I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano.
06 e 07 de novembro de 2012.
PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE BOVINA EM ABATEDOUROFRIGORÍFICO DO MUNICÍPIO RONDONÓPOLIS-MT
GIOVANNINI, Cristiane Isabô (Estudante MS)1; RABELO, Raimundo Nonato
(Orientador)2; SANTOS, Priscila Alonso (Professor)¹; CARVALHO, Thiago Soares
(Estudante MS)1; GARCIA, Julliano Costa (Estudante MS)1
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Câmpus Rio Verde - GO.
[email protected]; 2Universidade Camilo Castelo Branco - SP.
RESUMO: O presente estudo verificou a prevalência de cisticercose em 396.601 bovinos
abatidos no período de fevereiro de 2007 a junho de 2010 no matadouro-frigorífico sob
Inspeção Federal no município de Rondonópolis-MT. Foram utilizados os mapas nosográficos
mensais relativos aos exames pos mortem diários realizados pelo Serviço de Inspeção no
referido período. A prevalência média encontrada nesse período foi de 0,11% para cisticercose
bovina, sendo a maior de 0,39% em agosto e setembro de 2007, e a menor de 0,02% em julho
de 2009. Do total de 1.454 carcaças condenadas, 444 (30%) foram por causa da presença dos
cisticercos. A cisticercose é uma importante causa de condenação de órgãos e carcaças, dos
bovinos abatidos, com geração de prejuízos econômicos significativos. A frequência de
cisticercose em órgãos e carcaças indica a presença de teníase humana na população próxima
aos animais.
Palavras-chave: complexo teníase-cisticercose, inspeção, bovinos, prevalência, Mato
Grosso.
INTRODUÇÃO
O Brasil, atualmente está em situação
privilegiada no cenário da bovinocultura,
apresentando-se como detentor do maior
rebanho comercial do mundo, possuindo
todas as condições para o setor das indústrias
de carne e derivados alcançarem uma maior
participação no mercado internacional
(MELLO, 2010).
O estado do Mato Grosso apresenta
um grande potencial de produção do gado de
corte a nível nacional, e de acordo com
Instituto de Estudos Pecuários (IEPEC, 2010),
somente no mês de junho o estado abateu 354
mil cabeças, produzindo cerca de 95 mil
toneladas de carne bovina in natura. Segundo
dados do Instituto Matogrossense de
Economia Agropecuária (IMEA, 2010), o
estado exportou no mesmo período 23,69 mil
toneladas de equivalente carcaça, e como
visto é de extrema importância salientar a
ocorrência de cisticercose nesta região visto
ser, uma zoonose que afeta diretamente a
saúde da população e leva a grandes prejuízos
na produção.
Tendo em vista a importância da
cisticercose
bovina
e
os
prejuízos
relacionados com a saúde pública, objetivouse verificar a prevalência de cisticercose em
bovinos abatidos no matadouro-frigorífico sob
Inspeção Federal, situado no município de
Rondonópolis-MT.
MATERIAL E MÉTODOS
Para este trabalho, utilizou-se os dados
de inspeção dos registros no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) de 396.601 bovinos azebuados,
machos e fêmeas, de faixa etária superior a 12
meses abatidos no matadouro-frigorífico, no
município de Rondonópolis-MT, entre
fevereiro de 2007 a junho de 2010. O
I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano.
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matadouro-frigorífico atende cerca de 50
municípios do estado do Mato Grosso, e se
encontra sob Serviço de Inspeção Federal.
Os
órgãos
eram
inicialmente
inspecionados através de visualização
macroscópica de lesões compatíveis com a
cisticercose, e uma vez encontrados eram
conduzidos para o Departamento de Inspeção
Final (DIF) juntamente com a correspondente
carcaça, que também era inspecionada. Uma
vez detectado o parasitismo, registrava-se a
ocorrência na papeleta de inspeção, para
posterior registro nos controles do MAPA. As
carcaças positivas eram destinadas a
tratamento pelo frio, ou como os órgãos,
destinada a graxaria de acordo com o
dispositivo legal do RIISPOA (Regulamento
de Inspeção Industrial e Sanitária dos
Produtos de Origem Animal) (BRASIL,
1997).
Para análise estatística da cisticercose
foram utilizadas informações do banco de
dados do Sistema de Informação Gerencias do
Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF, 2010)
em que consta a quantidade de animais
abatidos, a região do estado em que se
encontram as propriedades, e a incidência de
animais com Cisticercose do Mapa Mensal de
Apreensões de Carcaças e Órgãos.
RESULTADO E DISCUSSÃO
No período avaliado, foram abatidos e
inspecionados 396.601 animais oriundo de 50
municípios da região Sul-Matogrossense. De
1454 carcaças condenadas, 444 (30%) foram
por causa de cisticercos presentes,
registrando-se uma prevalência geral de
0,11% de cisticercose, variando de 0,06% em
2009 a 0,21% em 2007 (Tabela 1) de acordo
com a análise descritiva realizada.
