A PERGUNTA ETERNA: QUAL É O SENTIDO
DA VIDA?
Mariana Maciel da Silva1
Resumo
Este texto trabalha com a grande inquietação humana
em busca do sentido para a vida e onde está a resposta para tal
inquietação. Trabalha-se com a importância da Bíblia em tal
busca e como ela é a única que responde tais questões. Como
o ser humano pode aprender a estudar textos tão antigos para
responder seu questionamento interior. Busca-se ressaltar a
importância das condições históricas e culturais para uma melhor
compreensão do texto bíblico.
Palavras-chaves: Completude; Inquietação; Existencialismo;
Sentido da vida.
Abstract
This text deals with the great concern in human search for
meaning in life and where is the answer to that concern. Works
with the importance of the Bible in such a search and as it is the
one that answers such questions. Since humans can learn to study
ancient texts so to answer his own questions inside. It aims to
highlight the importance of historical and cultural conditions for
a better understanding of the biblical text.
1 Mestranda em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná graduada
em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná. Professora de Ensino Religioso e
Filosofia. E-mail: [email protected].
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Key words: Completeness; Caring; Existentialism; Meaning
of life.
Introdução
Dentro do ser humano há um vazio, no texto do terceiro
capítulo de Eclesiastes no verso 11 é dito que Deus colocou
a eternidade no coração do homem. O que poderia ser mais
eterno para o ser humano do que entender qual é o sentido de
sua vida?
A busca do sentido da vida não é um problema atual,
o homem sempre buscou um propósito para sua vida. Esse
questionamento é intrínseco a todos, mesmo em diferentes épocas
e culturas, também não é apenas individual, mas da civilização
como um todo; segundo Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, o
ser humano permanece com questões existenciais significativas,
donde emerge uma angústia dificilmente dominável2.
É facilmente observável que embora esse questionamento
sempre tenha existido, ele tem aumentado muito, principalmente
com o humanismo e o antropocentrismo. A grande mudança
que esses movimentos trouxeram foi a retirada da certeza da
presença de Deus.
Ao falar de cultura, declara ser mais fácil compreender aquilo
que é a cultura, aquilo que ela traz para nossa vida diária, quando
nos falta3. A história demonstrou de forma clara e inequívoca a
2 Sérgio Rogério Azevedo Junqueira. Construir espaços não imaginados interpretando a fluidez dos tempos. Em Revista Diálogo Educacional, volume 4, número 9,
maio/agosto de 2003, p. 61.
3 Tania Ogay. Por uma abordagem intercultural da educação: levar a cultura a sério.
Em Revista Diálogo Educacional, volume 10, número 30, maio/agosto de 2010, p.
399.
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diferença que ocorre com as pessoas sem a presença da Bíblia.
Observe a Revolução Francesa, no seu início foram queimadas
Bíblias e proibidas por cerca de três anos, período conhecido
como reinado do terror por ter trazido uma instabilidade
humana tão intensa.
Como a pergunta pelo sentido da vida já foi colocada
É inerente do ser humano buscar uma lógica para o seu
viver, de certa forma é sempre esse questionamento que está
inserido nos diferentes discursos filosóficos, mesmo de forma
não tão intencional.
Até em uma obra considerada infanto-juvenil, como
o livro O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, é
colocado exatamente esse questionamento. A obra começa com
os desenhos da infância do personagem principal, ele expõe
como desejava desenhar e buscar a carreira de pintor4. Mesmo
crianças pequenas já buscam por um direcionamento de sua
vida, porque elas existem e são importantes, o que podem fazer.
O ser humano tem uma capacidade infindável de aprendizagem
e crescimento, mas muitos são podados tantas vezes que não
desenvolvem todo o seu potencial.
Mas embora fosse desiludido, não desistiu da carreira de
artista, não mudou sua opinião. É muito importante ser firme,
independente da situação, mesmo nos momentos de poda é
possível manter seu desejo interior e desenvolver-se. O detalhe é
como se lida com diferentes situações. O personagem continuava
4 Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe, p.10. Rio de Janeiro: Livraria
AGIR Editora, 1957.
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a mostrar seu desenho; quando não reconheciam a imagem, ele
não mudava sua opinião, mas se adaptava ao grupo, variava o
assunto para inserir-se ao meio5. Adaptava-se, mas não desistia
de sua busca por resposta; continuava incompleto: “vivi só, sem
amigo com quem pudesse realmente conversar” 6.
