UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES TRÁS MONTES E ALTO DOURO ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS ENGENHARIA COMPORTAMENTO DE LIGAÇÕES DO TIPO CAVILHA REFORÇADAS COM CFRP EM ESTRUTURAS DE MADEIRA Edgar Rúben Monteiro de Araújo Queirós VILA REAL 2009 UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES TRÁS MONTES E ALTO DOURO ESCOLA DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS ENGENHARIA COMPORTAMENTO DE LIGAÇÕES DO TIPO CAVILHA REFORÇADAS COM CFRP EM ESTRUTURAS DE MADEIRA Edgar Rúben Monteiro de Araújo Queirós Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes Trás Montes e Alto Douro para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Mecânica, Mecânica realizada sob a orientação científica do Professor Doutor Abílio Manuel Pinho de Jesus e Co-orientação Co científica do Professor Doutor tor António Malheiro Vasconcelos Lima, ambos do Departamento de Engenharias da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Trás-os-Montes Montes e Alto Douro. Setembro de 2009 Ao meu eterno Avô Aos meus pais Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Agradecimentos Em primeiro lugar gostaria de agradecer aos Professores Abílio de Jesus e António Lima pela sugestão do tema e orientação desta dissertação de Mestrado. A todos que estiveram directa ou indirectamente envolvidos neste trabalho, em especial ao Eng.º Cristóvão Santos, Prof. José Morais, Sr. Armindo Teixeira e Eng.º Raul Campilho. Agradeço à UTAD, FEUP e INEGI pela disponibilização das melhores condições para a realização deste trabalho, nomeadamente, o acesso aos laboratórios e o material cedido. v Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Resumo Este trabalho apresenta um estudo relativo ao desenvolvimento de uma técnica inovadora de reforço de ligações do tipo cavilha para estruturas de madeira. A técnica proposta consiste na colagem de laminado de carbono na zona envolvente dos furos das peças de madeira, realizando-se um rebaixo nestas peças de modo a acomodar o reforço sem aumentar a espessura das peças. É usada uma resina epóxida na colagem do laminado de carbono à madeira. Esta técnica é testada em ligações construídas em madeira de Pinho Marítimo (Pinus pinaster Ait.), uma vez que é uma das espécies com maior abundância em Portugal. Um programa experimental baseado em ensaios de esmagamento localizado nas direcções radial e longitudinal, segundo os procedimentos da norma EN 383, é proposto neste estudo para demonstrar a eficácia do reforço. Adicionalmente, o programa experimental inclui ensaios numa ligação em T com um único ligador que foi testada com e sem reforço. A análise experimental permitiu a avaliação da rigidez e cargas últimas de rotura, tendo sido demonstrado o bom desempenho das soluções reforçadas, quer no que concerne à melhoria destas propriedades de resistência mecânica das ligações, quer na eliminação de modos de rotura frágeis. Este estudo também propõe um conjunto de modelos de elementos finitos 3D que, apesar de serem baseados nos comportamentos elásticos dos materiais, permitem entender a influência do reforço na distribuição de tensões na ligação. Estes modelos são calibrados usando os resultados experimentais disponíveis, nomeadamente os módulos de fundação ou equivalentes módulos de rigidez. vi Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Abstract This project presents a study aiming the development of an innovative reinforcing technique for dowel-type fastener connections, in timber structures. In this technique, the carbon fiber reinforced laminate (CFRP) is glued onto the surrounding area of the holes of timber pieces. In order to preserve the original thickness, a circular slot is machined on each side of the wood members to accommodate the carbon laminates. Epoxi resin is used to glue the carbon laminate to the timber. This technique is tested in connections of Maritime Pine timber (Pinus pinaster Ait.), since it is one of the most abundant species in Portugal. In this study, an experimental programme based on compressive embedding tests according to the radial and longitudinal directions, following the procedures of the EN 383 standard, is proposed in order to demonstrate the performance of the reinforcement. Additionally, the experimental programme includes tests of a T connection with a single dowel, which was tested with and without reinforcement. The analysis of the experimental results consisted primarily in the evaluation of the stiffness values and ultimate failure loads, demonstrating the good performance of the reinforced solutions, either in terms of increasing the strength properties of the connections, as well as the elimination of fragile failure modes. In this study, it is also proposed a set of 3D finite element models that, even though they were based on the elastic behaviour of materials, they allowed the understanding of the influence of the reinforcement in the stress redistribution in the connection. These models were calibrated using the available experimental results, namely the values of the foundation or stiffness modulus. vii Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Índice Agradecimentos ................................................................................................................ v Resumo ............................................................................................................................ vi Abstract ........................................................................................................................... vii Índice ............................................................................................................................. viii Lista de Figuras ............................................................................................................... xii Lista de Tabelas ............................................................................................................. xxi Nomenclatura ............................................................................................................... xxiii I - Introdução e Objectivos 1.1 Introdução .............................................................................................................. 1.1 1.2. Objectivos .............................................................................................................. 1.2 1.2. Estrutura de dissertação ......................................................................................... 1.3 II - Revisão Bibliográfica 2.1. Introdução ............................................................................................................. 2.1 2.2. Junta de sobreposição com corte duplo ................................................................ 2.2 2.3. Injecção de resina e junta de tubo expandido ....................................................... 2.3 2.4. Juntas reforçadas com anéis de madeira densificada ............................................ 2.7 2.5. Juntas de alto desempenho feitas com ligadores tubulares ................................... 2.8 2.6. Aplicação de anéis metálicos ................................................................................ 2.9 2.7. Reforço para prevenir a divisão com chapas pregadas ....................................... 2.10 2.8. Reforço com insertos metálicos colados ............................................................. 2.11 viii Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 2.9. Reforços têxteis (FRP) ........................................................................................ 2.13 2.10. Conclusões ........................................................................................................ 2.16 III - Programa Experimental 3.1. Introdução ............................................................................................................. 3.1 3.2. Descrição dos tipos de ensaios e instrumentação ................................................. 3.1 3.3. Descrição dos materiais ........................................................................................ 3.6 3.3.1. Madeira de pinho........................................................................................... 3.6 3.3.2. Adesivo estrutural ......................................................................................... 3.9 3.3.3. Laminado de carbono .................................................................................. 3.13 3.4. Preparação dos provetes de madeira ................................................................... 3.21 3.5. Resultados experimentais ................................................................................... 3.28 3.5.1. Ensaios de compressão longitudinal segundo a norma EN 383 .................. 3.28 3.5.2. Ensaios compressão radial segundo a norma EN 383 ................................. 3.35 3.5.3. Ensaios de uma ligação em T ...................................................................... 3.41 3.6. Conclusões .......................................................................................................... 3.50 IV - Modelação de Ligações do Tipo Cavilha em Estruturas de Madeira 4.1. Introdução ............................................................................................................. 4.1 4.2. Modelos de Elementos Finitos da ligação ............................................................ 4.2 4.3. Resultados e discussão .......................................................................................... 4.8 4.3.1. Simulação do ensaio de esmagamento localizado radial com cavilha simplesmente apoiada ............................................................................................. 4.9 4.3.2. Simulação do ensaio de esmagamento localizado radial com cavilha biencastrada ............................................................................................................. 4.12 4.3.3. Simulação do ensaio de esmagamento localizado longitudinal com cavilha simplesmente apoiada ........................................................................................... 4.15 4.3.4. Simulação do ensaio de esmagamento localizado longitudinal com cavilha biencastrada ............................................................................................................. 4.18 ix Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 4.3.5. Simulação do ensaio da ligação em T sem reforço ..................................... 4.21 4.3.6. Simulação do ensaio da ligação em T com reforço..................................... 4.24 4.3.7. Discussão de resultados .............................................................................. 4.27 4.4. Conclusões .......................................................................................................... 4.29 V - Conclusões Finais e Propostas de Trabalhos Futuros 5.1. Conclusões finais .................................................................................................. 5.1 5.2. Propostas de trabalhos futuros .............................................................................. 5.2 VI - Bibliografia x Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Lista de Figuras Figura 2.1 - Junta de sobreposição de corte duplo com reforço (Rodd et al., 2003) ..... 2.3 Figura 2.2 - Princípio do processo de injecção de resina (Rodd et al., 2003) ............... 2.4 Figura 2.3 - Princípio do ligador de tubo expandido (Rodd et al., 2003) ...................... 2.5 Figura 2.4 - Secção de uma junta de tubo expandido (Rodd et al., 2003) ..................... 2.5 Figura 2.5 - Deformação de uma junta de tubo expandido (Rodd et al., 2003) ............ 2.6 Figura 2.6 - Deformação de uma junta de tubo expandido com injecção de resina (Rodd et al., 2003) ............................................................................................................. 2.6 Figura 2.7 - Secção de uma ligação com parafuso de 12 mm de diâmetro, reforçada com anéis de madeira densificada (Rodd et al., 2003) ................................................... 2.7 Figura 2.8 - Exemplos de estruturas construídas com juntas de tubo expandido de alto desempenho. Interior do edifício de Orvelte (Rodd et al., 2003) ........................... 2.9 Figura 2.9 - Reforço de ligações com anéis metálicos (Larsen et al., 2000) ............... 2.10 Figura 2.10 - Chapas metálicas pregadas especiais, com uma área não furada, usada para reforçar uma junta aparafusada (Larsen et al., 2000) ................................... 2.11 Figura 2.11 - Técnica de reforço com insertos metálicos colados (Santos et al., 2009) .............................................................................................................................. 2.12 Figura 2.12 - Distribuição das tensões na madeira e na direcção do carregamento (vertical): a) compressão longitudinal; b) compressão radial (Santos et al., 2009) .............................................................................................................................. 2.13 Figura 2.13 - Alguns exemplos de reforços formados a partir de tecidos têxteis (Haller et al., 2006) ........................................................................................................... 