UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA PREVENTIVA DISCIPLINA: DOENÇAS INFECCIOSAS AULA: LEPTOSPIROSE EUGENIA MÁRCIA DE DEUS OLIVEIRA SEMANA DE MEDICINA VETERINÁRIA LEPTOSPIROSE PROFª. EUGENIA MÁRCIA DE DEUS OLIVEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DEFINIÇÃO A leptospirose é uma zoonose, doença ou infecção naturalmente transmissível entre animais vertebrados e o homem, amplamente difundida e caracterizada como doença febril aguda, causada por microrganismos do gênero Leptospira; suas manifestações clínicas são muito variadas, podendo inclusive passar desapercebida, ou não ser diagnosticada com precisão através do exame clínico, baseado nos sinais e sintomas. Gênero Leptospira ETIOLOGIA ETIOLOGIA Espiroquetas - Ordem: Spirochaetales - Família: Leptospiraceae - Gênero: Leptospira • 6 espécies patogênicas: L. interrogans, L. borgpertersenii, L. weilli, noguchii, L. santarosai e L.kirchneri 23 sorogupos e 202 sorovares L. • 5 espécies saprófitas: L. biflexa, L. wolbachii, L. inadai, L. fainei e L. mayeri 06 sorogrupos e 38 sorovares Gênero Leptospira Microrganismo helicoidal Móvel Aerobiose Sensíveis à luz solar e desinfetantes comuns Multiplicação ótima em pH entre 7,2 e 7,4 Crescimento exigente ETIOLOGIA IMPORTÂNCIA PRODUÇÃO ANIMAL Prejuízos econômicos Problemas reprodutivos Morte de animais Condenação de vísceras Redução produção de carne e leite SAÚDE PÚBLICA Fatores condicionantes EPIDEMIOLOGIA Densidade populacional Abundância de diferentes espécies animais Contato com regiões alagadas, lagoas EPIDEMIOLOGIA Fatores condicionantes Contato com roedores: região urbana EPIDEMIOLOGIA Fatores condicionantes Condições climáticas Clima quente Alta umidade pH próximo de 7,0 Sazonalidade Fatores condicionantes EPIDEMIOLOGIA Atividade profissional EPIDEMIOLOGIA Reservatórios Animais silvestres e domésticos L. icterohaemorrhagiae – rato (cão, bovino, suíno) L. canicola – cão (bovino, suíno) L. pomona – suíno, bovino (cão) L. hardjo – bovino (ovino) L. grippotyphosa – animais silvestres (bovino, suíno) EPIDEMIOLOGIA Fontes de infecção Animais domésticos Bovinos Suínos Equinos Ovinos Caprinos Caninos EPIDEMIOLOGIA Fontes de infecção Animais silvestres Roedores Rattus norvegicus Rattus rattus Mus musculus leptospirúria prolongada Espécie animal Sorovares mais comuns Bovinos Hardjo * Wolffi Grippotyphosa Guaicurus Icterohamorrhagiae Pomona Suínos Pomona * Bratislava * Tarassovi * Icterohamorrhagiae Canicola Hardjo Grippotyphosa Equinos Icterohamorrhagiae Caninos Canicola * Icterohamorrhagiae * Ovinos Hardjo Pomona Roedores Icterohamorrhagiae EPIDEMIOLOGIA Porta de entrada Pele lesada Pele íntegra Mucosas Conjuntiva Oral Nasal Genital EPIDEMIOLOGIA Vias de eliminação Urina Sêmen Descarga vaginal pós-abortamento Fetos abortados Placenta Saliva Leite EPIDEMIOLOGIA Transmissão Contato direto Contato oronasal com animais infectados Via genital Via intra-uterina Contato indireto Alimentos, água, solo contaminados Inseminação artificial PATOGENIA Infecção Incubação duração: 2 a 20 dias Leptospiremia duração: 1 semana diversos órgãos Imunidade anticorpos circulantes Início: 2 semanas duração: meses / anos Leptospirúria Início: 2 semanas duração: meses DIAGNÓSTICO Incubação 2 a 20 dias semana 1 semana 2 semana 3 semana 4 leptospiremia imunidade: anticorpos leptospirúria meses / anos PATOGENIA ÓRGÃOS DE PERSISTÊNCIA Túbulos renais Eliminação urinária Tecidos reprodutivos Sorovares hardjo e bratislava SINAIS CLÍNICOS SINAIS CLÍNICOS DEPENDENTES DE Espécie animal infectada Faixa etária do hospedeiro Sorovar infectante SINAIS CLÍNICOS BOVINOS Hemoglobinúria Anorexia Febre Diarréia Icterícia SINAIS CLÍNICOS BOVINOS Mastite Agalaxia Bezerros fracos SINAIS CLÍNICOS Abortamento: 5 e 6 meses de gestação SINAIS CLÍNICOS BOVINOS sorovar hardjo problemas reprodutivos persistência SINAIS CLÍNICOS SUÍNOS Distúrbios reprodutivos Abortamento: fase final da gestação SUÍNOS SINAIS CLÍNICOS Distúrbios reprodutivos Retorno ao cio: primeiras 6 semanas Descargas vulvares Natimortos Leitões fracos SUÍNOS Leitões Hemoglobinúria Icterícia Convulsões Diarréia SINAIS CLÍNICOS SUÍNOS SINAIS CLÍNICOS Distúrbios reprodutivos Sorovares: pomona tarassovi