Ele tinha a necessidade de alguém que conseguisse
entender até o que era incapaz de explicar com relação aos
anseios e frustrações da vida. Alguém que o conhecesse tão bem
que fosse capaz de lhe dar um caminho para o propósito de sua
vida, ser plenamente feliz.7
Muitas vezes, a vida pode ser comparada a um quebracabeças, quando o homem age racionalmente ou por instinto8
é como se colocasse uma peça em seu jogo, o objetivo final é
montá-lo todo, mas é preciso colocar uma peça de cada vez; as
ações humanas, quer racionais ou passionais, especificam-se
pelo fim.9 É preciso ter paciência que aos poucos se consegue
alcançar o propósito inicial: ser feliz encontrando algo que o
complete.
Na obra de Exupéry, a experiência do personagem muda
quando se encontra com o Pequeno Príncipe. Este conseguia
entendê-lo, de certa forma sabia o que ele queria, aceitava suas
limitações e o preenchia.
O Pequeno Príncipe era diferente de tudo o que o
personagem conhecia, havia vindo do céu. Ele mostra a
5 Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe, p. 11.
6 Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe, p.11.
7 Tomás de Aquino. Suma Teológica, volume 3, p.1025.
8 Tomás de Aquino. Suma Teológica, volume 3, p. 1027.
9 Tomás de Aquino. Suma Teológica, volume 3, p. 1029.
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necessidade de não ir apenas para frente10, de saber quando parar
e refletir por onde já se passou. O autor coloca esse conceito
novamente quando o Príncipe visita o rei: tu julgarás a ti mesmo...
É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues
julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio.11 Quando se olha apenas para
frente, sem aprender com os erros passados e com as pessoas que
estão em torno não é possível ir longe.
O detalhe é como julgar a si mesmo e aos demais. Às vezes
se apega em detalhes sem importância12. Nem sempre o que é
visível é como o ser humano se sente e pensa, só se vê bem com o
coração. O essencial é invisível para os olhos 13.
Mas no processo de busca por resposta, deve-se estudar
de tudo, tentar diversas coisas, mas guardar somente o que
é bom. É preciso saber selecionar o que pode responder os
questionamentos interiores, é preciso que a gente se conforme em
arrancar regularmente os baobás logo que se distingam das roseiras. 14
O Príncipe segue ensinado o caminho para o personagem, mostrando a não valorizar justamente itens que não são
tão importantes como: o poder, o valor próprio exagerado ou
diminuído, o apego aos defeitos, o estudo e ciência sem experiência pessoal, o emprego como o sentido da vida, a riqueza...
A riqueza é tida para preencher o vazio interior, dando
um sentido equivocado para a vida, buscar riquezas.15 Mas
independente da quantidade de dinheiro que se possua não se
10 Antoine de Saint-Exupéry . O pequeno príncipe, p. 18.
11 Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe, p. 41.
12 Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe, p. 19.
13 Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe, p. 74.
14 Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe, p. 24.
15 Tomás de Aquino. Suma Teológica, volume 3, p. 1035.
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pode comprar uma amizade sincera e não se pode adquirir um
sentido para a vida.16
Mesmo que alguém possua autoridade para ordenar e seja
reverenciado por grupos de pessoas, tal fato não é garantia
de felicidade completa, pois a fama e a glória podem ser falsas. E
ainda assim, o indivíduo se sentirá sozinho, com um vazio.17
Formas de encontrar a resposta
Um dos instrumentos que busca responder à grande
inquietude humana é a educação. Paulo Freire, um dos grandes
nomes da educação brasileira, tinha mais que um método de
ensino, tinha uma filosofia de educação. E essa era marcada
pelo grande objetivo que tal pensador tinha com o processo
educativo, transformar o homem dando um sentido maior para
a sua vida e demonstrando como o indivíduo poderia ajudar
onde estivesse inserido.
Tal objetivo é praticamente algo religioso, os objetivos
educacionais poderiam ser comparados aos objetivos da
Palavra de Deus. Ting-Toomey coloca o papel da educação
comparando a cultura, observe:
