I CONFERÊNCIA NACIONAL DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA CONFERÊNCIA NA COMUNIDADE EDUCATIVA NAS ESCOLAS INDÍGENAS ETAPA LOCAL FICHA DE IDENTIFICAÇÃO Nomes das Comunidades Educativas (escola, aldeia, comunidade, Terra Indígena, município, estado, etc): Escola Estadual Indígena Capitãozinho Maxakali, Aldeia de Pradinho, Comunidades de Cachoeira e Vila Nova, Terra indígena Maxakali, município de Bertópolis, MG; Escola Estadual Indígena Maxakali, Aldeia de Água Boa, Comunidades de Jaqueira, de Maria Diva, de Bueno, de Pinheiro e de Gilmar, Terra Indígena Maxakali, município de Santa Helena, MG. Professores da Aldeia de Pradinho: Damazinho Maxakali, Ismail Maxakali, Benjamim Maxakali, Laudelino Maxakali. Contato telefônico: (33) 362-2801. Professores da Aldeia de Água Boa: João Bidé Maxakali (Comunidade de Maria Diva). Contato telefônico: (33) 3626-9055. José Ferreira Maxakali (Comunidade Jaqueira), Joviel Maxakali (Comunidade Bueno), Pinheiro Maxakali (Comunidade Pinheiro), Gilmar Maxakali (Comunidade Gilmar). Contato telefônico: (33) 3626-9224. Data de realização da Conferência Local: abril/2009. Nome do Povo que participou da conferência e a quantidade de pessoas por etnia: Povo Maxakali, das Aldeias de Pradinho e Água Boa. População: 1165 pessoas. DOCUMENTO FINAL A Conferência Local foi realizada na Terra Indígena Maxakali durante o mês de abril de 2009. Durante a Conferência Regional, em julho de 2009, na cidade de Belo Horizonte, os delegados Maxakali presentes escreveram um texto reportando as palavras de sua Comunidade. Esse texto foi redigido em língua Maxakali. A versão para a língua portuguesa foi feita por João Bidé Maxakali, Pinheiro Maxakali, Damazinho Maxakali, Maria Diva Maxakali, Margarida Maxakali, Reginaldo Maxakali, Derli Maxakali, Manoel Kelé Maxakali, Davina Maxakali, com assessoria intercultural de Amanda Machado Alves de Lima, Cynthia de Cássia Santos Barra e Vanilton Brito de Souza. 1 Relatório da Conferência Local: escolas indígenas das aldeias de Água Boa e Pradinho, TI Maxakali, MG/Brasil 1ft f pJ<. T W 1Q G~ct'~reyJMBí t-~fX\ ~~~G. A+tA1G2.)Z jVluYõGP<Rf<XofYU/V1uG~ 40k fJl-J.xíylXeXkÁxop X;X{YIí?iil~~M xop M~ífdtX~vtVH(]kX/lftBVlvYÓ~~trlV\ ~f XOPMf} 'ãiX1Y18" rvÃHokR~I\j~\JxuG ~~tu~ til Pt4(V\iy yi(fiu fl-j8 Yõf'/IJiiok~H ,,,,J))M G M \J G fo piA Bok ~li )~ ~ (-t ÂM lU 0 ~ /\,\uA ~ltXA h'/1 Ní~op Y/1"'GjY\v G íuT ~e~teXM~'ÃJ~I{0~iA\'1.~, 1~'í1\-\~ ~IJP~t~\IY JA(~ Q'1\)r.)pVI>\~/~'x 1;~rm1)(Or. X I X 1'1\J Yo~ \~ 'G \: r 1\\ \ (~ Y I Y V "- ( ~ "" I Q .~ \.i J , ~ F't;<' '- \ ~ . 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(}YJfJy X fi I{ fi/l!/X OP TlF 4 I Relatório da Conferência Local: escolas indígenas de Água Boa e Pradinho, TI Maxakali, MG/Brasil ConfEarÊloncia RE'gional +0~ff de:' Educação Escolar IndigE'na ~~~~ MG/ES I ~ - U~tv1U\JG \'MÃ~\'<ArJ(~pp~prup P~,~GO.-H:t~GGM\Jl~\§Y0VR F0~h ~\JN\JJ~\~;IWí\\ ~YAG ~M\~~í\?\Ji ~\JGÃ\I~1J-\OKR\-\. .. ~ XlXÍV1vyõGI~Ã!'v\ XOp N\~\M XtV\-\\ MIY ~X \40K ~~ Ivi H kvxo)(~ epa 14o~ XA:f N\Bf/ ~ M\\\ \'lõ f\1\\i ~ N ~ \\f\~\)\ \'fllt l\fÚt {\ to - ~ k'ofu1. G YitrvW N\fi \4)xi rt\\\Y\ rx í / kolVPGf lJ~Akl-tok f\JY1\<afA ~\V\ ~\~ tf\~tv\~T\'G6tv\u r\feFtvf'pu Y'~YMUYÕe ~ / ~ Yfj)V\l">;' 1'0r kofR 'nT~ 1-1-~TukA~' ok,)(;;~rrfI1G, .M/)MrtlluN~G \iI1M~I-JIt~HrT(tPHA~ uGt'\õ/eG~VfJfY1f)1 "Ê"~~~ ot) yOflVt U(7x € jJl P Y/ k o.g4dJ)-\ x t7 ü;í;;::f "--'.""----.-.-.. -.....-. 'cons~.