UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇAO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM
HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL
PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE EM BOVINOS ABATIDOS SOB
INSPEÇÃO SANITÁRIA EM CAMPO GRANDE - MS
Paulo Cesar Pereira Vollkopf
Campo Grande, agosto de 2008.
Paulo Cesar Pereira Vollkopf
Aluno do Curso de Especialização Lato sensu em
Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal
PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE EM BOVINOS ABATIDOS SOB
INSPEÇÃO SANITÁRIA EM CAMPO GRANDE - MS
Trabalho monográfico do curso de pós-graduação
Lato sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de
Origem Animal apresentado à Universidade Castelo
Branco, como requisito parcial para a obtenção de
Título de Especialista em Higiene e Inspeção de
produtos de Origem Animal, sob a orientação da
Professora Marta Maria B. Baptista S. Xavier.
Campo Grande, agosto de 2008.
RESUMO
A cisticercose bovina é causada por Cysticercus bovis no seu estágio intermediário
do ciclo evolutivo. A contaminação ocorre através da ingestão de água ou pastagens
contaminadas por ovos de Taenia saginata. Tratando-se de uma zoonose de ocorrência
significativa, torna-se importante o estudo e acompanhamento dos dados epidemiológicos
para práticas de controle efetivo. Considerando a importância da cisticercose na saúde
pública, uma vez que o homem infectado pelos ovos desenvolve cisticercos nos tecidos,
podendo atingir o cérebro e região ocular, este trabalho teve como objetivo estudar sua
prevalência em bovinos abatidos em frigoríficos, bem como, alertar e sensibilizar a
sociedade sobre a importância da doença no Estado de Mato Grosso do Sul. Foram
coletados dados de lesões compatíveis com cisticercose em bovinos abatidos em
frigoríficos com Inspeção Federal no Estado de Mato Grosso do Sul durante o período de
janeiro a dezembro de 2007, num total de 74.715 animais abatidos durante o período
avaliado, sendo que 118 animais (0,16%) apresentavam achados compatíveis com
cisticercose bovina com cistos ainda viáveis. Este estudo demonstrou que a ocorrência de
Cisticercose Bovina na região de estudada não apresentou números elevados devido
principalmente ao sistema de criação extensiva preconizado pelos produtores locais.
Considerando o potencial zoonótico da teníase, onde o homem é o hospedeiro definitivo e
principal disseminador dos ovos em pastagens, torna-se difícil o controle da Cisticercose
Bovina sem uma ação profilática adequada na espécie humana.
Palavras-chave: Cisticercose, bovinos, Taenia saginata.
ABSTRACT
The bovine cysticercosis is caused by Cysticercus bovis in the intermediate stage of
its life cycle. The contamination occurs through ingestion of water contaminated with eggs
or pasture of Taenia saginata. Since this is a significant occurrence of zoonosis, it is
important to study and monitor the practices of epidemiological data for effective control.
Considering the importance of cysticercosis in public health, since the man infected by
cysticerci egg develops in the tissues and may reach the brain and eye region, this work
aimed at studying their prevalence in cattle slaughtered in refrigerators and, to alert and
sensitize the society on the importance of disease in Mato Grosso do Sul
We collected data from injuries consistent with cysticercosis in cattle slaughtered with
Federal Inspection in Mato Grosso do Sul during the period January to December 2007, in
74,715 animals slaughtered during the evaluation period, with 118 animals (0 , 16%) had
findings consistent with bovine cysticercosis with cysts still viable.
This study has shown that the occurrence of bovine cysticercosis in the region had not
studied the numbers high due mainly to the creation of extensive advocated by local
producers. Considering the potential of zoonotic taeniasis, where man is the definitive host
and main spreading eggs in pastures, it is difficult to control the bovine cysticercosis
without a prophylactic appropriate action in the human species.
Key-words: Cysticercosis , bovine, Taenia saginata.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha Família pelo o apoio sempre que se fez necessário, pela
compreensão devido a minha ausência em alguns momentos importantes.