2.14 xii Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 2.14 - Reforços com FRP: a) tecidos tricotados feitos de fibras de vidro e aramida (espiral); b) reforço transversal feito de fibras de carbono (Haller et al., 2006) ..................................................................................................................... 2.15 Figura 2.15 - Colocação de reforços perpendiculares ao eixo do furo (Haller et al., 2006) ..................................................................................................................... 2.15 Figura 3.1- Representação esquemática dos ensaios de esmagamento localizado segundo a norma EN383: a) compressão longitudinal; b) compressão radial ....... 3.2 Figura 3.2 - Curva força versus deslocamento proposta na norma EN 383 .................. 3.3 Figura 3.3 - Representação esquemática do ensaio da ligação estrutural em T............. 3.4 Figura 3.4 - Dimensões dos provetes usados nos ensaios de esmagamento localizado, segundo a norma EN383: a) compressão longitudinal; b) compressão radial ........ 3.5 Figura 3.5 - Dimensões dos provetes usados nos ensaios do detalhe estrutural (dimensões em mm): a) sem reforço; b) com reforço CFRP .................................. 3.5 Figura 3.6 - Direcções de simetria material da madeira ................................................ 3.6 Figura 3.7 - Elemento de volume representativo do lenho, com simetria ortotrópica rômbica. .................................................................................................................. 3.7 Figura 3.8 - Provete de adesivo Sikadur-30 com dimensões de 250x20x10 mm ........ 3.11 Figura 3.9 – Ensaio do provete de adesivo Sikadur-30 ............................................... 3.11 Figura 3.10 - Curvas tensão versus extensão longitudinal resultantes dos ensaios de tracção do adesivo ................................................................................................. 3.12 Figura 3.11 - Curvas tensão versus extensão transversal resultantes dos ensaios de tracção do adesivo ................................................................................................. 3.13 Figura 3.12 - Provete de CFRP com dimensões de 250x25x1.5 mm .......................... 3.14 Figura 3.13 - Ilustração do ensaio de tracção do laminado de carbono ....................... 3.15 Figura 3.14 - Curvas tensão versus extensão longitudinal resultantes dos ensaios de tracção do CFRP ................................................................................................... 3.15 Figura 3.15 - Curvas tensão versus extensão transversal resultantes dos ensaios de tracção do CFRP ................................................................................................... 3.16 Figura 3.16 - Tensões de membrana num laminado ortogonal cruzado ...................... 3.17 xiii Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 3.17 - Referencial de simetria material de uma camada................................... 3.19 Figura 3.18 - Ensaio de tracção uniaxial do CFRP ...................................................... 3.20 Figura 3.19 - Esquema de extracção dos provetes a partir de um tronco de madeira (Santos et al., 2009) .............................................................................................. 3.22 Figura 3.20 - Dimensões das placas de reforço CFRP (dimensões em mm) ............... 3.23 Figura 3.21 - Placa de laminado de carbono de dimensões 400x400 mm ................... 3.24 Figura 3.22 - Reforços em laminado de carbono ......................................................... 3.25 Figura 3.23 - Provetes de 84x198x30 mm, com e sem rebaixo: a) com rebaixo assimétrico para construção da ligação em T reforçada; b) sem rebaixo; c) com rebaixo central usado nos ensaios de esmagamento localizado............................ 3.25 Figura 3.24 - Provetes de 490x84x30 mm, com e sem rebaixo: a) peças sem rebaixo usadas na ligação em T sem reforço; b) peças com rebaixo usadas na ligação em T com reforço. .......................................................................................................... 3.26 Figura 3.25 - Processo de colagem do reforço nos provetes de madeira ..................... 3.27 Figura 3.26 - Provetes de madeira reforçados na zona central com CFRP: a) provetes antes da furação; b) provete após a furação .......................................................... 3.28 Figura 3.27 - Ensaio de compressão longitudinal segundo norma EN 383 ................. 3.29 Figura 3.28 - Curvas força versus deslocamento dos ensaios de compressão longitudinal com reforço ........................................................................................................... 3.30 Figura 3.29 - Evolução dos módulos de fundação com a massa volúmica da madeira, obtidos com ensaios de compressão longitudinal, com e sem reforço ................. 3.32 Figura 3.30 - Evolução da resistência ao esmagamento localizado com a massa volúmica, obtida com ensaios de compressão longitudinal, com e sem reforço .. 3.33 Figura 3.31 - Curvas força versus deslocamento resultantes dos ensaios de compressão longitudinal, usando provetes não reforçados (Santos et al., 2008) ..................... 3.34 Figura 3.32 - Modos de rotura típicos em ensaios de compressão longitudinal: a) provete com reforço; b) provete sem reforço ....................................................... 3.34 Figura 3.33 - Ensaios de esmagamento localizado na direcção radial, segundo a norma EN 383 .................................................................................................................. 3.35 xiv Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 3.34 - Curvas força versus deslocamento do LVDT, relativas aos ensaios de esmagamento localizado na direcção radial com reforço ..................................... 3.36 Figura 3.35 - Curva típica força versus deslocamento para ensaio de esmagamento na direcção radial ....................................................................................................... 3.37 Figura 3.36 - Evolução dos módulos de fundação K1 e K2 com a massa volúmica, obtidos com ensaios de esmagamento localizado realizados na direcção radial, com e sem reforço ......................................................................................................... 3.38 Figura 3.37 - Evolução do módulo de fundação K3 com a massa volúmica, resultante de ensaios de esmagamento localizado na direcção radial, com e sem reforço ........ 3.39 Figura 3.38 - Evolução da resistência ao esmagamento com a massa volúmica da madeira para soluções com e sem reforço, solicitadas radialmente ..................... 3.40 Figura 3.39 - Curvas forças versus deslocamento resultante dos ensaios de esmagamento localizado, na direcção radial, para soluções não reforçadas ........ 3.40 Figura 3.40 - Modos de rotura típicos nos ensaios de esmagamento radial: a) provete com reforço; b) provete sem reforço .................................................................... 3.41 Figura 3.41 - Ensaio de compressão de um detalhe estrutural: a) com reforço em CFRP; b) sem reforço. ...................................................................................................... 3.42 Figura 3.42 - Força versus deslocamento (1-2) do detalhe estrutural reforçado com CFRP..................................................................................................................... 3.43 Figura 3.43 - Força versus deslocamento (1-2) do detalhe estrutural sem reforço ...... 3.43 Figura 3.44 - Força versus deslocamento (3-4) do detalhe estrutural reforçado com CFRP..................................................................................................................... 3.44 Figura 3.45 - Força versus deslocamento (3-4) do detalhe estrutural sem reforço ...... 3.44 Figura 3.46 - Força versus deslocamento (1-2) - (3-4) do detalhe estrutural reforçado com CFRP ............................................................................................................. 3.45 Figura 3.47- Força versus deslocamento (1-2) - (3-4) do detalhe estrutural sem reforço .............................................................................................................................. 3.45 Figura 3.48 - Evolução do coeficiente de rigidez k1 com a massa volúmica, para a ligação em T com e sem reforço ........................................................................... 3.48 xv Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 3.49 - Evolução do coeficiente de rigidez k2 com a massa volúmica para a ligação em T com e sem reforço ........................................................................... 3.48 Figura 3.50 - Evolução do coeficiente de rigidez k3 com a massa volúmica, para a ligação em T com e sem reforço ........................................................................... 3.49 Figura 3.51 - Modos de rotura da peça central da ligação em T: a) elemento com reforço; b) elemento sem reforço .......................................................................... 3.49 Figura 3.52- Modos de roturas das peças laterais da ligação em T: a) elemento com reforço; b) elemento sem reforço .......................................................................... 3.50 Figura 4.1 - Malha de elementos finitos do modelo correspondente ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial de uma peça de madeira reforçada com CFRP e com cavilha simplesmente apoiada ........................................................... 4.5 Figura 4.2 - Malha de elementos finitos do modelo correspondente ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial de uma peça de madeira reforçada com CFRP e com cavilha bi-encastrada ......................................................................... 4.6 Figura 4.3 - Malha de elementos finitos do modelo correspondente ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal de uma peça de madeira reforçada com CFRP e com cavilha simplesmente apoiada ................................... 4.6 Figura 4.4 - Malha de elementos finitos do modelo correspondente ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal de uma peça de madeira reforçada com CFRP e com cavilha bi-encastrada ................................................. 4.7 Figura 4.5 - Malha de elementos finitos do modelo correspondente ao ensaio da ligação em T sem reforço .................................................................................................... 4.7 Figura 4.6 - Malha de elementos finitos do modelo relativo ao ensaio da ligação em T reforçada com CFRP............................................................................................... 4.8 Figura 4.7 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha simplesmente apoiada: a) tensões σy no laminado de carbono (y: direcção do carregamento); b) tensões equivalentes segundo Von Mises no adesivo.................................................................................................. .4.10 xvi Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.8 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha simplesmente apoiada: tensões σy (=σR) na madeira (y=R: direcção do carregamento/radial) ............................................................... 4.10 Figura 4.9 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha simplesmente apoiada: tensões τyx (=τRL) na madeira (y=R: direcção do carregamento/radial; x=L: direcção do fio da madeira) .............................................................................................................................. 4.11 Figura 4.10 - Campo de deslocamentos segundo y, em mm, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha simplesmente apoiada (y=R: direcção do carregamento/radial) ............................................................... 4.11 Figura 4.11 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha bi-encastrada: a) tensões σy no laminado carbono (y: direcção do carregamento); b) tensões equivalentes segundo Von Mises no adesivo. ............................................................................................................ 4.13 Figura 4.12 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha bi-encastrada: tensões σy (=σR) na madeira (y=R: direcção do carregamento/radial) ................................................. 4.13 Figura 4.13 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha bi-encastrada: tensões τyx (=τRL) na madeira (y=R: direcção do carregamento/radial; x=L: direcção do fio da madeira) .............................................................................................................................. 4.12 Figura 4.14 - Campo de deslocamentos segundo y, em mm, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha bi-encastrada (y=R: direcção do carregamento/radial) ......................................................................... 4.14 Figura 4.15 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha simplesmente apoiada: a) tensões σy no laminado de carbono (y: direcção do carregamento); b) tensões equivalentes segundo Von Mises no adesivo ............................................................................ 4.16 Figura 4.16 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha simplesmente apoiada: tensões σy (=σL) na madeira (y=L: direcção do carregamento/longitudinal) ........................ 