O sentido informativo educativo da áudio-descrição: conhecendo um pouco do percurso
Leny Ferreira de Oliveira[1]
http://lattes.cnpq.br/0448010543059546
[email protected]
Resumo
O artigo tenta mostrar ao leitor sobre a importância da áudio-descrição para as pessoas com e
sem deficiência, de forma que tragam à tona as informações subjetivas escondidas nas imagens
e ao mesmo tempo propiciem acesso à informação. Independente do local onde é usada a
áudio-descrição só acresce o conteúdo informacional. Nesse trabalho de pesquisa, tentamos
também, mostrar como surgiu a audiodescrição, sua disseminação pelo mundo e avanços
conquistados com o asseguramento desse direito informacional em algumas leis do país.
Palavras chave: acessibilidade comunicação educação
Resumen
Palabras clave accesibilidad | comunicación | Educación |
El artículo intenta mostrar al lector la importancia de audiodescripción para personas con y
sin discapacidad visual, con el fin de sacar a la luz la información subjetiva oculta en las
imágenes y al mismo tiempo de proporcionar acceso a la información. Independientemente de
donde la audiodescripción es utilizado sólo acresce en el contenido de la información. En esta
investigación, también mostramos cómo hizo su difusión en todo el mundo y logros con la
garantía de este derecho informativo en algunas leyes del país.
O mundo oferece aproximadamente 70% de informação imagética e as pessoas que possuem o
sentido visual, perfeito, apreendem as informações por meio da observação e repetição. Os
outros 30% de informações restantes são apreendidos por meio dos outros sentidos (audição,
tato, olfato, paladar).
Então, perguntamos como as pessoas com deficiência visual (cegueira e baixa visão) têm acesso
as informações, uma vez que toda a sociedade apresenta aproximadamente 70% das
informações com imagens?
Além disso, nos dados da organização mundial de saúde em 2004, há 4 milhões de pessoas
cegas no Brasil, e no ano de 2005 o país já contava com 25 milhões de pessoas cegas ou com
algum problema de visão.
Sendo assim, percebemos que tal parte da população fica excluída das experiências de: assistir a
um filme no cinema, um programa de TV, em comerciais, uma peça de teatro ou um espetáculo
de dança em sua forma mais completa, em museus, ou seja, falta ter acesso à narrativa desses
produtos apenas visuais.
Diante desses fatos, entendemos ser necessário realizar uma pesquisa que nos forneça algumas
informações necessárias para compreender o sentido informativo comunicacional e educativo da
audiodescrição.
Para isso, na metodologia do trabalho, buscamos nos embasar na pesquisa qualitativa porque,
segundo Gaskell (2003), é a pesquisa que nos permite aprofundamento subjetivo no qual
podemos interpretar as informações recolhidas na sociedade e que frequentemente se apresente
de forma descritiva.
Lacerda (2005), afirma que a pesquisa na área de educação especial se faz premente, dadas às
necessidades de soluções para numerosos problemas enfrentados cotidianamente nesta área,
todavia nos parece importante ressaltar que tais pesquisas apoiadas no referencial qualitativos
que permite construção de conhecimentos muito mais sintonizados com o objeto que se
pretende estudar” (Lacerda,2005).
Desse modo, pretendemos a partir de levantamento bibliográfico-descritivo extrair informações
sobre o que é audiodescrição, sua história e características, quando iniciou esse trabalho no
Brasil, fazer um levantamento sobre as leis que fundamentam esse trabalho no Brasil e concluir
situando o público beneficiado com esse recurso comunicacional.
O que é audiodescrição?
A audiodescrição é um recurso comunicacional que permite a inclusão de pessoas com
deficiência visual permitindo acesso as informações imagéticas. Consiste na tradução de
imagens em palavras. Ela também pode ser disponibilizada ao vivo em ambientes públicos onde
contenham espaços abertos com informação apresentando apenas imagens ou movimento de
forma que só comunique por imagem. Pode acontecer em TV’s ao mesmo tempo em que a
imagem aparece na tela, entre o conteúdo verbal ou as falas do produto audiovisual, e em
sincronia com outras informações sonoras deste produto, ou seja, uma risada, uma porta batendo
ou um tiro, um comercial.
É valido ressaltar que, a audiodescrição não se sobrepõe ao conteúdo sonoro principal do filme,
também trabalha no sentido de comunicar o que acontece na cena. Segundo Parcker , 1996,
pesquisador sobre o tema , enfatiza que:
A audiodescrição precisa ser difundida e usada antecipadamente em televisões, vídeos, bem
como em museus, espaços públicos, salas de aula e computadores. “As description becomes
more widespread, it is anticipated that it will be used increasingly for television and videos, as
well as in museums and other public spaces, in classrooms, and on computers”.
Início da audiodescrição pelo mundo:
Nos anos 70 realizou-se a primeira formulação de uma técnica chamada audiodescrição que
consiste em agregar ao suporte visual de TV uma pista de áudio onde estão gravadas uma voz
que descrevem as imagem utilizando para isso os espaços que ficam livres de informações
faladas e narrativas, antes só devia ser escutada por pessoas com deficiência visual sem afetar
aos outros espectadores.
O primeiro realizador da audiodescrição foi Gregory Frazier em sua tese “Máster of arts”
desenvolvida na universidade de san francisco , tal pesquisador conheceu August Coppolla
irmão famoso do cineasta e desde esse momento a audiodescrição se difundiu ela América,
Europa , paises ocidentais e Japão.