Aos meus pais pela minha formação e incentivo profissional.
A coordenadora, orientadora e amiga Marta Maria Braga Baptista Soares Xavier
por todo o apoio e esclarecimentos durante o curso e em especial no momento de
conclusão do Trabalho de Conclusão de Curso.
Aos professores por todo o ensinamento passado.
A todos que de alguma forma possa tê-los esquecido mencionar.
A Deus, pois sem Ele nada existiria ou poderia ter sido realizado.
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................iii
ABSTRACT...................................................................................................iv
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................7
2 DESENVOLVIMENTO.............................................................................9
3 IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DA DOENÇA................................10
4 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................12
4.1 SISTEMA DE TRABALHO NO DEPARTAMENTO DE INSPEÇÃO
FINAL (DIF)..................................................................................................16
5 DISCUSSÃO.....................................................................................18
6 CONCLUSÃO.............................................................................................21
OBRAS CONSULTADAS E REFERENCIADAS......................................22
1. INTRODUÇÃO
O estado do Mato Grosso do Sul tem vasto território, e uma tradição de consumo
de carne bovina, entre outras espécies, isto pode ser demonstrado pelo grande numero de
criadores e atualmente ampliação do seu quadro Industrial. Sendo que uma significativa
parcela desta produção é destinada aos mercados nacionais e internacionais.
A situação da cistercose nas Américas não está bem documentada. O abate
clandestino, sem inspeção e controle sanitário é muito elevado na maioria dos países da
América Latina, sendo a causa fundamental a falta de notificação (OPS, 1994).
O complexo teníase-cisticercose é uma doença parasitária que pode acometer tanto
o homem como os animais, sendo provocada pelo Cisticercus bovis, forma infectante da
Taenia saginata.
A doença ocorre através da contaminação de pastagens por fezes humanas com
ovos do parasito.
Quando o ovo é ingerido pelo hospedeiro intermediário (bovino) suas secreções
gástricas e intestinais digerem o embrióforo e liberam a oncosfera ou embrião.
Usando seus ganchos a oncosfera penetra pela mucosa intestinal atingindo a
circulação sangüínea ou linfática, ou no caso de invertebrados, a cavidade corpórea.
Uma vez no seu local de predileção, a oncosfera perde os ganchos e se desenvolve
formando o cisticerco (FREITAS, 1981; URQUHART et al., 1998).
O homem adquire a teníase ingerindo carne de bovino crua ou mal passada, ou
pode adquirir a cisticercose pela a ingestão do ovo da Taenia através de produtos
hortifrutigranjeiros contaminados ou devido a maus hábitos de higiene.
A cisticercose bovina é a doença de maior ocorrência nos abates sob Inspeção
Federal. Além de sua importância em saúde pública, torna-se, a cada dia, motivo de maior
preocupação para frigoríficos e produtores, pois os prejuízos que acarreta apresentam
tendências de elevação (FUKUDA et al., 2003).
A inspeção de carne é a medida direta de maior importância na prevenção da
teníase, pois apesar de suas limitações a inspeção identifica bem as carcaças com
infecções intensas e leves, e serve também como advertência precoce de infecção em uma
comunidade (SOUZA et al., 2007).
Os procedimentos de saneamento das carcaças cisticercósicas acarretam sérias
conseqüências econômicas paras os frigoríficos, restringindo sua comercialização,
principalmente em relação mercado externo (FUKUDA, 2001).
Este trabalho tem como objetivo estudar a prevalência da cisticercose em bovinos
abatidos em frigoríficos com Inspeção Federal no Estado de Mato Grosso do Sul, e
sensibilizar a sociedade sobre sua relevância e controle no estado.
2 DESENVOLVIMENTO
A cisticercose bovina é a lesão de maior ocorrência no exame post-mortem, de
bovinos em matadouros, conforme mostram os dados registrados pelo Serviço de Inspeção
Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), razão pela
qual é considerado um grave problema de saúde publica, merecendo atenção especial
(COSTA, 2008).