4.16 xvii Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.17 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha simplesmente apoiada: tensões τxy (=τRL) na madeira (y=L: direcção do carregamento/longitudinal; x=R: direcção perpendicular ao fio da madeira/radial). ............................................................... 4.17 Figura 4.18 - Campo de deslocamentos segundo y, em mm, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha simplesmente apoiada (y=L: direcção do carregamento/longitudinal) ........................................ 4.17 Figura 4.19 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha bi-encastrada: a) tensões σy no laminado de carbono (y: direcção do carregamento); b) tensões equivalentes segundo Von Mises no adesivo ............................................................................ 4.19 Figura 4.20 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha bi-encastrada: tensões σy (=σL) na madeira (y=L: direcção do carregamento/longitudinal) ....................................... 4.19 Figura 4.21 - Campo de tensões, em MPa, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha bi-encastrada: tensões τxy (=τRL) na madeira (y=L: direcção do carregamento/longitudinal; x=R: direcção perpendicular ao fio da madeira/radial) ................................................................ 4.20 Figura 4.22 - Campo de deslocamentos segundo y, em mm, relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha bi-encastrada (y=L: direcção do carregamento/longitudinal) ............................................................... 4.20 Figura 4.23 - Campo de tensões na direcção do carregamento (y), em MPa, relativo à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço: tensões σL na peça central e σR na peça lateral ....................................................................................................... 4.22 Figura 4.24 - Campo de tensões de corte τRL, em MPa, relativo à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço ..................................................................................... 4.22 Figura 4.25 - Campo de tensões de corte τRL, em MPa, relativo à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço (ampliação da zona do furo). ...................................... 4.23 Figura 4.26 - Campo de deslocamentos segundo a direcção do carregamento, em mm, relativo à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço ............................... 4.23 xviii Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.27 - Campo de tensões σy no laminado de carbono, em MPa, relativo à simulação do detalhe em T reforçado: a) tensões no reforço de carbono, da peça lateral; b) tensões no reforço de carbono, da peça central .................................... 4.25 Figura 4.28 - Campo de tensões de Von Mises para o adesivo, resultante da simulação da ligação em T com reforço ................................................................................ 4.25 Figura 4.29 - Campo de tensões na direcção do carregamento (y), em MPa, relativos à simulação do ensaio da ligação em T com reforço: tensões σL na peça de madeira central e σR na peça de madeira lateral ................................................................. 4.26 Figura 4.30 - Campo de tensões de corte τRL na madeira, em MPa, relativos à simulação do ensaio da ligação em T com reforço ................................................................ 4.26 Figura 4.31 - Campo de deslocamentos segundo y, em mm, para o detalhe estrutural reforçado com laminado de carbono ..................................................................... 4.27 xix Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Lista de Tabelas Tabela 3.1 - Propriedades elásticas da madeira Pinus pinaster Ait. (Xavier. 2003; Pereira, 2003; Oliveira; 2003; Garrido, 2004) ........................................................ 3.9 Tabela 3.2 - Propriedades do adesivo Sikadur-30 ....................................................... 3.12 Tabela 3.3 - Propriedades elásticas da camada do laminado de carbono .................... 3.21 Tabela 3.4 - Resultados dos ensaios de esmagamento na direcção longitudinal segundo a norma EN383 ........................................................................................................ 3.31 Tabela 3.5 - Resultados dos ensaios de esmagamento da direcção radial segundo norma EN 383 .................................................................................................................. 3.37 Tabela 3.6 - Resultados obtidos nos ensaios do detalhe estrutural (ligação em T) sem reforço ................................................................................................................... 3.46 Tabela 3.7 – Resultados obtidos nos ensaios do detalhe estrutural (ligação em T) com reforço ................................................................................................................... 3.47 Tabela 4.1 - Configurações e resultados numéricos relativos ao ensaio de esmagamento localizado, na direcção radial, com cavilha simplesmente apoiada ........................ 4.9 Tabela 4.2 - Configurações e resultados numéricos relativos ao ensaio de esmagamento localizado, na direcção radial, com cavilha bi-encastrada .................................... 4.12 Tabela 4.3 - Configurações e resultados numéricos relativos ao ensaio de esmagamento localizado, na direcção longitudinal, com cavilha simplesmente apoiada ........... 4.15 Tabela 4.4 - Configurações e resultados numéricos relativos ao ensaio de esmagamento localizado, na direcção longitudinal, com cavilha bi-encastrada.......................... 4.18 Tabela 4.5 - Configurações e resultados numéricos relativos à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço ..................................................................................... 4.21 Tabela 4.6 - Configurações e resultados numéricos relativos à simulação do ensaio da ligação em T com reforço ..................................................................................... 4.24 xxi Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Nomenclatura Abreviaturas APDL Ansys Parametric Design Language ASTM American Society for Testing and Materials C.V. Coeficiente de Variação CFRP Carbon Fiber Reinforced Polymer DVW Densified Veneer Wood EN European Standard EVR Elemento de Volume Representativo FRP Fiber Reinforced Polymer Simbologia Aij coeficiente de rigidez do laminado C matriz de elasticidade ݀ diâmetro interno do furo e diâmetro da cavilha Ei módulo de elasticidade na direcção i Fced carga de cedência fc,d valor de resistência da madeira à compressão fh resistência ao esmagamento xxiii Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Frot força de rotura fv0,d valor de resistência da madeira ao corte Gij módulo de corte no plano de simetria ij Ki módulo de fundação ki coeficiente de rigidez L direcção de simetria material da madeira ao longo das fibras LR plano de simetria da madeira definido pelas direcções ortotrópicas L e R LT plano de simetria da madeira definido pelas direcções ortotrópicas L e T R direcção de simetria material da madeira ao longo dos raios ܴ resistência do anel metálico RT plano de simetria da madeira definido pelas direcções ortotrópicas R e T S matriz de flexibilidade ݐ profundidade de penetração do anel e espessura da peça de madeira T direcção de simetria material da madeira ao longo dos anéis de crescimento εij componente do tensor das deformações εi componente do tensor das deformações em notação Voigt e deformações de membrana νij coeficiente de Poisson para o par de direcções i e j ρ0 massa volúmica seca de uma peça em madeira σij componente do tensor das deformações σi componente do tensor das deformações em notação de Voigt xxiv Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Capítulo I Introdução e Objectivos 1.1 Introdução O aspecto crítico do projecto de estruturas de madeira situa-se ao nível das ligações entre os elementos estruturais. A ausência de perfeita continuidade nas estruturas, devido à presença de ligações, resulta numa redução da resistência global da estrutura, justificando o aumento das dimensões dos elementos estruturais. As ligações do tipo cavilha são as mais comuns nas estruturas de madeira. A singularidade destas ligações deve-se, quer à combinação de materiais distintos, madeira e aço, quer à elevada anisotropia da madeira. O conhecimento do comportamento mecânico das ligações do tipo cavilha é fundamental para a sua utilização eficiente. Este comportamento é complexo, sendo governado por vários factores geométricos, materiais e de carga. As ligações de madeira do tipo cavilha têm sido modeladas com base no modelo proposto por Johansen, o qual tem sido incorporado em códigos de projecto. Este modelo tem uma base empírica assumindo um comportamento elástico–plástico perfeito, quer para a madeira, quer para o elemento ligador e considera que a resistência ao esmagamento localizado é uma propriedade do material, quando na verdade é a combinação de várias características geométricas e materiais. Em geral, são necessários inúmeros ensaios para medição da resistência ao esmagamento localizado de modo a verificar todos os parâmetros influentes. O modelo de Johansen apenas prevê modos de rotura dúcteis. Roturas frágeis, observadas em ligações com um único ou múltiplos ligadores, não são tratadas por este modelo. Em alternativa, têm sido propostos modelos 2D baseados quer em modelos de viga sob fundação, quer em modelos de elementos finitos. No entanto, tem sido reconhecido que estes apenas 1.1 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira produzem previsões aproximadas para situações extremas: peças de madeira muito finas ou muito espessas. Tipicamente, as ligações do tipo cavilha constituem problemas tridimensionais que têm de ser modelados adequadamente. Apenas um número reduzido de modelos de elementos finitos 3D pode ser encontrado na literatura, aplicáveis às ligações. Muitas questões relativas à modelação por elementos finitos são controversas, nomeadamente a escolha do modelo constitutivo apropriado para a madeira e os critérios de rotura. Em geral, os modelos propostos são determinísticos, representando uma grande limitação, dado que o problema é governado por diversos parâmetros com natureza estocástica. Várias técnicas de reforço têm sido propostas com vista ao aumento da eficiência de ligações de madeira do tipo cavilha. A performance destas soluções de reforço tem sido demonstrada exclusivamente com estudos experimentais. A aplicação de ferramentas numéricas e analíticas tem sido descurada. Além disso, o modelo de Johansen não permite o tratamento deste tipo de ligações reforçadas. 1.2 Objectivos O objectivo principal deste trabalho consiste no desenvolvimento de uma solução de reforço para ligações do tipo cavilha, baseada na aplicação de laminados de carbono. Adicionalmente propõem-se modelos de elementos finitos 3D para simulação do comportamento mecânico de ligações reforçadas, do tipo cavilha, aplicáveis em estruturas de madeira. Em particular, pretende-se estabelecer o estado da arte no que respeita ao reforço de ligações do tipo cavilha para estruturas de madeira. Também se pretende, nesta tese, desenvolver um programa de ensaios laboratoriais que permitam comparar o comportamento mecânico (ex: rigidez, resistência ao esmagamento) entre soluções reforçadas com laminados de carbono e soluções de ligação sem reforço. Todo o programa experimental deve basear-se na madeira de Pinho Marítimo, nomeadamente a espécie Pinus pinaster Ait., dado ser uma das espécies de madeira mais relevantes em Portugal. Os 1.2 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira resultados do programa experimental deverão, por um lado, ser comparados com resultados publicados na literatura para ligações sem reforço e, por outro, servir para calibração/validação dos modelos numéricos a desenvolver. Finalmente, deverão ser desenvolvidos modelos de elementos finitos de ligações do tipo cavilha, quer sem reforço quer com reforço, usando a solução proposta neste trabalho. Estes modelos devem ser calibrados e validados com base nos resultados experimentais gerados no âmbito da dissertação. Os modelos propostos devem ser capazes de descrever, o comportamento linear das ligações. 