Witkacy, nosso contemporâneo: diálogos com
o in-yer-face
Luciano Ramos Mendes - UFPR/TN
Orientador Marcelo Paiva de Souza
Introdução e objetivo:
Stanisław Ignacy Witkiewicz, foi um dramaturgo,
filosófo e pintor polonês mais conhecido pela
alcunha que criou para si mesmo, Witkacy. Sarah
Kane foi uma das mais impactantes autoras da
dramaturgia britânica do século XX. Ambos
encontram-se entre os autores mais inovadores e
iconoclastas de suas respectivas gerações.
Ambos os autores buscam levar o
leitor/expectador a uma espécie de choque, para
cumprir seus objetivos mais ou menos
programáticos.
O objetivo do trabalho é justamente aproximar as
duas poéticas e pensar em como isso pode influir
no trabalho tradutório das obras dos dois autores.
Método:
Leitura/releitura obras dramáticas e teóricas de
Witkacy e Sarah Kane. Estudo e discussão da
fortuna crítica dos autores. Análise comparativa de
um corpus dramático selecionado, acompanhada
de reflexão sobre possíveis vias tradutórias.
KANE, Sarah. Sarah Kane: Complete Plays.
Londres: Bloomsbury Methuen Contemporary
Drama, 2001.
WITKIEWICZ, Stanisław Ignacy. Czysta forma w
teatrze. Varsóvia: Wydawnictwa artystyczne i
filmowe, 1986.
Resultados/Discussão:
A leitura do corpus dramático de Witkacy explicita várias
características consideradas “contemporâneas” ou “pósmodernas” (o humor, a paródia, a ironia, a reutilização e os
empréstimos livres a partir do que estava posto na tradição).
Há também aquilo que AGAMBEM (2012) chama de ‘olhar ao
obscuro’. As peças de Kane também possuem essas
características. Em Blasted (Kane) e Matka (Witkacy) há a
busca pelo que Witkacy chamava de ‘estranhamento
metafísico da existência’. Ambas as peças convergem para:
a) explicitar um ponto de vista que, parece-me, é semelhante
ao de Edward Bond, ao mostrar o quanto os seres humanos
são capazes de destruírem-se; b) atacar as sensibilidades e
expectativas do público/leitor; c) romper com as convenções
dramáticas previamente estabelecidas. A violência surge
como fundamental nessas poéticas, e extrapola o texto –
dirigindo-se para fora dele, para o receptor.
Isso deve estar presente na tradução, pensada a partir do
que se põe em jogo com o texto – e com a cena.
Conclusões:
Witkacy pode ser considerado tão contemporâneo quanto o
in-yer-face e, ainda mais, suas teorias podem oferecer
importantes subsídios para a leitura de autores
contemporâneos, como Kane. A violência tem um papel
especial nessas poéticas, pois volta-se ao receptor do
texto/encenação. .A tradução deveria manter a ideia de
enfrentamento.
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WITKACY NOSSO CONTEMPORÂNEO: DIÁLOGOS COM O IN YER