O complexo teníase-cisticercose é uma zoonose, doença transmitida do animal para
o homem e vice-versa. A cisticercose causa sérios prejuízos à pecuária, além de ser um
grave problema em saúde pública, principalmente em países em desenvolvimento, pelo
fato de estar relacionado a aspectos higiênico-sanitários, sócio-econômicos como também
dos culturais. Faz-se necessário rever as condições de saneamento básico, regras de
higiene, cuidados com os alimentos, água, solo, tratamento dos indivíduos acometidos
com a doença e principalmente orientação à população.
A importância da cisticercose na saúde pública fica evidenciada, uma vez que o
homem infectado pelos ovos desenvolve cisticercos nos tecidos, podendo atingir o cérebro
e região ocular, ocasionando sintomatologia nervosa de alta gravidade.
De acordo com Cortez (2000), a importância da cisticercose está relacionada à
doença na população humana e o papel que o homem parasitado desempenha como fonte
de infecção para a cisticercose animal e humana.
Através do levantamento epidemiológico temos como estabelecer a situação do
complexo teníase/cisticercose no Estado do Mato Grosso do Sul. Casos de cisticercose
reportados e registrados podem sustentar informações úteis sobre incidência e fatores de
risco (SCHANTZ & SARTI-GUTIERREZ, 1989).
3. IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DA DOENÇA DEVIDO AOS ACHADOS
A utilização na dieta alimentar da população, dos produtos de origem animal, vem
provocando de maneira direta o incremento das indústrias zootécnicas através do aumento
dos rebanhos, o que constitui fator de importância para aumentar os riscos de exposição às
zoonoses (MIRANDA, 1999).
A partir dos resultados encontrados neste trabalho, comprovação da existência da
cisticercose bovina, além de delinear os aspectos de relevância para o controle da infecção,
tanto no homem como nos animais, leva-nos a conhecer a realidade e principalmente
sensibilizar, orientar e esclarecer as lideranças municipais. O Poder Público responsável
pela saúde pública através da Lei nº 8080 (BRASIL, 1990), que dispõe sobre as condições
para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes. No seu art. 5º - item viii - objetivos “a fiscalização e a inspeção
de alimentos águas e bebidas, para consumo humano e à população em geral, sobre a
importância do controle da doença”.
.
Figura 1: Alguns valores de neurocisticercose humana
Fonte: Miranda, 2008.
Conforme pode ser observado na Figura 1 e pode ser descrito por Vaz (1996), que
no Brasil, os estudos de cisticercose humana estão restritos a Centros Especializados de
Neurologia e apontam para freqüências da neurocisticercose que variam de 0,2% a 7,5% e
ressalta o alto custo dos atendimentos e elevadas taxas de letalidade e morbidade.
Atingindo a faixa etária dos 21 a 40 anos, exatamente a faixa economicamente ativa da
população, a correspondência de 60 % dos casos.
De acordo com as recomendações da FAO (“Food and Agriculture Organization”),
de estabelecer estímulos e subsídios oficiais em favor dos pequenos produtores
unicamente nos casos em que resultem animais condenados por causa não atribuíveis ao
produtor, as quais deverão ser devidamente comprovadas, para que o estado estabelecerá
programas de publicação e divulgação a este respeito.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
No presente estudo foram utilizados como fonte de informações, dados estatísticos
dos arquivos do Serviço de Inspeção Federal De um matadouro-frigorífico de bovinos
localizado em Mato Grosso do Sul. Os mapas constavam número de bovinos abatidos, sua
procedência e número de animais positivos para cisticercose com cistos viáveis, no
período de janeiro a dezembro de 2007.
Tabela 1: Número de animais abatidos, número de animais positivos por mês durante o
período de janeiro a dezembro de 2007.
