Alternativas Tecnológicas para a Geração Distribuída O Gás Natural e a Geração Distribuída Sílvia Azucena Nebra Faculdade de Engenharia Mecânica Universidade Estadual de Campinas Geração distribuída Cogeração Sinônimos? Não necessariamente vão juntas, mas deveriam... O nascimento de um novo mercado Há poucos anos um shopping precisava modernizar seu sistema de frio. Considerou instalar uma unidade de co-geração, ou seja, gerar a eletricidade usada localmente e produzir o frio com "máquinas de absorção", que usam o calor do gerador como fonte de energia. Temendo a reação da concessionária que o atende, decidiu abandonar este caminho e instalou apenas a máquina de absorção para operar com o calor da queima direta do gás. Jayme Buarque de Hollanda é diretor geral do INEE - Instituto Nacional de Eficiência Energética e diretor do Fórum de Cogeração e Geração Distribuída. Fonte: Jornalista Vera Longuini - www.gasnet.com.br Com isso, a conta de eletricidade, que seria de R$ 160 mil, caiu para R$ 84 mil. Como a despesa com gás é de R$ 35 mil, o custo mensal da energia encolheu R$ 41mil. Uma grande vantagem, pois o investimento na transformação para o frio com gás foi inferior ao da alternativa elétrica convencional. Mas as vantagens não terminam aí. Como metade do valor da conta elétrica refere-se ao uso da energia nas 66 horas da ponta, o shopping deve, em breve, gerá-la localmente, pois a despesa com diesel é de R$ 15 mil e a redução de custo compensa o aluguel do gerador que aumenta muito a qualidade da energia que ele precisa. Jayme Buarque de Hollanda é diretor geral do INEE - Instituto Nacional de Eficiência Energética e diretor do Fórum de Cogeração e Geração Distribuída. Fonte: Jornalista Vera Longuini - www.gasnet.com.br Desse fato, que me foi contado pelo gerente do tal shopping, é possível tirar muitos ensinamentos e conclusões, ... .... Distribuída, é em muitos casos a forma mais racional de se produzir eletricidade. Não considerar estes fatos nos levará, de novo, a soluções caras, improvisadas e discutíveis como a que resultou na Cia. Brasileira de Energia Emergencial - CBEE.... Jayme Buarque de Hollanda é diretor geral do INEE - Instituto Nacional de Eficiência Energética e diretor do Fórum de Cogeração e Geração Distribuída. Fonte: Jornalista Vera Longuini - www.gasnet.com.br Considerando somente o aspecto técnico: A solução encontrada não é a melhor possível. A geração de energia elétrica poderia ser feita com um motor a gás (óleo Diesel é mais caro), utilizando os rejeitos de calor do motor pode ser acionado parte do sistema de refrigeração do shopping. Sem dúvida teriam ainda mais vantagens... Aliar cogeração com geração distribuída é uma proposta inteligente que leva a importantes vantagens técnicas , ambientais...e econômicas na maior parte dos casos. Mais ainda do que cogeração: CASCATA TÉRMICA → Sistemas térmicos integrados aspectos importantes da utilização da energia e o calor, a serem aplicados em sistemas de cogeração: os fluxos de calor devem ser utilizados em temperaturas próximas daquelas em que foram gerados em plantas térmicas deve trabalhar-se com o conceito de “cascata térmica” , fazendo os fluxos de calor atravessar intervalos de temperatura pequenos, em cada seção do processo geração com motores alternativos C=1 W = 0,30 Gás quente água óleo Q = 0,5 Cogeração com motor de 0,1 MW C=1 W = 0,4 Gás quente água óleo Cogeração com motor de 2 MW Q = 0,4 Frações energéticas de um motor Diesel em função da carga – Motor Cummins KTA50 – 1220 kW Fonte: Ricardo W. Cruz – Tese de Doutorado – Planejamento Energético – FEM UNICAMP - Março/2004 Ciclo de refrigeração por absorção O fluído de trabalho é uma solução, um dos componentes é o fluído resfriador e o outro é um meio de transporte: Amônia - água Água – brometo de lítio Água – cloreto de lítio O refrigerante é “bombeado” da região de baixa pressão para a de alta pressão. O compressor é substituído