Quatro funções da cultura: em primeiro lugar, fornecendo ao
indivíduo um quadro de referência (por exemplo, valores e
normas que definem como é suposto comportar-se uma “boa
pessoa”), permite-lhe definir e manter a sua identidade. Assim,
a cultura compartilhada permite sentir a inclusão ao grupo,
o que satisfaz a nossa necessidade de pertença e permite-nos
sentir a segurança e a aceitação. Mas, ao mesmo tempo, essa
identificação ao grupo faz-nos sentir as diferenças em relação
aos outros grupos: a cultura serve igualmente à regulação das
16 Tomás de Aquino. Suma Teológica, volume 3, 1036.
17 Tomás de Aquino. Suma Teológica, volume 3, 1038.
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fronteiras entre os grupos, orienta-nos nas nossas percepções do
endogrupo e do exogrupo. Assim, se ela nos conforta na nossa
identidade e nos tranquiliza, a cultura limita também o nosso
campo de visão, alimenta as nossas atitudes e comportamentos
etnocêntricos (razão pela qual a formação intercultural terá
como centralidade favorecer a decentração cultural). A última
função da cultura que menciona Ting-Toomey (1999) é a da
comunicação, central para a educação: em primeiro lugar, é a
cultura que dá forma à comunicação, e que nos indica como
comunicar (o código linguístico a utilizar, certamente, mas
igualmente o quê dizer, a quem, quando e como). A cultura
fornece, assim, um guia para realizar a interação com pessoas
da mesma comunidade cultural, mas também com pessoas de
outras culturas, vincula os indivíduos entre si por meio dos
códigos, normas e certificados de interação compartilhados. É
pela comunicação que a cultura é transmitida e continuamente
reinterpretada.18
As similaridades entre o objetivo da educação e o objetivo
da Bíblia são facilmente percebidas em tal citação. Na Palavra
Divina, encontra-se um quadro de referências de como o homem
deveria agir para manter sua identidade e seu valor próprio.
Quando o ser humano percebe que faz parte do amor de Deus
se sente incluído em um grupo bastante significativo.
Segundo Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, desenvolver
a humanidade em cada ser humano é, efetivamente, o objetivo
complexo proposto pela educação19, pode haver uma nova
visão do ser humano e a promoção da justiça social20, uma
educação que tenha como objetivo a igualdade, a solidariedade,
18 Ting-Toomey, S. Communicating across cultures. New York: Guilford, 1999.
19 Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Construir espaços não imaginados interpretando a fluidez dos tempos. Em Revista Diálogo Educacional, volume 4, número 9,
maio/agosto de 2003, p. 62.
20 Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Construir espaços não imaginados interpretando a fluidez dos tempos. Em Revista Diálogo Educacional, volume 4, número 9,
maio/agosto de 2003, p. 64.
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a aprendizagem instrumental de conhecimentos e habilidades
e a transformação21. Ao se observar os dois mandamentos que
resumem a Lei de Deus em Mateus capítulo 2 versos 37 até 40, há
de se perceber que Deus espera que o homem ame a Ele e ao seu
próximo, promovendo justiça social, igualdade e solidariedade,
Paulo Freire já dizia que amar é um ato de coragem.
Para que tais mudanças ocorram, tais como: reformas
sociais, crescimento da humanidade e a compreensão do sentido
da vida, é preciso que cada pessoa se conheça.
A frase do templo de Delfos “conhece-te a ti mesmo” será sempre
um eco filosófico e ao mesmo tempo um clamor para aqueles
que pretendem investir e gastar suas energias na educação.
Construir no homem o verdadeiro e autêntico homem exige
constante e incansável dedicação. 22
O ser humano busca preencher o vazio interior com
muitos itens, como drogas, riquezas, trabalho, família,
conhecimento, beleza, prazer... Mas mesmo todos esses itens
juntos não darão a resposta, não completarão o vácuo como
fala o pequeno príncipe: não encontram o que procuram... É
preciso buscar com o coração...23
A felicidade plena á algo espiritual, por isso, itens
passageiros não completam e não colocam um propósito
para a existência humana. Onde seria possível encontrar tal
resposta? Será que existe algo onde é declarado claramente o
21 Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Construir espaços não imaginados interpretando a fluidez dos tempos. Em Revista Diálogo Educacional, volume 4, número 9,
maio/agosto de 2003, p. 71.
22 Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, Construir espaços não imaginados interpretando a fluidez dos tempos. Em Revista Diálogo Educacional, volume 4, número 9,
maio/agosto de 2003, p. 79.
23 Antoine de Saint-Exupéry, O pequeno príncipe, p. 82.
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sentido da vida?
Somente na Palavra Divina, somente na bondade infinita
de Deus pode-se encontrar a felicidade completa.24 Somente na
Bíblia o ser humano percebe que faz parte do amor de Deus, pode
sentir-se incluído em um grupo bastante significativo, encontra
conforto, tranquilidade, alimento para o comportamento e
reposta para sua inquietude.
A felicidade completa consiste no conhecimento de
Deus25, até mesmo porque a perfeição última de um ser consiste
em unir-se ao seu princípio26, e o princípio do ser humano é Deus,
criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26).