Nº. DE ANIMAIS
ANIMAIS
ABATIDOS
POSITIVOS
Jan/07
3.347
11
Fev/07
5.224
13
Mar/07
9.130
08
Abr/07
10.637
05
Mai/07
10.906
10
Jun/07
5.714
21
Jul/07
6.862
10
Ago/07
5.929
11
Set/07
2.978
03
Out/07
2.616
04
Nov/07
5.446
11
Dez/07
5.926
11
MÊS
Fonte: Vollkopf, 2008.
No período anteriormente citado, foi submetido à inspeção sanitária, um total de
74.715 bovinos (machos e fêmeas), obedecendo às regras de inspeção ante e post-mortem
preconizadas pelo Serviço de Inspeção Federal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, através das normas do Regulamento Inspeção Industrial e Sanitária de
Produtos de Origem Animal (BRASIL, 1952), e técnicas padronizadas constantes das
Normas de Inspeção de Carnes: Padronização de técnicas, Instalações e equipamentos.
Bovinos: Currais e seus anexos; Sala de Matança (BRASIL, 1971).
Conforme as Normas de Inspeção de carnes: Padronização de Técnicas, Instalações
e equipamentos Bovinos: Currais e seus Anexos; Sala de Matança (BRASIL, 1971), foram
realizadas inspeções nas:
1. Linha B – Exame do Conjunto Cabeça-Língua: no estabelecimento citado o
exame da Linha B é executado em nora apropriada:
O conjunto é preparado seguindo as etapas:
•
Serra-se o chifre, bem rente, esterilizando o instrumento usado nesta operação;
•
Esfola-se a cabeça, retirando os pavilhões auriculares e lábios, de modo a não ficar
nenhum resto cutâneo sobre a peça esfolada;
•
Ata-se fortemente o esôfago, com barbante, a fim de evitar-se a contaminação do
conjunto; usa-se o “saca-rolha” para separar o esôfago de seus liames naturais;
•
Opera-se a desarticulação da cabeça, tomando-se o devido cuidado para evitar sua
contaminação pelo conteúdo ruminal;
•
Numera-se a cabeça, com lápis-cópia, no côndilo do occipital, com o mesmo
numero do carpo e tarso, para assegurar a sua correspondência com a carcaça
durante todo o curso das operações;
•
Seccionam-se os músculos cervicais, para completar a decapitação, tendo a
preocupação de preservar os nodos-linfáticos da língua e não deixar, de modo
algum, que a cabeça tenha contato como piso;
•
Lava-se
convenientemente
o conjunto cabeça-língua,
com
água morna
hiperclorada;
•
Liberta-se a língua de suas ligações e secionam-se as hastes maiores do Istel
Hióide, deixando-se a língua presa a cabeça pelo freio lingual;
•
Apresenta-se o conjunto cabeça-língua ao Auxiliar de Inspeção, para o exame,
dependurada no gancho da nora pela região mentoriana (maxilar inferior).
CABEÇA:
•
Examina-se visualmente todas as partes do órgão, cavidade bucal, orifícios,
inclusive os deixados pela seção da cavilha óssea (seios frontais);
•
Incisa-se sagitalmente os masseteres, praticando-se cortes duplos, a fim de
devassar tanto os masseteres externos, como os internos, dos dois lados; também
são cortados sagitalmente os pterigóides; as incisões são sempre extensas e
profundas, de modo a oferecerem o máximo de superfície à exploração da
cisticercose;
•
Incisam-se, no sentido longitudinal, os nodos linfáticos parotidianos e as glândulas
parótidas, acompanhando sempre com a vista, atenciosamente, a penetração
progressiva do fio da faca na parte objeto do exame, para melhor encontrar e
localizar lesões, norma que deve ser sistematicamente seguida no exame de
qualquer peça por incisões à faca, a exemplo principalmente do exame de
cisticerco;
•
Observa-se a cor das mucosas;
•
Procura-se no foramem magnum a presença de lesões medulares;
•
Separa-se o conjunto cabeça-língua, em que tiver sido verificada a lesão e
comunica-se imediatamente às linhas de inspeção de vísceras o numero da peça
marcada e a natureza da lesão verificada, ara providenciarem a marcação da
respectiva carcaça e dos órgãos e vísceras que se fazem necessários, de acordo com
o caso; todo conjunto de peças é, a seguir, encaminhado para o Departamento de
Inspeção Final (DIF).