pelo conjunto de absorvedor+gerador+bomba+válvul a. Alta concentração de amônia: 1,2,3,4. A dissolução de amônia em água é exotérmica, mas a dissolução é mais alta quanto menor a temperatura. A solução é bombeada para o gerador, onde é aquecida por uma fonte externa. O vapor, em equilíbrio com a solução têm alto conteúdo de amônia. É ele que vai para o condensador. FONTE: WWW.COGERAR.COM.BR FONTE: WWW.COGERAR.COM.BR O BNDES destinou R$ 19 milhões a Iguatemi Energia S/A (IENSA), O investimento total da empresa no projeto soma R$ 28 milhões Fonte: Revista CREA-SP WWW.GASNET.COM.BR Iguatemi Energia S/A Salvador/BA Central de co-geração: 8,6 MW/10,75 MVA Combustível: Gás Natural Cliente: Iguatemi Energia / Shopping Iguatemi Geração de frio: 3.600 TR Energia consumida pelo shopping: 56.416 MWH/Ano Início de operação: julho/2004 FONTE: WWW.KOBLITZ.COM.BR ULBRA - Universidade Luterana do Brasil (Canoas, RS) Recentemente, foi instalada na universidade uma planta de cogeração de 4,4 MW, com quatro motores VHP L7042GSI da Waukesha acionados a gás natural. O sistema fornece simultaneamente energia elétrica, água quente, água gelada e vapor, alcançando uma eficiência global superior a 75%. A Planta da ULBRA foi o primeiro projeto da STEMAC como Produtor Independente de Energia (PIE). Pelos próximos 15 anos, a STEMAC será responsável por toda a operação e manutenção do sistema de cogeração, sendo remunerada pela Universidade com base no consumo de eletricidade, água gelada, vapor e água quente. Fonte: Waukesha Power Connection Plus, Dezembro 2002, Volume 3, Número 5 Após este período, a planta de energia se tornará propriedade da Universidade mediante um contrato de BOOT (Built, Own, Operate and Transfer). O investimento total para construção do complexo de cogeração foi em torno de US$ 6,5 milhões. O Produtor independente de Energie (PIE), além de manter 1,1 MW contratados com a rede concessionária para back-up do sistema, dispõe de diversos grupos geradores diesel distribuídos pelo campus. A universidade planeja ser totalmente auto-suficiente, e poderá vender energia excedente aos seus vizinhos, gerando uma economia de cerca de 10% sobre as tarifas da concessionária de energia. Fonte: Waukesha Power Connection Plus, Dezembro 2002, Volume 3, Número 5 Vantagens ambientais da cogeração e do gás natural Ao ser aproveitada quase integralmente a energia do combustível, na cogeração haverá menor emissão de CO2 para obter os mesmos produtos: energia elétrica, vapor, efeito refrigerante, etc. O gás natural emite comparativamente menos CO2 que outros combustíveis. Gás natural 3 CH 4 O2 CO2 2 H 2O 2 1 CO2 2 H 2O Diesel 45 C 8 H 18 O2 18CO2 9 H 2O 2 2 CO2 1 H 2O FONTE: WWW.COGERAR.COM.BR C=1 0,15 W = 0,3 Q = 0,5 0,05 0,65 Cogeração com turbina a gás Cogeração: Ciclos a vapor 0,1 C=1 W = 0,2 cogeração com turbina de contrapressão 0,1 Q = 0,7 C=1 W = 0,2 Embora seja possível, os ciclos a vapor não são os mais adequados para uso com gás natural, somente em cocombustão W = 0,1 cogeração com turbina de contrapressão e condensação Q = 0,3 0,3 C=1 0,15 W = 0,3 W = 0,1 0,05 0,65 Cogeração com ciclo combinado Q = 0,4 FONTE: WWW.COGERAR.COM.BR FONTE: WWW.COGERAR.COM.BR Resumo das características de Sistemas de cogeração Critério Turbina a vapor Turbina a gás Motor Tamanho 500 kW – (potência) 1000 MW 100 kW – 200 10 kW – 50 MW MW Melhor tamanho > 10 MW 2 MW – 260 MW < 10 MW RWC = W/C 0,1 – 0,2 0,2 – 0,4 0,3 – 0,4 RQC = Q/C 0,5 – 0,8 0,4 – 0,7 0,4 – 0,5 Q/W < 0,3 0,4 – 1, 0 0,5 – 2,0 IPC 0,1 – 0,25 0,2 – 0,4 0,15 – 0,30 Critério Turbina a vapor Turbina a gás Motor Combustível Todo tipo Líquidos e gasosos Líquidos e gasosos rejeitos De boa qualidade Líquidos pesados Melhor manutenção Tempo de partida Cada 4000 horas Cada 4000 horas alto Qualidade da Vapor 100 – energia térmica 300°C Calor latente médio Cada 800 horas baixo Gases 400 – 600°C Gases 300– 500°C + água Calor sensível quente Calor sensível