É com dedicação que se encontram respostas para
diferentes questões, mas para a grande questão do sentido da
vida, uma pergunta eterna e infinita só uma resposta é possível,
somente o Eterno e Infinito Deus pode ser essa resposta. Poucas
coisas podem aquecer o coração como o texto de Jeremias no
capítulo 31 verso 3, onde o Senhor fala: com amor eterno te
amei e com bondade te atraí.
Mesmo Antoine de Saint-Exupéry percebe a única resposta
possível para a eterna pergunta do interior humano, a busca
pela completude. Os seres humanos são belos, mas frágeis,
exatamente como uma flor. E como a rosa do livro, há alguém
que ama este ser fraco, frágil e tão cheio de defeitos, o Príncipe.
Para o Príncipe, o homem, individualmente, é:
Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a
ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que
24 Tomás de Aquino, Suma Teológica, volume 3, p. 1047.
25 Tomás de Aquino. Suma Teológica, volume 3, p. 1051.
26 Tomás de Aquino. Suma Teológica, volume 3, p. 1055.
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abriguei com o paravento... Foi a ela que eu escutei queixar-se ou
gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. Ela é a minha rosa.27
O amor do Príncipe era tão enorme que optou por morrer
para estar ao lado de sua rosa28, o Grande Príncipe fez exatamente
a mesma escolha, optou por morrer para ter o homem ao seu
lado. Quem é o Príncipe não é um mistério tão grande, e para
quem ama o Príncipe a vida toma sentido e o vazio desaparece.
Amando o princípe
O ponto é saber como desenvolver amor pelo Príncipe.
Deus ama a todos, individualmente, conhecendo cada detalhe
da vida, até mesmo os pequenos, como quantos fios de cabelo
se têm. Mas Ele criou o ser humano com liberdade de escolha,
então o amor ao divino não é automático, é uma opção.
Para começar a amar o Príncipe é preciso escolher amá-lo
e permitir que Ele se achegue. O processo pelo o qual se passa
é permitir ser cativado, permitir criar laços... Mas cria-se afeição
somente pelo o que se conhece e experimenta.
O primeiro passo seria conhecer o Príncipe, Ele é tão
maior que o entendimento humano que somente é possível
compreendê-lo em partes com a guia e a ajuda do Espírito
Santo. O caminho é a Palavra, pois é nela que Ele se revela.
Então é necessário lê-la e, ao fazê-lo, encontrar-se-ão as peças
para montar este quebra-cabeça.
A Bíblia fornece exemplos de personagens que tinham
o anseio eterno, ao perceber que homens e mulheres bíblicos
27 Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe, p. 72.
28 Antoine de Saint-Exupéry. O pequeno príncipe, p. 86.
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também tinham essa inquietação, será facilmente notado que
encontraram respostas e direcionamento. Foram muito amados
e sua vida foi muito importante para Deus, pensar que o Senhor
do Universo, que tem o mundo na palma de sua mão, se
preocupa com os detalhes da vida de cada pessoa é fenomenal,
Ele conhece a capacidade e o limite. O amor de Deus é tão
grande que Ele ama e escolhe apesar das falhas e fracassos. Uma maneira de conhecer melhor uma pessoa é em sua
residência, seu ambiente e sua propriedade. Talvez então o
primeiro passo seja ir à casa do Príncipe. Ana, a mãe do profeta
Samuel, era estéril, o que para aquele período era o mesmo
que ter uma vida sem sentido; afinal, a principal ocupação
das mulheres era educar seus filhos. Ela buscou por um
direcionamento diante de tamanho vazio, ela percebeu que as
respostas que ela procurava não estavam nela e sim muito além
e acima. Foi à casa de Deus, é claro que Ele está em todos os
lugares, mas em seu templo é quase como se pudesse vê-lo. Lá ela
derramou o coração a Deus, orou e chorou ao mesmo tempo, às
vezes mais se chora que se ora, mas Deus entende tal oração e
sabe como confortar.
Não há como estudar um amor tão profundo e completo
sem que se atraia por ele. Ao observar a força do amor de
Deus, o homem pode tornar-se vencedor; o fator decisivo é
o amor do divino. E é por ele, este amor, que não se precisa
aguardar uma vitória futura e distante, mas ser vencedor em
meio aos conflitos presentes.