canicola bratislava: persistência em órgãos reprodutivos CANINOS SINAIS CLÍNICOS Forma aguda Febre icterohaemorrhagiae Anorexia Insuficiência renal Hepatite Icterícia Vasculite generalizada Lesão entérica sinais severos CANINOS SINAIS CLÍNICOS SINAIS CLÍNICOS EQUINOS Mialgia Fraqueza Febre Abortamento Uveíte DIAGNÓSTICO Diagnóstico clínico Diagnóstico epidemiológico Diagnóstico laboratorial Detecção de anticorpos Detecção do agente etiológico DIAGNÓSTICO Diagnóstico laboratorial Detecção de anticorpos Diagnóstico sorológico ou sorodiagnóstico Detecção do agente etiológico Pesquisa direta do agente Isolamento e identificação do agente: bacteriológico Métodos de biologia molecular DIAGNÓSTICO INDIRETO Soroaglutinação microscópica (SAM) Teste de eleição: padrão no Brasil Antígeno: leptospiras vivas Representante dos sorogrupos prevalentes Sorogrupo-específico Prova sensível Detecção de IgM e IgG DIAGNÓSTICO INDIRETO Soroaglutinação microscópica (SAM) + Soro 2 horas temperatura ambiente Leitura Grau de aglutinação Coleção de antígenos Ausência de aglutinação = negativo 1+ agltuinação com 75% de leptospiras livres = negativo 2+ aglutinação com 50% de leptospiras livres 3+ aglutinação com 25% de leptospiras livres 4+ aglutinação com menos de 25 % de leptospiras livres Titulação DIAGNÓSTICO INDIRETO Soroaglutinação microscópica (SAM) Titulação + 1:100 1:200 1:400 1:800 1:51200 Coleção de antígenos Ponto final da reação: maior diluição do soro em que ocorre aglutinação de 50% ou mais das leptospiras DIAGNÓSTICO INDIRETO Soroaglutinação microscópica (SAM) Infecção passada X infecção ativa Amostras pareadas: confirmação do diagnóstico Aumento de título de anticorpos (pelo menos 4 vezes) entre as amostras pareadas: intervalo de 2 a 4 semanas Títulos constantes ou decrescentes: infecção passada ou vacinação Reações heterólogas DIAGNÓSTICO DIRETO Pesquisa direta de leptospira Materiais utilizados Sangue Líquor Urina DIAGNÓSTICO DIRETO Pesquisa direta de leptospira Microscopia de campo escuro Microscopia de campo claro Coloração pela prata (Fontana-Tribodeau, Levaditi) Coloração com Vermelho do Congo DIAGNÓSTICO DIRETO Pesquisa direta de leptospira Coloração de Levaditi em ovário de hamster DIAGNÓSTICO DIRETO Pesquisa direta de leptospira Imunofluorescência direta DIAGNÓSTICO DIRETO Diagnóstico bacteriológico Materiais utilizados para isolamento Sangue Líquor Urina Fetos Tecidos: rins e fígado Sêmen Diagnóstico bacteriológico sangue líquor urina tecidos DIAGNÓSTICO DIRETO Inoculação em modelo biológico Observação – sinais clínicos Colheita sangue Necrópsia Hamster aos 21 dias de vida SAM Isolamento DIAGNÓSTICO DIRETO Diagnóstico bacteriológico Inoculação em meio de cultura Fletcher ou EMJH Incubar: 28 a 30oC 60 a 90 dias Aerobiose DIAGNÓSTICO DIRETO Diagnóstico bacteriológico Identificação bacteriana Soro-padrão de cada grupo (microaglutinação) DIAGNÓSTICO DIRETO Diagnóstico bacteriológico Amostra adequada Assepsia durante a colheita Contaminação bacteriana Diagnóstico lento Sensibilidade Especificidade CONTROLE Medidas aplicadas às fontes de infecção Combate aos roedores Construções à prova de roedores Raticidas Educação Tratamento dos animais infectados Antibióticos: eliminação da transmissão CONTROLE Medidas aplicadas às vias de transmissão Fatores de risco associados à leptospirose Tratamento de excretas Controle doadores de sêmen CONTROLE Medidas aplicadas aos suscetíveis Vacinação Suínos e bovinos 1a dose: 3 a 4 meses Reforço: após 30 dias Revacinações anuais Sorovares: canicola, grippotyphosa, hardjo, pomona, icterohaemorrhagiae CONTROLE Medidas aplicadas aos suscetíveis Vacinação Cães 1a dose: 45 a 60 dias Reforço: após 30 e 60 dias Revacinações anuais / 6 meses Sorovares: canicola e icterohaemorrhagiae Fort Dodge: mais pomona e gryppotyphosa CONTROLE Medidas aplicadas aos suscetíveis Vacinação Vacinas inativadas Proteção contra doença Não protege contra infecção REFERÊNCIAS ACHA, P. 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Níveis de ocorrência e sorotipos predominantes em rebanhos dos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, período de janeiro a abril de 1996. Arquivos do Instituto biológico, v. 64, n. 2, p. 7-15, 1997.