de seis minutos. 3.4 Remoção dos Encéfalos Finalizada a etapa de perfusão, os animais foram posicionados no aparelho estereotáxico para roedores. Depois de se fazer uma incisão longitudinal na pele e rebatê-la lateralmente, fez-se a limpeza da superfície óssea, facilitando a visualização do bregma e do lambda, os quais ficaram nivelados na mesma altura dorsoventral, ajustando-se a barra dos incisivos. Em seguida, os ossos da calota craniana foi removido com o uso de broca e trocater, expondo-se o encéfalo. Estes foram retirados delicadamente para evitar danos, preservando os olhos e nervos ópticos (uma vez que estes animais foram também utilizados em outra pesquisa). Logo após esta etapa, os três blocos foram armazenados em uma solução contendo sacarose a 30% em tampão fosfato (TF) 0,1M, pH 7,4, a 4 ºC, até serem submetidos à microtomia. 3.5 Microtomia Terminada a etapa de pós-fixação e imersão em tampão sacarose 30%, os encéfalos foram submetidos à microtomia cuja espessura dos cortes foi padronizada em 30µm.Os encéfalos foram congelados por gelo seco e seccionados em micrótomo de deslizamento, obtendo-se secções coronais. Estas foram coletadas em um meio líquido de tampão fosfato 0,1M, pH 7,4, distribuídas seqüencialmente em 6 compartimentos, de 24 maneira cíclica e alcoóis cada. Os cortes de um compartimento foram imediatamente montados em lâminas de vidro gelatinizadas e submetidas à coloração pelo método de Nissl para permitir uma melhor demarcação das estruturas. Os cortes dos demais compartimentos foram transferidos para solução anticongelante e conservados a -20 ºC para utilização posterior em procedimentos de imunohistoquímica. 3.6 Método de Nissl A coloração pelo método de Nissl é constituída por uma série de etapas que se iniciam com a desidratação do tecido passando-o em concentrações crescentes de alcoóis etílicos (70% - 1 vez, por 1h, 95% - 2 vezes, 3 minutos cada, 100% - 2 vezes, 3 minutos cada). Posteriormente são deslipidificados em dois recipientes com xilol, por 3 e 30 minutos, nessa ordem. Na seqüência, o tecido é reidratado em concentrações decrescentes de 25lcoóis (mesmo processo anterior, mas no sentido inverso), submergido em água destilada por 2 minutos, colocado 1 minuto na solução de thionina a 0,25%. Por fim os cortes foram rapidamente submergidos e emergidos por 1 minuto em água destilada e novamente desidratados e deslipidificados como descrito anteriormente, sendo acrescentada apenas uma etapa (antes da desidratação em álcool 100%). Os cortes foram deslipidificados em xilol em dois recipientes (2 e 4 minutos, respectivamente) e finalmente cobertos com lamínula utilizando como meio demontagem o ERV-Mount. 3.7 Imunohistoquímica Para iniciar a imunohistoquímica, foi feito um pré-tratamento (incubação em peróxido de hidrogênio (H2O2) a 0,3% em TF 0,1M, pH 7,4) por 20 minutos, com a finalidade de abolir artefatos causados pela liberação de peroxidases endógenas. No início, entre as soluções e ao final desta fase, os cortes foram submetidos a 5 lavagens de 5 minutos cada em TF 0,1 M, pH 7,4. O próximo passo consistiu na incubação dos cortes em anticorpo primário, permanecendo em incubação por 16 horas em rotor com rotação lenta. Ao fim deste período, os cortes passaram por 5 lavagens em TF 0,1 M pH 7,4, em agitador orbital e em seguida colocados em contato com o anticorpo secundário, por 90 minutos à temperatura ambiente, sob agitação lenta, em rotor. Os anticorpos utilizados, bem como suas concentrações, estão listados na tabela 1. 25 Tabela 1: Especificação das substâncias, bem como seus fabricantes e diluições, utilizadas nos procedimentos de imunohistoquímica. Antígeno CTb Anticorpo primário Cabra [1:5000] List Biological Anticorpo secundário Soro normal/ BSA Asno [1:1000] Sigma Asno [1:50] TH Camundongo [1:10000] Sigma Cabra [1:1000] Jackson BSA NOS Coelho [1:1000] Sigma Cabra [1:1000] Jackson BSA CB Coelho [1:1000] Sigma Cabra [1:1000] Jackson BSA CR Coelho [1:1000] Sigma Cabra [1:1000] Jackson BSA PV Coelho [1:5000] Sigma Cabra [1:1000] Jackson BSA 5-HT Coelho [1:5000] Sigma Jumento [1:1000] Jackson BSA GFAP Camundongo [1:1000] Sigma Cabra [1:1000] Jackson BSA Em seguida, os cortes passaram por 5 lavagens em TF 0,1 M em agitador orbital e depois colocados na solução do complexo avidina-biotina (Protocolo ABC, Kit elite da Vector), numa diluição de 1:100 em Triton X-100 a 0,4%, contendo NaCl, por 90 minutos à temperatura ambiente, sob agitação lenta, em rotor. Terminada esta fase, as secções foram novamente submetidas a 5 lavagens em TF 0,1 M em agitador orbital. Para visualização da reação, as secções foram postas em meio contendo H2O2 como substrato e a 3,3’,4,4’tetrahidrocloreto-diaminobenzidina (DAB), utilizada como cromógeno durante 5 minutos e após esta, os cortes foram submetidos a mais 5 lavagens em TF 0,1 M em agitador orbital.Os cortes foram então montados em lâminas gelatinizadas, que após secas foram imersas em solução de tetróxido de ósmio a 0,05% com intuito de intensificar a reação. Após as etapas de desidratação, em baterias de álcool de graduação crescente até o álcool absoluto, e diafanização em xilol, as lamínulas foram montadas sobre os cortes com o uso de ERV-Mount. 26 3.8 Análise das imagens As secções do mesencéfalo, coradas pelo método de Nissl e/ou submetidas à imunohistoquímica foram examinadas ao microscópio óptico (Olympus BX41) em campo claro. Imagens digitais foram obtidas de secções representativas usando uma videocâmara digital (Nikon DXM1200) e Motican 5.0 M camera. As imagens foram analisadas, corrigidas minimamente para brilho e contraste e os desenhos esquemáticos foram montados no software Canvas X® (ACD Systems, Victoria, BritishColumbia, Canada). Os resultados foram documentados em fotomicrografias e esquemas construídos a partir das mesmas no Power Point. Para análise das fibras e terminais retinianos, foi utilizado o software Canvas X Para aferir aspectos morfológicos nas fibras retinianas na ZI. Esses terminais retinianos foram classificados em 3 tipos, baseado no tamanho do terminal, sua localização pela fibra e pela complexidade de configuração. Classificação semelhante foi proposta por Guillery et al (2001): botões de passagem, botões terminais e botões em cluster. Os axônios foram classificados de acordo com sua espessura: Fibras Classe I e Classe II. 27 4. RESULTADOS 4.1 Citoarquitetura Nissl O método de Nissl, que utiliza o corante thionina, mostrou-se eficaz para a marcação dos neurônios e delimitação da ZI do mocó. A ZI apresenta 4 porções: ZI rostral (ZIr), ZI dorsal (ZId), ZI ventral (ZIv) e ZI caudal (ZIc). A ZIr está em continuidade com o rt, entre o tracto mamilotalâmico (mt) e o fórnix (f) e dorsal à capsula interna (ci) (Figura 3A). Apresenta neurônios densamente agrupados na região medial. Seguindo a orientação do eixo rostrocaudal, a ZI média, localizada dorsalmente ao núcleo subtalâmico (sub) e ventralmente ao lemnisco medial (ml), é subdividida em ZId e ZIv (Figura 3B). Essa subdivisão é feita baseada na diferença citoarquitetônica e da quantidade dos neurônios. A ZId apresenta neurônios com formato predominantemente fusiforme, mais esparsamente distribuídos e com menor intensidade de coloração, Já a ZIv apresenta neurônios fusiformes e ovalados, com maior tamanho, intensidade de coloração e quantidade em comparação com a ZId. A ZIc, localizada dorsalmente à SN, ventralmente a radiação talâmica superior (rts) e lateral ao fascículo retroflexo (fr), possui regiões de maior concentração neuronal em sua região mais medial e mais lateral (Figura 3C) com formato fusiforme e irregular, respectivamente. 