1.3 Estrutura de dissertação A dissertação apresenta-se dividida em cinco capítulos. O primeiro capítulo faz o enquadramento do tema da dissertação, refere os objectivos e, por fim, a estrutura da dissertação. No Capítulo II apresenta-se um estado da arte relativo ao estudo do comportamento mecânico de ligações do tipo cavilha cobrindo aspectos experimentais e de modelação, com base em modelos analíticos e numéricos, tal como o método dos elementos finitos. Enumeram-se também as diversas técnicas de reforço usadas habitualmente nas ligações do tipo cavilha. No Capítulo III é apresentado o trabalho experimental, onde é descrita, a preparação dos provetes e o procedimento experimental. São também apresentados e discutidos os resultados experimentais obtidos no programa experimental composto por ensaios de esmagamento localizado segundo a norma EN 383 com provetes reforçados com laminado de carbono, e ensaios de um detalhe estrutural sem e com reforço. No Capítulo IV é apresentado um programa de simulações numéricas, pelo método dos elementos finitos, de ligações sem e com reforço. Em particular, são modelados os 1.3 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira ensaios de esmagamento localizado apresentados no Capítulo III, assim como os ensaios de ligações estruturais sem e com reforço, também testadas no Capítulo III. Os modelos são calibrados usando os resultados experimentais, e são usados para demonstrar os efeitos benéficos do reforço na ligação As conclusões do trabalho e sugestões para futuros desenvolvimentos são apresentados no Capítulo V. 1.4 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Capítulo II Revisão Bibliográfica 2.1 Introdução As ligações são os elementos críticos no projecto e desempenho de estruturas de madeira. Cerca de 80% das falhas em estruturas de madeira iniciam nas ligações (Itany et al., 1984). As ligações do tipo cavilha são as mais comuns nas estruturas de madeira. A caracterização do comportamento mecânico das ligações do tipo cavilha é um tópico actual que apresenta inúmeras questões por resolver, nomeadamente aspectos analíticos, numéricos e experimentais. De acordo com as regras de projecto de prática corrente (Soltis et al., 1987), o cálculo de ligações do tipo cavilha faz-se com recurso ao modelo europeu de cedência, também conhecido por modelo de Johansen. Este modelo apresenta limitações importantes (Patton Mallory et al., 1997): apenas prevê cargas de rotura associadas a modos de rotura dúcteis; não prevê a rigidez da ligação; não é sensível à folga furo/cavilha; não contempla o efeito do coeficiente de atrito entre materiais; não prevê directamente o comportamento de ligações com múltiplos ligadores. Os inconvenientes referidos do modelo de Johansen têm sido ultrapassados por diversas técnicas alternativas tais como modelos analíticos e numéricos que podem ser classificados em bidimensionais (2D) e tridimensionais (3D). De entre dos modelos 2D podem citar-se os modelos de viga sob fundação (lineares e não lineares) (Sawata et al., 2003) e modelos de elementos finitos (Patton Mallory et al., 1997; Chen et al., 2003; Racher et al., 2005; Kharouf et al., 2003). Apesar de estes modelos terem contribuído para avanços importantes na descrição do comportamento mecânico das ligações do tipo cavilha, estes continuam a apresentar algumas limitações. Por exemplo, o modelo de viga 2.1 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira sob fundação pode contemplar tensões perpendiculares ao fio da madeira, mas despreza outras tensões que podem conduzir a roturas frágeis. Os modelos de elementos finitos 2D assumem tensões uniformes ao longo da espessura das peças de madeira. Na realidade, as tensões não são uniformes tais como no caso de uma ligação onde a cavilha cede por flexão. Assim modelos 3D parecem ser a escolha mais apropriada para modelação do comportamento de ligações do tipo cavilha. Apenas um número muito limitado de modelos de elementos finitos 3D têm sido propostos, nomeadamente Patton Mallory et al. (1997) e Moses et al. (2003) desenvolveram um modelo de ligações do tipo cavilha com apenas um único ligador. O reforço de ligações, em particular das ligações do tipo cavilha, visa o melhoramento do desempenho mecânico possibilitando economia de material, no caso das estruturas novas, ou a reabilitação de estruturas antigas. Este reforço pode visar vários objectivos, nomeadamente o aumento da rigidez, resistência última e características de ductilidade das ligações. De acordo com Madsen et al. (2000), as ligações tipo cavilha devem ter alta resistência para carregamentos de baixa e alta amplitude, como também boa resistência a variações de temperatura e de humidade. As ligações devem ser rígidas e fiáveis de modo a garantir estabilidade nas ligações. Assim sendo, várias técnicas de reforço têm sido propostas na literatura, como podemos observar neste capítulo. 2.2 Junta de sobreposição com corte duplo Segundo Rodd et al. (2003), uma técnica disponível para melhorar a resistência ao esmagamento é obtida pela colagem de materiais de reforço nos membros de madeira na vizinhança dos ligadores, como está indicado na Figura 2.1. O reforço é colado sobre as superfícies de interface dos membros de madeira, antes da montagem da ligação. Alguns dos primeiros testes a serem executados em ligações reforçadas foram efectuadas por Trayer, em 1928, tendo usado madeira de elevada densidade como reforço. Verificou-se que a resistência das ligações aumentou cerca de 80%, quando comparada com a de ligações não reforçadas. Outros materiais incluindo, chapas de aço fino, chapas 2.2 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira de metal perfuradas, tecidos de fibra e placas de madeira densificada, foram investigados como materiais de reforço. O reforço tem dois papéis distintos: por um lado ajuda a controlar a ruptura paralela e perpendicular ao grão, que tende a desenvolver-se devido às acções dos ligadores, por outro lado oferece uma superfície de esmagamento adicional. Para compreender o ganho das técnicas de reforço referidas no aumento da resistência das ligações, Rodd et al. (2003) realizou testes em ligações feitas com uma só cavilha, reforçadas com madeira folheada (plywood). Foi observado que até mesmo o reforço mais fino pode duplicar a resistência da ligação. Em geral, quer a utilização de furos no reforço com diâmetros sobredimensionados, quer iguais aos furos das peças de madeira, produzem resistências das ligações que aumentam em proporção à espessura do reforço. Foram efectuados testes usando lâminas de madeira densificada (DVW) tendo-se concluído que esta apresenta características mais adequadas como material de reforço que a madeira folheada. reforço Figura 2.1 - Junta de sobreposição de corte duplo com reforço (Rodd et al., 2003). 2.3 Injecção de resina e junta de tubo expandido Segundo Rodd et al. (2003), o aumento da resistência ao esmagamento localizado, pela adição de reforços, também conduz à melhoria da rigidez. No entanto, a aplicação do reforço pode não se traduzir directamente no aumento da rigidez da ligação, dada a existência de folgas entre os furos e os ligadores e a ausência de contacto inicial perfeito. Existem, contudo, métodos capazes de combater estes problemas como, por exemplo, o preenchimento do espaço vazio entre a superfície interna do furo e o corpo do ligador com resina injectada, ou a expansão do diâmetro de um ligador tubular instalado na ligação de 2.3 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira modo a resultar um ajuste perfeito. O primeiro destes métodos pode ser usado em ligações feitas com qualquer ligador do tipo cavilha e é eficaz seja ou não a madeira reforçada. O procedimento de injecção é semelhante ao usado com parafusos em estruturas de aço. A técnica envolve a perfuração de um pequeno orifício diagonal de injecção na face lateral da ligação. O ligador é então instalado, com um furo de abertura no lado oposto ao furo de injecção para escape do ar. É fundamental a aplicação de um vedante entre os membros das juntas adjacentes para prevenir uma possível perda de resina. Quando a injecção está completa a resina emerge pelo furo de abertura como mostra a Figura 2.2. Saída de ar Injecção da resina madeira vedante DVW cavilha Figura 2.2 - Princípio do processo de injecção de resina (Rodd et al., 2003). No segundo método, um tubo de aço oco, de comprimento superior à soma das várias espessuras das peças a ligar, é inserido num furo que atravessa os vários membros. O tubo é comprimido axialmente com um actuador hidráulico promovendo a expansão do tubo até que este se ajusta perfeitamente ao furo. Esta técnica é ilustrada na Figura 2.3. Na Figura 2.4 apresenta-se uma imagem de uma ligação seccionada. Uma compressão adicional do tubo gerará tensões de compressão em toda a periferia do furo melhorando o contacto inicial assim como a rigidez. Em ligações reforçadas com lâminas de madeira densificada, a rigidez pode ser até oito vezes superior quando comparado com ligações não reforçadas. As ligações reforçadas com resina injectada parecem apresentar uma maior rigidez (Rodd et al., 2003), permitindo assim prevenir a rotura. 2.4 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira madeira actuador DVW tubo de aço Figura 2.3 - Princípio do ligador de tubo expandido (Rodd et al., 2003). Figura 2.4 - Secção de uma junta de tubo expandido (Rodd et al., 2003). Um dos modos mais eficaz de assegurar a ductilidade adequada em ligações é a aplicação de um grande número de ligadores (cavilhas) pequenos, permitindo ampliar a área de contacto, reduzindo as tensões instaladas; o pequeno diâmetro dos ligadores significa que estes são facilmente deformados, aumentando a ductilidade da ligação. Uma alternativa é a aplicação de ligadores de grande diâmetro, mas ocos (ligadores tubulares), reduzindo assim a sua rigidez mas aumentando em contrapartida a ductilidade da ligação. Pela sua natureza, os tubos de aço podem ser deformados para tensões inferiores às tensões de esmagamento que existiriam em ligações com ligadores maciços. Ensaios de ligações 2.5 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira reforçadas com chapas de madeira densificada e construídas com ligadores de tubo expandido mostraram que a deformação plástica pode ser dez a vinte vezes a deformação elástica, Figura 2.5. Uma característica semelhante é encontrada em ligações empregando cavilhas ocas com injecção de resina, Figura 2.6 (Rodd et al., 2003). Figura 2.5 - Deformação de uma junta de tubo expandido (Rodd et al., 2003). Figura 2.6 - Deformação de uma junta de tubo expandido com injecção de resina (Rodd et al., 2003). 2.6 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 2.4 Juntas reforçadas com anéis de madeira densificada Tem sido desenvolvida por Rodd et al. (2003) uma forma alternativa de ligações reforçadas, que é conhecida como ligação reforçada com anéis de madeira densificada. Tal como o nome indica, as ligações são reforçadas com anéis de madeira densificada, normalmente com um tamanho semelhante à maioria das formas comuns de chapas de corte (Shear Plates) ou anéis de divisão (Split Rings), com aproximadamente 70 mm de diâmetro. Os discos são colados em caixas maquinadas na madeira, em torno do furo, usando uma resina epóxida ou outro tipo de adesivo. A aplicação dos discos não promove o aumento da espessura das peças estruturais a ligar. Esta técnica de reforço pode ser usada com parafusos ou ligadores tubulares e tem um duplo propósito; primeiramente o reforço promove a redistribuição das tensões actuantes na madeira por uma área superior; em segundo lugar dificulta os modos de ruptura frágil. Não é garantido que o desempenho destas ligações, relativamente às ligações reforçadas com reforços colados exteriormente, seja superior, mas têm vantagens distintas tais como a poupança de materiais e a garantia de manter a espessura da ligação. Na Figura 2.7 apresenta-se uma secção de uma ligação com este tipo de reforço após ensaiado. Figura 2.7 - Secção de uma ligação com parafuso de 12 mm de diâmetro, reforçada com anéis de madeira densificada (Rodd et al., 2003). 2.7 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 2.5 Juntas de alto desempenho feitas com ligadores tubulares Rodd et al. (2003) afirma que estruturas estaticamente indeterminadas raramente são construídas em madeira, no entanto, comparadas com as equivalentes estaticamente determinadas, requerem 30-40% menos material e podem resultar numa melhor competitividade global. As exigências colocadas nas ligações das estruturas estaticamente indeterminadas são severas, na medida em que estas têm de ser capazes de suportar todas as cargas axiais assim como momentos flectores. É essencial conhecer com rigor a fiabilidade da rigidez da ligação. É ainda exigida uma capacidade rotacional mínima e as ligações necessitam de ser de fácil montagem, no local onde são instaladas. A solução pode passar por uma ligação reforçada com placas de madeira densificada e com um ligador tubular expandido ou injectado com resina. As placas de madeira densificada são coladas sobre os membros da madeira, formando as interfaces articuladas. As folhas de madeira densificada são um material baseado em madeira que não só é fácil de colar sem procedimentos especiais, como também é fácil de perfurar. Uma ductilidade adequada é assegurada pela selecção do reforço da ligação e tipo de tubo expandido. A selecção deste reforço, combinado com o reforço de madeira densificada, tem o duplo papel de satisfazer ambas as exigências de resistência e ductilidade. A alta rigidez é assegurada pela aplicação de tubos expandidos de grande diâmetro; a fiabilidade do valor da rigidez é assegurada por uma folga nula (ver Figura 2.8) que se pode obter quer pela aplicação de resina injectada quer por técnicas de tubo expandido. De salientar que o reforço com madeira densificada é um tópico actual no reforço de ligações em madeira (Rodd et al., 2003). 2.8 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 2.8 - Exemplos de estruturas construídas com juntas de tubo expandido de alto desempenho. Interior do edifício de Orvelte (Rodd et al., 2003). 