ESTUDO SOROLÓGICO DA LEPTOSPIROSE EM EQUIDEOS DE MOSSORÓ-RN SEROLOGICAL STUDY OF LEPTOSPIROSIS IN EQUIDS FROM MOSSORÓ-RN Janine Maria Bulhões1; Leíse Gomes Fernandes2*; Liliane Elzi Medeiros de Sales3; Regina Valéria da Cunha Dias4; Sidnei Miyoshi Sakamoto4 RESUMO. A leptospirose trata-se de uma zoonose que acomete o homem, animais domésticos e silvestres. É uma enfermidade causada por sorovares patogênicos da bactéria da Leptospira interrogans tendo como manifestações principais em equinos a uveíte recorrente, abortos ou outros distúrbios reprodutivos. O objetivo desta pesquisa foi determinar a quantidade de sorovares positivos para Leptospira interrogans em equídeos de carroça em Mossoró-RN. Foram analisados 50 amostras, 40 dessas de equinos, 5 muares e 5 asininos, onde foram submetidos à Microtécnica de Soroaglutinação Micróscopica. Nestas amostras 43 (86%) deram positivos e 7 (14%) negativos para diferentes sorovares. Os resultados revelam a presença da Leptospira nos animais utilizados para tração na cidade de Mossoró-RN. Palavras chaves: Leptospira, Bactérias, Uveíte recorrente. SUMMARY. Leptospirosis is a zoonosis that affects humans, domestic and wild animals. It is a disease caused by serovars of the pathogenic bacterium Leptospira interrogans having as main manifestations in equine the recurrent uveitis, abortion or other reproductive disordersVocê quis dizer: equinos a uveíte recorrente, abortos e outros distúrbios reprodutivos.. Digite um texto ou endereço de um site ou traduza um documento.CancelarTradução do português para inglêsThe objective of this research was to determine the amount of positive serovars for Leptospira interrogans in equids bodywork from Mossoró-RN. Were analyzed 50 samples, 40 horses, 5 mules and 5 donkeys, which were submitted to microscopic agglutination microtechnique. In these samples, 43 (86%) were positive and 7 (14%) negative for different serovars. The results reveal the presence of Leptospira in animals used for traction in the city of Mossoró-RN. Key words: Leptospira, Abortion; Bacteria. recorrent uveitis. A criação de eqüinos vem ganhando enorme interesse, visto que o cavalo é utilizado em diferentes formas de atividades, como tração e transporte em segurança pública, laser, esporte e até no tratamento de doenças humanas através da Equoterapia (ALMEIDA, 2001), o que proporciona o aumento no cuidado com relação à saúde desses animais. A leptospirose eqüina é uma enfermidade de cavalos, causada por diferentes sorovares de Leptospira interrogans, que apresentam mais de 212 sorovares, agrupados em 23 sorogrupos. As leptospiras não tem alta especificidade por hospedeiros, portanto, vários sorotipos podem causar doenças em espécies diferentes inclusive o homem, tornando-se um importante problema de saúde pública (BARWICK et al., 1997). A Leptospira é largamente distribuída no ambiente. Geralmente estão presentes nos túbulos renais dos animais recuperados e são excretadas na urina freqüentemente por vários meses (MODOLO et al., 1 Médica Veterinária autônoma. * Professora Substituta do Departamento de Ciências Animais da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA). Av. Francisco Mota, 572, Bairro Costa e Silva, Mossoró-RN, CEP: 59.625-900. E-mail: [email protected] 3 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Produção Animal da UFERSA 4 Professor adjunto do Departamento de Ciências Animais da UFERSA 2 2000). A transmissão ocorre através da penetração ativa da Leptospira na mucosa ocular, digestiva, respiratória e genital, assim como pela pele íntegra ou lesada (BOLIN, 1996). Nos eqüinos pode manifesta-se por uveíte recorrente, abortos ou outros distúrbios reprodutivos. Evoluindo geralmente como doença aguda ou crônica, individual ou de grupo de animais, sendo que a maioria das infecções apresenta caráter inaparente (LINHARES et al., 2005). Entretanto, no Brasil apesar da enorme população de cavalos, existem poucos estudos sobre leptospirose equina. Deste modo, o objetivo desta pesquisa foi determinar a quantidade de sorovares positivos para Leptospira interrogans em equídeos de carroça em Mossoró-RN. Foram analisados 50 eqüídeos de carroça de forma não probabilística de proprietários que manifestaram interesses, das quais 40 foram de eqüinos, 5 de asininos e 5 de muares na cidade de Mossoró do estado do Rio Grande do Norte no ano de 2009 durante um evento existente na cidade, chamado de carroceata que ocorre todo mês de outubro. As amostras de sangue foram coletadas através da venopunção utilizando seringas e agulhas descartáveis em tubos sem anticoagulante, sendo transportadas em caixas de isopor contendo gelo. As amostras foram processadas no Laboratório de Zoonoses Bacterianas da Universidade