28 29 4.2 Projeção retiniana Pequenas fibras e terminais IR-CTb foram detectados na ZI contralateral do mocó. Essas fibras estão presentes apenas na ZIc, estando dispostas lateromedialmente e apresentando numerosas varicosidades ao longo do seu maior eixo, bem próximas ao GLD (Figura 4A). No caso registrado, foram contabilizadas 123 varicosidades contabilizadas em 3 secções da ZIc, onde 62,6% são botões de passagem, com tamanho médio de 1,77 µm² com 1,40 de desvio padrão (DP), enquanto que as varicosidades localizadas nas extremidades da fibra, denominados botões terminais representam 26,8%, com tamanho médio de 1,70 µm² e DP=1,32 (Figura 4D). Demais varicosidades são do tipo cluster, correspondendo a 10,6%, com tamanho médio de 2,92 µm² e DP= 1,49. As fibras são de pequeno calibre, sendo classificadas como fibras Classe II. 30 31 4.3 Neuroquímica TH Na ZI do mocó, células e fibras IR-TH foram detectadas na ZIr, sendo possível visualizar poucas células marcadas (Figura 5A). Estes neurônios apresentam formato triangular e irregular, com axônios de pequeno tamanho (Figura 5B). Figura 5: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade para TH em A (tracejado em preto) e em B detalhando a morfologia dos neurônios e das extensões IR-TH. Abreviações: vide lista de abreviações. Barra: 100μm em A e 30μm em B. 32 NOS A ZI do mocó apresenta neurônios IR-NOS em todas as subdivisões da ZI, com formato ovoide e fusiforme, com pequenas varicosidades (Figura 6D). Na ZIr são visualizadas células IR-NOS concentradas na porção medial (Figura 6A). A ZIv possui mais células marcadas em comparação com a ZId, localizados principalmente na região lateral, próximo ao rt (Figura 6B). Na ZIc, neurônios IR-NOS concentram-se na região lateral, com poucas células presentes na região medial (Figura 6C). Figura 6: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra NOS nas subdivisões da ZI (tracejado em preto) seguindo a sequência rostral (A), médio (B) e caudal (C). D representa a caixa delimitada em B. Abreviações: vide lista de abreviações. Barra: 300μm (A-C), 40μm (D). 33 5-HT Na ZI do mocó identificamos a marcação de fibras e varicosidades IR-5-HT em todas as subdivisões (Figura 7 A-C). Na ZId e ZIv, uma maior quantidade de fibras e varicosidades foram detectadas (D). Figura 7: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra 5-HT nas subdivisões da ZI (tracejado em preto) seguindo a sequência rostral (A), médio (B) e caudal (C). Em D, ampliação da caixa em B detalhando as fibras IR-5-HT na ZId. Abreviações: vide lista de abreviações. Barra: 1mm A-C e 40μm em D. 34 GFAP Células IR-GFAP foram encontradas na ZIr (Figura 8A), ZId (Figura 8B) e ZIc (Figura 8C), enquanto que na ZIv a marcação foi negativa (Figura 8B). Células estreladas com pequenas radiações estão presentes nas 3 regiões marcadas, mas na ZIr também detectamos células maiores, de formato ovoide (Figura 8D). Figura 8: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra GFAP nas subdivisões da ZI (tracejado em preto) seguindo a sequência rostral (A), médio (B) e caudal (C). D representa a caixa delimitada em A. Abreviações: vide lista de abreviações. Barra 300μm A-C e D 40μm. 35 CB Células IR-CB foram detectadas na ZIr (Figura 9A), apresentando formato alongado e irregular (Figura 9B). Na ZId, ocorre uma grande quantidade de neurópila, enquanto a ZIv há uma menor quantidade (Figura 9B). Na ZIc, ocorre uma concentração de neurópila na porção lateral, mesma região onde encontra-se a projeção retiniana (Figura 9C). Figura 9: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra CB nas subdivisões da ZI (tracejado em preto) seguindo a sequência rostral (A), médio (B) e caudal (C). D representa a caixa delimitada em A. Abreviações: vide lista de abreviações. Barra 100μm em A, 300μm em B e C, D em 40μm. 36 CR Neurônios IR-CR apresentam formato ovoide, localizados na ZIr, ZId e ZIc. Na ZIr, ocorre uma concentração desses neurônios próximos ao mt (Figura 10A). Na ZId detectamos grande marcação por toda sua extensão. Em contrapartida, a ZIv não apresenta nenhuma imunorreatividade para CR (Figura 10B e D). Na ZIc, os neurônios estão esparsamente distribuídos em toda sua extensão (Figura 10C). Figura 10: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra CR nas subdivisões da ZI (tracejado em preto) seguindo a sequência rostral (A), médio (B) e caudal (C). D representa a caixa delimitada em B. Abreviações: vide lista de abreviações. Barra: 500μm (A-C), 120μm (D). 37 PV Células e neurópila IR-PV foram detectadas na região medial da ZIr (Figura 11A) e intermédia da ZIc (Figura 11C), apresentando formato ovoide e irregular (Figura 11B). Figura 11: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do mocó, mostrando a imunorreatividade contra PV na ZIr em A e ZIc em C. Em B corresponde ampliação da caixa delimitada A.Abreviações: vide lista de abreviações. Barra: 100μm (A e C), 40μm (B). 38 Tabela 2: Resumo esquemático da distribuição das substâncias neuroativas nas subdivisões da ZI do mocó. Substância/Divisão ZIr ZId ZIv ZIc Projeção da retina(CTb) - - - + TH + - - - NOS + - + + 5-HT (fibras) + + + + GFAP + - + - CB + - - - CR + + - + PV + - - + 39 5. DISCUSSÃO 5.1 Citoarquitetura A ZI do mocó está dividida em 4 porções, de acordo com a análise citoarquitetônica observada em nossos resultados. Devido a grande diversidade celular da ZI e algumas dificuldades em delimitar claramente suas subdivisões, o número destas varia de autor para autor: de 2 a 6 em ratos, entretanto, os estudos mais recentes consideram apenas 4, de 2 a 4 em macacos e superior a 5 em gatos (Mitrofanis, 2005). Em rato, a ZI é classicamente subdividida em quatro regiões: rostral, dorsal, ventral e caudal. Na região rostral corre uma predominância de células fusiformes, com raras células ovoides. A região dorsal possui células ovoides com tamanho médio, enquanto que na ventral as células são densamente agrupadas e com formato fusiforme. Por fim, a região caudal apresenta células de tamanho pequeno a médio com formatos fusiforme, ovoide e multipolar, podendo também apresentar células multipolares com grande tamanho (Kolmac e Mitrofanis, 1999; Power et al, 2001) Em um estudo que focou somente as porções dorsal e ventral, foram detectados neurônios com morfologia bipolar e fusiforme, com grandes dendritos (Trageser e Keller, 2006). Na ZI do cachorro, foram delimitadas 5 regiões, rostral, dorsal, ventral, caudal, e uma extensão do nível rostral, denominada porção dorsolateral. Esta porção dorsolateral é típica em carnívoros, apesar de não ter sido identificada no furão. Os neurônios têm diversos formatos e tamanhos em todas as porções, mas com prevalência de neurônios de tamanho intermediário e formato fusiforme na porção rostral, formato ovoide de pequeno tamanho na porção dorsal, formato triangular de tamanho intermediário na porção ventral, e nas porções dorsolateral e caudal não houve uma prevalência de um tamanho ou formato específico (Gorbachevskaya e Chivileva, 2008). Apesar de haver diferenças entre as células, a delimitação dessas porções é complicada, sobretudo nas porções rostral e caudal (Mitrofanis, 2005). Devido a essa dificuldade de delimitação, vários autores consideram caracteríticas neuroquímicas e funcionais para delimitar a ZI (Kuzemensky, 1977; Kawana e Watanabe, 1981; Romanowskiet al, 1985; Nicolelis et al, 1995). A ZI apresenta uma riquíssima diversidade neuroquímica, sendo detectadas mais de 20 substâncias neuroativas, e por isso estas vem sendo utilizadas para auxiliar a delimitação das bordas e subdividir a ZI em porções. Por exemplo, a PV é encontrada em células localizadas na porção ventral da ZI, enquanto que a NOS é encontrada na porção dorsal no rato (Mitrofanis, 2005). 