2.6 Aplicação de anéis metálicos Segundo Larsen et al. (2000), a resistência de uma ligação com um anel metálico é dada em função de dois parâmetros: a resistência ao corte da parte interna do anel e a resistência produzida pelo contacto das paredes do anel com a madeira, como se observa na Figura 2.9. Por outras palavras, considera-se que o anel metálico possui resistência suficiente para as solicitações actuantes, tornando-se assim a madeira responsável pela resistência da ligação. Desta forma o valor de cálculo da resistência de um anel metálico é dado pelo menor dos dois valores seguintes: ܴଵ,ଵ = గௗమ ସ ݂௩,ௗ e ܴଵ,ଶ = ݂ ݀ ݐఈ,ௗ (2.1) onde t é a profundidade de penetração do anel em cada peça de madeira, ou seja, é a metade do comprimento do anel. O diâmetro interno está representado pela letra d. Os valores fv0,d e fc,d são os valores de resistência da madeira ao corte e à compressão. 2.9 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira anel parafuso de montagem d t Figura 2.9 – Reforço de ligações com anéis metálicos (Larsen et al., 2000). 2.7 Reforço para prevenir a divisão com chapas pregadas Segundo Larsen et al. (2000), a resistência de ligações com ligadores do tipo cavilha é em grande parte condicionada pelo risco de ruptura frágil, causada por tensões normais ao fio da madeira. Este comportamento frágil é claramente mais acentuado para juntas solicitadas segundo direcções não paralelas ao fio da madeira. No entanto, a fractura frágil é também frequente, para o caso de ligações carregadas paralelamente ao fio da madeira, em especial para ligações com múltiplos ligadores em linha. O risco de ruptura frágil por geração de fendas paralelas ao grão, pode ser reduzido ou eliminado reforçando a superfície dos membros de madeira com madeira compensada, chapas de madeira densificada ou chapas metálicas pregadas. A aplicação de chapas metálicas pregadas é uma solução usada como reforço local de ligações por parafusos ou cavilhas, sendo aplicadas em todas as superfícies das ligações e membros a unir. Os elementos são unidos com estas chapas e posteriormente é feita a perfuração para inserção dos parafusos ou cavilhas, Figura 2.10. A estrutura pode então ser desmantelada e transportada em componentes para serem montados na obra. Na Finlândia 2.10 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira foram desenvolvidas chapas pregadas especiais, com uma área não furada (até 50% da largura da chapa) onde os furos dos parafusos são localizados. Figura 2.10 - Chapas metálicas pregadas especiais, com uma área não furada, usada para reforçar uma junta aparafusada (Larsen et al., 2000). 2.8 Reforço com insertos metálicos colados Santos et al. (2009) apresentou um estudo sobre o desenvolvimento de uma técnica de reforço para ligações do tipo cavilha. A técnica proposta é baseada na aplicação de insertos metálicos colados no furo da madeira, Figura 2.11. A técnica é demonstrada utilizando madeira de Pinho Marítimo, nomedamente Pinus pinaster Ait. Foram estudados dois tipos de adesivos distintos, tendo por base um programa de ensaios experimentais, envolvendo ensaios de esmagamento localizado, realizados segundo a norma EN 383. Neste estudo foram considerados ensaios de esmagamento segundo duas direcções, nomeadamente, compressão perpendicular e paralela ao fio da madeira. O programa experimental permitiu a avaliação da resistência ao esmagamento e o módulo de fundação, demonstrando um ganho superior a 50% na resistência ao 2.11 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira esmagamento localizado em comparação com provetes não reforçados. Também foi possível avaliar qual o melhor adesivo estrutural para aumentar a eficiência do reforço. Com a aplicação deste tipo de reforço foi possível obter uma redução do campo de tensões no furo de ligação, retardando o aparecimento de dano na madeira. Figura 2.11 - Técnica de reforço com insertos metálicos colados (Santos et al., 2009). Santos et al. (2009) apresenta também uma avaliação da solução de reforço com base num modelo de elementos finitos, Figura 2.12. Com efeito, foram desenvolvidos modelos de elementos finitos 3D baseados nas geometrias usadas no trabalho experimental, permitindo comparar a distribuição de tensões para ensaios com e sem reforço, ilustrando os efeitos benéficos do reforço. 2.12 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 2.12 - Distribuição das tensões na madeira na direcção do carregamento (vertical): a) compressão longitudinal; b) compressão radial (Santos et al., 2009). 2.9 Reforços têxteis (FRP) Estruturas de madeira laminada suportam cargas dinâmicas de uma forma eficaz, devido à sua baixa massa volúmica e alta capacidade de dissipação de energia. Contudo, o ponto crítico numa estrutura de madeira está nas ligações que podem ser sobrecarregadas, caso que se verifica aquando da ocorrência de um sismo. Segundo Kasal et al. (2004) pode-se aumentar a capacidade e fiabilidade das ligações nas estruturas recorrendo a reforços em materiais compósitos à base de fibras. As ligações estão sujeitas a ruptura frágeis de esmagamento devido a tensões de corte e tensões perpendiculares ao fio da madeira. Com ajuda de reforços têxteis estes modos críticos de ruptura podem ser evitados. Haller et al. (2006) procurou melhorar o desempenho de ligações tipo cavilha, tentando aumentar a sua resistência ao esmagamento, rigidez e ductilidade, reforçando assim as ligações com tecidos têxteis impregnados em resina e adaptados aos estados de tensões desenvolvidos na proximidade dos ligadores do tipo cavilha. A orientação variável da colocação das fibras é um pré-requisito para uma optimização adicional do desempenho estrutural. Existe sem dúvida, um melhoramento da 2.13 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira resistência ao esmagamento por meio de uma malha tricotada biaxial e tecidos cosidos multiaxialmente. A Figura 2.13 apresenta alguns exemplos de tecidos e configurações usados por Haller et al. (2006). Nas Figura 2.14 e 2.15 podem observar-se algumas disposições dos reforços, para ligações do tipo cavilha. Figura 2.13 - Alguns exemplos de reforços formados a partir de tecidos têxteis (Haller et al., 2006). 2.14 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 2.14 – Reforços com FRP: a) tecidos tricotados feitos de fibras de vidro e aramida (espiral); b) reforço transversal feito de fibras de carbono (Haller et al., 2006). Figura 2.15 - Colocação de reforços perpendiculares ao eixo do furo (Haller et al., 2006). Segundo Larsen et al. (2000), o reforço em fibra de vidro, aramida e fibras de carbono são adequados para estruturas de madeira. A vantagem da escolha de fibras de vidro é que são mais baratas e de fácil colagem. Actualmente existe uma grande variedade destas fibras. A produção de fibras de carbono tem vindo a aumentar bastante, podendo tornar-se em breve uma opção atraente para o reforço de estruturas de madeira. A opção por fibras unidireccionais coladas perpendicularmente ao fio da madeira são geralmente eficazes, o que não acontece se coladas na direcção do fio. A opção por laminados de fibra, com camadas aleatórias, tem as suas vantagens, pois são mais baratos, são de fácil manuseamento e sobretudo aumentam a resistência ao esmagamento. A sua rigidez, comparada com laminados unidireccionais com a mesma massa, é três a oito vezes 2.15 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira superior. As falhas do reforço ocorrem em duas situações: quando é ultrapassada a tensão de cedência do laminado ou então quando existe uma falha do adesivo seleccionado para a colagem laminado/madeira. 2.10 Conclusões O reforço de ligações do tipo cavilha é um tema que tem vindo a ser estudado e desenvolvido há décadas. Este tipo de reforço tem como objectivo o melhoramento do desempenho mecânico das ligações tipo cavilha em estruturas de madeira contribuindo para uma redução do material empregue na estrutura. A aplicação do reforço tem como principais objectivos o aumento da rigidez, da resistência última e ductilidade das ligações. Várias técnicas de reforço têm sido demonstradas na literatura, como se pode verificar ao longo deste capítulo, concluindo que são demonstradas essencialmente com base em resultados experimentais, existindo uma grande carência de modelos analíticos e numéricos. Pelo exposto, apresenta-se no presente trabalho a modelação por elementos finitos de uma ligação reforçada. A solução adoptada como reforço consiste na aplicação de uma placa de laminado de carbono bidireccional na zona envolvente do furo. Optou-se por um reforço do tipo laminado de carbono por se tratar de uma técnica de reforço inovadora, e com elevadas propriedades de resistência mecânica e de fácil colagem à madeira. 2.16 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Capítulo III Programa Experimental 3.1 Introdução O reforço de ligações de madeira visa um melhor desempenho mecânico destas ligações. Este capítulo procura demonstrar, através de um programa experimental, a eficiência de uma técnica de reforço inovadora, baseada na aplicação de laminados de carbono bidireccional (CFRP) nas faces laterais da madeira, na zona da furação para inserção das cavilhas. Com efeito, são apresentados neste capítulo os detalhes do programa experimental, os resultados obtidos e a discussão destes resultados. 3.2 Descrição dos tipos de ensaios e instrumentação O programa experimental consistiu na realização de ensaios de esmagamento localizado, segundo a norma EN 383. Foram realizados ensaios de compressão longitudinal e radial (ver Figura 3.1). Adicionalmente foi testado um detalhe estrutural. Todos os provetes foram construídos em madeira de Pinho Marítimo, sendo reforçados com placas coladas de CFRP. Para servir de base de comparação, foi também testada uma série de ensaios do detalhe estrutural sem qualquer reforço. Em relação aos ensaios de esmagamento localizado, não foi necessário testar séries não reforçadas pois já existe na literatura resultados disponíveis (Santos et al., 2008). 3.1 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 3.1 - Representação esquemática dos ensaios de esmagamento localizado segundo a norma EN 383: a) compressão longitudinal; b) compressão radial. Os ensaios foram realizados numa máquina de ensaios electromecânica, marca Instron®, modelo 1125, equipada com uma célula de carga de 100 kN. Os ensaios foram ainda efectuados em controlo de deslocamento do travessão da máquina, tendo-se usado LVDT’s, modelo AML/EU ±10-S10, da marca Applied Measurements®, para medir os deslocamentos. Os dados obtidos nos ensaios experimentais foram adquiridos através do sistema de aquisição de dados SPIDER 8-30®. As velocidades de aplicação das cargas nos ensaios de esmagamento localizados, respeitaram as indicações da norma EN 383. Os ensaios de compressão longitudinal foram realizados com uma velocidade do travessão de 0.3 mm/min; para os ensaios de compressão radial, a velocidade imposta ao travessão foi de 1.0 mm/min. Testes preliminares permitiram revelar o valor da carga de resistência máxima. Esta carga serviu de base à planificação dos ensaios, nomeadamente à definição dos patamares de carga/descarga/recarga estabelecidos na norma EN383. Inicialmente os provetes são carregados até 40% da carga máxima de rotura estimada, mantendo-se a posição do travessão constante durante 30 s; de seguida os provetes são descarregados até 10% da carga máxima, mantendo-se a posição do travessão da máquina correspondente durante 30 s; finalmente os provetes são carregados até à rotura. A Figura 3.2 ilustra a curva forçadeslocamento proposta na norma EN 383. 3.2 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira F/Fmax est 0.8 0.6 0.4 k1 k2 0.1 Deformação Figura 3.2 - Curva força versus deslocamento proposta na norma EN383. Os ensaios de compressão longitudinal e radial foram instrumentados com um LVDT solidário com a cavilha, permitindo a medição do deslocamento da cavilha em relação ao plano de apoio do provete, como se observa na Figura 3.1. Adicionalmente também foram realizados ensaios de uma ligação em T, tal como se ilustra de forma esquemática na Figura 3.3. A peça central da ligação é comprimida na direcção paralela ao fio da madeira. A peça central está ligada a duas peças laterais através de uma cavilha única. As peças laterais estão simplesmente apoiadas. Os ensaios da ligação em T foram instrumentados com quatro LVDT’s tal como se pode observar na Figura 3.3: dois LVDT’s estão solidários à peça central e medem o deslocamento de uma secção da peça central em relação à base da máquina; outros dois LVDT’s estão ligados directamente à cavilha e medem o deslocamento da cavilha em relação à base. A ligação foi testada impondo um deslocamento ao travessão da máquina de 0.3 mm/min. Todo o programa experimental baseou-se na madeira de Pinho Marítimo, nomeadamente Pinus pinaster Ait., dado ser uma das espécies da madeira mais relevantes em Portugal e com potencial para utilização na construção. Neste estudo desenvolveu-se 3.3 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira uma nova técnica de reforço de ligações do tipo cavilha, que consiste no reforço da ligação com placas de laminado de carbono. Estas placas de reforço foram aplicadas com uma argamassa epóxida proposta pela SIKA® para colagem de reforços em estruturas, com designação comercial Sikadur-30. De modo a determinar as propriedades mecânicas básicas do material de reforço e do adesivo foi também elaborado um programa experimental específico, baseado em ensaios de tracção. Figura 3.3 - Representação esquemática do ensaio da ligação estrutural em T. As dimensões dos provetes usadas nos ensaios de esmagamento localizado seguiram as recomendações da norma EN 