~.::: \:'lâ~~;~ãO ~'n=térIO . U6N\G FUNAI...00: . . daeducação 5 Relatório Conferência Local: Escolas Indígenas das Aldeias de Água Boa e Pradinho Terra Indígena Maxakali – Minas Gerais 1- Por que queremos a escola? A escola para nós é muito importante porque ensina para nossas crianças e comunidade coisas importantes para nossa vida e nossa aldeia. A escola também ajuda a proteger a nossa terra, que é muito importante para nós Maxakali. A terra é nossa mãe, ela nos cria. A escola ajuda também a comunidade a proteger, manter e cuidar de nossa língua, de nossa cultura, de nossos costumes e de nossa religião. Nós professores ensinamos as crianças e comunidade a ler e escrever na nossa língua. Quando nós fazemos livros, cartilha, vídeo de rituais, de história e canto Maxakali, as crianças e comunidade vão ver, ler e escrever. Ai, não vão esquecer nossa língua e nossa cultura. Hoje a escola ajuda muito nos problemas de nossa comunidade. Têm muitos problemas de alcoolismo, saúde, alimentação, estrada, casa boa para morar, problemas de terra: tem pouca mata, pouco bicho, pouca lenha para cozinhar. E rio tem pouco peixe. Mas, escola vai ajudar comunidade, fazendo reuniões, projetos, oficinas e outras coisas com os órgãos que trabalham com nossa comunidade e também com ãyuhuk (não-índio) que gosta de tihik (índio) e quer ajudar a comunidade Maxakali. 2- O que conquistamos? O que temos hoje? Antigamente, não tinha escola. Os meninos e comunidade aprendiam na Casa de Religião com os espíritos. Aí, passou muitos anos, um ãyuhuk pesquisador que se chama Haroldo Popovich estudou nossa língua e aprendeu muito nossa língua. Depois, ele escreveu para nós o alfabeto e fez cinco cartilhas: Patap (urú), Kokex (cachorro), Mõgmõka (gavião), Puxap (marreco), Mũnῖhῖn (formiga). As cartilhas para ensinar os mais velhos a ler e escrever em Maxakali e, depois, os mais velhos ensinaram os jovens da comunidade. Depois que os jovens aprenderam, vieram pessoas do Projeto e da Secretaria de 6 Educação e explicaram sobre o curso de magistério. Aí, primeiro, a comunidade se reuniu na Aldeia Água Boa e, depois, na Aldeia Pradinho para escolher as pessoas para fazer o curso de professor no Parque Estadual do Rio Doce, em 06 de fevereiro de 1996. Nós aprendemos muito e ensinamos as crianças e comunidade nas aldeias. Depois que nossa primeira turma do magistério formou, em 1999, foram criadas mais duas turmas do magistério. Hoje, nós da primeira turma do magistério estamos fazendo curso de Licenciatura Intercultural na UFMG. 3- O que fazer para avançar na educação escolar que queremos? A nossa comunidade pede para o curso de Licenciatura Intercultural na UFMG continuar e ter vagas para professores Maxakali. Professores Maxakali e cursistas do magistério precisam fazer mais cursos e ter mais materiais, mais cartilhas, mais jogos, mais escola para professor trabalhar bem. A comunidade pede também que o Governo respeite a comunidade: nós precisamos de uma merendeira e uma escola para cada professor porque professor Maxakali trabalha cada um na sua aldeia e não trabalha todo mundo junto. Governo também tem que respeitar o nosso costume, tradição, cultura, religião, língua e organização do jeito de viver da nossa comunidade Maxakali. Nós Maxakali queremos do Governo ajuda para a mata voltar. A floresta é nosso alimento e também faz nossa cultura: embaúba, coqueiro, taquara, semente da floresta, árvore boa para fazer arco de flecha, raiz de cará para nos alimentar. E também água não pode secar porque queremos criar peixe. A floresta nós queremos para morar nosso espírito. Antes a floresta foi embora, acabou. Mas, nós Maxakali temos nossos cabelos para morar nosso espírito. 7