ESTRATÉGIA E IDENTIDADE ORGANIZACIONAL: UMA APROXIMAÇÃO MAIS QUE CONCEITUAL Solange Barbosa – PPAD/PUCPR Claudine Cesar – FAI Resumo Neste ensaio, a tentativa de aproximação entre os conceitos de identidade e estratégia organizacional tem por objetivo buscar esclarecer a influência que esses elementos da dinâmica organizacional e sua relação têm sobre o desempenho e sobre o processo de formulação estratégica nas organizações. Muitas questões surgem a partir da discussão da importância da definição de uma estratégia focada em competências centrais e outras mais aparecem quando propõe-se a identificação da imagem corporativa e dos significados internos para orientar o posicionamento estratégico, mas, afinal de contas, o que vem antes: a estratégia ou a identidade? Como a identidade organizacional tem servido de apoio para o posicionamento estratégico empresarial e como a estratégia tem servido de substrato para a definição da identidade organizacional? Essas e outras questões relacionadas aos dois construc tos serviram de tema para a presente discussão. Introdução Ao tentar-se uma aproximação entre os dois elementos talvez mais importantes para a gestão empresarial, identidade e estratégia organizacional, várias questões surgem à mente. Que relação poderia ser traçada entre os dois conceitos que ultrapassasse os limites da discussão conceitual e permitisse a resposta a problemas práticos como as dificuldades operacionais encontradas no processo de mudança organizacional e de reorientação estratégica? Influências da identidade sobre a competitividade organizacional e seus efeitos específicos nas ações estratégicas também são discussões relevantes a serem trabalhadas contudo antes de mais nada é preciso responder a duas questões importantes. A primeira delas, talvez mais pertinente quando buscamos o relacionamento entre os conceitos, está no insistente dilema: seria a identidade um resultado da estratégia organizacional ou a estratégia é que se apresentaria como o reflexo da identidade? A resposta, no entanto, não é tão simples de se obter. Existem várias indagações envolvidas que somente a partir do seu esclarecimento é que será possível buscar a solução para tal dilema. Em primeiro lugar, se é a identidade a responsável pelo direcionamento da organização ao indicar aos estrategistas o caminho a seguir, isso significa que o sucesso da estratégia organizacional passa a estar dependente da consciência clara da organização a respeito do que ela é, do que ela quer e do que ela tem. No entanto resta saber se é possível que a organização não tenha consciência do ser mas ainda assim tenha a estratégia sendo delineada pela sua identidade. Por outro lado, se é a estratégia a base para a formação da identidade da organização ao definir o seu campo e modo de atuação e, por conseguinte, seus princípios e objetivos norteadores, a organização precisa ter uma ação eficiente na disseminação dos seus objetivos e planos entre os membros para que esses possam incorporar o sentido e o significado que ela busca ter de si por meio da estratégia. Entretanto, se não houver a incorporação do propósito organizacional por seus membros ou, ainda, se os estrategistas não tiverem uma clara definição desse propósito, a identidade organizacional sofrerá descontinuidades tais em sua construção que poderão fazê-la desviar-se da estratégia. 2 A partir desse dilema surge a segunda importante questão a ser respondida. Seria possível afirmar que uma organização sem uma estratégia bem definida está em crise de identidade? Poderia ser dito que uma organização nessas condições não possui identidade ou é justamente o comportamento reativo o que representa a sua identidade? Na tentativa de buscar algumas respostas a tantas indagações construiu-se o propósito deste artigo. O relacionamento entre a literatura existente sobre identidade e estratégia organizacional será a chave para a busca de indicações para a solução de alguns problemas organizacionais como os resultantes da incongruência entre a estratégia organizacional e sua estrutura e outros concernentes à falta de aderência dos membros organizacionais aos seus objetivos estratégicos. Identidade organizacional: a consciência de si Identidade organizacional, segundo Albert e Whetten (1985), compreende as crenças e valores compartilhados pelos membros sobre o que é central, distintivo e duradouro na organização. O caráter central aponta as características vistas como a essência da organização. O caráter distintivo ressalta os elementos capazes de distinguir uma organização das outras com as quais poderia ser comparada. O caráter de continuidade temporal destaca as características estáveis, permanentes, duradouras no tempo. A identidade é o meio através do qual os membros organizacionais dão sentido ao que fazem de acordo com as regras gerais da organização. As pessoas na organização constroem o significado de suas ações com base na