40 Aspectos funcionais, como já dito anteriormente, também auxiliam na delimitação da ZI. Estudos realizados com traçadores neuronais retrógrados e anterógrados demonstram que a região dorsal da ZI apresenta grande conexão com o CS (Mitrofanis, 2005), enquanto que a regiaão ventral conecta-se com o núcleo rubro (Mitrofanis, 2002a) e com regiões centrais no processamento auditivo (Mitrofanis, 2002b). A divisão da ZI, levando em conta apenas aspectos funcionais, mostra a delimitação de subsetores funcionais específicos. Os subsetores mais bem estudados são o visual (Power et al, 2001) e o auditivo (Mitrofanis, 2002b), e esses subsetores são delimitados de acordo especificamente com os estudos de projeção levando em conta outras regiões encefálicas envolvidas com a respectiva função, como por exemplo o CS, GLD e córtex occipital para a visão, e o núcleo coclear, GLV, Coliculo inferior e córtex temporal para a audição, todas essas se projetando para a ZI, e mostrando um padrão convergente para regiões específicas. Isso mostra que a ZI é um importante centro de convergência de diversas informações sensoriais, uma característica muito importante para uma estrutura envolvida em tantas funções distintas de controle hormonal, fisiológico e locomotor. É importante ressaltar que outros subsetores também foram encontrados, como o somatossensorial, motor e límbico, além das conexões entre os setores da ZI, além da conexão com a ZI contralateral (Mitrofanis, 2005), mostrando a enorme complexidade dessa estrutura, e talvez por isso explicando sua riqueza citoarquitetônica e neuroquímica. 41 5.2 Projeção retiniana Os estudos sobre projeções retinianas fornecem uma melhor definição do trajeto axonal, além de possibilitar uma visualização detalhada dos terminais, algo fundamental para compreensão do funcionamento de diversos sistemas que utilizam a informação visual (Rouiller e Welker, 2000). A CTb, a subunidade B da toxina colérica, é um traçador axonal, altamente sensível, que atual tanto retrogradamente como anterogradamente (Angelucci et al, 1996; Gaillard et al, 2013). Sua utilização como traçador das vias retinianas tem sido amplamente empregada em diversos animais, como pombo (Schimizu et al, 1994), primatas (Nakagawa et al, 1998; Costa et al, 1999; Mitrofanis et al, 2004; Cavalcante et al, 2005; Engelberth et al, 2008; Lima et al, 2012) e roedores (Youngstrom, 1991; Abrahamson e Moore, 2001;Mitrofanis, 2005; Gaillard et al, 2013). No mocó, vários alvos retinianos já foram detectados utilizando CTb, como o NSQ e FIG (Nascimento Jr et al, 2010a), MD (Sousa, 2013; Nascimento Jr et al, 2010b), PVT (Nascimento Jr et al, 2008), trabalhos estes que comprovam a eficácia da CTb para estudos de traçados axonais nesta espécie. Em relação à ZI, detectamos a presença de fibras e terminais IR-CTb na porção lateral da ZIc. Em gatos, Matteau (2003) detectou fibras e terminais imunorreativos nas porções medial e lateral da ZI. A morfologia dos axônios neste núcleo variou dependendo se a entrada foi localizada no lado contralateral ou ipsilateral. Na ZI contralateral, as fibras possuem configuraçãosemelhante a cordas, com varicosidades de tamanho médio, enquanto que a ZI ipsilateral continham fibras curtas e varicosidades ao longo de seu eixo. Em ambos os lados da ZI, os axônios apresentam pequeno calibre. Em roedores, vários estudos demonstram projeções retinianas alcançando a ZI. Em hamster, a porção medial da ZI recebe projeções da retina em forma de fascículos. O autor sugere que a ZI recebe informações fóticas da retina e as integra com informações do sistema de temporização circadiana, ambos atuando na modulação do comportamento e da fisiologia (Youngstrom et al, 1991). Em camundongos, fibras retinianas na ZI foram mostradas, mas não delimitaram a porção retinorecipiente (Abrahamson e Moore, 2001). Em ratos, um estudo utilizando traçadores retrógrados e anterógrados mostrou que região lateral das porções dorsal e caudal são retinorrecipientes da ZI, além das outras principais regiões visuais como o córtex occipital, CS e GLD. Este estudo comprovou a existência de um subsetor específico da ZI para a visão, localizado na porção lateral da porção dorsal e caudal. Acerca deste 42 achado, sugere-se uma participação da ZI no processamento visual, especificamente em relação aos movimentos dos olhos e da cabeça e de comportamentos sócio-sexuais (Power et al, 2001). No rato do Nilo (Arvicanthis niloticus), uma pequena projeção retiniana foi encontrada na porção dorsolateral da ZI (Gaillard et al, 2013). No sagui, fibras e terminais IR-CTb foram detectadas na região ventral da porção caudal da ZI, apresentando varicosidades (Lima, 2008). Como já destacado na introdução, a ZI apresenta conexão com os principais centros visuais, como o CS, GLD e córtex occipital. Entretanto, os estudos apontam que a ZI é um ponto de integração em que a informação fótica atua para modular os movimentos dos olhos e da cabeça, relacionada com a focalização ideal da imagem na retina (Moschovakis, 1996; Mitrofanis, 2005), ou seja, não está diretamente ligado à formação de imagem. Diversos estudos com o mocó (Nascimento Jr et al, 2010a; Nascimento Jr et al, 2010b; Nascimento Jr et al, 2008) verificaram várias semelhanças hodológicas, neuroquímicas e de projeções retinianas com outros roedores em outras regiões do sistema nervoso, entretanto estudos comportamentais e estudos hodológicos mais específicos são necessários para a compreensão desse mecanismo visuomotor, bem como auxiliar a responder sobre aspectos evolutivos e ecológicos do mocó em seu habitat natural. Além de estudos dessa natureza, um estudo anatômico do olho e do crânio mostram diversas características que permite a identificação de adaptações de cada espécie ao seu campo visual, o qual é peculiar para cada nicho temporal. O mocó tem olhos laterais situados em órbita óssea bem constituída e musculatura extrínseca bem diferenciada, pupila em fenda vertical e cristalino com ~45% do diâmetro axial do olho. Características estruturais, neuroquímicas, bem como a distribuição de cones S e L sugerem quem o mocó apresenta um maior ganho de sensibilidade à luz em detrimento de uma melhor resolução da imagem, sendo compatível com seu padrão de atividade crepuscular (Oliveira, 2013), dados comportamentais encontrados no trabalho de Sousa e Menezes (2006). O estabelecimento dessa informação reforça a importância de descrever a funcionalidade da ZI em função do nicho temporal explorado pelo mocó. Vale novamente o destaque que as fibras IR-CTb foram encontradas na ZIc, um indício inicial que caso exista um subsetor visual no mocó, este é localizado em uma região diferente do rato, mostrando uma variabilidade no contexto morfológico entre esses roedores. 43 No contexto das características sobre como as informações aferentes chegam em seus alvos, diversos estudos demonstraram que a morfologia das fibras axonais e dos terminais sinápticos apresentam diferenças importantes, e que essas diferenças também refletem em diferenças funcionais, sobre como as informações são transportadas e processadas. Fibras Classe I, ou Drivers, possuem terminais de grande tamanho, com alta capacidade de potenciais excitatórios pós-sinápticos (PEPS) e ativam receptores ionotrópicos, e no sistema visual, estas fibras são presentes em núcleos talâmicos específicos para a formação de imagens, como o GLD, enquanto que Fibras classe II, ou modulators, possuem terminais de pequeno tamanho, baixa capacidade de disparo de PEPS e que ativam receptores glutamatérgicos metabotrópicos (Shermam e Guillery, 2011). As fibras retinianas da ZI do mocó são de pequeno calibre, e mais de 60% de suas varicosidades encontram-se no eixo dessas fibras, ou seja, essa projeção retiniana é composta por fibras do tipo II, com predominância de varicosidades do tipo botões de passagem. Esses dados demonstram que a ZI recebe informação direta da retina, mas não está envolvida com a formação de imagem, usando esta informação para outras finalidades. A ZI é uma importante estação de processamento e retransmissão de informações, e essa projeção retiniana é um indício de que a ZI utiliza informação fótica de forma a orientar e regular comportamentos, juntamente com outras propriedades inerentes de disparo espontâneo enquanto o animal está em atividade (Mitrofanis, 2005; Trageser e Keller, 2004; Trageser et al, 2006). Isso é interessante principalmente quando consideramos o aspecto de locomoção, onde a ZI pode ter uma maior atividade durante o período crepuscular, ajustando e otimizando as atividades do mocó nesse período onde o mocó apresenta pico de atividade, e tendo menor atividade durante os períodos com atividade locomotora reduzida. Como já dito, o mocó apresenta uma visão que privilegia a detecção de luz em sacrifício de uma melhor resolução da imagem, e considerando o nicho temporal explorado pelo mocó e seu nível trófico na cadeia alimentar da caatinga, onde ocupa níveis primários, é importante para a sobrevivência do animal que centros regulatórios temporais, fisiológicos, locomotores e comportamentais, como a ZI, obtenham uma importante pista ambiental como a luz para orquestrar o funcionamento do animal, e veremos adiante como a complexa rede neuroquímica da ZI pode auxiliar nesse funcionamento. 