O amor de Deus é tão imenso que mesmo nos momentos
de maiores aflições ele está ao lado. [Deus] apresenta-se como
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nosso aliado e é a própria fonte onde podemos encontrar nosso poder de
suportar, nossa capacidade de superar e ainda nossa determinação de
continuar em direção aos nossos objetivos.29
Paulo escreve em sua carta aos romanos belos textos sobre
o amor de Deus, no capítulo 11 verso 36, ele relata: tal versículo
ressalta o senhorio absoluto do Criador (todas as coisas vêm
dele), que dá graciosamente vida e salvação a todos (todas as
coisas existem por meio dele), encaminhando a humanidade à
comunhão com Deus (todas as coisas vão para Ele). A atitude
fundamental do cristão é a do reconhecimento e louvor (a Ele
pertence a glória para sempre).30
E o apóstolo afirma anteriormente que nada pode separar
o indivíduo do amor de Deus, no capítulo 8 da mesma carta nos
versos 38 e 39, Paulo afirma: “Porque estou certo de que, nem
a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as
potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a
profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar
do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.”
Morte e vida: o amor de Deus tem força para vencer a morte
e renovar a vida para sempre; anjos, principados e potestades:
nenhuma força é superior ao poder do amor de Deus; presente
e porvir: nem o tempo pode diminuir ou anular tal amor; altura
e profundidade: nada, nem mesmo o mais alto do céu ou o
profundo do mar pode ser maior que o amor divino; nenhuma
criatura: nem o próprio indivíduo com os mais profundos
29 Luiz Alexandre Solano Rossi, Jesus vai ao Mcdonalds: teologia e sociedade de
consumo, p. 52.
30 José Bortolini, Como ler a carta aos Romanos: o evangelho é a força de Deus que
salva, p. 75.
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pecados diminui o amor de Deus.
Não há como não amar um Deus tão maravilhoso assim.
Conclusão
Embora pareça ser um desafio tremendo encontrar um
sentido para vida, algo que faça o ser humano se sentir mais
completo e preencha o vazio interior, tal ação é possível. O início
da existência humana encontra-se no primeiro livro bíblico,
Gênesis; nesse livro é dito que o homem foi feito por Deus. Se
Deus criou o ser humano Ele tem um propósito.
É normal pensar que Deus considera os homens no
coletivo, criou a todos e morreu por todos. Mas Deus vê
individualmente, criou a cada um e salvou a cada um. E cada
indivíduo é conhecido e amado por Deus.
Nem sempre se encontram respostas rápidas, Deus respeita
o entendimento humano, seus limites e sabe quando o ser estará
preparado para uma determinada ação. Mesmo que alguém
se sinta pequeno e incapaz, sem muito para oferecer, Deus
toma tudo o que Lhe é dado, multiplica-o e lhe dá dimensões
completamente novas as quais nunca se teria sonhado. O vazio interior é preenchido quando se conhece a
Deus e o seu amor. Nele encontra-se a resposta para qualquer
inquietação, o consolo para qualquer angústia, o carinho
ansiado, a compreensão necessária...
Tem-se o privilégio de saber que não importa quão difícil
seja a situação, talvez se esteja cheio de ansiedade, preocupações
e medo; mas tem-se certeza de que Deus faz por todos muito mais
do que se merece e se consegue pedir. Por isso, nos momentos
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de maiores aflições, pode-se descansar na certeza de que se está
no colinho de Deus.
Talvez a questão não seja entender por que Deus permite
situações difíceis em que não se consiga nem mesmo explicar como
se sente. O ponto é ver Deus, através e em meio ao sofrimento.
Nos momentos das lágrimas, Deus não impedirá que elas corram,
mas chorará com seu filho. Um Deus assim, tão maravilhoso,
merece ser adorado e muito amado.
Referências
AQUINO, Tomás de. Suma Teológica, volume 3. Porto Alegre: E.
S. de Teologia S. Lourenço de Brindes, 1980.
BORTOLINI, José. Como ler a carta aos Romanos: o evangelho
é a força de Deus que salva. São Paulo: Paulus, 1997.
JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo. Construir espaços não
imaginados interpretando a fluidez dos tempos. Em Revista
Diálogo Educacional, volume 4, número 9, maio/agosto de 2003.
OGAY, Tania. Por uma abordagem intercultural da educação:
levar a cultura a sério. Em Revista Diálogo Educacional, volume 10,
número 30, maio/agosto de 2010.
ROSSI, Luiz Alexandre Solano Rossi. Jesus vai ao Mcdonalds:
teologia e sociedade de consumo. São Paulo: Fonte Editorial
Ltda., 2008.
SAINT-EXUPÉRY Antoine de. O pequeno príncipe. Rio de
Janeiro: Livraria AGIR Editora, 1957.
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Mariana Maciel da Silva, Vol. 13, n.25, jun.2012, p. 151- 165 | Via Teológica
TING-TOOMEY, S. Communicating across cultures. New York:
Guilford, 1999.
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07 – A Pergunta Eterna: Qual é o Sentido da Vida?