intermediação de um conjunto de crenças atribuídas como identidades. As identidades refletem como indivíduos e grupo definem o que fazem em relação ao seu entendimento sobre o que é a organização da qual fazem parte. Identidades, então, representariam aspectos da cultura traduzidos a determinado contexto (Fiol, 1991; Nogueira, 2000). Identidade organizacional é o aspecto culturalmente arraigado de fazer sentido, de ver claramente a si próprio. Ela define quem nós somos em relação ao sistema social mais amplo no qual estamos inseridos. A identidade é afetada pela cultura organizacional e por outros sistemas de significado com os quais ela interage. Nesse sentido, enquanto a cultura provê o conjunto de regras que definem um sistema social, a identidade provê o entendimento dessas no contexto em que elas atuam, ou seja, as pessoas compreendem as regras de acordo com um sistema social mais amplo (Fiol, Hatch e Golden-Biddle, 1998). Para Albert e Whetten (1985) as principais questões em torno da identidade da organização são: "Quem nós somos?"; "Em que tipo de negócio nós atuamos?"; "O que nós queremos ser?"; entre outras. A identidade pode estar refletida em valores e crenças compartilhados, na missão, na estrutura e processos, nos objetivos, no clima organizacional, entre outros. Em termos organizacionais, a identidade é o aspecto mais forte da cultura, o mais saliente, o mais arraigado (Ashforth apud Ashforth e Mael, 1989). De acordo com Bretas Pereira (1988, p. 20), o que torna uma organização única e ímpar são suas maneiras peculiares de agir e de acreditar, pois a cultura organizacional indica a relação dos valores e crenças. “O caráter ou identidade é a marca que a diferencia de todas as outras. Somente ao tornar-se infundida de valor, a organização adquire uma identidade”. A identidade organizacional diferencia uma organização de outra, conferindo- lhe unicidade. Neste sentido, Ashforth e Mael (1989) apontam-na como aspecto positivo, porquanto isto está implícito no entendimento dos gerentes, mas acaba atraindo reconhecimento e lealdade por parte de seus membros e por parte de clientes e fornecedores, entre outros. Essa distinção reforça o nome da organização, sua marca, lema e assim por diante. Mas este aspecto está mais ligado à imagem externa da organização. 3 A forma como a organização vê a si mesma, sua autopercepção, está ligada à visão de seus membros, às representações cognitivas que eles têm da organização (Albert e Whetten, 1985; Dutton, Dukerich e Harquail, 1994; Caldas e Wood Jr., 1997). A identidade desempenha o papel de interligar o entendimento que as pessoas têm de seu próprio comportamento e o sistema cultural em que ocorrem - a organização (Fiol, 1991). "Assim, a identidade organizacional ou coletiva provê o contexto no qual o comportamento é relacionado às regras que lhes dão sentido e significado" (Nogueira, 2000, p. 91). Estratégia organizacional: a orientação para o agir Existem muitas definições para estratégia, entretanto algumas parecem ecoar com mais intensidade no vocabulário e ações gerais, notadamente pelo fato de carregarem em si os preceitos das escolas mais influentes no estudo da administração estratégica (Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, 2000). Para Child (1997, p.48), estratégico é “um termo usado para demonstrar a questão de importância para uma organização como um todo, particularmente os entendimentos sobre sua habilidade para prosperar dentro de um ambiente onde se enfrenta a competição e precisase manter a credibilidade. Está estreitamente relacionado à idéia de estratagema, que é a maneira pela qual se procura concluir um objetivo em interação com [outros] ou contra outros”. De qualquer modo, o modelo de análise de escolha estratégica formulado por Child (1997) propõe que sejam levadas em conta as perspectivas tanto objetivas quanto subjetivas do ambiente organizacional. O autor entende que os estrategistas ou dirigentes não estão apenas submetidos à avaliação das relações e transações impessoais e técnicas da clássica análise de mercado, mas estão sujeitos também à avaliação de outros tipos de relações e padrões de conduta institucionalizados e compartilhados por pessoas, dentro e fora dos limites organizacionais. “O ambiente contém certas dimensões culturais e relacionais em adição às variáveis técnicas e mercadológicas identificadas respectivamente pelas contingências estratégicas e teorias econômicas” (p.55). Segundo MacCrimmon (1993) estratégias não são apenas conjuntos de ações coordenadas para o alcance de objetivos. Estratégias são ações coordenadas que envolvem um contexto, ou seja, espaço e tempo, e estão condicionadas às condições ambientais que são as ações de outros agentes e as várias interações que existem entre essas ações. Segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), qualquer que seja a definição adotada, sempre haverá pontos positivos e negativos. As