44 5.3 Neuroquímica TH A DA é uma substância resultante da ação da enzima DOPA-descarboxilase sobre a di-hidroxi-fenilalanina (DOPA), a qual deriva da tirosina por ação da TH (Marín et al., 2005; Chen et al., 2008). É importante considerar que, nos últimos anos, a expressão de TH em amostras encefálicas tem sido amplamente utilizada como marcador molecular de DA neuronal, embasado por evidências provenientes de estudos com ferramentas fisiológicas, hodológicas, farmacológicas, clínicas e de biologia molecular, permitem assegurar que os grupamentos neuronais imunorreativos a TH no mesencéfalo, diencéfalo, telencéfalo e retina são constituídos por neurônios produtores de DA e, portanto, a imunorreatividade a TH pode ser considerada um marcador molecular confiável para identificação de grupamentos dopaminérgicos (Prakash e Wurst, 2006). Neste estudo, foram visualizados neurônios IR-TH na região A13, que está medialmente à ZIr, e também de poucos neurônios IR-TH na ZIr. Esses neurônios possuem formato triangular e irregular (Figura 5A e B). De acordo com Abrahamson e Moore (2001), a ZI é considerada um grupamento dopaminérgico (região A13), que recebe projeção do PVT, ou região A14. Todas essas regiões apresentam conectividade e propriedades farmacológicas dos sistemas dopaminérgicos nigroestriatal e mesolímbico (Tonelli e Chiaraviglio, 1995). Outros estudos sugerem que esses neurônios são responsáveis pelo controle de diversas funções hormonais, como a inibição da liberação de prolactina, a secreção do hormônio luteinizante e do hormônio de concentração de melanina, além de ser modular a ingestão hídrica e alimentar (Sita et al, 2003). Alguns trabalhos mostram que a ZI apresenta conectividade dopaminérgica com regiões hipotalâmicas laterais através de estudos com fluorescência (Bjorklund et al, 1975) e que ratos com lesão na ZI comem menos que ratos controle (McDermott e Grossman, 1980). Assim, é provável que neurônios IR-TH da ZI possam estar envolvidos no controle de ingestão alimentar. Desde o estudo de Mundinger em 1965, que verificou que a lesão cirúrgica da ZI alivia os déficits motores característicos da doença de Parkinson, alerta-se para o interesse desta região com esta doença. Estudos mais recentes, com estudos eletrofisiológicos e com citocromo oxidase, um marcador de atividade metabólica, que 45 existe uma hiperatividade da ZI em ratos parkinsonianos (Perier et al, 2000). Além disso, a estimulação de alta frequência da ZI melhora o tremor em pacientes com esclerose múltipla, bem como a acinesia e bradicinesia em Parkinsonianos. Esses resultados iniciais indicam que esta é uma região chave na geração de circuitos de movimentos, e que a sua atividade anormal contribui para os sintomas da doença de Parkinson. No entanto, há muito que não entendemos desse circuito emcasos normais, sendo assim necessário um maior conhecimento acerca de ser funcionamento (Heise e Mitrofanis, 2004), e expandir o conhecimento acerca das células IR-TH, bem como suas características, citoarquitetura e projeções, é fundamental. Um trabalho dopaminérgicos do realizado mocó, em com nosso maior laboratório ênfase nos delimitou núcleos os núcleos dopaminérgicos mesencefálicos: Zona retrorubral, SN pars compacta e Área Tegmentar Ventral. Através da tecnica de imunohistoquímica, viu-se que neurônios IR-TH nessas regiões apresentam formato bipolar, multipolar, ovoide e triangular (Cavalcanti, 2011), características semelhantes aos neurônios IR-TH da ZI. O achado de neurônios IR-TH, bem como a descrição da conexão entre a ZI e os núcleos da base são outros importantes indicativos da influência da ZI na motricidade. Os núcleos da base são estruturas chave no processamento da informação motora consciente, e que a lesão desses núcleos provocam uma série de distúrbios como as coréias e o parkinsonismo. Estudos mais recentes mostram que uma das possibilidades de tratamento ou de amenizar os sintomas do parkinsonismo consiste na ativação da ZI, o que torna ainda mais relevante do ponto de vista clínico. 46 NOS A NOS é a enzima responsável pela conversão de L-arginina em óxido nítrico (NO), que tem ação em processos inflamatórios e, no sistema nervoso, atua como um neurotransmissor, mesmo sem preencher todos os requisitos básicos que caracterizam um neurotransmissor convencional. De natureza gasosa e lipofílica, o NO no sistema nervoso atua na modulação de transporte das monoaminas e na nitrosilação de receptores glutamatérgicos N-Metil-D-Aspartato, ou NMDA (Pierucci et al, 2011), influencia a síntese e liberação de outros neurotransmissores, desempenha um importante papel na potenciação a longo prazo, na depressão de longo prazo e na secreção neuroendócrina (Simon et al, 2013). Na ZI do mocó, encontramos células IRNOS na ZIr, ZIv e ZIc, e sem imunorreatividade na ZId. Em ratos, células IR-NOS são abundantes na ZId e ausentes nas demais regiões (Kolmac e Mitrofanis, 1999; Mitrofanis, 2005), mais uma vez mostrando variabilidade, agora no contexto neuroquímico, entre esses roedores. Como já discutido, a ZI apresenta um importante papel na motricidade e na regulação visceral do organismo, que sua lesão promovem um série de disfunções e que sua eletroestimulação auxilia no tratamento do parkinson e da esclerose múltipla, e muito discute-se sobre a participação dos neurônios dopaminérgicos da ZI nesses fatores (Heise e Mitrofanis, 2004; Sita et al, 2003). Recentes estudos mostraram que o NO tem papel chave na transmissão dopaminérgica, influenciando diretamente em seu funcionamento, sendo também alvo de estudos neuroquímicos e no tratamento de Parkinson. No trabalho de Del-Bel et al (2007), a administração de fármacos agonistas e antagonistas para a NOS encefálica promovem aumento e diminuição, respectivamente, da atividade locomotora em diversas espécies, e que existe uma pequena colocalização neuroquímica entre NOS e TH, sugerindo que neurônios IR-TH sintetizam a NOS, que acaba por modular a transmissão dopaminérgica (Pierucci et al, 2011). É importante destacar a presença de células IR-NOS na ZIr do mocó, onde também existe neurônios IR- TH, e que o NO pode estar modulando a ação dos neurônios dopaminérgicos. 47 5-HT Estudos apontam que a ZI recebe informações de diversos sistemas neuronais, que influenciam a liberação de gonadotrofina, entre eles, o sistema serotonérgico. Verificou-se que a ativação de receptores serotonérgicos 5-HT1A e 5-HT7 nos neurônios IR-5-HT da ZI exercem ação inibitória sobre a liberação do hormônio luteinizante ocasionando uma diminuição de sua concentração no plasma sanguíneo (Siddiqui et al, 2004). A rafe, mais especificamente o núcleo dorsal e o núcleo magno, enviam projeção para a ZI em ratos, ambos atuando na modulação de impulsos fóticos durante o dia subjetivo, ocasionando avanço de fase na atividade circadiana dos neurônios (Medanic e Gillete, 1992). Considerando exclusivamente a ação de fibras serotonérgicas, estas agem alterando o limiar de disparo das células ou ativando segundo-mensageiros, ou seja, atuam diretamente na modulação da atividade dos neurônios (Chapin e Andrade, 2001). Vale relembrar que a ZI desempenha uma grande gama de funções e informações sobre o funcionamento do organismo, então é importante considerar a existência de um sistema de modulação serotonérgica a nível celular para coordenar essas atividades. O trabalho de Silva (2013) realizou