LINGUA:
•
Examina-se visualmente a língua, massas musculares e tecidos adjacentes;
•
Faz-se o exame tátil do órgão (palpação);
•
Extirpam-se as tonsilas palatinas;
•
Separa-se o conjunto cabeça-língua, em que tiver sido verificada a lesão e
comunica-se imediatamente às linhas de inspeção de vísceras o numero da peça
marcada e a natureza da lesão verificada, ara providenciarem a marcação da
respectiva carcaça e dos órgãos e vísceras que se fazem necessários, de acordo com
o caso; todo conjunto de peças é, a seguir, encaminhado para o DIF.
2. Linha E – Exame do Fígado:
O fígado é preparado seguindo as etapas:
•
Retira-se o fígado, acompanhado dos respectivos nodos linfáticos, preservando-se
a sua integridade;
•
Deposita-se a peça na mesa de inspeção, com o devido cuidado;
•
Lava-se o fígado, sob chuveiro, com água morna (Temperatura: 38º a 40º
centígrados).
•
Examinam-se visualmente as faces da peça;
•
Faz-se a palpação;
•
Corta-se transversalmente e comprimindo os ductos bilíferos;
•
Cortam-se em lâminas longitudinais (sem picar) os nodos linfáticos da víscera;
•
Examina-se, visualmente e pela palpação, a vesícula biliar, incisando-a, se
necessária;
•
Condena-se totalmente o fígado ou eliminam-se suas porções lesadas, conforme
apresentem, respectivamente, formas difusas ou circunscritas, previstas no
RIISPOA, das afecções que não têm implicações com a carcaça e com os demais
órgãos, tais como: teleangectasia, cirrose, congestão, hidatidose, fasciolose,
esteatose e perihepatite. Nesses casos, assinala-se as condenações no quadromarcador, transferindo-se depois, no final dos lotes, tais anotações para a papeleta
Modelo 4. Condena-se os fígados eventualmente contaminados como conteúdo
gastrintestinal;
•
Separa-se o fígado cuja lesão ou lesões possam ter implicações com a carcaça e os
outros órgãos (tuberculose, neoplasias, cisticercose, etc.) e notificam-se as demais
linhas da mesa de evisceração, para proceder-se à separação e marcação dos órgãos
e carcaças correspondentes, para a remessa juntamente com a cabeça e a língua do
mesmo animal, ao DIF.
3. Linha F - Exame dos Pulmões e Coração: nessa faze será explicitada apenas as
operações referentes ao Coração, órgão onde é realizada pesquisa de Cisticercose.
O coração é preparado seguindo as etapas:
•
Retiram-se os pulmões da cavidade torácica, juntamente com a traquéia e o
coração e deposita-se o conjunto sobre a mesa de inspeção.
•
Examina-se visualmente o coração e o pericárdio, antes mesmo da abertura
deste;
•
Incisa-se largamente o saco pericárdio;
•
Examina-se visualmente a superfície do coração (epicárdio), sob água morna
corrente, a 38-40º centígrados, com vistas especialmente à pesquisa de
cisticercos;
•
Faz-se a palpação do órgão;
•
Destaca-se o coração dos pulmões, secionando-se os grandes vasos da base;
•
Incisa-se longitudinalmente, sob chuveiro morno, o coração esquerdo, da base
ao ápice, expondo, para exame visual e palpa;cão, a cavidade átrio-ventricular,
faz-se idêntica operação no coração direito;
•
Nas afecções que normalmente não tem implicações com a carcaça (aderências,
pericardites circunscritas, contaminações), o coração é condenado na própria
mesa de inspeção e a respectiva causa computada no quadro próprio, a menos
que outra causa, intercorrente, justifique o seu desvio para o DIF;
•
Nos casos de cisticercose, a lesão é assinalada e o coração, a carcaça, a cabeça,
a língua e demais órgão são encaminhados para o DIF obrigatoriamente.