de São Paulo utilizando a técnica de soroaglutinação microscópica (SAM), com leitura em microscópio de campo escuro. A bateria de antígenos utilizados no diagnóstico foi constituída de 25 sorovares, uma coleção de antígenos vivos que incluiu 23 variantes sorológicas de leptospiras patogênicas (Australis, Bratislava, Autumnalis, Butembo, Castellonis, Bataviae, Brasiliense, Canicola, Whitcombi, Cinoptery, Grippotyphosa, Hebdomadis, Copenhageni, Icterohaemorrhagiae, Javanica, Panama, Pomona, Pyrogenes, Hardjo, Wolffi, Mexicanum, Shermani, Tarassovi) e dois de leptospiras saprófitas (Andamana e Patoc). Os soros foram inicialmente testados em diluicao 1:100 e aqueles que apresentaram pelo menos 50% de aglutinação, nesta diluição foram considerados positivos. As amostras foram diluídas em série até a diluição máxima positiva. O título de anticorpos foi o recíproco da maior diluição positiva que apresentou 50% de aglutinação. O sorovar mais freqüente foi encontrada cruzando os resultados da freqüência e título de aglutininas. Soros com títulos iguais para dois ou mais sorovares não foram considerados para esta análise. Os resultados das provas da SAM para os diferentes sorovares testados e avaliados neste trabalho mostraram que das 50 amostras analisadas 43 (86%) apresentaram reações positivas e 7 (14%) foram negativos para os os sorovares em questão, os resultados estão representados na tabela 1. TABELA 1 – Resultado sorológico positivo dos exames de soroaglutinação microscópica em diferentes sorovares Leptospira interrogans nas amostras coletadas em outubro de 2009 de equídeos de carroça do município de Mossoró-RN. SOROVARES Autumnalis Icterohaemorrhagiae Butembo Patoc Pomona Hardjo (hardjoprajitno) Wolffi Bratislava Copenhageni Harjo(hardjobovis) 1:100 9 13 13 0 1 1:200 10 10 5 3 2 1:400 5 3 4 6 5 1:600 0 0 0 1 0 1:800 4 0 1 3 2 1:1600 3 0 0 2 1 1:3200 0 0 0 3 1 1:6400 0 0 0 1 0 Total 31 26 23 19 12 (%) 62% 52% 46% 38% 24% 2 3 3 0 1 0 0 0 9 18% 2 0 5 1 1 6 1 1 1 1 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 7 7 6 4 14% 14% 12% 8% 2 Pyrogenes Australis Andamana Bataviae Canicola Shermani Hadjo Negativos Total 0 3 0 0 1 0 0 0 50 0 0 1 0 0 0 0 0 43 4 0 1 1 0 1 0 0 38 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 11 0 0 0 0 0 0 0 0 8 0 0 0 0 0 0 1 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0 1 4 3 2 1 1 1 1 7 8% 6% 4% 2% 2% 2% 2% 14% De acordo com Linhares et al 2005, os sorovares prevalentes encontrados foram semelhantes aos descritos como comuns para a espécie eqüina. Observou também nos equinos o predomínio da variante icterohaemorrhagiae concordando com os resultados obtidos por Giorgi et al,1981b,Yanaguita et al.,1982 e Abuchain,1991. Através desses resultados podemos concluir que a leptospirose é uma doença presente e responsável por trazer grandes prejuízos na área de eqüinos de tração, e que a divulgação de informações sobre a leptospirose é de extrema importância para a profilaxia da doença em eqüinos utilizados para tração de carroças na cidade de Mossoró-RN. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUCHAIN, D.M. Presença de aglutininas antileptospira em soro de eqüinos no Estado do Rio Grande do Sul. Arquivos da Faculdade de Veterinária UFRGS, Porto Alegre, v.19, p.914, 1991. ALMEIDA H.B. Sincronização do estro e dinâmica folicular de éguas crioulas submetidas a tratamentos com Norgestomet, Acetato de Melengestrol e Altrenogest. 2001. 100p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo. BARWICK R.S., Mohammed HO, McDonough PL, White ME. Risk factors associated with the likelihood of Leptospiral seropositivity in horses in the state of New York. American Journal of Veterinary Research. v. 58, p.1097-1103, 1997. BOLIN, C. A. Diagnosis of leptospirosis: a reemerging disease of companion animals. Seminars in Veterinary Medicine and Surgery (Small Animal). v. 11, n. 3, p.166-171, 1996. GIORGI, W. TERUYA, J.M.; SILVA, A.S. Leptospirose: Resultados das soroaglutinações realizadas no Instituto Biológico de São Paulo durante os anos de 1974/1980. Biológico, v.47, n.11, p.299-309, 1981. LINHARES, G.F.C. et al. Sorovariedades de Leptospira interrogans e respectivas prevalências em cavalos da Microrregião de Goiânia, GO. Ciência Animal Brasileira. v.6, n.4, p.255-259, 2005. MODOLO, J. R., LANGONI, H., SHIMABUKURO, F. H. Inquérito soroepidemiológico para leptospirose canina no município de Botucatu – SP. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 27, 2000, Águas de Lindóia. Anais. Águas de Lindóia, 2000. p.95. YANAGUITA, R.M., SANTA ROSA, C.A., ROSA, R.R. Prevalência de aglutininas antileptospiras em equinos mantidos para produção de soros terapêuticos. Revista Microbiológica. v.13, n.1, p.22-25, 1982. 3