Filo Platyhelminthes
Classe Cestoda
Família Taeniidae
Taenia saginata Goeze, 1782
Taenia solium Lineu, 1758
Echinococcus granulosus Batsch, 1786
Família Hymenolepididae
Hymenolepis nana
Família Dilepididae
Siebold, 1852
Dipylidium caninum
Família Diphyllobothriidae
Lineu, 1758
Diphyllobothrium latum
TENÍASE
Lineu, 1758
Sinonímia – Solitária
Agente etiológico - Taenia solium é a tênia da carne de porco e a Taenia saginata é
a da carne bovina.
Esses dois cestódeos causam doença intestinal (teníase) e os ovos da T. solium
desenvolvem infecções somáticas (cisticercose).
Reservatório - O homem é o único hospedeiro definitivo da forma adulta da Taenia
solium e da Taenia saginata.
Hospedeiros intermediários - O suíno ou o bovino, por apresentarem a forma larvária
nos seus tecidos.
Características morfológicas:
Adultos Apresentam o corpo dividido em três partes:
Escólex- pequena dilatação na extremidade mais delgada do helminto,
destinada a fixação em seu habitat intestinal, onde existem ventosas, acúleos e
diversas estruturas de ancoragem.
Colo- porção
crescimento do corpo.
mais
delgada
do
corpo,
representando
a
área
de
Estróbilo- inicia-se no colo e é formado por segmentos denominados de
anel ou proglotes, que são hermafroditas .Existem três tipos de proglotes de acordo
com sua localização no estróbilo.
Proglotes
jovens:
São
segmentos recém formados,
apresentando apenas esboços
Estróbilo
das estruturas sexuais.
Escólex
Colo
Proglotes
maduras
Proglotes
jovens
Escólex com suas
4 ventosas
útero
testículos
Proglote madura
Proglotes
Grávidos:
São
segmentos
mais
distantes,
caracterizando-se
pela
ovário
presença de tubo uterino
cheios
de
ovos.
Tais
segmentos
desprendem-se
espontaneamente,
não havendo
Proglote grávida
fechamento
de
suas
com suas
ramificações
extremidades por onde podem
uterinas
sair os ovos
Poro
genital
Proglotes
grávidas
Proglotes
Maduros:
São
segmentos que podem efetuar
a c’pula, pois apresentam as
estruturas
sexuais
desenvolvidas.
Taenia solium - Morfologia
Hermafrodita, medindo de 2 a 3 m podendo atingir até 12 m. O escólex é globoso, tendo 4 ventosas e
um rostro com dentes quitinosos. O colo é curto e o estróbilo apresenta aproximadamente 1000 anéis,
possuindo proglotes jovens (largas), maduras (quadrangulares) e grávidas (longas com ramificações
uterinas e terminações arborescentes.
Taenia saginata - Morfologia
O escólex é quadrangular com 4 ventosas e sem rostro. O estróbilo tem cerca de 2000 proglotes e os
anéis grávidos se diferenciam dos da Taenia solium por apresentarem ramificações uterinas com
terminações dicotômicas.
Taenia solium
CANAL DEFERENTE
TESTÍCULOS
canal
excretor
lateral
BOLSA
DO CIRRO
ÁTRIO GENITAL
VAGINA
OVÁRIO
Ovos: medem de 30 a 40 mm de
diâmetro. São esféricos e constituídos
pelo embrióforo (membrana radiada) e
pelo embrião hexacanto com 6 acúleos.
Larvas Cysticercus cellulosae
Cysticercus bovis
Larvas: é denominada Cysticercus cellulosae.
Mede de 2 a 3 mm de diâmetro. Apresentase como uma pequena vesícula branca, cheia
de líquido nutritivo do tamanho de uma
ervilha. Aderida à membrana está o
receptaculum capitis, dentro do qual está o
escólex armado com acúleos e o colo.
Eliminação dos
proglotes de
T. saginata
Cisticercus
bovis
VERME ADULTO
no intestino
humano
Cisticercus
cellulosae
INGESTÃO DE
CARNE COM
CISTICERCO
Eliminação
dos proglotes
de T. solium
Modo de transmissão - A teníase é adquirida através da ingesta de carne de boi ou de porco mal
cozida, que contém as larvas.
Período de incubação - em torno de 3 meses após a ingesta da larva, o parasita adulto já é
encontrado no intestino delgado humano.
Período de transmissibilidade - Os ovos das tênias permanecem viáveis por vários meses no meio
ambiente, que é contaminado pelas fezes de humanos portadores de teníase.
Patogenia
Não apresenta lesões características sendo frequentemente assintomáticas apesar da sólida fixação
à mucosa.
Sintomas
Perturbações gastrintestinais, principalmente diarréia e dor epigástrica com caráter de dor de
fome. Perda de peso, leucocitose moderada, podendo ocorrer eosinofilia. Anorexia, Má digestão,
náuseas, vômitos e manifestações nervosas e alérgicas.
