REICH E NIETZSCHE:
PROBLEMATIZANDO O TRINÔMIO CORPO-MENTE-SOCIEDADE
Marcus Vinicius Câmara*
RESUMO
Este trabalho objetiva a complexização do trinômio corpo-mente-sociedade,
através das óticas reichiana e nietzscheana. Ao longo deste artigo configura-se um
território que assinala semelhanças e diferenças entre estas duas perspectivas. Este lugar
é constituído de limiares entre: a consciência e a inconsciência; o holismo e a
fragmentação; a auto-regulação e a potência; o moralismo, a condição social e a
estrutura de caráter; as redes de saber/poder e a construção de novas ciências, entre
outros.
Com a construção destes espaços de mediação busca-se não só concorrer para o
desenvolvimento do estudo das respectivas Obras, como também, provocar novas
digressões.
ABSTRACT
In this paper we propose to think over the complex body-mind-society starting
up from Reich’s and Nietzsche’s perspectives. Throughout the text a territory is made
up establishing similarities and differences between these two theories and discussing
the boundaries between: conscience and unconsciousness; holism and fragmentation;
self-regulation and potency; moralism, social condition and characterological structure;
knowledge/power nets and the construction of new sciences; among others.
In building up these mediation spaces we intend to contribute to development on
both theories as well as to the raising up of new digressions.
“Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão.”
(Caetano Veloso)
*
Psicoterapeuta Corporal e Doutor em Psicologia (UFRJ). Autor do livro “Reich: o descaminho
necessário. Introdução à clínica e à política reichianas” (Sette Letras, 1999) e co-autor dos livros “Reich,
o Corpo e a Clínica” (Summus, 2000) e “Reich contemporâneo: Perspectivas Clínicas e Sociais” (Sette
Letras, 1998). Também é co-autor do número especial da “Arquivos Brasileiros de Psicologia” (Imago,
1997) sobre o centenário de Reich.
2
Introdução
São temas reichianos: o inconsciente, a condição social, a religião, o
autoritarismo, o caráter, o corpo, a estrutura, a sexualidade, a couraça, a consciência, a
pulsação vital, o reflexo do orgasmo, a energia, a auto-regulação e a democracia do
trabalho. São estudos da obra de Nietzsche (1844-1900): o inconsciente, a condição
social, a religião, o moralismo, o eterno retorno, o devir, a consciência, o desejo, a
verdade, a vontade de potência, o anarquismo, o fomento da aliança entre ciência, arte,
literatura e sua filosofia não-sistematizada, irracional – privilégio dos sentidos – e de
aforismos. Sendo assim, a relação corpo-mente-sociedade é uma das sínteses possíveis
que fundamentam a possibilidade de problematização da construção espiralada
composta por Reich (1897-1957) e Nietzsche.
Aspectos continuístas, pontos de ruptura, bordas de tenro contato e de atrito.
Tanto Reich quanto Nietzsche produziram um espaço para além da consciência.
Igualmente partiram da superfície, do limiar entre psique, soma, socius, ou seja, do
sentido, para chegarem ao inconsciente e de lá retornarem ao consciente. Ambos
constituíram espaços de mediação entre diversos saberes. Da mesma forma, buscaram a
reintegração do animal ao homem: a necessidade e a “inocência” do animal e da criança.
Condenaram a civilização que afastou o homem de sua animalidade (não confundir com
redução do homem ao animal). Propuseram um homem que combatesse a disciplina
autoritária e a subjugação. Explodiram o “Zé Ninguém” e a mediocridade.
Desmistificaram a inspiração dos céus e a substituíram por esforço e trabalho terrenos.
Os dois inventaram novas ciências, foram anarquistas, cada qual à sua maneira, e
finalmente morreram loucos, sozinhos e solitários – ou será que não?
Nietzsche arrebentou com a consciência moral, relativizou o bem e o mal e
inverteu valores. Ele produziu um saber não-sistemático, amorfo. Reich, ao contrário,
estruturou o conhecimento. O primeiro enunciou que nada existe de forma igual, tudo
está em movimento, tudo é diferente, pois há somente semelhanças e não objetos iguais.
