1055 IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Tarsila Rubin Battistella, Dr. Regina Ritter Lamprecht (orientador) Programa de Pós-Graduação em Letras, Faculdade de Letras, PUCRS, Resumo Este estudo possui como objetivo principal averiguar a adequação do uso das vogais do inglês como L2 (i …, ˆ, œ, E, u …, U) por falantes nativos do português brasileiro. Para tanto se traçou cinco objetivos específicos: investigar, através de um teste de produção, se os aprendizes de inglês distinguem as vogais da L2 que não são iguais às da L1; averiguar, através de um teste de consciência fonológica se os aprendizes possuem consciência na diferença entre as vogais do inglês; pesquisar se há transferência ou interferência interlinguistica (do português para o inglês) do sistema da L1 do aprendiz na L2; verificar se a transferência ou interferência de língua materna do aprendiz tende a diminuir nos aprendizes mais avançados no idioma; descobrir quais as vogais da L2 os aprendizes adquirem mais cedo, sendo capazes de produzi-las livremente e com uma maior facilidade. A amostra foi constituída por trinta alunos falantes do português e em processo de aprendizagem do inglês, do ensino médio de uma escola privada, do interior do estado do rio grande do sul. Foram analisadas e avaliadas a produção, a percepção e a consciência fonológica dos mesmos com aporte na fundamentação teórica e em pesquisas arroladas ao tema. Introdução A consciência fonológica, habilidade do ser humano de refletir conscientemente sobre os sons da fala (FREITAS, 2004) é um tema muito estudado na aquisição de língua materna, relacionada à alfabetização e à leitura, por exemplo. Para as autoras Keske-Soares; Mota; Paula (2005), seguindo uma abordagem contemporânea, a habilidade de reconhecimento da IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 1056 estrutura fonológica da linguagem, ou seja, a consciência fonológica se relaciona a uma capacidade de reflexão sobre a estrutura da fala bem como do código escrito da língua. Motivada pelo montante de pesquisas na área (em língua materna), decidiu-se analisar como esse processo ocorre na aquisição da língua inglesa por falantes nativos do português brasileiro, focalizando as vogais, uma vez que elas são mais numerosas no inglês, muitas desconhecidas pelos falantes brasileiros e mais difíceis de serem adquiridas. A consciência fonológica relacionada ao ensino de línguas se assinala por ser uma reflexão consciente acerca dos sons da língua, e de grande importância para o ensino. A consciência fonológica em língua estrangeira envolve a capacidade de reconhecimento do sistema sonoro da língua-alvo, percebendo as diferenças entre a língua materna e a língua estrangeira (ALVES, no prelo). Ela divide-se nos níveis silábico, das rimas, dos fonemas, dos alofones e dos sons nãodistintivos na L1 e distintivos na L2. A consciência, além de envolver o reconhecimento e manipulação dos sons da língua materna e, no caso mais específico deste estudo, da língua estrangeira, requer um bom conhecimento do sistema da língua materna do aprendiz, exigindo também uma atenção especial do professor para as diferenças entre os sistemas, e a explicitação do sistema sonoro para que o aprendiz possa dar-se conta do processo. A consciência fonêmica difere da consciência fonológica no sentido que a primeira está inserida nas habilidades metafonológicas, entendida como a capacidade de identificação de fonemas e a segunda faz parte dos conhecimentos metalinguísticos os quais pertencem ao domínio da metacognição, ou seja, do conhecimento de um sujeito sobre seus próprios processo e produtos cognitivos (FREITAS, 2004). Nesse sentido, a consciência fonêmica corresponde a um nível da consciência fonológica complexo, por assim dizer, sendo que sua definição incide nas pequenas unidades da fala que correspondem a letras de um sistema de escrita alfabética que são chamadas de fonemas. Sendo assim, a consciência de que a língua é composta desses pequenos sons se chama consciência fonêmica. (ADAMS; FOORMAN; LUNDEBERG; BELLER, 2006). Metodologia O trabalho foi constituído por trinta informantes adolescentes, de ensino médio de uma escola privada, do interior do estado. A esses alunos foram aplicados quarto instrumentos, sendo eles: questionário de sondagem linguística, teste de percepção, produção e consciência fonológica para que se alcançassem os objetivos propostos. IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 1057 Resultados Os resultados do estudo apontam para um nível elevado de acertos tanto na produção bem como na percepção das vogais do inglês em ambos os testes (percepção e produção). Nesse sentido, pode-ser dizer que os aprendizes distinguem a maioria das vogais do inglês e sabem produzi-las. No entanto sofrem interferência do sistema da língua materna na produção em língua estrangeira. No teste de consciência, observa-se que há um número considerável de sujeitos que não possuem consciência das vogais do inglês. Tabela I – Tabela com os percentuais dos três testes aplicados aos aprendizes Testes 80% 90% 100% 0% Proficiente 24% 43% Intermediário Produção 20% 10%33% Não-Proficiente Percepção Consciência Conclusão A partir dos resultados afirma-se que é necessário o desenvolvimento de tarefas de consciência em sala de aula, como o reconhecimento de fonemas, rimas e sons, que auxilia o aprendiz a melhorar o seu desempenho na aquisição da L2 e a reconhecer estruturas que não fazem parte de seu inventário sonoro. A explicitação do sistema de sons por parte do professor em sala de aula seja com brincadeiras, jogos, músicas, tudo que envolva o aspecto lúdico é muito relevante para o desenvolvimento da consciência dos fonemas da L2. Referências ADAMS, M. J.; FOORMAN, B. R.; LUNDBERG, I.; BEELER, T. Tradução de: Roberto Catalo Rosa. Adaptação de: Regina Ritter Lamprecht e Adriana Corrêa Costa. Consciência Fonológica em crianças pequenas. Porto Alegre: Artmed. 2006. ALVES, U. K. Consciência dos aspectos fonético-fonológicos da L2. In: LAMPRECHT, R. R. Consciência dos sons da língua, no prelo. FREITAS, G. C. M. Sobre a Consciência Fonológica. In: LAMPRECHT, R. R. Aquisição Fonológica do Português. Perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004. KESKE-SOARES M.; KESKE-SOARES, MOTA, H. B..; PAULA. G. R. A terapia em consciência fonológica no processo de alfabetização. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, Barueri (SP), v. 17, n. 2, p. 175184, maio-ago. 2005. IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009