383, tal como se ilustra na Figura 3.4. O diâmetro da cavilha foi considerado igual a 14 mm e a espessura t das peças foi considerada igual a 30 mm. 3.4 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 3.4 - Dimensões dos provetes usados nos ensaios de esmagamento localizado, segundo a norma EN383: a) compressão longitudinal; b) compressão radial. As dimensões da peça central da ligação em T são iguais às dimensões do provete usado nos ensaios de esmagamento localizado. As peças laterais têm a mesma secção da peça central, mas apresenta um comprimento de 490 mm. A Figura 3.5 ilustra as dimensões gerais, da ligação em T assim como as cotas relevantes do respectivo ensaio. a) b) Figura 3.5 - Dimensões dos provetes usados nos ensaios do detalhe estrutural (dimensões em mm): a) sem reforço; b) com reforço CFRP. 3.5 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 3.3 Descrição dos materiais 3.3.1 Madeira de pinho Actualmente a madeira ainda continua a ser um material usado em larga escala para diversas aplicações de engenharia, a par com outros materiais como os metais, polímeros, compósitos, entre outros. Sendo a madeira um material biológico, apresenta características bastante diferentes de todos os materiais não-biológicos, evidenciando-se a sua forte anisotropia, heterogeneidade e variabilidade. A variabilidade nas propriedades da madeira representa uma enorme dificuldade na caracterização de algumas propriedades importantes no seu desempenho, enquanto material estrutural. Segundo Hallstrom et al. (1997), a madeira pode ser descrita como sendo um material ortotrópico, isto é, apresenta propriedades mecânicas distintas em relação a três eixos principais de simetria material. Com efeito a partir da sua estrutura anatómica é possível definir, em cada ponto, três direcções de simetria material, assim designadas (ver Figura 3.6): longitudinal (L), ao longo das fibras; radial (R), perpendicular às fibras e paralela aos raios; tangencial (T) aos anéis de crescimento e mutuamente perpendicular às direcções L e R. Figura 3.6 - Direcções de simetria material da madeira. Retirando uma amostra de lenho a uma certa distância do centro da árvore, de forma a desprezar-se a curvatura dos anéis de crescimento, e ao longo do fio de madeira, é possível obter um Elemento de Volume Representativo (EVR) do material, com três planos aproximadamente mutuamente ortogonais entre si. Nesta aproximação admite-se que as 3.6 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira direcções radiais (R), definidas em cada ponto material do EVR, são paralelas entre si em vez de divergentes, e que a face LT do EVR é supostamente plana em vez de cilíndrica. Assim, as faces do EVR definidas pelas três direcções de simetria material (L, R e T), admitidas constantes em cada ponto desse elemento de volume, representam planos principais da madeira, identificados pela nomenclatura LR, LT e RT, Figura 3.7. Figura 3.7 - Elemento de volume representativo do lenho, com simetria ortotrópica rômbica. A lei de Hooke generalizada pode ser escrita na notação de Voigt, que, embora não mostre o carácter tensorial das grandezas envolvidas, torna-se útil do ponto de vista das aplicações computacionais. Numa notação compacta a lei de Hooke pode ser escrita: ሼߝሽ = ሾܵሿሼߪሽ (3.1) onde [S] representa a matriz de flexibilidade, ሼߝሽ e ሼߪሽ as listas das deformações e das tensões, respectivamente. A lei de Hooke generalizada (Equação 3.1) pode ser invertida de forma a fornecer a lista das tensões explicitamente a partir das deformações: ሼߪሽ = ሾܥሿሼߝሽ em que [C] é a matriz de elasticidade. 3.7 (3.2) Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Os materiais ortotrópicos possuem uma estrutura interna que admite três planos de simetria mutuamente ortogonais. Exemplos deste tipo de materiais são a madeira e os plásticos reforçados com fibras. Com base nesses planos de simetria é possível definir em cada ponto material um sistema de coordenadas cartesiano e ortonormado, designado por referencial de simetria material ou referencial de ortotropia. Demonstra-se que em qualquer sistema de coordenadas definido por esses planos de simetria material, a matriz de flexibilidade adquire a seguinte estrutura (McCoullough et al., 1990): ܵଵଵ ܵۍ ێଶଵ ܵ ሾܵሿ = ێଷଵ ێ0 ێ0 ۏ0 ܵଵଶ ܵଶଶ ܵଵଵ 0 0 0 ܵଵଷ ܵଶଷ ܵଷଷ 0 0 0 0 0 0 ܵସସ 0 0 0 0 0 0 ܵହହ 0 0 0 ې ۑ 0 ۑ 0 ۑ 0 ۑ ܵ ے (3.3) A matriz de elasticidade [C] para materiais ortotrópicos no referencial de simetria material tem uma forma semelhante à Equação (3.3). Os elementos da matriz de flexibilidade [S] de um material ortotrópico expressos no referencial de simetria material, são identificadas experimentalmente através de ensaios mecânicos adequados, sendo frequente exprimir os resultados desses ensaios sob a forma de parâmetros conhecidos por constantes de engenharia. Com a finalidade de obter as relações entre as constantes de engenharia e as constantes de flexibilidade, são realizados ensaios mecânicos aplicados a provetes com simetria ortotrópica. Do desenvolvimento destas relações obtém-se a seguinte matriz flexibilidade (McCoullough et al., 1990). 1/ܧଵ ۍ −ߥ /ܧ ێଵଶ ଵ −ߥ /ܧ ሾܵሿ = ێଵଷ ଵ 0 ێ 0 ێ ۏ 0 −ߥଶଵ /ܧଶ 1/ܧଶ −ߥଶଷ /ܧଶ 0 0 0 −ߥଷଵ /ܧଷ −ߥଷଶ /ܧଷ 1/ܧଷ 0 0 0 0 0 0 1/ܩଶଷ 0 0 0 0 0 0 1/ܩଵଷ 0 0 ې 0 ۑ 0 ۑ 0 ۑ 0 ۑ 1/ܩଵଶ ے (3.4) Onde ܧ (݅ = 1,2,3) são os módulos de Young, ߥ୧୨ (݆݅ = 1,2,3) são os coeficientes de Poisson (݅ representa a direcção da carga aplicada e ݆ a direcção da deformação) ܩ (݆݅ = 1,2,3) são os módulos de corte. Atendendo à simetria da matriz de flexibilidade, os 3.8 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira módulos de elasticidade e os coeficientes de Poisson deverão satisfazer as seguintes relações de reciprocidade: ఔೕ ா = ఔೕ ாೕ com ݅, ݆ = 1,2,3 (3.5) Considerando a notação de índices geralmente usados para indicar as direcções de simetria da estrutura anatómica da madeira (L, R, T), a lei de Hooke generalizada relativamente ao sistema de coordenadas LRT pode exprimir-se da seguinte forma: ߝ ߝ ۓோ ۗ ۖߝ ۖ 1/ܧL ۍ −ߥLR /ܧL ێ −ߥ /ܧ ் = ێLT L γ 0 ۔ோ் ۘ ێ γ 0 ۖ ் ۖ ێ γ ەோ ۙ ۏ 0 −ߥRL /ܧR 1/ܧR −ߥRT /ܧR 0 0 0 −ߥTL /ܧT −ߥTR /ܧT 1/ܧT 0 0 0 0 0 0 1/ܩRT 0 0 0 0 0 0 1/ܩLT 0 0 ߪ ߪ ۓ ې ۗ 0 ோ ۑ 0 ۖ ்ߪ ۖ ۑ (3.6) 0 ۔ ۑτோ் ۘ 0 ۖ ۑτ் ۖ 1/ܩLR ە ےτோ ۙ Das Equações (3.5) e (3.6) constata-se que são necessárias identificar nove constantes de engenharia, para caracterizar completamente o comportamento linear elástico da madeira, nomeadamente, ܧ , ܧோ , ்ܧ, ߥோ் , ߥ் , ߥோ , ܩோ் , ܩ் , ܩோ . Na Tabela 3.1 resumem-se as constantes elásticas da madeira de Pinho Marítimo usada no presente estudo que foram obtidas com base em informação disponível na literatura. Tabela 3.1 - Propriedades elásticas da madeira Pinus pinaster Ait. (Xavier, 2003; Pereira ,2003; Oliveira, 2003; Garrido, 2004). EL=15.1 GPa ER=1900 MPa ET=1000 MPa 3.3.2 νLR=0.47 νRT=0.59 νTL=0.05 GLR=1110 MPa GLT=1040 MPa GRT=160 MPa Adesivo estrutural Técnicas de reforço e reparação de estruturas de madeira, envolvendo adesivos estruturais, revelam ser eficientes e economicamente competitivas quando comparadas com outros métodos alternativos. Uma das técnicas mais promissoras é a utilização de adesivos epóxidos (Custódio et al., 2009). Existe uma grande variedade de adesivos 3.9 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira epóxidos, com propriedades distintas, que se adequam a diversos tipos de aplicações. A principal vantagem da aplicação de adesivos epóxidos é a elevada resistência mecânica e elevada resistência tanto a produtos químicos como à água apresentada por estes adesivos. A capacidade de uma estrutura manter um desempenho satisfatório durante a sua vida útil, em ambientes severos, é um requisito importante. Para tal, a aplicação de um reforço deverá ser realizado com um adesivo capaz de garantir uma excelente ligação madeira/reforço durante a vida útil da estrutura. No presente trabalho foi seleccionado como adesivo uma argamassa à base de resina epóxida proposta pela SIKA® para a colagem de reforço em estruturas. Esta argamassa tem a designação comercial Sikadur-30 e tem sido usada na colagem de reforços de estruturas, especialmente nos trabalhos de reforço estrutural com laminados de carbono. De modo a aferir as propriedades mecânicas do adesivo foi preparada uma série de ensaios experimentais de tracção quasi-estática, envolvendo provetes prismáticos de adesivo. Foram produzidos quatro provetes com dimensões de 250x20x10 mm, Figura 3.8, para ensaiar à tracção. Para a execução dos provetes foi elaborado um molde em madeira no Departamento Florestal da UTAD; posteriormente o molde foi revestido com plástico de forma a garantir uma desmoldagem perfeita. Para garantir a ausência de bolhas de ar durante o enchimento do molde, o processo foi acompanhado por uma vibração provocada manualmente. O processo de cura foi efectuado numa estufa VENTICELL® a uma temperatura de 50ºC, durante 48h. Posteriormente, todos os provetes foram lixados com uma lixa de granulometria 800, até às medidas finais pretendidas, removendo assim as imperfeições geradas durante o processo de fabrico dos provetes. 3.10 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 3.8 - Provete de adesivo Sikadur-30 com dimensões de 250x20x10 mm. Os ensaios foram realizados numa máquina servo-hidráulica da marca INSTRON®, modelo 8801, equipada com uma célula de carga de 100 kN, tal como se ilustra na Figura 3.9. Todos os ensaios foram realizados com controlo de deslocamento, impondo-se uma velocidade de 2 mm/min na amarra inferior. Figura 3.9 – Ensaio do provete de adesivo Sikadur-30. Os provetes foram instrumentados com dois extensómetros eléctricos da marca VISHAY®, com a referência CEA-06-250VW-350, um aplicado na direcção longitudinal e o outro aplicado na direcção transversal. Assim, foi possível registar as extensões longitudinais e transversais dos provetes, tendo a aquisição de dados sido realizada através do sistema de aquisição de dados SPIDER 8-30®. A Tabela 3.2 resume os valores das propriedades elásticas medidas, nomeadamente o módulo de elasticidade, E, e o coeficiente de Poisson, ν. A Tabela 3.2 também inclui a tensão de rotura (σrot) calculada para a resina. 3.11 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Tabela 3.2 - Propriedades do adesivo Sikadur-30. Nº Provete 1 2 3 4 Média CV (%) E (MPa) 12748.0 13017.0 12769.0 12636.0 12792.5 1.3 σrot (MPa) 28.79 32.58 37.33 32.24 32.74 1.72 ν 0.26 0.26 0.24 0.27 0.26 4.20 Nas Figura 3.10 e 3.11 ilustram-se os registos tensão-deformação obtidos nos quatro ensaios realizados, os quais indicam uma resposta frágil do adesivo com pouca dispersão. 35 30 Tensão (MPa) 25 20 15 10 5 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 Extensão longitudinal (-) Figura 3.10 - Curvas tensão versus extensão longitudinal resultantes dos ensaios de tracção do adesivo. 3.12 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 35 30 Tensão (MPa) 25 20 15 10 5 0 0 -0,05 -0,1 -0,15 -0,2 -0,25 -0,3 -0,35 -0,4 -0,45 -0,5 Extensão transversal (-) Figura 3.11 - Curvas tensão versus extensão transversal resultantes dos ensaios de tracção do adesivo. Após tratados os resultados obtidos no programa de ensaios experimentais verificouse que o módulo de elasticidade, E, fornecido pelo fabricante (12800 MPa) está muito próximo do valor médio obtido no programa experimental, optando-se por usar na modelação por elementos finitos o valor fornecido pelo fabricante, uma vez que resultou certamente de um número maior de ensaios. Como o fabricante não indicou o valor do coeficiente de Poisson, então usou-se na modelação por elementos finitos o valor obtido experimentalmente, neste trabalho. Os ensaios realizados para caracterização do adesivo permitem obter informação adicional sobre o comportamento deste, embora exista um entendimento de que o comportamento do adesivo, na forma de provetes prismáticos, não seja exactamente o mesmo que se pode observar na interface CFRP-madeira. No entanto, e na ausência de informação mais rigorosa, esta será muito útil na modelação. 3.3.3 Laminado de carbono A técnica de reforço investigada nesta dissertação consiste na aplicação, por colagem, de laminados de carbono na zona envolvente dos furos para inserção das cavilhas. O laminado de carbono utilizado consiste num laminado bidireccional, 3.13 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira permitindo assim uma melhor performance do reforço para quaisquer direcção de solicitação, em particular nas direcções de simetria material da madeira - longitudinal e radial. O laminado de carbono foi construído especificamente para o presente trabalho tendo resultado do empilhamento de dez camadas de manta unidireccional (SEAL Texipreg® HS160 RM) dispostas alternadamente segundo a sequência [(0/90)2/0]S e impregnadas com resina epóxida. Cada camada apresenta uma espessura de 0.15 mm, resultando um laminado de 1.5 mm de espessura nominal. Com vista à identificação das propriedades da camada do laminado de carbono foi realizada uma série de ensaios de tracção usando o laminado de carbono. Assim, foram preparados seis provetes (ver Figura 3.12) com dimensões de acordo com a norma ASTM D3039. A espessura do provete foi a mesma do laminado usado no reforço. Os provetes foram cortados ou na direcção da camada superficial ou segundo a direcção perpendicular a esta camada. Em particular, foram cortados três provetes em cada uma das direcções anteriores, nomeadamente 0º e 90º. Figura 3.12 - Provete de CFRP com dimensões de 250x25x1.5 mm. Os ensaios foram realizados numa máquina servo-hidráulica da marca INSTRON®, modelo 8801, equipada com uma célula de carga de 100 kN, Figura 3.13. Todos os ensaios foram realizados com controlo de deslocamento segundo uma velocidade de 2 mm/min. Os provetes foram instrumentados com extensómetros eléctricos da marca VISHAY®, com a referência CEA-06-250VW-350. Foram aplicados dois extensómetros por provete, permitindo assim registar as extensões longitudinais e transversais dos provetes. Os dados obtidos foram adquiridos através sistema de aquisição de dados SPIDER 8-30®. 