Assim, somente há verdades históricas. O segundo “descobriu” a “verdade absoluta”, o
“elemento universal”, o orgônio. Houve um tempo em que o pensamento de Reich era
pautado na dialética; Nietzsche rompeu com a dialética, criando a noção do “novo”
3
atrelada à de desejo, que não é balizado entre um pólo e outro: é a irrupção do
inesperado. Quando Reich propôs uma força natural na direção da auto-regulação,
tomou um rumo diferente do que Nietzsche havia feito: para o último, o homem não
busca o equilíbrio, mas ter mais potência. Se Reich era francamente otimista, Nietzsche,
por um lado, também o foi ao saudar a vida, mas, por outro, observou a morte à espreita
dos atos. Caos e vida são elementos nietzscheanos; caos como não-vida é a equação
reichiana.
No entanto, a permear tudo isto, como ponto de confluência, está o movimento, a
fluidez na concepção de Reich sobre a vida e está o eterno retorno do diferente – o devir
da filosofia de Nietzsche. É neste cruzamento, que a inquietude dos espíritos, em suas
singularidades, trafegam. Ali, como diz o poeta, o tempo não pára. E é a partir deste
espaço que é gerado o objetivo deste trabalho: favorecer digressões e novas produções
onde se estabeleçam relações entre as teorias de Reich e de Nietzsche. Para isto, optouse por realizar três cortes na Obra de Reich e por utilizar como instrumento básico de
corte a ferramenta nietzscheana.
I – Primeira incisão
Quando Reich1, ainda era psicanalista e, logo a seguir, marxista, assinalava o
quanto o inconsciente e a condição social eram responsáveis pela conduta humana.
Nesta mesma direção, Nietzsche2 enaltecia a desrazão, o irracional e fustigava a
estrutura social, questionando-a e, freqüentemente, invertendo valores tradicionais.
Entretanto, se Nietzsche3 propunha a criação do espírito livre e o compreendia como
resultante de inúmeros matizes, para Reich, marxista, o homem é produto sóciohistórico.
Que se faça arte e não religião institucionalizada é o mote de Nietzsche. Mas não
é de qualquer arte que ele fala; apela à arte leve, fluida, gozadora. Espírito e arte livres,
1
Materialismo Dialético e Psicanálise, 1929-1983*.
* Nas obras citadas, a primeira data refere-se ao escrito ou à publicação original, a segunda à edição
referida.
2
A Gaia Ciência, 1882-s/d, 3a ed.
3
Genealogia da Moral, 1887-1991.
4
para Nietzsche4, são insubordinados: vêem poesia na vida. No entanto, Nietzsche
percebe a liberdade configurada por um agrupamento de forças. Relações que
questionam a existência das “coisas em si”: só há coisas em relação. Batem na mesma
tecla Nietzsche e Reich: religião institucionalizada e subordinação caminham de mãos
dadas. De acordo com Reich5, a religião produz indivíduos rígidos, autoritários e
submissos ao propor a renúncia aos desejos, ao incentivar a libertação através de uma
figura mítica e a obediência dogmática. Segundo Nietzsche6, o sexual e o natural são
colocados sob suspeita pelo religioso. A noção de pecado traz impotência ao homem
comum e subserviência deste aos religiosos e dominadores. Mas como silenciar as
misérias afetiva e social? Simples – com promessas de uma vida recompensadora após a
morte.
Nietzsche7, através de seu personagem, Zaratustra, é inventor. Filosofia, arte,
ciência e literatura devem seguir a linha de arrebatamento, da fantasia, da intuição, do
desejo. Devem partir tábuas de valores tradicionais. Nietzsche, assim como Reich8,
denunciam o opulento fútil, o Zé Ninguém. Ambos os autores enaltecem o camponês, o
operário, o ofício do trabalhador (o “ser superior” de Nietzsche) e criticam a nobreza, o
dominador (o “ser inferior” de Nietzsche). Em que pese Reich e Nietzsche privilegiarem
a intensidade, o sentido, os vôos incontidos em detrimento do racionalismo, só o fazem,
não para negá-lo peremptoriamente, mas para contrabalançar seu peso. Na verdade, os
dois autores compõem razão e desrazão, consciente e inconsciente de forma magistral
nas suas singularidades de pensadores.