4.1 SISTEMA DE TRABALHO NO DEPARTAMENTO DE INSPEÇÃO FINAL (DIF)
O DIF destina-se à recepção das carcaças, órgãos e vísceras desviadas das diversas
Linhas de inspeção, para, tendo como ponto de partida as causas por elas desviadas, serem
minuciosamente examinadas pelo Veterinário e receberem, depois de firmado seu
julgamento, a destinação conveniente. O exame, em síntese, consiste numa completa e
atenta revisão daqueles praticados nas Linhas de Inspeção, comportando, ainda,
eventualmente, pesquisas mais profundas, que permitam ao técnico bem fundamentar suas
conclusões.
Tendo formado o seu juízo, através dos exames que realizou ou a que recorreu, o
Veterinário da às carnes inspecionadas os seguintes destinos alternativos:
a) Liberação para o consumo;
b) Aproveitamento condicional (salga, salsicharia ou conserva);
c) Rejeição
parcial
(afecções
benignas
circunscritas,
lesões
traumáticas,
contaminação limitada);
d) Rejeição total (condenação).
Nos casos especifico da cisticercose com cistos viáveis o destino recomendado,
segundo o RIISPOA, é o aproveitamento condicional, na Empresa onde foi realizado o
estudo as meias carcaças são destinadas ao Tratamento pelo Frio (TF), quando ficam
retidas pelo SIF (Sistema de Inspeção Federal) local, na câmara de seqüestro sofrendo
congelamento a menos 30º C por no mínimo 11 dias, quando então são liberadas para a
Empresa realizar sua comercialização.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O total de bovinos abatidos durante este estudo foi de 74.715, procedentes de 13
municípios do estado do Mato Grosso do Sul, grande parte Oeste do Estado. Pode-se
constatar que a prevalência da cisticercose com cistos viáveis, nos animais abatidos em
MS, foi de 0,16%, representando 118 animais positivos. Conforme tabela 2.
Tabela 2: Animais abatidos no matadouro-frigorifico em MS, sob SIF, durante o período
de janeiro a dezembro de 2007, e prevalência de cisticercose viva.
Mês
Cisticercose viva
%
Total animais
JAN
11
0,32
3.347
FEV
13
0,24
5.224
MAR
08
0,08
9.130
ABR
05
0,04
10.637
MAI
10
0,09
10.906
JUN
21
0,36
5.714
JUL
10
0,14
6.862
AGO
11
0,18
5.929
SET
03
0,10
2.978
OUT
04
0,15
2.616
NOV
11
0,20
5.446
DEZ
11
0,18
5.926
TOTAL
118
(0,16)
74.715
Fonte: Vollkopf, 2008
Na tabela 3, pode observar as diferenças encontradas em diversos trabalhos realizados em
distintas épocas e regiões do País, inclusive um estudo realizado em Portugal.
Tabela 3: Dados de outros autores sobre o percentual de Cisticercose Bovina, encontrados
em estudos realizados em diferentes épocas e locais.
AUTOR
Schenk e Schenk
ANO
1974 a 1979
PERCENTUAL
1,00%
LOCAL
Estado do Mato Grosso do
Sul/MS
Ungar e Germano
1986
5,5%
Estado de São Paulo/SP
Corrêa, et al.
1996
4,63%
Santo Antonio das Missões/RS
Schein, et al.
1996 a 2000
0,69%
Estado de Mato Grosso/MT
Pereira, et al.
1997 a 2003
1,95%
Estado do Rio de Janeiro/RJ
Alves
1998 e 1999
14,76%
Camburiú/SC
Borba, et al.
2000
1,7%
Região de Maringá - PR
Mannigel, et al.
2000
7,9%
Região de Maringá - PR
Fonseca e Spinola
2000
4,4%
Portugal
Kowaleski, et al.
2000
3,83%
Estado do Paraná/PR
Costa
2003
10%
Nova Friburgo/RJ
Dreer, et al.