uma caracterização das fibras serotonérgicas dos núcleos da linha média e intralaminares do tálamo do mocó, que foram classificadas de acordo com o número de varicosidades e do diâmetro axonal: Fibras Rugosas, com fibras espessas e elevados volume e número de varicosidades; Fibras Granulares, sendo fibras finas, com diversas e pequenas varicosidades, semelhante a grânulos; e as Fibras Semi Granulares, apresentando espessura semelhante às granulares, mas com menor número de varicosidades, com distribuição irregular. Baseado nisso, detectamos que a ZI apresenta fibras de todos os tipos, com as fibras de maior diâmetro e quantidade de varicosidades localizadas na ZId. Em outro estudo do nosso laboratório, foram delimitados 11 núcleos do sistema serotonérgico/núcleos da rafe do mocó, nomeados no sentido rostrocaudal de: linear rostral, linear caudal, dorsal da rafe, mediano, paramediano, supralemniscal, pontino, interpósito, magno, pálido e obscuro, distruídos ao longo da linha média do tronco encefálico, com exceção do supralemniscal. Exceto pelo núcleo linear rostral, todos os outros núcleos foram detectados em estudos com outros animais (Soares et al, 2012), inclusive com os núcleos dorsal e magno, já supracitados, com conexão serotonérgica com a ZI. Estudos se fazem necessários para verificar a existência dessa conexão afim de conhecer as funções que esta desempenha no mocó. 48 GFAP A proteína acídica fibrilar glial, GFAP, é expressa em astrócitos, constituindo um marcador seletivo para essas células gliais. Os astrócitos participam do funcionamento da barreira hematoencefálica, uma vez que, alguns de seus prolongamentos reforçam as junções oclusivas das células que formam a parede dos capilares cerebrais regulando a troca de substâncias dentro do sistema nervoso central (Abbott, 2002). Células gliais apresentam outras funções, como originar populações específicas de neurônios durante o desenvolvimento (Kriegstein e Gotz, 2003), além de um papel neuroprotetor após danos no sistema nervoso central em decorrência de traumas (Anderson et al, 2003), produção de fatores neurotróficos, nutrição e migração neuronal, e estudos mais recentes demonstraram que os astrócitos tem papel ativo na transmissão sináptica, como responder ao aumento da concentração livre de cálcio após a transmissão sináptica (Eysseric et al, 2000), e que existem células gliais que fazem sinapse com neurônios (Bergles et al, 2000), e posteriormente essas sinapses foram encontradas em diversas áreas do sistema nervoso, como hipocampo (Bergles et al, 2000; Mangin et al, 2008) e cerebelo (Lin et al, 2005, Bergles et al, 2010). Este é o primeiro estudo que detecta células IR-GFAP na ZI, apresentando marcação positiva na ZIr, ZId e ZIc, e negativa na ZIv. A detecção de células da glia na ZI é bastante relevante tendo em vista o grande enfoque na importância dessas células na nutrição e atividade dos neurônios, ainda mais quando se trata de uma região com grande riqueza neuroquímica, funcional e de conexões com outras regiões do sistema nervoso. CB As proteínas ligantes de cálcio são mensageiros intracelulares que medeiam os efeitos dos neurotransmissores na sinalização celular regulando a concentração de cálcio intracelular. CB, CR e PV, proteínas ligantes de cálcio analisadas nesse estudo apresentam alta afinidade ao íon Ca+2 e baixo peso molecular (Goodman et al, 1979). Além disso, estão relacionadas com o controle da divisão, movimentação e crescimento celular, e também utilizadas como marcadores citoarquitetônicos (Celio, 1990). 49 Em ratos, células IR-CB apresentam pequenos somas, com formato ovoide ou redondo, e compõe entre 5 e 10% do número total de células na região rostral e medial, enquanto que a formação de 20-25% das células no setor caudal (Kolmac e Mitrofanis, 1999). Outro estudo demonstrou uma maior população de células IR-CB na ZIc, maior que na ZId e ZIv (Watson et al, 2013). Em (2004), Mitrofanis et al detectaram a presença de CB em todas as porções da ZI em Macaca fascicularis, distribuída de forma homogênea. No sagui, células IR-CB ocorreram em todas as porções, com maior concentração na porção caudal, e poucas células marcadas nas porções rostral e ventrolateral (Lima, 2008). Outros estudos em sagui detectaram células IR-CB com intensidade de marcação variável, com grandes somas e longos processos axonais na ZIv, enquanto que na ZId poucas células foram coradas, sem a detecção dos processos axonais (FitzGibbon et al, 2000), resultado semelhante ao encontrado por Watson et al (2013), que encontrou mais células na ZIc em comparação às ZId e ZIv. CR A CR pertence a uma subclasse de proteínas de gatilho, ou seja, está mais envolvida na modulação de mudanças transitórias de cálcio do que no simples tamponamento intracelular (Dowd et al, 1992), inclusive com diferenças estruturais – apresenta 6 domínios, 5 deles que podem se ligar ao cálcio - relevantes em comparação com a PV – que tem apenas 3 domínios, dois que podem se ligar ao cálcio (Kuznicki et al, 1996). No mocó, a região mais rica em células IR-CR foi a ZId e na região medial da ZIr. No sagui, células IR-CR foram encontradas em todas as porções da ZI, com uma maior concentração na região dorsal (Lima, 2008). Em outro estudo em sagui, FitzGibbon et al (2000) detectou a presença de neurônios IR-CR nas porções ventral e dorsal, sem uma delimitação clara de divisão, diferentemente do observado para PV e CB, e esses neurônios podem ter grande ou pequeno soma, com marcação imunoistoquímica intensa. Sabe-se que a porção caudal da ZI projeta-se para os núcleos parafasciculares e intralaminares do tálamo e para a camada I do córtex (Arai et al, 1994; Power e Mitrofanis, 1999; Nicolelis et al, 1995). A CB e CR estão presentes em neurônios talâmicos que se projetam para camadas corticais profundas – V e VI – alterando a excitabilidade dos neurônios piramidais, função semelhante àqueles neurônios IR-CR que se projetam para a camada I (Arai et al, 1994). 50 Considerando a riqueza neuroquímica e importância funcional da ZI, é esperado que esta possua diversos mecanismos de controle da atividade celular, afim de otimizar o fluxo de informações recebidas, processadas e emitidas para suas conexões pelo sistema nervoso, e o controle da concentração intracelular de cálcio mediado pelas proteínas ligantes de cálcio é fundamental. Vários trabalhos detectaram a presença dessas proteínas na ZI em primatas (Mitrofanis, 2004; Lima, 2008) e roedores (Nicolelis et al, 1992; Trageser et al, 2006; Kolmac e Mitrofanis, 1999), mostrando conservação desse mecanismo durante a evolução desses clados. PV Células IR-PV foram encontradas na ZIr e ZIc (Figura 10 D e F), enquanto que na ZId e ZIv não ocorrem células. Isso é uma novidade em relação aos dados registrados na literatura, que destacam que células IR-PV é presente apenas na porção ventral da ZI (Mitrofanis, 2005, Nicolelis et al, 1992; Trageser et al, 2006). A PV pode ser encontrada em diversas regiões, como o cérebro, músculos, osso e glândulas do sistema endócrino (Jones e Hendry, 1989). Alguns estudos mostram que o tipo celular que contém PV é dominante na ZI ventral (Kolmac e Mitrofanis, 1999; Nicolelis et al, 1992, Mitrofanis, 2005). Em estudos com sagui, células IR-PV também predominaram na ZI ventral, com grande densidade e células de grande tamanho (FitzGibbon et al, 2000). Lima (2008) também verificou uma forte marcação na porção ventral, mas com neurônios mais esparsamente distribuídos. Em Macaca fascicularis, IR-PV apresentam tamanho médio e formato ovoide, presente em todas as regiões da ZI, mas com predominância na porção ventral (Mitrofanis, 2004). Entretanto, a marcação de IR-PV da ZI do mocó mostra que é justamente a ZIv e ZId que não apresenta marcação imunohistoquímica Kolmac e Mitrofanis (1999) observaram que IR-PV apresentam diferenças entre si quanto ao seu tamanho e formato: parte delas possuem corpos grandes e formato ovoide, enquanto outras possuem corpos pequenos e formato alongado, e postulou que as células grandes são neurônios de projeção, enquanto as de pequeno tamanho são interneurônios. Células IR-PV recebem projeção direta do núcleo pretectal anterior (NPA), e especula-se que essa conexão auxilia na sincronização da atividade da ZI e do NPA de inibir os núcleos talâmicos somatosensoriais de primeira ordem (Giberet al, 2008). Um desses núcleos de primeira ordem é o núcleo posterior do tálamo. Verificou51 se que este comunica-se com a ZI, através de estudos com traçadores anterógrados e com imunohistoquímica para PV na ZI, e que essa conexão era fundamental para que a ZI suprimisse a atividade do núcleo posterior durante um estímulo nociceptivo (Trageser et al, 2006). 