Carga parcial Bom comportamento Baixa eficiência Bom comportamento Período de construção 2- 3 anos 0,75 a 2 anos 0,75 a 2 anos Vida útil 25 – 35 anos 15- 20 anos 15 – 25 anos TRIGERAÇÃO A PARTIR DO GÁS NATURAL: ELETRICIDADE, VAPOR PARA PROCESSO E PRODUTOS QUÍMICOS Lourenço Gobira Alves Silvia Azucena Nebra Departamento de Energia Faculdade de Engenharia Mecânica Universidade Estadual de Campinas Apresentação no Congresso Gás Brasil - 2003 Melhor aproveitamento do Gás Natural Produção de Eletricidade aliada a duas commodities: Vapor para processo e Gás de Síntese. Mediante o gás de síntese se produz hidrogênio, metanol, acetileno. Cogeração sem necessidade de equipamentos adicionais num ciclo de alta eficiência energética. Redução de Custos Representação Esquemática Turbina Compressor de Ar 1 Câmara de Combustão 17 15 2 16 ~ 3 4 Reformador Compressor de Metano 7 14 8 5 13 12 11 Evaporador Economizador 9 10 Gerador 6 Ar Água Vapor Metano Vapor + Metano Gás de Síntese Gases da Combustão Produtos da Reforma A Reforma consiste em fazer reagir o Gás Natural (metano) com água num reformador a alta temperatura e com catalisador a base de Níquel. 1 CH4 + 2 H2O 1 CH4 + 2 CO + 3 CO2 + 4 H2 + 5 H2O Entra a mistura de Gás e Vapor de proporção determinada Entram: Metano, 1 Vapor, 2 Saem: Metano Residual, 1 Monóxido de Carbono, 2 Dióxido de Carbono, 3 Hidrogênio, 4 Vapor, 5 Resultados da planta com Cogeração A planta pode operar extraindo 10% do total de Gás que sai do Reformador e 20% do Vapor produzido no Evaporador. Com este nível de produção de Gás de Síntese e Vapor a planta produz 5,45kWh de energia elétrica por kg de Gás Natural. Projeto: Economia de Energia e Cogeração na UNICAMP Órgão centralizador: Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) - UNICAMP. Órgão financiador : FINEP (CT-Infra), Primeira fase: Dezembro/2001 a Fevereiro/2002. Segunda fase: Dezembro / 2002 a Dezembro / 2004. Coordenador: Prof. Dr. Luis Augusto Cortez . Cogeração com Gás Natural: Metodologia de Seleção e Avaliação Econômica para um Hospital Raúl Gonzales, Silvia A. Nebra, Arnaldo C. Walter IV Congresso Brasileiro de Planejamento Energético 15 a 16 de Março, 2004 , Itajubá, MG, Brasil. Denílson Espírito Santo, Rodrigo M. Leme Demandas do Sistema - 2001 2400 Demanda de Eletricidade do HCUnicamp Demanda de eletricidade(kW) 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 Horas 2800 Demanda de Vapor (kg/h) 500 Carga Térmica (TR´s) 450 400 350 300 250 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 200 1 3 5 7 9 11 13 Horas 15 17 19 21 23 1 3 5 7 9 11 13 Horas 15 17 19 21 23 Propostas apresentadas para o HC - UNICAMP Caldeira EMPRESA Máquina motora recuperação vapor saturado 2 x MCI Caterpillar 10 bar IBERESE S.A. 810 kWe (cada) +/- 1300 kg/h vapor saturado 3 x MCI Caterpillar 10 bar 810 kWe (cada) +/- 2000 kg/h TG Pratt & Whitney vapor saturado ST-30 8 bar 3300 kWe (ISO) 6948 kg/h UNIÃO 2350 kWe; TG Pratt & Whitney vapor saturado Engenharia ST-40 8 bar 4000 kWe (ISO) 2951 kWe 2 x MCI Koblitz 1750 kWe (cada) Stemaq TG GE PGT5 5000 kWe (ISO) 8154 kg/h Chiller absorção 1.730.000 Simples efeito 250 TR's 2.381.000 Simples efeito 380 TR's 4.067.980 duplo efeito 800 TR's 4.206.319 duplo efeito 800 TR's vapor saturado 8 bar 3000 kg/h vapor saturado 10 bar 12100 kg/h Investimento inicial (US$) 3.528.520,44 simples efeito 290 TR's ------- 5.848.858,17 Avaliação econômica: condições Foi considerada tarifa A4 de energia elétrica. Considerou-se que o excesso de energia podia ser absorvido pela UNICAMP. No caso em que o vapor gerado não fosse suficiente, ele seria gerado pelo sistema atualmente em uso. Se a demanda de água gelada não pudesse ser atendida pelo sistema de absorção, o resfriamento faltante seria atendido pelo sistema compressão atual (por compressão). Foram consideradas as despesas de operação e manutenção, e foram consideradas as receitas por compra de energia evitada. Dados