Em 1989 a áudio descrição ficou conhecida pela primeira vez em um festival de filmes, Cannes,
e em setembro de 1993, iniciou-se um programa de investigação e desenvolvimento de
audiodescrições, que culminaram com a publicação da norma UNE 153020, intitulada:
Audiodescripción para lãs personas com descapacidad visual. Requisitos para la
audiodescripción
y
elaboración
de
audioguías.
(Grifos
meus
site audiodescription.com http://www.audiodescripcion.com/brevehistoria.html )
No Brasil, a audiodescrição vem sendo difundida desde 2000 e começou a ser utilizada
timidamente em pequenos filmes de curta duração, chamado a atenção especificamente para o
que ocorria nas imagem dos filmes, no momento em que não havia fala ou narração
preenchendo o vazio e o silencio da cena com a descrição da imagem, do cenário, etc; depois
tem-se tentado dispor desde recurso em exposições, museus , audiodescrevendo imagens , como
na exposição arte moderna em contexto ocorrida em abril de 2005 – 1º exposição intinerante
com audiodescrição para as pessoas com deficiência visual, que passou pelos estados do Rio de
Janeiro, são Paulo, Recife e Curitiba.
Características da audiodescrição
Para fazer áudio descrição seja em estúdio seja ao vivo, temos que ter alguns recursos em
mente:
1) Conhecer bem o meu objeto de estudo, de trabalho, fazendo antecipadamente uma
pesquisa para adquirir o máximo de informações possíveis, para discorrer sobre o tem de forma
fluente a acessível a todas as pessoas.
2)
Lembrar sempre que uma forma, imagem ou situação mal descrita pode dar margem a
varias interpretações.
3)
Não se estender nas audiodescrições, para não tornar, o momento de lazer/lúdico (o filme,
peça, amostra em museu, aula) cansativo e enfadonho, porque muita audiodescrição diminui o
interesse e a atenção pelo assunto em pauta, por isso é importante uma pesquisa previa para
dosar o que se vai falar.
4) Fazer com que a audição seja um momento fantástico no qual a pessoa se sinta inserida
como participante na comunicação.
5)
Não ser redundante na audiodescrição, nem impreciso.
6) Ser ético, falando a verdade sem esconder o que realmente se passa na cena, na imagem ou
na peça porque quem precisa desse recurso está confiando no trabalho e na veracidade das
informações que o locutor/ audiodescritor transmite.
Leis que fundamentam a audiodescrição no Brasil:
No artigo 17 da LEI No 10.098, DE DEZEMBRO DE 2000 fala que:
O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras na comunicação e estabelecerá
mecanismos e alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de comunicação e
sinalização às pessoas portadoras de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação,
para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao
transporte, à cultura, ao esporte e ao lazer.
Entende-se por barreira comunicacional aquela que nem todas as pessoas têm acesso ao que se
comunica, às informações que são veiculadas para todas as pessoas, porém uma vez sendo
transmitidas apenas pela imagem exclui-se a parcela da população que por falta de um sentido,
visual , por exemplo, não tem acesso as informações escritas ou imagéticas, ocorrendo a barreira
comunicacional.
Sassaki , 2003, cita outras formas de barreiras comunicacional como:
“as sinalizações de locais (ignorando as pessoas cegas) e na não-contratação de intérpretes da
língua de sinais entre os guias de turismo e os recepcionistas nos locais de maior atração
turística” .
Já no artigo 19 da mesma lei, garante-se:
“Serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens adotarão plano de medidas técnicas com o
objetivo de permitir o uso da linguagem de sinais ou outra subtitulação, audiodescrição, para
garantir o direito de acesso à informação às pessoas portadoras de deficiência auditiva, na forma
e no prazo previstos em regulamento”.
Tal artigo só vem retomar o interesse da mesma lei em quebrar a barreira comunicacional e
despertar para a importância de se promover o acesso à informação a todas as pessoas.
Considerações:
A audiodescrição não só comunica aos deficientes visuais como também as pessoas que por
algum motivo não compreendem o conteúdo da cena, da imagem, que precisam de um tempo
maior para interpretar os fatos.
Pode ser um recurso utilizado em qualquer ambiente que tenha atendimento ao publico desde
que seja feito por uma pessoa ou esteja disponibilizado em gravação eletrônica, não foi feito
apenas para pessoas com deficiência visual, mais para todos que apreciem o vinculo de
informações pelo sentido auditivo.
Bibliografia :
Brasil, ministério da educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação
básica. SEESP, MEC, 2001.
Lacerda , cristina B. F. Questões metodológicas e pesquisa em educação especial. Cielo, 2005.
LEI No 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000. Legislação sobre áudio descrição.
Martin W. Bauer e George Gaskell Tradução: Pedrinho A. Guareschi, Petrópolis, 2003, Editora
Vozes. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som: um manual prático .
Packer, Jaclyn. The following article is published in a book entitled: New Technologies in the
Education of the Visually Handicapped (1996), edited by Dominique Burger, published by John
Libbey Eurotext, p. 103 - 107. http://www.afb.org/Section.asp?Documentid=1231
Sassaki, Romeu Kazumi. Inclusão no lazer e turismo em busca de qualidade de vida. São Paulo,
áurea editora, 2003.
Documentos na internet:
Audiodescrição: http://www.audiodescricao.com/home.htm
Audiodescripition.com – http://www.audiodescripcion.com/brevehistoria.html
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=438&id_pa
gina=1
[1] Professora da rede municipal de Olinda e Recife – PE, graduada em pedagogia pela UFPE
2006.1, especialização em educação especial pela Fundação de Ensino superior de Olinda –
Funeso 2008-9.1. *Artigo parte da monografia de especialização
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