II – Segunda incisão
Reich, enquanto analista de caráter9 e, mais tarde, vegetoterapeuta10, percebia o
homem sob uma perspectiva unitária. A importância dada ao inconsciente foi somada a
do aspecto corporal, e assim mente e corpo transformaram-se em corpomente, uma
4
Humano, demasiadamente humano, 1878-1997.
Psicologia de Massas do Fascismo, 1934-1988.
6
Op. cit., 1878-1997.
7
Assim falou Zaratustra, 1884-1977.
8
Escuta Zé Ninguém!, 1948-1982.
9
Reich, W. Análisis del Caráter, 1933-1997.
10
Reich, W. A Função do Orgasmo, 1942-1984.
5
5
unidade cortada pelo social. Sob outra ótica, Nietzsche11 se aliava ao conceito de caos,
anarquia de forças regentes do universo, produtora de multiplicidades em profusão a
bailarem no universo. De acordo com Nietzsche12, tudo é máscara, não há unidade do
eu, pois se é muitos; não há todo, somente múltiplos.
O parceiro de Reich, vegetoterapeuta, que busca o homem-animal, é Apolo, o
corpo como escultura, o corpo concreto; o de Nietzsche é Dionísio, o corpo abstrato,
sem contornos, que escapa a todo momento, o corpo em transformação. Quando
Nietzsche13 se refere ao eterno retorno, este só pode ser o do diferente, da transmutação,
da metamorfose. Isto faz Nietzsche se afastar de Reich, vegetoterapeuta, que busca o
que há de essência-animal no homem. O autor deste artigo crê que, no processo
psicoterápico, se deve objetivar menos o animal interior no homem – isto seria uma
redução biológica – e mais integrar aspectos dos animais ao homem. Nesta direção,
reconhece que Reich orgonomista e orgonoterapeuta – a ser abordado na seção seguinte
–, procura menos o homem apolíneo e mais o dionisíaco – fluxo constante.
Segundo Reich a força vital impele o homem a pulsar, contração e expansão
contínuas. Já Nietzsche discorre sobre o movimento da vida estar ancorado no desejo de
potência. Enquanto Reich busca um princípio de funcionamento comum – PFC – um
movimento pulsátil essencial (carga-tensão-descarga-relaxamento), denominado curva
orgástica – o que de certa forma se presta a uma estereotipia –, Nietzsche inventa
entregas, rendições que podem variar em função dos contextos sociais, políticos,
sociais, históricos; são gozos poéticos, inebriantes como seus aforismos.
A análise caractero-vegetativa, proposta por Reich, está fundamentada no
método funcionalista-dialético. O funcionalismo, por sua vez, é composto por duas
idéias-chave: o movimento e a função14 como determinante. Com relação à noção de
11
Vontade de Potência, 1887-s/d.
Idem.
13
Op. cit., 1884-1977.
14
Pode-se conceituar função como estar a serviço de algo. Por exemplo: a boca serve para ingerir os
alimentos, o ânus para expelir os excrementos, ou seja, a função é determinante, possui um fim
predeterminado. Deste modo, o funcionalismo – respaldado na idéia de função – pode empobrecer e/ou
reduzir a complexidade humana à organização biológica. No referido exemplo, sem negar a especificidade
das funções biológicas da boca e do ânus, sabe-se que estas partes do corpo executam ações sexuais,
afetivas etc., isto é, agem articuladas ao desejo, à cultura, à sociedade, à história. Portanto, é um mosaico
12
6
movimento, este faz aproximar Reich de Nietzsche, entretanto, o segundo componente,
ou seja, função como determinante – a direção a um fim predeterminado, faz Reich se
afastar de Nietzsche, já que para este, nada se repete, só há repetição, como já foi dito
anteriormente, do diferente – inovação permanente. Além disso, o método formulado
por Reich ainda engloba o conceito de dialética. De modo semelhante, pode-se
compreender que a noção de dialética, por seu turno, é constituída por duas idéias-força:
movimento e deslocamento através de antíteses. O elemento movimento, como já
observado anteriormente, não cinde Reich e Nietzsche, mas o segundo elemento, ou
seja, o deslocamento através das antíteses ou de um pólo complementar ao outro
(dialético) – sob a ótica nietzscheana – cristalizaria o movimento, imobilizaria o
surgimento do inesperado, do novo.