5.4 Considerações do funcionamento global da ZI Vários estudos explorando a neuroquímica e a hodologia da ZI foram realizados desde sua descoberta em 1877, e a partir daí estudos visando descrever o funcionamento global da ZI vem sendo propostos. A ZI, sendo uma das portas de entrada para o diencéfalo, recebe uma série de inputs somáticos (exteroceptivos) e viscerais (interoceptivos) além de informações de outras regiões do sistema nervoso, que processa e retransmite essas informações para uma miríade de outras regiões. Atreladas a isso, a diversidade neuroquímica e características eletrofisiológicas dos neurônios da ZI mostra a enorme complexidade de funcionamento dessa região (May et al, 1997; Trageser e Keller, 2004; Mitrofanis, 2005). 2 modelos são propostos para explicar como a ZI funciona: um modelo exteroceptivo e um interoceptivo. A proposta exteroceptiva consiste que a ZI recebe as informações do ambiente pelos sistemas sensoriais, e que ela auxilia o organismo a se orientar espacialmente, envolvendo reações posturais e aumento da atenção para a situação, e que a partir daí, mudanças fisiológicas e viscerais aconteceriam para otimizar a resposta ideal perante aquele estímulo. Já a proposta interoceptiva é o contrário: a ZI responde inicialmente às necessidades fisiológicas e viscerais, como a fome e a sede, e em seguida ocorrem as mudanças de postura, locomoção e atenção de forma a saciar essas necessidades (Mitrofanis, 2005).Levando em conta que regiões diencefálicas são recrutadas de forma imediata a fim de gerar uma resposta rápida (Merker, 2004), a ZI tem um papel chave para uma resposta rápida e otimizada em respostas a alterações fisiológicas ou comportamentais, uma vez que ela atua de forma decisiva na detecção de estímulos externos e internos, regulando respostas buscando manter a homeostase do indivíduo. Quando analisamos a hodologia da ZI, vemos que ela de fato apresenta conectividade com regiões sensoriais, motoras, integrativas e regulação visceral (Power et al, 2001; Mitrofanis, 2005; Heise e Mitrofanis, 2004), além de uma riqueza neuroquímica extensa, condizente com a complexidade de interação entre a ZI e suas aferências e eferências. Contudo, estudos mais específicos entre essas interações, como ocorrem e em que condições, são necessárias para confirmar qual modelo é o que melhor ilustra o funcionamento global 52 da ZI, ou até mesmo a conjecturar outro modelo. A projeção da retina diretamente para a ZI, bem como a característica dessas fibras (modulatórias) fornecem informações acerca da ausência/presença de luz no ambiente, fundamental para auxiliar e coordenar sua atividade. Através da técnica imunohistoquímica detectamos a presença de células imunorreativas que indicam a presença de neurotransmissores clássicos (GABA, 5-HT, DA), neuropeptídeos que modulam a transmissão sináptica (VP, NPY), além de substâncias que controlam a atividade desses neurônios e eficiência das sinapses, como as proteínas ligantes de cálcio CB, CR e PV, NO e células da glia através da IR-GFAP. Para uma região com ampla conectividade com outras regiões do sistema nervoso e envolvida com tantas funções, esse resultado era esperado, com destaque para a ZIr, com neurônios ou fibras IR a todas as substâncias analisadas neste trabalho. A diversidade citoarquitetônica também mostrou-se evidente na ZI do mocó, sendo possível através do Nissl, e com auxilio do NeuN, delimitá-la em 4 subdivisões, algo que não é realizado no rato, que necessita de características neuroquímicas e funcionais para tal, especialmente considerando o nível médio da ZI, onde há subdivisão em ZId e ZIv (Mitrofanis, 2005; Nicolelis et al, 1992). 53 6. CONCLUSÕES A técnica de Nissl é eficiente para a delimitação e caracterização citoarquitetônica da ZI do mocó; A ZIc recebe projeção da retina contralateral, apresentando fibras Classe II e varicosidades do tipo Passagem (maior parte), Terminais e em Cluster, sugerindo um caráter modulatório da informação fótica; A ZI apresenta células gliais na ZI, sendo o primeiro trabalho a fazer um registro sobre essas celulas em roedores; A ZI apresenta grande diversidade neuroquímica, sobretudo na porção medial da ZIr, onde encontramos imunorreatividade de todas as substâncias neuroativas investigadas; A IR-NOS, GFAP e CR auxiliam na delimitação da ZI no nível médio em ZId e ZIv; Somente fibras IR 5-HT estão presentes em todas as subdivisões da ZI do mocó. 54 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abbott, N. J. 2002. Astrocyte-endotelial interactions and blood brain barrier permeability. Journal of Anatomy 200: 629-638. Abrahamson, E.E., Moore, R.Y,. 2001. 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Correspondence should be addressed to: Present address: Department of Morphology/Laboratory of Neuroanatomy, Biosciences Center, Federal University of Rio Grande do Norte, 59072-970, Natal-RN, Brazil. Telephone Number: 55 84 32153431 Fax: 55 84 32119207 E-mail address: [email protected] 70 Abstract The Zona Incerta is a key neural substrate of higher brain functions. A neural population in the caudal ZI projects into the superior colliculus. This recently has been identified as a important structure for the saccades. Applying CTb, we describe a retinal projection into the caudal ZI and the distribution of its terminal varicosities in the rock cavy, a Brazilian rodent, which has been used as an anatomical model to enhance the comprehension about the phylogeny of the nervous system. Contrary to other investigated rodents, the retinal fibers in the rock cavy lie in the caudal Zona Incerta (ZIc), suggesting a functional specialization in the rock cavy. The high resolution, and qualitative analysis of retinal fibers in the present work provide a substrate to interpretation of the visual system, and its phylogenetic pathways among species. Key words: Zona Incerta; Rodents; Rock cavy; Cholera toxin subunit b; Retinal projections; Incerto-tectal pathway 71 1. INTRODUCTION The ZI is classically known for its reduced fiber staining, lying among the densely myelinated tracts that constitute the major afferent destined for the thalamus. Closer inspection shows a great diversity of cells and this cytoarchitectonic feature allows the partition of the ZI into three distinct divisions: rostral, middle, and caudal, the middle being divided into dorsal and ventral subdivisions, sometimes referred to as the laminae [Kawana and Watanabe, 1981; Watanabe and Kawana, 1982; Romanowski et al., 1985; Mitrofanis, 2005]. The connections of the ZI are very extensive with its efferent transmitting along almost every neuroaxis from the cerebral cortex to the spinal cord [Romanowski et al., 1985; Roger and Cadusseau, 1985; Shammah-Lagnado et al., 1985; Schall, 1995]. Nowadays, the precise function of the ZI is still not clearly defined, although several laboratories have made extensive efforts in the field and have described its direct influence on arousal and attention [Ficalora and Mize, 1989], visceral activity [Mok and Mogenson, 1986; Spencer et al., 1988; Sanghera et al., 1991; Mitrofanis, 2005], posture and locomotion [Milner and Mogenson, 1988; Murer and Pazo, 1993]. As well, some studies have shown that abnormal caudal ZI activity manifests in clinical symptoms of Parkinson’s disease [Alusi et al., 