diferentes abordagens carregam consigo limitações associadas às suas vantagens. Por exemplo, utilizar a estratégia como mecanismo para definir e fixar uma direção a ser seguida pela organização pode ser vantajoso à medida que se elimina a possibilidade de se ter um conjunto de pessoas e processos desarticulados, correndo para inúmeros lados, sem objetivo fixo ou ponto a ser atingido. Por outro lado, isso pode ser problemático, à medida que impede uma visão mais ampla dos perigos e vantagens que cercam a organização - um itinerário fixo impede a observância de caminhos laterais e as mudanças que estão ocorrendo no ambiente. Utilizar a estratégia como meio de focalizar esforços apresenta vantagens a partir do momento que concentra os esforços individuais em objetivos comuns, impedindo o caos e conflito. Ainda assim, a visão periférica também poderá ser prejudicada e o pensamento grupal estar altamente incorporado, ao ponto de ignorarem-se procedimentos alternativos e vantajosos. Ver a estratégia como um mecanismo que provê consistência pode se apresentar positivo quando permite promover ordem e facilitar a compreensão do sistema por suas 4 partes; no entanto isso representa um problema quando se enfatiza demais a estratégia e se começa a ignorar a realidade. O perigo está em se esquecer que as estratégias, como as teorias, são apenas esquemas simplificados para se lidar com a realidade e que devem servir apenas de auxílio, porque podem distorcê- la ou apenas mostrar aspectos dela e não a realidade completa. Chafee (1985) definiu três abordagens diferentes de estratégia: o modelo linear, o modelo adaptativo e o modelo interpretativo. No modelo linear, a estratégia representa o conjunto de ações e decisões voltadas ao alcance de metas e objetivos organizacionais no ambiente. As mudanças nas ligações e posicionamentos que a organização pode efetuar nesse ambiente é que permitirão a concretização de seus objetivos. O modelo interpretativo, por seu turno, aponta para o jogo de relações interorganizacionais que culminam na construção e reconstrução dos elementos ambientais. Sob este enfoque, a realidade é fruto da construção social e a própria organização resulta de um contrato social. Já o modelo adaptativo sugere que a organização se orienta entre as condições internas e externas, efetuando uma espécie de equilíbrio de forças que comporão alinhamentos satisfatórios entre riscos e oportunidades ambientais e capacidades organizacionais. Nessa perspectiva a organização estará dando maior ênfase ao processo de experimentação ao se deixar levar pelas demandas do ambiente mais que à sua própria vontade e determinação objetiva de sentido. O olhar sobre as capacidades internas se dará apenas com o objetivo de buscar o suporte para atender às demandas do mercado e não para a definição de um posicionamento dirigido a priori. Daft e Weick (1984) sugerem que os dirigentes, posicionados em nível estratégico da organização, são os responsáveis pela leitura e interpretação dos contextos e condições ambientais que a cercam. Entender como as organizações se posicionam e respondem aos estímulos ambientais é entender como esses dirigentes observam e interpretam as informações que circulam ao seu redor. O modo como vão observar, interpretar e agir em face do ambiente depende do conjunto de crenças, valores e padrões legitimados pelo tempo e experiência. Tais elementos constituem a base de referência guia para as suas ações e para as suas avaliações do que é considerado certo, coerente e praticável (Hinings e Greenwood, 1989; Machado-da-Silva, Fonseca e Fernandes, 1999). As relações observadas entre as organizações demonstram que os atores organizacionais passam uma boa parte do tempo tendo de tomar decisões individuais no ambiente; entretanto algumas propriedades ambientais reforçam a importância das interações sociais, internamente e com seus contatos externos, o que explicita os mecanismos institucionais de adequação e resposta às demandas ambientais (Child, 1997). Diante dessa abordagem, entende-se que os dirigentes situados em níveis estratégicos têm em seu papel extrema importância como definidores de comportamento e estrutura organizacionais por meio do processo de interpretação do ambiente e da análise das condições contextuais internas. Sendo assim, torna-se necessário introduzir na análise corrente o conceito de esquemas interpretativos. Segundo Hinings e Greenwood (1989), esquemas interpretativos são conjuntos de crenças, valores e idéias que orientam as decisões organizacionais, determinando o que a organização faz e como ela faz, além de orientar os julgamentos de valor relacionados ao processo de interpretação. Em outras palavras, é o conjunto de conhecimentos nos quais se baseiam as decisões a respeito do que é ou não importante para a organização; servem de aparato para a interpretação, tomada de decisão e julgamento de valor. De acordo com Machado-da-Silva