A cisticercose é frequentemente
subestimada pela dificuldade no diagnóstico
clínico e no exame post mortem, porém, tanto
a Organização Panamericana de Saúde como
a Organização Mundial de Saúde consideram
o complexo teníase-cisticercose na América
Latina um importante problema de saúde
pública, estabelecendo índices de 1% para
teníase e 0,1% para cisticercose em humanos,
e 5% para cisticercose em animais como
endêmicos (PATGE, 2004). Dessa forma, a
prevalência para cisticercose nos animais
abatidos não sugere uma endemia da
parasitose na região de abrangência do
matadouro.
Tabela 1. Prevalência de cisticercose em
bovinos abatidos e inspecionados em
matadouro-frigorífico de Rondonópolis do
estado do Mato Grosso, sob Serviço de
Inspeção Federal (SIF), no período de 2007 a
2010.
Ano
2007
2008
2009
2010
Total
Animais
Abatidos
54503
107098
164502
70498
396601
Nº de
casos
118
156
105
65
444
Prevalência
(%)
0,21
0,14
0,06
0,09
0,11
Com tantos entraves existentes na
pecuária, a cisticercose bovina gera um
marketing negativo para o produto cárneo
brasileiro e, os índices da cisticercose vêm
aumentando nos últimos anos, sendo que em
algumas regiões considera-se hoje o principal
achado post-mortem.
A alta prevalência dessa enfermidade
acarreta expressivas perdas econômicas, como
a condenação total ou tratamento condicional
das carcaças e condenação total dos órgãos
como observado neste estudo. Além disto,
como os métodos de inspeção padronizados
são limitados a cortes superficiais em
localizações preferenciais do cisticerco e
músculos facilmente acessíveis, esses podem
fornecer dados para a inspeção que nem
sempre são fidedignos, deixando dúvidas
quanto à qualidade da carne liberada para
consumo.
Após análise dos trabalhos de
MANHOSO (1996) que demonstrou uma
prevalência de 12,5% no ano de 1992, e de
10,7% para o ano de 1993 no município de
Tupã/SP, e de FUKUDA (2003) que
demonstrou uma prevalência de 5,80% no
município de Barretos/SP para o ano de 1999
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a 2001, pode-se perceber uma diminuição da
incidência de cisticercose nos frigoríficos no
decorrer dos anos. Isso demonstra uma
conscientização da população em relação aos
hábitos de higiene e educação sanitária, o que
também ocorreu no frigorífico estudado,
como demonstra a Figura 1.
Sanitária de produtos de Origem Animal –
RISSPOA, Brasília, 1997.
FUKUDA, R. T. Contribuição ao estudo da
epidemiologia da Cisticercose bovina na
região
administrativa
de
Barretos.
Aspectos ambientais e econômicos. 2003.
127p. Tese (Doutorado em Medicina
Veterinária Preventiva). Faculdade de
Ciências
Agrárias
e
Veterinárias.
Universidade Estadual Paulista, JaboticabalSP, 2003.
IEPEC. (Instituto de Estudos Pecuários) Gado
de
corte.
Disponível
em
<http://gadodecorte.iepec.com/noticia/abatesde-bovinos-crescem-11-no-primeirosemestre>. Acesso em: 14 ago. 2010.
Figura 1. Prevalência de Cisticercose em
relação aos anos avaliados.
CONCLUSÃO
Após análise do estudo verificou-se
não ser uma região endêmica para cisticercose
de acordo com dados da OMS. Mas a
presença de cisticercos nos rebanhos acarreta
inúmeras perdas econômicas e ainda prejuízo
à saúde do consumidor e à qualidade do
produto in natura brasileiro quanto a sua
sanidade. E ainda, a ocorrência de cisticercos
em órgãos e carcaças de bovinos supõe a
presença de teníase humana na população
próxima às áreas de criação dos animais, o
que indica carência de higiene e qualidade
sanitária das populações rurais no município
de Rondonópolis-MT e região SulMatogrossense.
AGRADECIMENTOS
À equipe de Veterinários e Agentes de
Inspeção do frigorífico em questão que ajudaram
e disponibilizaram os dados para a realização
deste trabalho.
IMEA. (Instituto Mato Grossense de
Econommia Pecuária) Bovinocultura –
Boletim
Semanal.
Disponível
em
http://www.imea.com.br/upload/publicacoes/a
rquivos/2010_08_06_BSBoi.pdf. Acesso em:
14 ago. 2010.
MANHOSO, F. F. R. Prevalência de
cisticercose bovina em animais abatidos no
município de Tupã, SP (1992-1993). Hig.
Alim. São Paulo, v.10, n.45, p. 44-7, 1996.
MELLO, I. A. A.; SANDOVAL, G. A. F.
Complexo teníase humana: cisticercose
bovina. In: PIRES, A. V. Bovinocultura de
corte. Piracicaba: FEALQ, 2010. p. 11331148.
PATGE.
Anatomia
patológica
da
cisticercose.
2004.
Disponível
em:
<http://www.fmtm.br/instpub/fmtm/patge/
cisticercose.htm.> Acesso em: 15. out. 2010.
SIGSIF. Serviço de Informação Gerenciais
do
SIF.
Disponível
em
<http://sigsif.agricultura.gov.br/sigsif/principa
l_sigsif > Acesso em: 30 ago. 2010.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL,
Ministério
da
Regulamento de Inspeção
Agricultura,
Industrial e
3
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