III – Terceira incisão
Nos anos quarenta, Reich15 nota que a energia pesquisada por ele não é somente
uma bioenergia – energia da vida – mas que compõe objetos inanimados, os circunda e
por fim, Reich afirma que ela é uma energia primordial e universal – energia orgone.
Esta pressupõe uma visão de integração, de conexão entre elementos que constituem um
uno. Reich16, então, produz uma nova ciência: a Orgonomia, cujo método é o
funcionalismo orgonômico, ou seja, correntes energéticas, organismos e campos
orgonóticos que têm a função de caminhar na direção da fusão orgonótica. Como já
observamos neste artigo, o caráter funcional, o privilégio da função, a busca de um fim
previamente determinado em Reich, são confrontados pelas noções de acaso e infinito
em Nietzsche17. O conceito de acaso em Nietzsche nega a direção predeterminada em
Reich. A idéia de infinito é contrária ao conceito orgonômico de fusão-fim a ser
alcançada.
humano de diferentes aspectos que vai produzir esta ou aquela ação. Reich estabelece metas
predeterminadas tanto na fase vegetoterapêutica: o organismo busca a descarga, o orgasmo, como
mantenedor da saúde; quanto na fase orgonoterapêutica: o organismo procura a auto-regulação através da
fusão orgonótica e, assim fazendo, Reich se fecha à possibilidade do inusitado.
15
La Biopatia del Cáncer, 1948-1985.
16
Ether, God and Devil and Cosmic Superimposition, 1951-1979.
17
Op. cit., 1882-s/d.
7
Reich18, orgonoterapeuta, constrói como meta terapêutica a auto-regulação, a
busca da autonomia via equilíbrio carga-descarga, entrega e integração ao cosmos, ao
uno. Já Nietzsche não quer o elo com a integração, o uno, porém com o fragmento, o
eterno retorno do diferente19. Se Reich almeja a auto-regulação, Nietzsche20 afirma a
vontade de potência, um desequilíbrio constante. O que é integração em Reich, é ruptura
em Nietzsche21. Para este, a vida não quer o bem estar, a felicidade; ela quer plus do ser,
quer se superar – vontade de potência, quer criar, vida é desejo.
No entanto, quando a perspectiva é social, Reich e Nietzsche, caminham lado a
lado, almas anarquistas22, a bombardear o Estado e o poder econômico, a defender o
oprimido e lutar por justiça. O que vale é o sentido do humano e aqui Reich e Nietzsche
novamente se encontram na democracia do trabalho (autogestão social) reichiana e na
ode ao camponês de Nietzsche23:
“Antes (...) viver entre eremitas e pastores de
cabras do que com a nossa plebe revestida de
ouro (...). Ainda que se chamem nobreza (...) é
falsa e podre. Prefiro um camponês sadio,
grosseiro (...) obstinado e resistente: é essa (...)
a espécie mais nobre (...), o modo de ser
camponês deveria prevalecer a qualquer outro!
Mas o que existe é o reino da plebe.”
Considerações Finais
De acordo com Reich, a vida é força na direção da construção e está ancorada na
animalidade intrínseca ao homem. Ele procura a essência cósmica, o núcleo biológico, o
self, a autenticidade.
A ciência criada por Reich quebra paradigmas tradicionais. A energia é a raiz de
tudo que há. Entretanto, baseando-se em Guattari24se poderia questionar: isto não seria
uma redução ao ponto de vista energético? Não haveria toda uma multiplicidade de
18
Op. cit., 1951-1979.
Deleuze, G. Nietzsche, 1965-1994.
20
Op. cit., 1887-s/d.
21
Op. cit., 1884-1977.
22
Embora Reich não gostasse deste termo.
23
Op. cit., 1884-1997, p. 248.
24
Revolução Molecular, 1977-1987.
19
8
fluxos energéticos, de signos, de códigos, a ser revelada? Por outro lado, a Orgonomia
tem seu viés subversivo, ela é uma ciência do “entre”, ela desliza pelas bordas, não é
capturada pelas ciências tradicionais e exige novas referências.