e Fonseca (1993) “os esquemas interpretativos são os pressupostos resultantes da elaboração e arquivamento mental da percepção de objetos dispostos na realidade, que operam como quadros de referência, compartilhados e 5 freqüentemente implícitos, de eventos e comportamentos apresentados pelos agentes organizacionais em diversas situações” (p.150). Barr (1998) defende que se os esquemas de crenças organizacionais não mudam para se adaptarem às mudanças no ambiente competitivo, a necessidade de mudanças estratégicas não são percebidas, o que pode afetar o desempenho orga nizacional. Assim, a mudança estratégica deve provir de uma adaptação dos esquemas interpretativos dos dirigentes e estrategistas às mudanças ambientais pela adição de novas crenças e valores, de modo que seja possível perceber a necessidade de reorientação estratégica. Bartunek (1984) admite que os eventos ambientais apresentam novas perspectivas para o desenvolvimento das estruturas e processos organizacionais, mas aponta que os esquemas interpretativos e a estrutura interagem para reduzir os impactos do ambiente. O primeiro dilema: quando a estratégia define a identidade e quando a identidade define a estratégia A estratégia pode definir a identidade quando direciona as ações e crenças sobre si mesma para uma determinada direção. A estratégia pode, neste sentido, originar dois tipos de identidade, conforme Stimpert, Gustafson e Sarason (1998) esclarecem, a partir da clareza com que os significados são passados aos membros e da forma como a missão e visão organizacionais são apresentadas aos seus membros. Uma delas é a identidade concreta (Stimpert, Gustafson e Sarason, 1998), originada a partir de uma estratégia que define clara e objetivamente, em termos de produtos, forma de ação e espaço de competição, o que a organização faz. Por exemplo, uma organização que decide competir na indústria alimentícia por meio da produção e comercialização de alimentos dietéticos congelados permite aos seus membros e ao meio externo identificá- la como uma empresa de congelados dietéticos. Entretanto, se a mesma organização definir sua estratégia a partir da imagem que ela pretende ter no mercado antes de definir objetivamente o que ela vai fazer, estará desenvolvendo espaço para a criação do que Stimpert, Gustafson e Sarason (1998) chamam de identidade abstrata. Neste caso, a organização estaria definindo sua estratégia a partir de uma visão mais ampla que lhe identificaria no mercado como uma empresa de produtos saudáveis e práticos. Essa estratégia sem foco especificado ou, se pode se dizer, mais abrangente abriria espaço a múltiplas interpretações do que seriam alimentos saudáveis e práticos e isso daria margem à formação de uma identidade mais vaga no sentido em que seus membros não têm uma idéia tão clara e compartilhada do que a organização é, o que interferiria na compreensão do seu propósito. A diferença na prática entre os dois tipos de identidade está em sua origem e utilidade. Para a criação de uma identidade concreta a organização precisaria estar segmentando o mercado em termos de produtos e serviços a serem oferecidos ou em então definindo seu posicionamento estratégico com base em competências e atributos visíveis em sua estrutura para que os significados pudessem ser criados a partir de elementos concretos. Uma identidade concreta viabiliza a aderência facilitada dos membros organizacionais aos projetos e ações necessários à realização da estratégia de competição da organização além de orientá- la a respeito dos limites e oportunidades para a mudança e reorientação estratégica. Já a criação de uma identidade abstrata resultaria da definição de uma estratégia calçada em uma visão baseada mais em termos da imagem a ser difundida no mercado do que dos produtos e serviços a serem ofertados. Nesse sentido, o escopo de ação para essa organização se torna mais amp lo e a possibilidade de mudança e reorientação estratégica mais simplificada à medida que os significados a respeito do que a organização é e faz não é tão 6 objetivo e permite uma variedade de interpretações; contudo uma idéia ampla do que a organização é pode dar mais espaço para a desorientação interna e para a criação, nos diferentes níveis organizacionais, de projetos e intenções estratégicas paralelas e, muitas vezes, incoerentes com a estratégia de competição idealizada pelos dirigentes ou estrategistas. Esse comportamento foi criticado por Levitt (1990) e denominado miopia de marketing. Nesse tipo de ação as organizações estariam definindo sua estratégia em missões genéricas e amplas para garantir que as mudanças ambientais não a pegassem de surpresa e a eliminassem do mercado por estarem muito focadas, mas ao mesmo passo que faziam isso acabavam por perder o controle sobre sua atuação no mercado e também acabavam por não notar oportunidades ou antecipar ameaças devido à falta de noção clara do mercado em que