Complicações
Obstrução do apêndice, colédoco, ducto pancreático
Diagnóstico
-EPF
-método de Graham para pesquisa de ovos
-pesquisa de proglotes grávidos por tamização das fezes. Para tanto, as proglotes devem ser
transparecidas com solução de ácido acético, comprimidas entre duas lâminas de vidro e observadas
contra a luz para identificar as ramificações uterinas.
-testes imunológicos: hemaglutinação indireta e imunofluorescência indireta.
Tratamento
-Clorosalicilamida (yomesan): provoca a morte e desintegração do parasita.
-Diclorofeno (teniacid): provoca a morte e desintegração do parasita.
Epidemiolgia:Cosmopolita
Manutenção da parasitose através da infecção dos hospedeiros intermediários (principalmente suínos
e bovinos);
Homem é o hospedeiro definitivo, podendo atuar como hospedeiro intermediário;
A principal fonte de infecção para o homem é a ingestão de carne suína e bovina mal passada ou
crua proveniente de matadouros clandestinos.
Profilaxia:
Saneamento básico, construção de redes de esgotos; tratamento do esgoto, educação sanitária
Diagnóstico dos indivíduos parasitados e tratamento,
Criação de suínos e bovinos em boas condições higiênicas:
Inspeção sanitária de matadouros, com condenação ou destino adequado as carcaças com cisticerco.
CISTICERCOSE
CISTICERCOSE
É o resultado da presença de formas
larvárias de cisticercos de Taenia solium parasitando
tecidos do homem.
A ocorrência maior é na África, Ásia e
Américas. Grande número de casos também ocorrem no
México, Guatemala, El Salvador, Peru, Chile e Brasil.
Morfologia:
O cisticerco plenamente formado é uma vesícula arredondada ou ovóide e semitransparente. Dentro dela nota-se uma pequena mancha leitosa (receptaculum capitis). Pode medir
15 mm de comprimento por 7 a 8 mm de largura. A forma depende da localização. No interior da
larva há um líquido claro como água, semelhante ao líquido céfalo-raquidiano.
Desenvolvimento do Cisticerco:
O ovo situado na intestino passa para os vasos
sanguíneos, recebendo a denominação de oncosfera. Quando penetra nos tecidos, transforma-se em
uma esfera de células parenquimatosas e posteriormente numa vesícula cheia de líquido que origina o
receptaculum capitis, terminando por formar o cisticerco que é cercado por uma membrana
adventícia.
A camada mais externa é a membrana adventícia que apresenta células epitelióides,
linfócitos polimorfos e macrófagos. A camada fibrosa é a média, enquanto a mais interna é a camada
de calcificação ou granulosa.
Modo de transmissão
ovos de T. solium.
Período de incubação
- A cisticercose
é adquirida através da ingesta acidentalmente, os
- varia de 15 dias a anos após a infecção.
Período de transmissibilidade
- Os ovos das tênias permanecem viáveis por vários meses
no meio ambiente, que é contaminado pelas fezes de humanos portadores de teníase.
Sintomatologia:
Vai depender da localização, do tamanho, do número, da fase evolutiva, da reação do
hospedeiro ao ataque do cisticerco
Ação Patogênica: compressão mecânica, processo inflamatório, ação tóxica, ação irritativa
Neurocisticercose
Complicações da cisticercose: deficência visual, loucura, epilepsia, entre outros.
A invasão se dá por um ou muitos cisticercos. Normalmente o número inferior a dez.
Eventualmente 2000.
-formas convulsivas: 50% dos casos. Aparecem em indivíduos adultos, até então sadios, sem
antecedentes. As convulsões são frequentes podendo ser com perda de consciência temporária.
Surgem paralisias e alterações de sensibilidade. Geralmente associadas a perturbações mentais.
-formas hipertensivas ou pseudotumorais: há hipertensão craniana com: cefaléia intensa e
constante, vômitos do tipo cerebral, rigidez de nuca, edema de papila, bradicardia, distúrbios
respiratórios, vertigens, sonolência, epilepsia. Podem ocorrer alterações psíquicas como: apatia,
indiferença, diminuição da atenção, torpor, agitação.
- formas psíquicas: leva a perturbações mentais como a demência.
NEUROCISTICERCOSE
CISTICERCOS
E CEREBRAL
Cisticercose Ocular:
Perturbações
conjuntivites.
visuais,
redução
da
visão
e
Cisticercose Disseminada:
Nos músculos, tecido subcutâneo e coração. Há
dores, fadiga, cãibras, palpitações e dispnéias.
Diagnóstico
Clínico, epidemiológico e laboratorial
Diagnóstico diferencial - Na neurocisticercose, tem-se que fazer diagnóstico diferencial com
distúrbios psiquiátricos e neurológicos (principalmente epilepsia por outras causas).