A vida é fluidez e contenção. Como a maioria dos sistemas sócio-políticos são
repressivos, a mediocridade impera. São estruturas cristalizadas, estereotipadas, todas a
seguir o mesmo padrão. O terapeuta, então, neste caso, deve ir no contra-fluxo, valorizar
a marca, o estilo, a singularidade.
Reich, vegetoterapeuta, se alinha a Apolo. Reich, orgonoterapeuta, é menos
apolíneo e mais dionisíaco. Quando se trata de orgone não há limites: energia que
constitui tudo e todos e que envolve tudo e todos, somente há superposições. São
conexões e mais conexões a formar uma rede que compõe o uno. Reich é antecipador do
pensamento emergente contemporâneo.
Reich cria uma ciência da interzona, mas a aprisiona em um método com
finalidade predeterminada (funcionalismo orgonômico). Os princípios da Orgonomia
aplicados à terapia transformam, esta última, em orgonoterapia, que busca a autoregulação. A auto-regulação dos homens leva à autogestão social, é a equação reichiana.
Segundo Nietzsche, a vida é produção de máscaras, de múltiplos possíveis. Ele
denuncia, por exemplo, o quanto a caridade é um subterfúgio que conserva a autoestima de quem é caridoso e mantém o sentimento de inferioridade de quem a recebe.
Não existe autenticidade, somente há execução de papéis.
Nietzsche é detentor de uma prosa poética, linguagem pautada nos aforismos
transgressores. Ele pleiteia uma ciência alegre, ancorada na arte e na filosofia. Nietzsche
é um proponente tão revolucionário quanto Reich e sua Orgonomia. Nietzsche instiga o
ser a produzir dança, mas um bailado despregado da rotulação, da etiqueta. O dançarino
inovador (Zaratustra) de Nietzsche pode ser o orgonoterapeuta de Reich.
A construção do diferente e a observação de um retorno que só acontece na
produção da diferença são temas nietzscheanos. E, neste sentido, Nietzsche não busca,
9
como Reich, o uno, ser da identidade, mas o unívoco, ser da diferença. O unívoco não é
a prevalência do si mesmo, porém da invocação do status de coletivo, da conjunção de
diferentes, da aliança de singularidades.
Nietzsche, de forma semelhante a Reich, defende uma jovial ciência, deslocada
dos parâmetros rígidos da ciência ortodoxa. Deve estar associada à arte, à literatura e à
filosofia e privilegiar a vontade de potência, aquilo que quer mais na vontade, o desejo.
O reconhecimento da potência no homem leva ao coletivo de super-homens. Esta é a
resolução nietzscheana.
A limitação deste trabalho é imposta pela ótica e lugar ocupado pelo autor.
Espera-se que a partir deste escrito, muitos outros advenham e se somem a alguns
ensaios e monografias já produzidos que, infelizmente pela total impossibilidade de
tempo e espaço, não puderam aqui ser abordados. De qualquer modo, críticas e novas
digressões são esperadas neste caminho espiralado entre Reich e Nietzsche.
10
Referências bibliográficas
DELEUZE, Gilles. Nietzsche. Lisboa: Edições 70, 1994.
GUATTARI, Felix. Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo. São Paulo:
Brasiliense, 1987.
NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1977.
___________________. A Gaia Ciência. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.
___________________. Genealogia da Moral. São Paulo: Moraes, 1991.
___________________. Humano, Demasiadamente Humano. Lisboa: Relógio D’Água,
1997.
___________________. Vontade de Potência. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d.
REICH, Wilhelm. A Função do Orgasmo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
______________. Análisis del Carácter. Barcelona: Paidós, 1997.
______________. Escuta, Zé Ninguém! Lisboa: Dom Quixote, 1982.
______________. Ether, God and Devil and Cosmic Superimposition. New York:
Farrar, Straus and Giroux, 1979.
______________. La Biopatia del Cáncer. Buenos Aires: Nueva Vision, 1985.
______________. Materialismo Dialético e Psicanálise. Lisboa: Presença, 1983.
______________. Psicologia de Massas do Fascismo. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
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