estavam de fato atuando. Essa consideração permite pensar que uma organização que desenvolveu uma identidade abstrata está quase que a um passo de se encontrar numa situação de identidade múltipla ou até de crise de identidade. Por crise de identidade entende-se o conflito, as divergências em responder as questões básicas de identidade, impedindo uma definição mínima da organização, ou seja, sua autopercepção está em crise e a organização não consegue mais se definir, se explicar, há portanto um conflito de significados. Grandes corporações ou empresas bastante diversificadas podem apresentar identidades múltiplas com diferentes respostas às questões básicas de identidade, no entanto alguma identidade é claramente entendida por todos – membros organizacionais e stakeholders (Stimpert, Gustafson e Sarason, 1998). Uma vez que a identidade concreta depende da definição clara e objetiva da estratégia da organização, quanto mais focada ela for em um segmento específico do mercado, maior é probabilidade de que sua identidade se aproxime de sua imagem no mercado (identidade pública); contudo Albert e Whetten (1985) salientam que, em várias ocasiões, pode existir discrepância entre a maneira como a organização vê a si mesma, identidade privada, e como os outros, os de fora, a vêem, identidade pública. A autopercepção da organização é possibilitada pela visão de seus membros enquanto a identidade pública é percebida pela visão de clientes, agências reguladoras, competidores, instituições financeiras, entre outros, e nem sempre as expectativas e percepções desses agentes externos se apresentam congruentes com a imagem que os membros organizacionais têm internamente do que fazem e de sua responsabilidade perante o meio externo. Nesses casos, as capacidades internas não acompanham ou não conseguem suprir adequadamente as demandas e expectativas externas. A identificação da competência central de uma organização pode tanto contribuir para o desenho de sua identidade, neste caso mais provável que seja a da identidade abstrata pelo fato de definir-se o que se quer ser antes do que se quer fazer, como pode também permitir que a definição a priori de uma estratégia fundada nessa competência passe a delinear a identidade organizacional. Quando uma organização não tem consciência do que é e busca, por meio da análise da sua estrutura interna, decidir que é ou o que pode ser a partir da identificação e definição de competências que possam ser aproveitadas como suporte para uma estratégia de competição específica, pode-se dize r que a sua estratégia está definindo sua identidade a partir do momento que a organização define antes o que vai e pode fazer para depois definir claramente quem é. Quando ocorre o contrário, a organização busca, por meio da análise de sua estrutura interna, descobrir sua competência central (Collins e Porras, 1998) e descobrir, dentre os significados compartilhados por seus membros, quem ela é para então definir a estratégia de competição que aproveite seus atributos para desenvolver uma vantagem competitiva, pode-se dizer que a sua identidade está definindo sua estratégia a partir do momento que a organização identifica antes o que é para depois definir claramente o que vai fazer. 7 Para Stimpert (1998, p. 113) é imprescindível que a organização descubra antes de agir quem ela é porque “ o que nós temos visto em alguns de nossos casos é que uma vez que as companhias respondem a questão quem nós somos se torna muito mais fácil dizer o que nós devemos fazer (...) e [ na verdade] o conceito do que nós devemos fazer está intimamente ligado ao conceito do que nós somos ”. Segundo Weick (2001) uma visão pode surtir muito mais efeito sobre as pessoas que um planejamento estratégico objetivo à medida que se as pessoas estão atuando sob um espírito de equipe orientado para uma direção específica e se sabem o querem ser, onde querem estar e, sobretudo quem são, é muito mais provável que consigam cumprir suas metas e objetivos que se estivessem sendo guiados por um planejamento objetivo porém destituído de sentido para eles. Na verdade, o planejamento estratégico ou o plano de ação “é somente um dos pretextos para a geração de significado nas organizações” (p.348). Quando se trata da situação anterior – estratégia definindo a identidade - quanto mais objetiva for a estratégia desenvolvida a partir das competências identificadas, melhores serão as condições para o delineamento de uma identidade concreta. Se, por outro lado, a identificação das competências pelos estrategistas a partir de critérios mercadológicos e interpretações pessoais sem levar em consideração os atributos mais visíveis da organização pode culminar na definição de uma estratégia incoerente com a imagem que a organização, como um todo, tem de si e também não conseguir desenvolver a partir disso uma nova identidade calçada nessa estratégia. Isso ocorre porque haverá o descrédito natural