Knowledge, management and the broader firm: strategy, advantage and performance Thomas Davenport RESUMO Por Gilson Yukio Sato Contexto histórico Novos conceitos na área de gestão normalmente são validados fora do mainstream da organização, o que possibilita que seus aspectos inovadores se destaquem. Mas isso causa ou pode causar problemas, porque é menos provável que o desempenho global da organização seja melhorado por uma iniciativa isolada da sua estratégia. Os projetos de Gestão do Conhecimento (GC) podem sofrer desse problema e ficar limitados a algumas funções ou processos. Testar a Gestão do Conhecimento fora da estratégia global da organização pode ser interessante, principalmente, enquanto não houver uma definição clara de como será a GC e como ela se desenvolverá. Além disso, pode ser difícil tentar envolver a estratégia desde o início, porque para isso é necessário envolver a alta gerência. No entanto, para que a GC cause impactos relevantes na organização é necessário integrá-la a sua estratégia. Dessa forma os objetivos estratégicos, as competências essenciais e a capacitação dos empregados podem ser modificados, causando uma melhora observável no desempenho da empresa. Embora o conhecimento e sua gestão já tenham sido relacionados com o desempenho organizacional e a estratégia no campo teórico, isso ainda não ocorre na prática. A GC ainda não entrou na estratégia das organizações. Muitas iniciativas de GC têm sido bem sucedidas, mas ainda permanecem à margem da estratégia organizacional. A GC já estabeleceu sua identidade, mas ainda é necessário relacioná-la aos principais atributos do ambiente de negócios: o desempenho do negócio, a estratégia do negócio e seus objetivos, as competências essenciais e a capacitação dos empregados. Relações possíveis entre GC e estratégia É necessário relacionar a GC com a estratégia da organização. Existem várias maneiras de relacionar ambos os conceitos. Algumas dessas maneiras são: • • • • • • O papel do conhecimento e da GC na formulação da estratégia, O conhecimento e a GC como forma de obter vantagem estratégica, O conhecimento estratégico como um domínio da GC, Competências essenciais, capacidade individual e GC, A relação entre a estratégia de GC e a estratégia da organização, O papel da GC em medir e melhorar o desempenho da organização. Existem evidências de que a relação entre GC e estratégia não existe na prática. A primeira: em poucas empresas, excetuando-se as empresas que utilizam conhecimento intensivamente (e.g. consultorias e empresas de P&D), a GC é importante para a estratégia. A segunda: geralmente as pessoas envolvidas em GC não são as mesmas pessoas envolvidas com a estratégia da empresa. As pessoas envolvidas geralmente são das áreas de TI, qualidade, biblioteca, entre outros. Pessoas nessas funções geralmente carecem de uma visão que lhes permita relacionar a GC à estratégia da organização. GC e formulação de estratégia A organização pode analisar sua atual estratégia e determinar qual conhecimento vai permitir seu sucesso ou analisar o conhecimento existente nela e especificar qual estratégia pode aproveitá-lo melhor. GC e vantagem estratégica É possível encarar a relação entre GC e estratégia analisando a questão de como o conhecimento e sua gestão podem prover vantagem estratégica. Algumas definições de GC carregam em si a questão da vantagem estratégica. O autor discorda desse tipo de definição, mas acredita que existem várias formas da GC assegurar uma vantagem estratégica. • • • • A GC pode possibilitar uma estratégia inovadora que de outra forma não seria possível. A GC pode possibilitar uma melhor execução de uma estratégia importante, mas comum ao mercado. Através da GC pode-se agregar mais conhecimento a um produto ou serviço. A utilização do conhecimento e de sua gestão podem tornar o desempenho da organização na execução de tarefas nãoestratégicas excelente. Para obter uma vantagem estratégica é necessário que a organização tenha uma idéia clara dos aspectos do negócio que podem conduzir a uma vantagem, bem como, que tipo de vantagem é procurado. Talvez o requisito mais crítico para relacionar GC e vantagem estratégica é que as pessoas que trabalham com estratégia estejam ligadas às pessoas que trabalham com GC e conheçam as oportunidades que ela pode propiciar. Conhecimento sobre estratégia como um domínio de conhecimento. A estratégia da organização não deixa de ser, entre outras coisas, um conjunto de estruturas de conhecimento. A GC pode articular esse conhecimento, mostrar como ele evolui e o que é central e o que é periférico. Competências essenciais, individual e GC capacidade Quando se relaciona conhecimento e estratégia, freqüentemente, pensa-se em conceitos de estratégia mais ligados às pessoas. A noção de competências essenciais e de capacidade está mais relacionada a o que as pessoas e as organizações sabem. No entanto, o conhecimento não é o único fator componente das competências e das capacidades. Se elas não forem desdobradas em seus componentes, não é possível saber exatamente em que grau o conhecimento está envolvido e é importante para a estratégia. Aqui, definem-se as competências essenciais como o que uma organização sabe fazer bem. Capacidades são definidas como sendo o que um indivíduo sabe como fazer bem e que podem através de recursos e gestão, tornar-se uma competência