- diferencial: epilepsia, tumores, sífilis e psicopatias.
- clínico: anamnese do paciente.
- laboratorial: EPF
-testes imunológicos: Elisa, imunofluorescência específico, imunoeletroforese, hemaglutinação,
-raios X: para cisticercos calcificados.
-anátomo-patológico: biópsia de tecidos, quando realizada, possibilita a identificação microscópica
da larva.
-tomografia computadorizada.
Tratamento
-Cirúrgico
-Albendazol
-Praziquantel
Características epidemiológicas
1-A América Latina tem sido apontada por vários autores como área de prevalência elevada de
neurocisticercose, que está relatada em 18 países latino-americanos, com uma estimativa de
350.000 pacientes.
2-A situação da cisticercose suína nas Américas não está bem documentada.
3- O abate clandestino de suínos, sem inspeção e controle sanitário, é muito elevado na maioria dos
países da América Latina e Caribe, sendo a causa fundamental a falta de notificação.
4- No Brasil, a cisticercose tem sido cada vez mais diagnosticada, principalmente nas regiões Sul e
Sudeste, tanto em serviços de neurologia e neurocirurgia quanto em estudos anatomopatológicos.
5- A baixa ocorrência de cisticercose em algumas áreas do Brasil, como por exemplo nas regiões Norte
e Nordeste, pode ser explicada pela falta de notificação ou porque o tratamento é realizado em
grandes centros, como São Paulo, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, o que dificulta a identificação da
procedência do local da infecção.
6- O Ministério da Saúde registrou um total de 937 óbitos por cisticercose no período de 1980 a
1989. Até o momento não existem dados disponíveis para que se possa definir a letalidade do agravo.
Vigilância Epidemiológica
Objetivo - Manter permanente articulação entre a vigilância sanitária do setor saúde e das secretarias
de agricultura, visando adoção de medidas sanitárias preventivas.
Notificação - Não é doença de notificação compulsória. Entretanto, os casos diagnosticados de teníase
e neurocisticercose devem ser informados aos serviços de saúde, visando mapear as áreas afetadas,
para que se possa adotar as medidas sanitárias indicadas.
Definição de caso - Teníase: indivíduo que elimina proglotes de tênia.
Cisticercose: paciente suspeito, com ou sem sintomatologia clínica, que apresenta imagens
radiológicas suspeitas de cisticercos; paciente suspeito com sorologia positiva para cisticercose e/ou
exames por imagem sugestivos da presença dos cistos.
Medidas de controle
a) Trabalho educativo da população: uma das medidas mais eficazes no controle da
teníase/cisticercose é a promoção de extenso e permanente trabalho educativo nas escolas e nas
comunidades. A aplicação prática dos princípios básicos de higiene pessoal e o conhecimento dos
principais meios de contaminação constituem medidas importantes de profilaxia. O trabalho educativo
da população deve visar à conscientização, ou seja, a substituição de hábitos e costumes inadequados
e adoção de outros que evitem as infecções.
b) Bloqueio de foco do complexo teníase/cisticercose: o foco do complexo teníase/cisticercose pode
ser definido como sendo a unidade habitacional com pelo menos: indivíduos com sorologia positiva para
cisticercose; um indivíduo com teníase; um indidíduo eliminando proglótides; um indivíduo com sintomas
neurológicos suspeitos de cisticercose; animais com cisticercose (suína/bovina). Serão incluídos no
mesmo foco outros núcleos familiares que tenham tido contato de risco de contaminação. Uma vez
identificado o foco, os indivíduos deverão receber tratamento com medicamento específico.
c) Fiscalização da carne: essa medida visa reduzir, ao menor nível possível, a comercialização ou o
consumo de carne contaminada por cisticercos e orientar o produtor sobre medidas de
aproveitamento da carcaça (salga, congelamento, graxaria, conforme a intensidade da infecção),
reduzindo perdas financeiras e dando segurança para o consumidor.
d) Fiscalização de produtos de origem vegetal: a irrigação de hortas e pomares com água de rios e
córregos, que recebam esgoto ou outras fontes de águas contaminadas, deve ser coibida através
de rigorosa fiscalização, evitando a comercialização ou o uso de vegetais contaminados por ovos de
Taenia.
e) Cuidados na suinocultura: o acesso do suíno às fezes humanas e à água e alimentos contaminados
com material fecal deve ser coibido: essa é a forma de evitar a cisticercose suína.
f) Isolamento: para os indivíduos com cisticercose ou portadores de teníase, não há necessidade de
isolamento. Para os portadores de teníase, entretanto, recomenda-se medidas para evitar a sua
propagação: tratamento específico, higiene adequada.
g) Desinfecção concorrente: é necessária e é importante o controle ambiental através da deposição
correta dos dejetos (saneamento básico) e rigoroso hábito de higiene (lavagem das mãos após
evacuações, principalmente).