de seus membros sobre a possibilidade de sucesso dessa estratégia, uma vez que ela se choca com a realidade compartilhada por eles (Collins e Porras, 1998). Diante disso, uma estratégia moldada a partir de uma segmentação mercadológica baseada nas necessidades do mercado sem considerar a estrutura organizacional que lhe dará o suporte, ou seja, uma estratégia derivada do modelo adaptativo de formulação estratégica (Chaffee,1985) no qual sua definição se dá antes em termos do que o mercado necessita e demanda para depois preparar a estrutura interna para acompanhá- la, pode fazer com que ocorra um choque entre o desejo e a realidade, entre a visão e a ação, de maneira que o significado e a consciência de si compartilhada entre os membros da organização se apresentem como barreiras à execução da nova estratégia de competição da organização. Quando os membros não reconhecem a organização na estratégia proposta é provável que não acabem aderindo ao processo de mudança que a acompanha e passem a apresentar restrições à sua execução como tentar alinhar as ações ao modelo de identidade que compartilham colocando assim em risco o sucesso da mudança (Reger,1994; Senge, 2000). Nesse caso o problema que se vê não é uma questão de cultura, como se costuma pensar, mas de identidade. Como não há o reconhecimento de si na nova ação, abre-se o espaço à resistência. A solução para o impasse seria fazer com que haja uma preparação sobre os membros organizacionais para aceitarem e incorporarem as mudanças como fez o Sistema Telebrás mediante a preparação de suas empresas para a privatização nas telecomunicações (César e Machado-da-Silva, 2002). É importante que os novos significados sejam trabalhados em momento anterior para que se possa adotar depois a nova estratégia e contar com o suporte simbólico cultural adequado. O ideal é que a organização se prepare para a mudança não somente do ponto de vista cultural, ajustando e controlando as diferenças culturais entre a antiga filosofia de trabalho e a nova a ser incorporada mediante o processo de mudança (Hinings e Greenwood, 1989), mas também que haja um preparo no que concerne à identidade, mas para isso é fundamental que os dirigentes tenham bem clara a imagem pública e privada que a organização passará a ter e eles a tenham incorporado também para poder sustentá-las em sua transmissão e na formulação de estratégias congruentes com elas. Para 8 esses casos a identidade concreta é a mais desejável pois unifica o sentido para a mudança em uma teoria da ação objetivamente definida. Como destacam Gioia e Thomas (1996), sob condições de mudança de natureza estratégica, a imagem da organização torna-se uma questão chave no processo. A imagem age como um desestabilizador da identidade, provocando uma revisão ou reconstrução do autoconceito da organização (Gioia, Schultz e Corley, 2000). Devido à inter-relação entre imagem e identidade, os membros organizacionais (especialmente os dirigentes) passam a desenvolver um senso de "Quem nós somos como organização" (Albert e Whetten, 1985) e então a comunicar sua identidade aos participantes internos e externos. Em decorrência, há um feedback dos não-membros sobre o "retrato organizacional" levando a uma comparação entre a identidade e a imagem por parte de seus membros. Comportamento reativo, diversidade estratégica, crise de identidade e identidades múltiplas: qual a relação? Buscando relacionar-se conceitos de identidade e estratégia, surge a questão que envolve a identidade organizacional de uma firma diversificada, o que poderia ampliar os desafios teóricos e práticos desta questão. Para Stimpert, Gustafson e Sarason (1998, p. 91), cada identidade deve ser distintiva e ordenada para diferenciar a diversidade da firma de outras firmas diversificadas, mas alguma identidade única para a corporação deve ser também compreensível por vários stakeholders. De acordo com esses autores a pesquisa de campo tem encontrado variação considerável nas identidades das firmas diversificadas, a ponto de muitos dirigentes destacarem que as suas identidades servem como guias auxiliares da diversificação estratégica, porém dirigentes de outras firmas têm indicado uma certa preocupação com a efetividade de suas identidades organizacionais, um deles cuidadosamente declarou “que sua firma tinha uma crise de identidade” pelo fato de não haver a possibilidade de definir a companhia sob um conjunto uniforme de significados. Estariam de fato essas organizações em crise de identidade ou existe uma não consciência de identidade? A não-consciência se manifesta quando a organização não consegue estar consciente de que é e do que faz no mercado. Segundo Reger (1998, p. 113) ela não sabe se reconhecer, ou pelo menos nunca tentou saber quem é. A não-consciência de identidade não significa falta de clareza na identificação da organização, mas a falta de reflexão a respeito das principais questões da identidade “Quem nós somos?”; “Em que tipo de negócio nós atuamos?” ou “ Quem nós queremos ser?”, ou seja, não é não saber responder de forma compartilhada ou não, mas é nunca tentar responder, é não parar para pensar nesses questionamentos, é não se perguntar. Segundo Reger (1998, p. 113) pode ser que o empreendedor não pense sob este aspecto da identidade. “Eles poderiam dizer, ‘Nós somos apenas uma empresa e nós estamos fazendo estas coisas’ ou ‘Nós somos apenas uma livraria’ [...]” sem realmente pensar nessas noções. Segundo essa autora, muitos empreendedores estão atrelados em ação, desempenho e sobrevivência. “Nesses casos pode ser que a identidade seja criada mais tarde mediante a reinterpretação das ações feitas ou por causa de crises. Somente a partir daí é que se pensa: ‘Espere um segundo, nós temos agido, mas agido sem pensar [sem objetivos]. Nós precisamos decidir, de uma maneira proposital, quem nós somos e porque nós fazemos coisas”. Organizações que apresentam esse tipo de comportamento costumam agir mais e pensar menos a respeito de estratégias e planos. Para Weick (2001) a improvisação é uma forma de estratégia e para entendê- la como tal é preciso compreender a ordem existente dentro dela. A ação gera a estratégia e os pressupostos guiam a ação e, provavelmente seus resultados. O improviso pode gerar um padrão ao criar as condições para o desenvolvimento de crenças e símbolos que darão suporte e significado às ações. A estratégia seria o resultado 9 desse padrão. A repetição de uma solução prática define um perfil de ação que se confundirá no futuro com a estratégia da organização. Neste caso, definiu- se uma identidade a partir da ação não-orientada por uma estratégia já que esta acabou sendo definida pela ação. Segundo Quin (1980) em algumas organizações o que define a estratégia não é um planejamento mas um conjunto de ações reativas e proativas no ambiente que possuem uma lógica subjacente ao que ele chamou de incrementalismo lógico. Essa lógica tem o papel de unir as ações dentro de estratégias conscientes e o papel do dirigente é unir as ações dentro de uma visão que pode ser a dele ou a resultante do direcionamento obtido por meio das ações incrementais desenvolvidas ao longo do processo. Companhias que atuam em diferentes frentes com vasta linha de produtos e serviços não necessariamente encontram-se nessa situação. A falta de uma identidade unificadora não configura o incrementalismo lógico tampouco a crise de identidade. Organizações nessa situação podem apresentar clara consciência a respeito de quem é e do que quer ser ou, pelo menos, de quem não é ou não deseja ser, no entanto experimenta significados diferentes em cada ramo de atividade no qual atua. Quando os membros de uma organização conseguem distingui- la entre outras organizações, mostrando também consciência de quem ela não é, isso reforça a noção compartilhada de quem a organização é. Mesmo que a identidade organizacional não esteja delineada abertamente indicando quais são os valores e crenças compartilhados como centrais, distintivos e duradouros, os membros organizacionais têm consciência de quem é a organização, ou seja, podem ident ificá- la perante outras e isso pode se dar tanto no nível da companhia quanto no nível da unidade de negócio à qual pertencem. Reger et. al. (1998) denominaram esse fenômeno de identidade positiva. Quando se observa em uma organização uma identidade positiva e consciente, verifica-se alto grau de homogeneidade, ou seja há concordância entre os membros a respeito da identidade, além disso há intensidade e convicção nas crenças compartilhadas de “quem nós somos”. Por outro lado, em algumas organizações não é possível observar de modo claro a consciência entre seus membros do que representa a organização, ou seja, de quem ela é ou pretende ser, embora seja explícita a consciência do que ela não é nem pretende ser a partir da identificação negativa mediante seus pares no mercado. Nesse caso, embora eles não respondam às principais questões da identidade “Quem nós somos?”; “Em que tipo de negócio nós atuamos?” ou “ Quem nós queremos ser?”, os membros organizacionais têm consciência de quem não são, em que tipo de negócio a organização não atua e não quer atuar e de quem eles não pretendem ser. Isso seria uma quase anti- identidade, pois não está claro o que se quer ser, mas representa o que não se quer ser (Reger et. al. 1998). Essa espécie de anti- identidade não tem a mesma força que um senso positivo de quem a organização é e porque existe, mas é melhor que não ter percepção nenhuma. “Finalmente, muitas companhias, talvez a maioria, parecem estar erguidas sem muita consciência do que seria sua identidade” (Reger, 1998, p. 114). Essa autora salienta que neste caso existe uma consciência menos aproximada de identidade. A estratégia nestes casos passa a ser orientada mais para o mercado na tentativa de formar uma identidade pública e