de Junho / 2002 Tempo de retorno do investimento Investimentos em cogeração devem ser cuidadosamente avaliados. Eficiência Térmica Sistema de produção de vapor e energia elétrica: Eficiência de primeira lei da termodinâmica Eficiência de segunda lei da termodinâmica W Q comb PCI m T W Q 1 0 T comb PCI m Outras definições de figuras de mérito de ciclos de cogeração Relação calor/trabalho Rendimento elétrico: Rendimento térmico: W RWC c PCI m Q RQC c PCI m Poupança de combustível C C * C W W W RQW Q Q Q C Índice de Poupança de combustível IPC C C * 1 C W W C * vazão de combustível com geração separada Q Q AVALiAÇÃO TERMOECONÕMICA DE UM SISTEMA DE COGERAÇÃO COM TURBINA A GÁS Flávio Guarinello Jr Silvia A. Nebra Dep. de Energia - Faculdade de Eng. Mecânica - UNICAMP Sérgio A. A. G.Cerqueira Dep. de Mecânica- FUNREI (*) Guarinello Júnior, Flávio, Cerqueira, Sérgio, A A G and Nebra, Silvia A. ; "Thermoeconomic Evaluation of a Gas Turbine Cogeneration System"; Energy Conversion and Management, V.41, p. 1191-1200, 2000. (**) Flávio Fernando Guarinelo Júnior, “ Avaliação Termoeconômica de um Sistema de Cogeração Proposto para um Pólo Industrial”, FEM, UNICAMP, 8 de Setembro de 1997. OBJETIVOS Foi analisada uma proposta de um sistema de cogeração a ser instalado no distrito industrial em Cabo (Pernambuco) numa planta da Refinações de Milho Brasil. ¨ Foi realizada uma análise termodinâmica, aplicando a primeira e segunda lei. ¨ Foram determinados os custos monetários do sistema, utilizando a teoria do custo exergético. Dados do Sistema Turbina a gás + caldeira de recuperação Turbina: General Electric LM-2500 PE Aeroderivativa Turbina p/acionar compressor Turbina de potência Caldeira de recuperação: dois níveis de pressão Tem: desaereador, tanque "flash", atemperador Demanda interna de energia elétrica: 5 MW 2 1 4 3 5 11 16 15 14 Steam to process 17 39 Air 24 25 46 9 Natural Gás Dem. Water 8 6 28 7' 7 23 13 Return from process 21 20 18 29 30 22 Blowdown Tank Água Gás Natural Ar Vapor Saturado Vapor Superaquecido Gases de Combustão 32 31 19' Blowdown Heat Exchanger 33 Drain 19 Duas condições de operação: Básica, com a turbina a "full" , sem injeção de vapor Produção de vapor: 37,8 t/h a 320C Com queima suplementar: + 6,1 t/h Total: 43,9 t/h STIG: com injeção de vapor na câmara de combustão Vapor suplementar p/consumo na turbina: 19,1 t/h Parâmetros calculados: FUE potência energia vapor vazão combustivel x poder calorífico ESI vazão combustivel x poder calorífico potência calor útil planta térmica Parametro caldeira STIG Simple Eficiência de Geração Elétrica (o) 0.28 0.31 Eficiência Térmica Caldeira HRSG 0.71 0.84 Fator de Utilização de Energia 0.72 0.84 Índice de poupança de energia (ESI) 0.81 0.71 Relação Potência/Calor (PHR) (KJ/kWh) 0.64 0.56 Custos estimados do sistema (em dólares - 1999) Turbina: $ 10,2 milhões Gerador: $ 2,09 milhões Equipamentos auxiliares: $0,3 milhões Caldeira: $1,663 milhões Construção: $ 5,512 milhões de manutenção: 2% do custo de capital Critério proposto pela ANEEL em audiência pública No. 004/1999 Art. 5o As centrais de cogeração, para fins de enquadramento na modalidade de “cogeração qualificada” deverão satisfazer aos seguintes requisitos: I – estar regularizadas perante a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, atendendo ao disposto na Resolução ANEEL no 112, de 18 de maio de 1999 e legislação específica. II – possuir potência elétrica instalada maior ou igual a 1 MW e menor ou igual a 50 MW. III–atender aos requisitos mínimos de racionalidade energética, observando-se a fórmula seguinte: Ee Et / X Fc Ec Combustível Principal Derivados de Petróleo, Gás Natural e Carvão Potência Instalada l Demais Fontes X Fc X Fc Maior ou igual a 1 MW e inferior ou igual a 5 MW 2,67 0,35 2,67 0,32 Maior que 5 MW e inferior ou igual a 20 MW 2,29 0,41 2,29 0,37 Maior que 20 MW e inferior ou igual a 50 MW 2,00 0,47 2,00 0,42 T W Q 1 0 T comb PCI m