organizacional. Do ponto de vista da estratégia, é importante decidir quais são as competências e capacidades importantes. Mas, os estudos feitos na área podem ser considerados retrospectivos, uma vez que analisam casos de sucesso e neles identificam as competências e capacidades. Uma abordagem plausível é associar a visão estratégica com uma excelente operação de recursos humanos. A visão estratégica associada ao conhecimento da indústria e à intuição de mercado são as únicas formas de determinar quais competências e capacidades serão necessárias no futuro. Saber que competências e capacidade são necessárias não é o suficiente, é preciso que a organização saiba quais são as capacidades de cada pessoa e como relacionar os investimentos em recursos humanos e as habilidades e o conhecimento necessários. Estratégia do conhecimento e estratégia do negócio GC e a melhoria empresarial no desempenho Poucas empresas têm tido uma estratégia para GC, seja explicita ou implicitamente. São principalmente os gerentes de nível médio que tentam aproveitar qualquer oportunidade para gerir o conhecimento relacionado às atividades sob sua supervisão. No entanto, definir uma estratégia para GC é extremamente importante. Algumas escolhas precisam ser feitas. Nenhuma empresa pode gerir todas as formas de conhecimento igualmente bem. É preciso priorizar conhecimento tácito ou explícito, escolher os domínios de conhecimento, as etapas do processo de GC entre outras. Essas escolhas devem ser feitas com base na estratégia do negócio. As estratégias podem enfatizar o foco no consumidor, os produtos inovadores ou a excelência operacional. Não necessariamente a empresa deve criar uma estratégia de GC explícita, mas é importante que os gestores se engajem em um diálogo substancial sobre estratégia. O autor sugere que o conhecimento e sua gestão sejam incluídos nesse diálogo. Talvez, o teste definitivo de um novo conceito gerencial é se ele leva a uma melhoria no desempenho empresarial. Dentro desse contexto poucas empresas têm sido capazes de estabelecer um vínculo causal entre as atividades de GC e o desempenho da empresa, não importando como ele é medido. Estabelecer esse vínculo será sempre difícil porque muitos fatores contribuem para determinar o desempenho da organização. No entanto, é necessário convencer a alta gerência a apoiar as iniciativas de GC. Uma abordagem menos ambiciosa (do que tentar estabelecer um vínculo causal) para granjear essa credibilidade é a utilização de indicadores intermediários (Figura abaixo). Tais indicadores devem refletir algum aspecto do desempenho organizacional, que se melhorado pode levar a um melhor desempenho financeiro. A melhoria nos indicadores intermediários pode ser suficiente para provar o valor da GC em algumas organizações, mas outras podem precisar que os indicadores sejam relacionados a indicadores financeiros. Indicadores das atividades de GC Acesso ao conhecimento, sucesso de projetos de GC, crescimento das atividades Indicadores da capacidade do trabalhador do conhecimento Investimentos ou melhora nas habilidades ou expertise Indicadores de processos ou funções específicas Impacto nos processos de negócio ou nas áreas funcionais Indicadores financeiros Lucratividade aumentada, fatia de mercado, ROI, EVA e outros benefícios Inovações ou idéias Descobertas de novas oportunidades de negócios Desenvolver relações críveis entre GC e desempenho provavelmente vai requerer um investimento significativo de tempo e dinheiro. Por isso os responsáveis pela GC devem avaliar se isso é realmente necessário e suficiente para que os executivos seniores apóiem a CG. Em alguns casos, histórias de sucesso podem ser suficientes para justificar as atividades de GC. Sugestões para pesquisa As posições apresentadas no artigo são baseadas mais em lógica e suposição do que em estudo empírico, porque poucas organizações relacionam GC e estratégia de negócio. Acredita-se que os pesquisadores devem procurar juntar evidências de que a vantagem competitiva depende fundamentalmente do conhecimento que não é facilmente replicável. Algumas questões para investigação: • Em que grau os projetos de GC são consistentes com as estratégias das organizações? • Como as empresas justificam as iniciativas de GC com relação a vantagem competitiva? • • • • Como a GC mudou a dinâmica competitiva de indústrias específicas? Quais indicadores da GC são adotados pelas empresas e como é sua relação com desempenho organizacional? Outros exemplos de estratégia como conhecimento existem? E como o conhecimento é realmente gerido? Os meios, práticos, pelos quais a GC afeta a formulação da estratégia? Esse tipo de pesquisa precisaria ser feito em campo e deve provavelmente envolver métodos participativos e etnográficos. Será mais útil obter informações mais detalhadas de uma empresa do que poucas informações de muitas empresas, porque a relação entre GC e estratégia pode variar consideravelmente entre empresas. Essas pesquisas devem ser levadas a cabo tanto por acadêmicos quanto por economistas, mas também por pesquisadores com formação e experiência na área de ciências sociais e comportamentais. Referência Completa: Davenport, T. H. (1999). Knowledge Management and the Broad Firm: Strategy, Advantage and Performance. In J. Liebowitz (Ed.), Knowledge Management Handbook (pp. 2-1 2-11). Boca Raton: CRC Press.