Página 8 São Paulo, terça-feira, 22 de dezembro de 2015 Especial Fotos: Divulgação Pequeno príncipe, grande aviador Eterno líder nas listas dos livros mais vendidos, com a obra O Pequeno Príncipe, o aviador francês Antoine de Saint-Exupéry tem muito mais histórias para contar. Foi repórter, lutou na Segunda Guerra Mundial e até deu suas voltas no Brasil, olhem só! Freddy Charlson/O Blog da Aviação “T u te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” A frase, bem fofinha, é a mais conhecida do clássico livro O Pequeno Príncipe, eternamente na lista dos mais vendidos, em vários países do mundo – inclusive no Brasil, nesta semana –, desde o seu lançamento, no longínquo 1943. Tá, aí você se pergunta: “E qual a relação disso com Ora, afinal, quem nunca ouviu frases como “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos” ou “Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo”? Certeza que quase ninguém… 10 frases de O Pequeno Príncipe Guerra e paz Sua principal obra foi escrita durante a Segunda Guerra Mundial, quando Saint-Exupéry servia na Força Aérea dos Estados Unidos. À época, ele fazia voos de reconhecimento para os aliados. Pois bem, o tempo passou e a história tornou-se uma das mais vendidas na história da literatura. Já são mais de 150 milhões de exemplares no mundo todo, com tradução para mais de 200 línguas e dialetos. Há tempos, o livro figura no topo da lista dos mais vendidos no Brasil, por exemplo, na o Blog Check In, voltado para notícias relacionadas à categoria “ficção”. aviação?”. Por falar nisso, a história é simples, mas cheia de simbolismo, e tem uma mensaBem, o autor da obra, o francês Antoine de SaintExupéry era um exímio aviador. Pronto. Nascido em gem otimista de amor ao próximo e ao Lyon, em 1900, ele estudou em colégios religiosos planeta. Ela gira em torno do diálogo jesuítas e maristas e logo enveredou pelo caminho entre um aviador e um rapaz de cabelos da aviação. Passou nos testes quando tinha meros 21 de ouro e cachecol vermelho, o Pequeanos, no Regimento de Aviação de Estrasburgo, onde no Príncipe. Eles se encontram no chegou a subtenente da reserva. Também foi repórter, deserto do Saara após a queda do avião em Paris. Em 1926, passou a piloto de linha, na empre- do narrador. Enquanto ele tenta consertar sa Aéropostale. E ganhou os ares de vez. Até passou a aeronave, ouve as histórias do menino oriundo do pelo Brasil, entre 1928 e 1930, em alguns pousos em asteroide B 612 e que, cheio de imaginação, logo lhe pede para desenhar um carneiro. As histórias, cheias Florianópolis, pilotando aviões do correio francês. de simplicidade e bons sentimentos, provocam no piloto a necessidade de dar valor às pequenas coisas da vida. Oh, que fofo. A trajetória do Pequeno Príncipe está aí, bemsucedida há 72 anos. Mas a trajetória de seu criador, Antoine de Saint-Exupéry, foi abruptamente interrompida em um acidente de avião – de que outro modo ele poderia morrer? – em uma missão de reconhecimento, no dia 31 de julho de 1944. Ao mesmo tempo, Toninho – sim, já estamos íntimos aqui, no terceiro parágrafo – escrevia. Muito. Ele escreveu, por exemplo, para revistas e jornais franceses. Eram artigos, pensamentos… e livros. A maioria dos escritos, ligados à guerra, à aviação. Foram obras como O Aviador (1926), Voo Noturno (1931) e Terra dos Homens (1939), por exemplo. Mas eis que, em 1943, o escritor, ilustrador e aviador deu ao mundo a obra O Pequeno Príncipe, que logo se tornou um clássico da literatura. Ele partiu de uma base na Córsega e deveria recolher informações sobre os movimentos de tropas alemãs no Vale do Ródano antes da invasão aliada do sul da França. O avião, um P-38 Lightning, porém, caiu e seu corpo nunca foi encontrado. Foi o fim de sua missão secreta para os Aliados, na Segunda Guerra. Sessenta anos depois, os destroços da aeronave foram achados a alguns quilômetros da costa de Marselha, na França. Fim da história do artista, mas não da obra. No Brasil, o livro já vendeu cerca de 5 milhões de unidades desde sua primeira edição aqui, em 1952, pelo selo Agir. Por enquanto… - Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. - O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem. - Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção. - Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos. - O verdadeiro homem mede a sua força quando se defronta com o obstáculo. - Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam. - Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo. - É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila. - É o espírito que conduz o mundo e não a inteligência. - Apenas se vê bem com o coração, pois nas horas graves os olhos ficam cegos. Obras escritas por Antoine de Saint-Exupéry – L’Aviateur (O aviador) – 1926 – Courrier sud (Correio do Sul) – 1929 – Vol de nuit (Voo Noturno) – 1931 – Terre des hommes (Terra dos Homens) – 1939 – Pilote de guerre (Piloto de Guerra) – 1942 – Le Petit Prince (O Pequeno Príncipe) – 1943 – Lettre à un otage (Carta a um refém) – 1943/1944 – Citadelle (Cidadela) – póstuma, 1948