2003 e 2004
3,17%
Noroeste do Paraná/PR
Falavigna, et al.
2004
9,3%
Sabáudia/PR
Barszcz, et al.
2005 a 2007
0,03%
Rolim de Moura/RO
Ribeiro
2008
1,13%
Paranavaí/PR
Almeida
Não
4,20%
Teixeira de Freitas/BA
Informado.
Fonte: Vollkopf, 2008
Os índices relatados neste trabalho demonstram como o Brasil em seu imenso
território pode ao mesmo tempo ter características de País desenvolvido, quando mostra
índices próximos de 0 % para cisticercose bovina em algumas regiões, como também
índices alarmantes, acima de 14%, citado por Alves (2000), em seu trabalho realizado na
região de Camboriú/SC.
Conforme os resultados de ocorrência de 0,16% de cisticercose bovina
demonstrados neste estudo, na região oeste do Estado de Mato Grosso do Sul, foram
abaixo da maioria dos trabalhos encontrados sobre o assunto. Mas não muito diferente se
comparado a algumas regiões que apresentam realidades parecidas, como é o caso do
Estado de Mato Grosso, cujas características de criação em sua grande maioria também se
encontram no sistema extensivo de criação do gado.
Talvez esta possa ser a explicação para índices baixos em regiões que tenham este
tipo de criação em sua maioria, contrapondo as regiões onde a criação intensiva é mais
evidente e acarretando em índices mais altos de cisticercose bovina, e provavelmente
também para outras enfermidades.
6 CONCLUSÃO
O elevado coeficiente de letalidade, conforme também pode se observar, a alta
freqüência de seqüelas resultando em incapacitação física e/ou mental, o afastamento da
atividades produtivas para o tratamento da cisticercose, associados aos gastos atribuídos
com aposentadorias, tratamentos onerosos, ao execrável desenvolvimento físico e mental
da criança, aos índices de produtividade do adulto portador de teníase e o grande numero
de condenações de carcaças, justificam este estudo devido aos impactos gerados no
ambiente humano e nas conseqüências sócio-econômicas.
Portanto a criação extensiva dos animais, quando possível, associada a um
cronograma eficiente de vermifugação dos animais, melhorias nas condições higiênicosanitária da população que possa a vir contaminar as pastagens, como por exemplo,
controle das verminoses e melhorias no saneamento básico, e um serviço de educação em
saúde eficiente, atuações positivas das autoridades publicas, possam ser a saída para
diminuir os índices altos de cisticercose bovina nas diversas regiões do Brasil.
Como sugestão, deve ser dada continuidade a este estudo, devidos aos dados
achados e de ter caráter regional. Esta casuística pertence a uma área que concentra um
grande número de animais e que a fiscalização se faz atuante dentro da profissão. O que
não se tem certeza em outras regiões do país.
No Brasil, não existe um programa nacional, mas tem emergido a partir de
iniciativas regionais, projetos de prevenção, tendo como lema o “slogan” da OMS
(Organização Mundial da Saúde): “ Think globally, act locally”, ou seja, pense
globalmente, mas atue localmente (TAKAYANAGUI, 1996)!
OBRAS CONSULTADAS E REFERENCIADAS
ALMEIDA, D.O. Cisticercose bovina em matadouro sob inspeção sanitária em Teixeira
de
Freitas
/
BA.
Disponível
em:
http://www.uff.br/higiene_veterinaria/teses/davi_almeida.pdf. Acesso em: 10-04-2008.
ALVES, T.A.G. Prevalência de cisticercose em bovinos e suínos no município e
Camburiú,
2000,
obtida
via
internet;
http://www.cidasc.sc.gov.br/html/artigos/CISTICERCOSE...(Taisa).pdf, 10-04-2008.
BARSZCZ, A.M., et al. Prevalência de cisticercose em carcaças de bovinos abatidos em
frigoríficos no município de Rolim de Moura, submetidos ao controle do Serviço de
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Prevalencia de Cisticercose