2001; Nandi et al., 2002]. Additionally, morphological studies have indicated a specific GABAergic afferent from the ZI to the superior colliculus [Ficalora and Mize, 1989] mainly in the intermediate gray layer of the superior colliculus [Ricardo, 1981]. In rats, the same collicular layer that receives inputs from the ZI projects back to the ZI [Roger and Cadusseau, 1985]. These GABAergic incertotectal cells exhibit a decrease of their firing rate shortly before the onset of saccade. These observations suggest that the ZI could play a role in the generation of eye movement and selection of targets for focus changes as well [Hikosaka and Wurtz, 1985; Ma, 996]. In the present study we describe the terminal morphology of retinal axons to the ZI of a Brazilian experimental model from our laboratory, the rock cavy (Kerodon rupestris). In addition, this study is the first to provide a morphological classification of retinofugal fibers in the ZI. The morphological studies of the retinofugal terminals have improved our understanding of the visual system [Ling et al., 1998]. Direct retinal projections to non-visual areas have been shown as a powerful modulator of non-visual functions such as cognition, conditioned fear, circadian rhythms, and affective behavior [Vandewalle et al., 2009; Ren et al., 2013]. We also describe the cytoarchitectonic characterization of the caudal ZI (ZIc) in the rock cavy. The rock cavy has advanced our understanding about the nervous system, providing a framework for the interpretation of evolutionary patterns, allowing inferences to be drawn about the nervous system and its phylogenetic congruence among diverse biological features. 2. MATERIALS AND METHODS Five adult male rock cavies (body weight range, 300-500 g) captured from rural towns in of the state of Rio Grande do Norte, Brazil, were used in this study. The maintenance and use of all experimental animals adhered to the ethical requirements approved by the Brazilian Society of Neuroscience and Behaviour, which follows the recommendations of the Society for Neuroscience (USA). All experiments were approved by the local ethic committee for animal use (CEUA – UFRN number.015/2009). The animals were housed under natural light, temperature, and humidity conditions, with food and water freely available. All surgical procedures, such as injection and perfusion, were performed in the mornings around 9:00. 72 The rock cavies were anaesthetized with ketamine (40 mg/kg i.m.), and xylazine (4mg/kg i.m.), placed on a surgical table, and restrained in a headholder. After topical application of tetracaine hydrochloride to the cornea, they received a unilateral intraocular injection of cholera toxin subunit B (CTb) (List Biological Laboratories, Inc., Campbell, CA). A total of 80μl of a 1 mg/ml aqueous CTb, containing 5% dimethylsulfoxide, was injected into the vitreous humor through a 30-gauge needle catheter attached to a micropump, which pumped the solution at the rate of 1μl/min. To minimize reflux and the spread of the tracer to the extraocular muscles. To avoid postoperative local infection, the ocular surface was cleaned with saline during the surgical procedure. The needle was left in the site until 15 min post-injection and then withdrawn. The ocular surface was then rewashed with saline and antibiotic ointment was applied topically. After 5-7 days post-injection, the rock cavies were reanesthetized with the same anesthetic and perfused transcardially with saline in 0.1M phosphate-buffer pH 7.4 (PB) followed by 4% paraformaldehyde in PB solution. After perfusions, the animals were positioned in the stereotaxic frame and the incisor bar was adjusted until the lambda and bregma heights were equal. The skull bone was then removed and the brains exposed. The brains were divided into three blocks on a plane 2.00 mm anterior to the bregma and another at the lambda level. The brains were removed and, after post-fixation in the same fixative for 2-4 hours, stored in 30% sucrose in PB solution. The frozen brains were cut into 30 μm coronal sections, which were obtained parallel to the stereotaxic planes by mounting each block on the stereotaxic plane of a horizontal sliding microtome. The sections were collected in PB and a one-insix series was subjected to immunohistochemistry to detect CTb. Floating sections were incubated with a goat antiCTb antiserum (List Biological Labs, Campbell, CA, USA) diluted at 1:5000 in PB containing 0.3% Triton X-100 and 5% normal donkey serum for 18-24 h. The sections were incubated with a secondary antiserum (biotinylated donkey anti-goat IgG; Jackson Labs, Westgrove, PA, USA) diluted at 1:1000 in the same medium as above for 90 min. The sections were reacted with ABC reagent (Elite ABC kit, Vector Labs, Burlingame, CA, USA) for 90 min and then reacted for peroxidase activity in a solution of diaminobenzidine (DAB) tetrahydrochloride and 0.01% H2O2 in PB. After three rinses in PB, the sections were mounted on precleaned and gelatinchrome alumen-coated slides and allowed to dry. The sections were then treated with osmium tetroxide to enhance the visibility of the reaction product. The sections were then dehydrated, delipidated and coversliped with DPX. One of remaining series was Nissl stained to identify the cytoarchitectonic boundaries of the regions under examination. All immunohistochemical procedures were performed at room temperature. As a control for the specificity of staining, some sections were submitted to the immunohistochemical reaction without the primary antiserum. Approximately, five sections per animal containing the region of interest were examined under brightfield illumination and at low (10 X objective) and high (100 X objective, oil immersion) magnification in an Olympus microscope. Arbors were either documented photographically, using a digital video camera (Nikon, DXM1200) or were drawn with the aid of a drawing tube attached to the microscope. The images were minimally processed for brightness and contrast using Adobe Photoshop 7.0. 73 3. RESULTS In the ZI of the rock cavy, as in the rat [Kawana and Watanabe, 1981; Watanabe and Kawana, 1982; Romanowski et al., 1985; Mitrofanis, 2005], the following major sectors were identified: a rostral sector (ZIr) which has densely packed spindle-shaped cells (Fig 1A and B); a dorsal sector (ZId), that has medium-sized and oval-shaped cells; a ventral sector (ZIv), that is made up of medium-sized fusiformeshaped cells that are more densely packed then the cells in the ZId (Fig 1C and D); and finally, a caudal sector (ZIc) which has collections of cells with small and medium-sized somata that are either fusiform or rounded in shape (Fig 1E and F). The images in Figure 1 show the Nissl stained coronal sections and drawings of the rock cavy’s diencephalon, throughout the rostrocaudal length. The figure 1F represent the location of the retinal fibers in the ZIc. The ZIc has a very diffuse cell distribution throughout the lateromedial extension (Fig 1E). Sparse CTb-immunolabeled axonal arbors were observed strictly in the ZIc of the five subjects used on this study. The retinofugal fibers were observed only on the contralateral side. In general, three types of optic terminals can be identified in ZIc: (1) Simple en passant varicosities and terminal swellings that are widely distributed in all ZIc, these sort of terminals are present in poorly branched fibers decorated with varicosities and swellings (Fig 2C and G); (2) String-like configurations that are comprised of axon collaterals studded with boutons of various size. These swellings occur close together, and beaded collaterals form a longitudinal arrangement in which, at least two fibers travel together for a distance (Fig 2D and H). The string-like terminals were seen most frequently in the lateral part of the ZIc (see Table 1 and Figure 3), just adjacent of the lateral geniculate nucleus, but clearly outside it; (3) Type R1-like in the rock cavy that are comprised of large, elliptical varicosities along the length of the caliber axons (Fig 2E and I), and Type R2-like terminals that consist of medium and small varicosities forming rosette-like clusters of boutons (Fig 2F and J); in general the R1-like and R2-like terminals shows a complementary distribution between the lateral and medial part of the ZIc. About 63% of all R1-like terminals are concentrated in the lateral part, while just 41,2% of the R2-like terminals are at the same location (see Table 1 and Fig 3). The R1-like and R2-like terminals resemble the corresponding retinogeniculate endings. 