3.14 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 3.13 - Ilustração do ensaio de tracção do laminado de carbono. Nas Figura 3.14 e 3.15 ilustram-se os registos tensão-deformação obtidos para os seis provetes em causa. 700 600 Tensão (MPa) 500 400 L0_1 L0_2 L0_3 L90_1 L90_3 L90_2 300 200 100 0 0 1 2 3 Extensão longitudinal (-) 4 5 6 Figura 3.14 - Curvas tensão versus extensão longitudinal resultantes dos ensaios de tracção do CFRP. 3.15 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 700 600 Tensão (MPa) 500 400 L0_1 300 L0_2 L0_3 200 L90_1 L90_3 100 L90_2 0 0 -0,05 -0,1 -0,15 -0,2 -0,25 -0,3 Extensão longitudinal (-) Figura 3.15 - Curvas tensão versus extensão transversal resultantes dos ensaios de tracção do CFRP. Para um laminado ortogonal-cruzado, Figura 3.16, a equação constitutiva para os esforços de membrana é dada por (Stephen W. Tsai, 1980): ߪ തതതଵ ܣଵଵ ߪଶ ൩ = ܣଵଶ തതത ߪ തതത 0 ܣଵଶ ܣଶଶ 0 0 ߝଵ 0 ൩ ߝଶ ߝ ܣ (3.7) Nesta equação, ߪഥప (i=1,2,6) são as tensões médias no bordo do laminado, ߝ (i=1,2,6) são as deformações de membrana, o ܣ são os coeficientes de rigidez do laminado. 3.16 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira σ ഥଶ σ ഥଵ σ ഥ σ ഥ σ ഥ σ ഥ σ ഥଵ σ ഥଶ Figura 3.16 - Tensões de membrana num laminado ortogonal cruzado. Para o caso do laminado [(0/90)2/0]S (laminado a), os coeficientes de rigidez do laminado estão assim relacionados com os coeficientes de rigidez da camada, relativo ao referencial de ortotropia, Figura 3.17: ܣଵଵ = ܣଵଵ = 3 2 ܳ௫௫ + ܳ௬௬ 5 5 ܣଶଶ = ܣଶଶ = ହ ܳ௫௫ + ହ ܳ௬௬ ଶ ଷ (3.8) ܣଵଶ = ܣଵଶ = ܳ௫௬ ܣ = ܳ = ܣௌௌ 3.17 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Por sua vez, para o laminado [(90/0)2/90]S (laminado b), tem-se: ܣଵଵ = ܣଵଵ ܣଶଶ = ܣଶଶ (3.9) ܣଵଶ = ܣଵଶ ܣ = ܣ As constantes de engenharia da camada, relativas ao referencial de simetria, podem ser determinadas a partir das constantes de rigidez, através das seguintes equações (Stephen W. Tsai, 1980): ܧ௫௫ ܧ௬௬ ଶ ܳ௫௬ = ܳ௫௫ − ܳ௬௬ ଶ ܳ௫௬ = ܳ௬௬ − ܳ௫௫ ߥ௫௬ = ொ ொೣ (3.10) ܩ௫௬ = ܳௌௌ 3.18 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 3.17 - Referencial de simetria material de uma camada. Nos ensaios de tracção uniaxial sobre o laminado a, Figura 3.18, tem-se: ߪଵ = ܣଵଵ ߝଵ + ܣଵଶ ߝଶ തതത ቐ 0 = ܣଵଶ ߝଵ + ܣଶଶ ߝଶ (3.11) Por outro lado, para o ensaio de tracção do laminado b, tem-se: തതത ߪଵ = ܣଶଶ ߝଵ + ܣଵଶ ߝଶ ቐ 0 = ܣଵଶ ߝଵ + ܣଵଵ ߝଶ (3.12) Combinando as Equações (3.11) e (3.12), resulta: ܣଶଶ = ఌభೌ ∙ ఌೌ మ ఌమ್ ఌభ್ ܣଵଵ (3.13) 3.19 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Substituindo este resultado em (3.12), obtém-se: భ ܣ ۓଵଵ = ೌ ഄ್మ ೌ ఌభ ି ್ ∙ఌమ ۖ ഄ തఙതതതೌ ۔ ۖ = ܣ− ەଵଶ ఌమ್ ఌభ್ భ ∙ ܣଵଵ (3.14) As Equações (3.13) e (3.14) permitem determinar os parâmetros de rigidez ܣ (i,j=1,2), a partir dos resultados experimentais dos ensaios de tracção nos laminados a e b. Para o efeito, os provetes foram instrumentados com extensómetros biaxiais, Figura 3.18. 1 σ ഥଵ σ1 σ ഥଵ σ1 Figura 3.18 - Ensaio de tracção uniaxial do CFRP. Uma vez identificados os parâmetros ܣ (i,j=1,2), determinam-se os seguintes parâmetros de rigidez da camada: ܳ௫௫ = 3 ܣଵଵ − 2 ܣଶଶ ܳ௬௬ = −2 ܣଵଵ + 3 ܣଶଶ (3.15) ܳ௫௬ = ܣଵଶ Finalmente as constantes elásticas da camada são identificadas usando as equações (3.10). A Tabela 3.3 apresenta os valores das constantes elásticas obtidas para a camada que compõe o laminado de carbono. Apenas as propriedades Exx, Eyy, e νxy foram estimadas com base nos ensaios realizados neste estudo. As restantes propriedades foram estimadas com base em informação disponível na literatura (Campilho et al., 2005). 3.20 2 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Tabela 3.3 - Propriedades elásticas da camada do laminado de carbono. Ex=1.19E+5 MPa Ey=15.8E+3 MPa Ez=15.8E+3 MPa 3.4 νxy=0.209 νxz=0.209 νyz=0.380 Gxy=4315 MPa Gxz=4315 MPa Gyz=3200 MPa Preparação dos provetes de madeira Todo o programa de ensaios experimental de ligações foi realizado em madeira de Pinho Marítimo (Pinus pinaster Ait.). A preparação de todos os provetes necessários para os ensaios seguiu um protocolo específico. Os troncos das árvores de onde é extraída a madeira apresentam, em geral, uma estrutura complexa, pois apresentam nós, fissuras, excentricidades do crescimento, raios lenhosos, bolsas de resina, entre outros detalhes anatómicos, que do ponto de vista das aplicações estruturais são considerados defeitos (Xavier, 2003; Pereira, 2005). De modo a garantir a escolha da madeira para a realização de provetes isentos de defeitos e bem orientados, foram analisadas cuidadosamente as faces das tábuas de madeira inicialmente cortadas da árvore com cerca de 100 mm de espessura (Figura 3.19). De seguida foram cortadas tábuas com cerca de 500 mm de comprimento e 35 mm de espessura, respeitando a orientação do fio da madeira conforme ilustrado na Figura 3.4. Para ajustar a espessura e a largura dos provetes às medidas finais, foi utilizado uma garlopa; de seguida foram cortados com o comprimento final com um disco de corte. Segundo a norma EN 383 a espessura dos provetes deve estar dentro do intervalo 1.5d - 4d. A espessura seleccionada foi de 30 mm (t=2.14d), Figura 3.4, sendo d o diâmetro da cavilha, igual a 14 mm. No total foram produzidos noventa provetes em madeira limpa, dos quais sessenta foram reforçados com laminado de carbono. Os laminados foram aplicados em rebaixos maquinados na madeira, de modo a preservar a espessura total das peças de madeira. Antes de se fazer o rebaixo na madeira, para se poder aplicar o reforço, foi necessário o fabrico do laminado de carbono. Durante a execução do reforço, os provetes de madeira estiveram armazenados a uma temperatura e humidade adequadas. 3.21 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 3.19 - Esquema de extracção dos provetes a partir de um tronco de madeira (Santos et al., 2009). O reforço usado neste estudo consistiu num laminado bidireccional de carbono. Para a realização deste tipo de reforço foi necessário definir previamente a espessura e o tipo de empilhamento que mais se adequava à espessura pretendida. As placas do laminado de carbono foram construídas através do empilhamento de camadas unidireccionais segundo direcções alternadas 0º/90º e resultando um laminado bidireccional. Foram empilhadas dez camadas de carbono/epóxido (SEAL Texipreg® HS160 RM) com 0.15 mm de espessura cada. As placas de laminado de carbono foram produzidas com as dimensões de 400x400 mm, que posteriormente foram cortadas para as dimensões finais do reforço, Figura 3.20. 3.22 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 3.20 - Dimensões das placas de reforço CFRP (dimensões em mm). A fabricação das placas seguiu os seguintes passos: 1. Retirou-se o rolo do pré-impregnado de carbono/epóxido do armazenamento a baixa temperatura (T=-180C), deixando-o estabilizar durante alguns minutos à temperatura ambiente. 2. Depois de dimensionar as camadas de carbono-epóxido (400x400 mm) procedeu-se ao corte das mesmas, tendo em atenção as sequências de empilhamento pretendidas. No presente caso, a sequência de empilhamento é de [0/90/0/90/0/0/90/0/90/0], sendo uma sequência simétrica, caso contrário a placa flectiria após a cura, devido à introdução de tensões residuais. 3. Para melhor adesão entre camadas efectuou-se um ligeiro aquecimento das mesmas. 4. O empilhamento das várias camadas foi efectuado respeitando a sequência de empilhamento pré-estabelecida. Após a colocação de cada camada é aplicada pressão ao conjunto, com a ajuda de uma espátula, para facilitar a adesão entre as camadas. 5. Depois de terminar a colocação das camadas correspondentes ao laminado, o conjunto é revestido com um filme desmoldante em teflon e selado com uma fita adesiva 3.23 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira resistente a altas temperaturas, que irá impedir a fuga de resina quando as placas se encontrarem na prensa de pratos quentes, para o processo de cura. Para o processo de cura, as placas são colocadas na prensa de pratos quentes para serem submetidas a um ciclo térmico, tendo como parâmetros de controlo a pressão e a temperatura. Neste processo a temperatura das placas vai aumentando a uma taxa de 40C/minuto, levando a uma diminuição da viscosidade da resina epóxida, que flui e reveste uniformemente as fibras de carbono circundante. A polimerização da resina dá-se quando a temperatura atinge os 130 0C. Com uma pressão de 2 Bar e mantendo a temperatura de 130 0 C, o processo de cura termina ao fim de 120 min. Após o processo de cura, as placas ficam a arrefecer à temperatura ambiente e finalmente são retiradas da prensa. A Figura 3.21 ilustra uma placa após esta ter sido sujeita ao referido ciclo térmico. Figura 3.21 - Placa de laminado de carbono de dimensões 400x400 mm. Após a remoção do laminado da prensa de pratos quentes, foi necessário proceder ao corte da placa para as dimensões pretendidas. De cada placa de 400x400 mm foi possível cortar quinze placas de reforço de 84x50 mm, Figura 3.22. O corte foi realizado numa fresadora marca Henrique Holke®, modelo F-1320, com um disco de corte diamantado. 3.24 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 3.22 - Reforços em laminado de carbono. No total foi necessário o corte de cento e vinte provetes de laminado de carbono. Cada provete foi lixado manualmente com uma lixa de granulometria 800 para remover todas as impurezas de modo a facilitar a colagem. Após a fabricação e medição dos reforços em laminado de carbono, procedeu-se à maquinação do rebaixo nos provetes de madeira a reforçar. O rebaixo foi realizado com 1.60 mm de profundidade através de um disco de corte de dentes rectos, de modo a resultar uma superfície plana, como se pode verificar nas Figura 3.23 e Figura 3.24. a) b) c) Figura 3.23 - Provetes de 84x198x30 mm, com e sem rebaixo: a) com rebaixo assimétrico para construção da ligação em T reforçada; b) sem rebaixo; c) com rebaixo central usado nos ensaios de esmagamento localizado. 3.25 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 3.24 - Provetes de 490x84x30 mm, com e sem rebaixo: a) peças sem rebaixo usadas na ligação em T sem reforço; b) peças com rebaixo usadas na ligação em T com reforço. Para garantir que todos os provetes seriam submetidos à mesma pressão durante a colagem foi fabricada uma prensa manual capaz de prensar séries de quinze provetes, durante um determinado tempo, a uma pressão constante. O adesivo utilizado para a realização da colagem foi uma argamassa adesiva em dois componentes, isenta de solventes, baseada numa combinação de resina epóxida e cargas especiais da SIKA®, com a designação comercial Sikadur-30. Este adesivo foi seleccionado por se tratar de um adesivo para colagem de reforços estruturais, apresentando elevada resistência mecânica e uma boa adesão à madeira e laminados de carbono. A colagem dos laminados de carbono aos provetes de madeira foi elaborada em três etapas: - Inicialmente foi preparado o adesivo. Este produto é fornecido em dois componentes, nomeadamente, o componante A (cor branca) e o componente B (cor cinza escuro), sendo necessário proceder à sua mistura para se obter o adesivo final, (cor cinza claro). A relação da mistura, fornecida pelo fabricante é três partes (em massa) de componente A para uma parte de componente B. Antes de se realizar a mistura foi homogeneizado cada um dos componentes individialmente com um misturador eléctrico. Após a homogeneização individual dos componentes foi efectuada a dosagem com recurso a uma balança digital. Procedeu-se então à mistura dos componentes A e B até se obter uma mistura homogénea. 3.26 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira - A cola foi espalhada uniformemente nos rebaixos dos provetes de madeira de modo a garantir uma colagem laminado de carbono/madeira perfeita. - Após todos os rebaixos dos provetes de madeira estarem devidamente preenchidos com cola e com o respectivo reforço de carbono colocado, colocaram-se os provetes na prensa manual. Para garantir que os provetes não iriam ficar colados entre si, foram utilizadas chapas de metal revestidas com teflon entre cada provete, como se pode verificar na Figura 3.25. Como já referido anteriormente, todas as séries de colagem foram prensadas com a mesma pressão de modo a garantir as mesmas condições de colagem. A pressão estabelecida foi a resultante da aplicação de um binário de aperto de 2 kN.m nos parafusos da prensa. Todas as séries estiveram sob pressão pelo menos durante 48h. Figura 3.25 - Processo de colagem do reforço nos provetes de madeira. A colagem de todos os provetes foi dividida em quatro séries, quinze provetes de compressão longitudinal, quinze provetes de compressão radial, e duas séries de cinco provetes de ligação em T. Para se obter as melhores propriedades físicas e mecânicas da cola os provetes tiveram um tempo de cura de catorze dias antes de se proceder à furação. A execução de furos em compósitos é uma operação delicada, devido ao facto deste tipo de material apresentar elevada anisotropia. Uma deficiente execução do furo pode 3.27 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira comprometer a resistência da ligação a solicitações estáticas ou à fadiga (Persson et al., 1997). Os defeitos mais frequentes durante este processo são as fissuras interlaminares, a separação das camadas e a delaminação à entrada e saída da broca do laminado. O processo de furação foi realizado numa máquina de furar marca EFI, modelo FG2201, com uma broca Guhring em carboneto de tungsténio com diâmetro 14.00 mm a uma velocidade de 280 rpm, Figura 3.26. a) b) Figura 3.26 - Provetes de madeira reforçados na zona central com CFRP: a) provetes antes da furação; b) provete após a furação. 