um posicionamento específico que a defina de maneira diferente da identidade que ela não quer concretizar; contudo um comportamento reativo nem sempre permite que a organização possa evitar as ações e imagens que ela tanto abomina. Ser para agir ou agir para ser: existe finalmente uma resposta? Muita coisa foi esclarecida a respeito da identidade e da estratégia nas organizações mas ainda falta responder ao primeiro dilema proposto: é a identidade organizacional um 10 resultado direto da estratégia de competição definida por seus estrategistas ou é a estratégia organizacional que acaba sendo definida em função da identidade da organização. Mediante a discussão ensejada nesse artigo e dos exemplos que podem ser visualizados no ambiente é possível chegar-se à conclusão de que não é nem a primeira como nem tanto a segunda possibilidade uma resposta definitiva. Na verdade, é possível verificar que as duas coisas ocorrem simultaneamente para muitas organizações. Para outras, ora podemos encontrar a estratégia definindo a identidade organizacional em um primeiro momento e esta contribuindo para a reorientação estratégica posterior e ora podemos encontrar organizações com clara consciência de quem são e do que querem ser e definindo a partir disso sua estratégia de competição. De acordo com Reger (1998), a teoria do ser (identidade) e a teoria da ação (estratégia) estarão em contínuo relacionamento e auto-definição e ambas estarão, em muitos momentos, influenciando e sendo influenciadas pela a ação livre dos seus membros e estrategistas. A identidade estará definindo a estratégia quando a imagem que ela tem de si (identidade organizacional ou privada) e a imagem que os outros têm dela (identidade pública) fazem com que suas ações sejam limitadas em termos do que é passível ou não de ser feito, ou seja, é preciso adaptar as ações organizacionais às expectativas externas e internas para que se consiga obter sucesso nas mesmas. Tome-se como exemplo a rede de restaurantes fast-food Mac Donalds. Qual a imagem que essa empresa tem no mercado? Que expectativas seus clientes, fornecedores, concorrentes e demais membros da sociedade têm sobre suas ações? Como seus funcionários a vêem e que expectativas têm sobre suas ações mercadológicas? Todas essas questões sugerem que há, mediante a identidade organizacional, um conjunto de expectativas internas e sociais que limitam as possibilidades de ação dessa organização no mercado. A empresa não poderia decidir de um momento para o outro competir no segmento de restaurantes tradicionais pois a lógica de trabalho, de produto e até mesmo de serviço é bastante diferente da lógica existente no segmento de fast-food e essa diferença se chocaria com as expectativas dos diferentes stakeholders culminando na não aderência dos seus membros à nova estratégia e na dificuldade de clie ntes e outros agentes parceiros em adequar suas expectativas às novas ações da organização nesse mercado. A necessidade de integração entre a identidade e a estratégia organizacional deriva do próprio conceito de posicionamento competitivo (Porter, 1998) no qual a organização que pretende se posicionar no mercado apoiada em uma vantagem sustentável deve definir uma estratégia genérica que vise o foco ou a diferenciação, o que de todas maneiras indica também a determinação de um olhar focado em um ponto específico do mercado. Esse foco determinado pela estratégia irá criar as condições para a definição de sua identidade a partir dos significados gerados em torno do que ela faz. Uma vez definida essa identidade, ela passará a guiar as reorientações estratégicas da organização e suas ações e apostas em mercados no futuro. Qualquer estratégia empregada por essas organizações passa a ter de ser orientada pela identidade formada para que não se corra o risco de insatisfazer o mercado ou não obter a aderência de seus membros aos projetos a ela relacionados. Dessa maneira, a Azaléia continuará sendo uma empresa de calçados, o Boticário uma empresa de produtos de beleza e a Ford uma empresa de veículos automotores e outras empresas que nascerão depois poderão ser aquilo que sua estratégia definiu ou poderão agir dentro dos limites determinados por quem ela decidiu ser, pela imagem que decidiu ter no mercado. 11 Referências Bibliográficas ALBERT, S.; WHETTEN, D. Organizational identity. In: CUMMINGS, L., STAW, B. (eds.). Research in organizational behavior. Greenwich: Jay Press, 1985, v.7, p. 263-295. ASHFORTH, B.; MAEL, F. Social identity and the organization. Academy of Management Review. v. 14, p. 20-39, 1989. BARR, P.S. Adapting to unfamiliar environmental events: a look at the evolution of interpretation and its role in strategic change. Organization Science, v.9, n.6, p. 644-669, 1998. BARTUNEK, J.M. Changing interpretative schemes and organizational restructuring: the example of a religious order. 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