74 FIGURE 1. Digitalized brightfield photomicrographs of coronal sections of the rock cavy brain through the thalamus rostrocaudal length showing Nissl-stained section depicting the cytoarchitecture of the ZIr (A); ZId and ZIv (C); and ZIc (E), and drawings showing the density and distribution of labelled axons at the same level (B, D, and F). Note that the retinofugal fibers were detected only in the ZIc. Abbreviations: ZIc: Caudal Zona Incerta; ZIv: Ventral Zona Incerta; ZId: Dorsal Zona Incerta; ZIr: Rostral Zona Incerta; DLG: Dorsal Geniculate Nucleus; IGL: Intergeniculate Leaflet; opt: Optic Tract; cp: Cerebral Peduncle; fr: Fasciculus Retroflexus; mt: Mamillothalamic Tract; scp: Superior Cerebellar Peduncle; F; Fornix; STh: Subthalamic Nucleus; ml: Medial Lemniscus; Po: Posterior thalamic nucleus; VPM: Ventral Posteromedial Thalamic Nucleus; VPL: Ventral Posterolateral Thalamic Nucleus; str: Superior Thalamic Radiation; 3v: Third ventricle; Rt: Reticular Thalamic Nucleus; LDVM: Laterodorsal Thalamic Nucleus, dorsomedial part; LDVL; Laterodorsal Thalamic Nucleus, ventrolateral part; CL: Centrolateral Thalamic Nucleus; SN: Substantia Nigra; PC: Paracentral Thalamic Nucleus. Scale bar: 180 μm. 75 FIGURE 2. Digitalized brightfield photomicrographs of coronal sections of the rock cavy brain through ZIc showing CTb-immunostained fibers (A and B) and detailed morphology of the retinal axons in the ZIc showing higher magnification view of cholera toxin-labeled varicosities in the simple endings (C), string-like terminals (D) R1-like terminals (E) and R2-like terminals (F). Black arrowheads point to simple ending terminal boutons; White arrowheads point to string-like terminal boutons; White arrow points to R1-like terminal boutons; and Black arrow points to R2-like terminal boutons. G-J: Camera-lucida drawings that depict the morphology of simple endings (G); stringlike terminals (H); R1-like terminals (I); and R2-like terminals (J). Abbreviations as in Figure 1. Scale bar: A= 180 μm; B= 90 μm; C – J= 10 μm 76 TABLE 1. Retinal fibers distribution. Total number, frequencies, and demographic indices in five cases. FIGURE 3. Schematic diagram illustrating the density and differential distribution of labeled axons and terminals seen on coronal sections through the lateral and medial part of the ZIc. Dark circle in B represent the simple endings distribution; Stars in C represent the distribution of the String-like terminals especially in the lateral part of the ZIc; Open cycle and black square in C represent R1-like and R2-like terminals respectively. Scale bar: A= 260 μm; B-D= 100 μm. 77 4. DISCUSSION Using a sensitive anterograde, we traced the presence of a consistent direct retinal projection to the ZIc of the rock cavy. The stained terminals/fibers are unlikely to originate from transynaptic transport of another retinal recipient area, since CTb does not appear to be transported transsynaptically [Angelucci et al., 1996]. In addition, since the survival times of the animals were short, the CTb-IR fibers were not observed in well known secondary visual areas, such as the primary visual cortex. To date, this kind of direct retinal projection to the ZI has only been described for the Nile glass hamster rat, rat, and hamster [Gaillard et al., 2013; Power et al., 2001; Youngstrom et al., 1991] At high magnification, the appearance of the retino-ZIc axon arbors resembles that of other terminal specializations of retinofugal axons in the mediodorsal thalamic nucleus of the rock cavy [Nascimento Jr et al., 2010]. The morphological diversity of the endings observed in the lateral and medial portions of the ZIc of the rock cavy could be due to source-specific factors, such as subpopulations of retinal ganglion cells each, forming cell-specific terminals in the ZI. Additionally, these distinct morphologies of retinal afferents in the ZIc suggest a differential influence on postsynaptic cells [Sherman, 2005; Petrof and Sherman, 2013], as well as a functional dichotomy in the ZIc. Saccadic eye movements are dramatically modified by administration of GABA antagonists or agonists in the superior colliculus [Hikosaka and Wurtz, 1985; Jaspers and Cools, 1990]. As is well known, the substantial nigra and the ZI are the main source of GABAergic innervation to the superior colliculus [Kato et al., 2006; Ficalora and Mize, 1989; Appell and Behan, 1990; Bickford and Hall, 1992]. Functional studies have shown a reduction of neuron spikes just before the saccades in the ZI [Hikosaka and Wurtz, 1985; Ma, 1996]. In monkeys, the neuronal activity in the ZI is “paused” before the start of saccade and resumes at the end [Ma, 1996]. Taken together, these results suggest that the ZI cells inhibit collicular neurons. The rat incertotectal pathway arises from a cytoarchitectonically and cytochemically distinct ventral subdivision of the ZI and terminates topographically as well defined clusters of terminals in the intermediate gray layer of the superior colliculus [Kim et al., 1992; Ricardo, 1981]. Our results show retinal terminals in the ZIc, suggesting a direct retinal modulation in the rock cavy incerto-tectal pathway. Moreover, the present work is the first to describe the differences in fiber morphologies and their distribution inside the ZI. Overall, the present work suggests a phylogenetic stability of this projection with a slight difference in the rock cavy. Our work, as well, establishes the indispensable morphological background for understanding the functional significance of this pathway in rodents, helping to comprehend the phylogenetic routes used by visual system. 78 Acknowledgments We thank Miriam Regina Celi Escala de Oliveira Costa for assistance with experiments, histological preparations and animal surgery. This study was supported by funding from the National Council of Technological and Scientific Development (CNPq) and by Coordination for Improvement of High Level Staff (CAPES). The English version of this text was revised by Sidney Pratt, Canadian, BA, MAT (The Johns Hopkins University), RSAdip (TEFL). Conflict of Interest Statement The authors declare no conflict of interest. Author Contributions PLAGM: Participated in the design of the research and data analysis, and manuscript writing. MADS: Participated in the analysis of the results. JCC: Participated in the design of the research, and manuscript writing. MSMOC: Participated in the design of the research, data analysis, and manuscript writing. JSC: Participated in the design of the research and data analysis. ESNJ: Designed, supervised studies, interpreted results, and prepare the manuscript. 79 References Alusi, S.H., Worthington, J., Glickman, S., Bain, P.G., 2001. A study of tremor multiple sclerosis. Brain 124, 720 – 730. Angelucci, A., Clascá, F., Sur, M., 1996. Anterograde axonal tracing with the subunit B of cholera toxin: a highly sensitive immunohistochemical protocol for revealing fine axonal morphology in adult and neonatal brains. J Neurosci Meth. 65, 101 – 112. Appell, P.P., Behan, M., 1990. Sources of subcortical GABAergic projections to the superior colliculus in the cat. J Comp Neurol. 302, 143-58. Bickford, M.E., Hall, W.C., 1992. The nigral projection to predorsal bundle cells in the superior colliculus of the rat. J Comp Neurol. 319, 11-33. Ficalora, A.S., Mize, R.R., 1989. 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