3.5 Resultados experimentais 3.5.1 Ensaios de compressão longitudinal segundo a norma EN 383 Os ensaios de compressão longitudinal (ver Figura 3.27) foram realizados com uma velocidade do travessão de 0.3 mm/min. Esta velocidade foi aplicada de modo a respeitar os procedimentos impostos pela norma EN383. As grandezas medidas durante o ensaio foram a carga, o deslocamento do travessão da máquina e o deslocamento fornecido por um LVDT que mede o deslocamento da cavilha em relação à base da máquina. Testes preliminares permitiram obter a força de resistência máxima de 29400 N, que serviu de 3.28 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira base à planificação do ensaio de compressão, nomeadamente a definição dos patamares de descarga/recarga estabelecidos pela norma EN 383. À medida que os ensaios foram sendo realizados, o valor de carga máxima foi corrigido, de modo a obter-se valores mais representativos para este parâmetro. Figura 3.27 - Ensaio de compressão longitudinal segundo norma EN 383. Foram ensaiados quinze provetes reforçados com laminado de carbono. Todos os provetes foram devidamente identificados, medidos e pesados antes de aplicação do reforço, de modo a se determinar a massa volúmica da madeira. Em todos os ensaios foi possível obter a força máxima do ensaio, a resistência ao esmagamento localizado, a rigidez e correspondente módulo de fundação. A resistência ao esmagamento localizado define-se como sendo a razão entre a carga máxima e a área projectada do furo da cavilha: ݂ = ிೌೣ ௧.ௗ (3.16) onde fh é a resistência ao esmagamento, t e d são, respectivamente, a espessura da peça de madeira e o diâmetro da cavilha. O módulo de fundação resulta da divisão da rigidez pela área projectada da cavilha: 3.29 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira = ܭ௧.ௗ (3.17) onde K é o módulo de fundação e k é a rigidez. Na Figura 3.28 apresenta-se o registo das curvas força versus deslocamento relativo à série de ensaios realizados segundo a norma EN 383. Os deslocamentos foram registados através de um LVDT. É visível que após se alcançar uma carga de cedência, Fced, há um aumento progressivo da carga resistente até se atingir o deslocamento de 10 mm, Força (N) estabelecido como limite de deslocamento para os ensaios realizados. Deslocamentos (mm) Figura 3.28 - Curvas força versus deslocamento dos ensaios de compressão longitudinal com reforço. Os principais resultados obtidos nos ensaios experimentais, nomeadamente, a massa volúmica da madeira, os módulos de fundação e a resistência ao esmagamento, calculada de acordo com a norma EN383, estão representados na Tabela 3.4, bem como os respectivos valores médios, desvios padrão e coeficientes de variação. A resistência ao esmagamento resultou da carga máxima registada durante todo o ensaio. Os dois módulos de fundação apresentados (K1 e K2) resultaram dos valores de rigidez k1 e k2 medidos respectivamente durante a carga de 0 a 40% da carga máxima e nas fases de descarga até 10% da carga máxima estimada e recarga, tal como se ilustra na Figura 3.2. 3.30 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Tabela 3.4 - Resultados dos ensaios de esmagamento na direcção longitudinal segundo a norma EN 383. Nº Provete ρ (kg/m3) fh MPa K1 K2 3 (N/mm ) (N/mm3) CL_CFRP_01 CL_CFRP_02 CL_CFRP_03 CL_CFRP_04 CL_CFRP_05 CL_CFRP_06 CL_CFRP_07 CL_CFRP_08 CL_CFRP_09 CL_CFRP_10 CL_CFRP_11 CL_CFRP_12 CL_CFRP_13 CL_CFRP_14 CL_CFRP_15 603.11 532.49 630.06 645.13 634.36 599.17 596.15 539.39 585.30 570.21 578.47 603.43 494.49 663.37 663.59 93.41 93.36 81.27 90.09 93.40 94.19 95.61 83.14 87.00 88.37 86.38 101.01 71.70 98.58 84.23 101.51 56.30 73.82 87.00 68.20 179.21 143.30 127.96 133.81 114.22 101.17 98.37 128.92 167.25 132.76 176.41 177.49 154.46 181.19 166.23 225.44 182.92 157.26 168.93 155.99 138.59 151.93 177.23 190.83 171.33 Média Des. Padrão CV (%) 595.91 48.47 8.13 89.45 7.51 8.40 114.25 35.30 30.89 171.75 20.41 11.89 Os valores experimentais dos módulos de fundação estão representados na Figura 3.29, em função das massas volúmicas da madeira, para os ensaios de compressão longitudinal (série CL_CFRP). Na figura também se apresentam os resultados obtidos experimentalmente por (Santos et al., 2008) em ligações idênticas, mas sem reforço (série CL). Analisando as linhas de regressão linear pode-se concluir que não existe uma correlação significativa entre o módulo de fundação e a massa volúmica da madeira. Comparando os resultados médios dos ensaios com e sem reforço, observa-se um ganho de 14 e 33% nos módulos de fundação, resultante da aplicação do laminado de carbono, para K1 e K2, respectivamente, representando ganhos modestos nesta propriedade. 3.31 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 250 K2 = 0.0576 ρ+ 137.42 R² = 0.0187 K (N/mm3) 200 150 K2 = 0.0332 ρ + 109.91 R² = 0.0035 K1 = 0.054 ρ + 82.067 R² = 0.0055 K1 = 0.0364 ρ + 79.24 R² = 0.0042 100 CL_CFRP_K1 CL_CFRP_K2 CL_K1 CL_K2 Linear (CL_CFRP_K1) Linear (CL_CFRP_K2) Linear (CL_K1) Linear (CL_K2) 50 0 400 450 500 550 Massa volúmica 600 650 700 (kg/m3) Figura 3.29 - Evolução dos módulos de fundação com a massa volúmica da madeira, obtida com ensaios de compressão longitudinal, com e sem reforço. É ilustrada na Figura 3.30 a evolução da resistência ao esmagamento em função da massa volúmica para os ensaios reforçados com laminado de carbono. Também são apresentados os resultados obtidos para ensaios similares sem reforço. É apresentada uma correlação linear, constatando-se um baixo coeficiente de determinação. Com a aplicação do reforço de laminado de carbono obtém-se uma ganho de 93% na resistência ao esmagamento localizado, em comparação com provetes não reforçados, o que já representa um ganho muito considerável. 3.32 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 110 fh = 0.0704ρ + 47.5 R² = 0.2063 100 90 fh (MPa) 80 70 fh = 0.0832ρ- 1.031 R² = 0.5636 60 50 CL_CFRP 40 CL Linear (CL_CFRP) 30 Linear (CL) 20 450 500 550 Massa volúmica 600 650 700 (kg/m3) Figura 3.30 - Evolução da resistência ao esmagamento localizado com a massa volúmica, obtida com ensaios de compressão longitudinal, com e sem reforço. Na Figura 3.31 representam-se as curvas carga-deslocamento obtidas por Santos et al. (2008) em ensaios de esmagamento localizados idênticos (mesma espécie de madeira, dimensões, carregamento), mas usando peças de madeira não reforçada. Comparando estas curvas com as curvas da Figura 3.28 pode-se concluir que o reforço do carbono eliminou quaisquer tipos de roturas frágeis. Nos ensaios de esmagamento localizado das peças sem reforço, apenas um provete alcançou 10 mm de esmagamento da cavilha. Todos os outros sofreram reduções bruscas de carga antes de alcançarem os 10 mm de deslocamento, correspondendo a roturas por propagação de fendas. Nos ensaios dos provetes reforçados, nenhum dos provetes sofreu rotura instável durante o período de execução do ensaio. Também se nota que nos ensaios com reforço a carga máxima vai aumentando após a cedência, apesar de pequenas oscilações motivadas pela propagação do dano no compósito. Nos ensaios sem reforço verifica-se um patamar de cedência praticamente horizontal, após a cedência. 3.33 Força (N) Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Deslocamentos (mm) Figura 3.31 - Curvas força versus deslocamento resultantes dos ensaios de compressão longitudinal, usando provetes não reforçados (Santos et al., 2008). Na Figura 3.32 ilustram-se os diferentes modos de rotura observados nos ensaios de compressão longitudinal com e sem reforço. Observa-se que a rotura nos provetes sem reforço ocorre com a formação de fendas no plano LT da madeira. Nos ensaios com reforço em CFRP observa-se um esmagamento ao longo da direcção longitudinal sem a ocorrência de rotura frágil. a) b) Figura 3.32 - Modos de rotura típicos em ensaios de compressão longitudinal: a) provete com reforço; b) provete sem reforço. 3.34 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 3.5.2 Ensaios de compressão radial segundo a norma EN 383 No âmbito do programa experimental foram realizados ensaios de esmagamento localizado na direcção radial. Estes ensaios foram realizados com uma velocidade do travessão de 1.0 mm/min. Esta velocidade foi aplicada de modo a respeitar os procedimentos impostos pela norma EN 383. As grandezas medidas durante este ensaio de esmagamento localizado, foram a carga, o deslocamento do travessão da máquina e o deslocamento fornecido por um LVDT. O LVDT foi solidarizado com a cavilha, medindo o deslocamento desta em relação à base da máquina. A Figura 3.33 ilustra o ensaio realizado. Testes preliminares revelaram uma força de resistência máxima de 23400 N. Esta força serviu de base à planificação do ensaio, nomeadamente a definição dos patamares descarga/recarga estabelecidos pela norma EN 383. Figura 3.33 - Ensaios de esmagamento localizado na direcção radial, segundo a norma EN 383. Foram ensaiados quinze provetes reforçados com laminado de carbono. Todos os provetes foram devidamente identificados, medidos e pesados, de modo a determinar a massa volúmica da madeira usada em cada provete. Em todos os ensaios foi possível obter a força máxima do ensaio, a resistência ao esmagamento localizado, a rigidez e correspondente módulo de fundação. 3.35 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Na Figura 3.34 apresentam-se o registo das curvas força versus deslocamento relativos ao ensaio de esmagamento localizado realizados na direcção radial segundo a norma EN383. Os deslocamentos foram registados usando um LVDT solidário com a Força (N) cavilha. Deslocamentos (mm) Figura 3.34 - Curvas força versus deslocamento do LVDT, relativas aos ensaios de esmagamento localizado na direcção radial com reforço. Na Tabela 3.5 apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios experimentais, nomeadamente, a massa volúmica, os módulos de fundação e a resistência ao esmagamento calculada de acordo com a norma EN383, assim como respectivos valores médios, desvios padrão e coeficientes de variação. Para os ensaios de esmagamento na direcção radial foi determinado, para além dos módulos de fundação K1 e K2, o módulo de fundação K3, que resultou da rigidez após cedência, tal como se ilustra na Figura 3.35. 3.36 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Força k3 Deslocamento Figura 3.35 - Curva típica força versus deslocamento para ensaio de esmagamento na direcção radial. Tabela 3.5 - Resultados dos ensaios de esmagamento da direcção radial segundo norma EN 383. Nº ρ Provete (kg/m3) CR_CFRP_01 562.56 CR_CFRP_02 570.82 CR_CFRP_03 593.84 CR_CFRP_04 514.82 CR_CFRP_05 554.04 CR_CFRP_06 617.73 CR_CFRP_07 652.05 CR_CFRP_08 495.60 CR_CFRP_09 585.30 CR_CFRP_10 631.04 CR_CFRP_11 663.85 CR_CFRP_12 590.86 CR_CFRP_13 522.37 CR_CFRP_14 569.99 CR_CFRP_15 600.17 Média Des. Padrão CV % 581.67 48.41 8.32 fh MPa 77.43 98.78 95.17 66.36 88.72 73.75 108.18 69.43 96.03 100.90 103.18 94.06 86.44 75.19 104.96 89.24 13.71 15.37 K1 K2 K3 3 3 (N/mm ) (N/mm ) (N/mm3) 81.98 106.79 3.36 124.03 168.85 5.93 106.66 168.04 4.59 103.20 165.26 2.37 149.61 187.63 4.87 78.35 132.52 3.24 103.57 130.66 6.70 99.42 135.74 3.62 81.99 143.40 5.11 84.57 101.15 5.20 118.12 157.79 6.31 75.12 150.12 4.22 82.79 134.35 5.22 101.37 166.63 2.75 93.19 169.03 6.08 98.93 20.24 20.46 147.86 24.47 16.55 4.64 1.34 28.95 Nas Figura 3.36 e 3.37 apresentam-se os valores experimentais dos módulos de fundação em função da massa volúmica. Este gráficos incluem resultados relativos a peças de madeira reforçadas (série CR_CFRP) assim como relativos a peças não reforçadas, 3.37 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira tendo estes últimos resultados sido obtidos por Santos et al. (2008) (série CR). Examinando as linhas de regressão linear, conclui-se que não existe uma relação significativa entre a rigidez e a massa volúmica da madeira. Comparando os resultados dos ensaios de esmagamento localizado na direcção radial para provetes reforçados e não reforçados verifica-se um aumento de 147, 177 e 51% nos módulos de fundação, K1, K2 e K3, respectivamente, resultante da aplicação do reforço. Neste caso assiste-se a um aumento muito significativo dos módulos de fundação com a aplicação do reforço. 200 K2 = -0.082ρ + 195.58 R² = 0.0263 180 160 K (N/mm3) 140 K1 = -0.0179ρ + 109.33 R² = 0.0018 120 K2 = 0.0246ρ + 40.333 R² = 0.0246 100 80 CR_CFRP_K1 CR_CFRP_K2 CR_K1 CR_K2 Linear (CR_CFRP_K1) Linear (CR_CFRP_K2) Linear (CR_K1) Linear (CR_K2) 60 40 20 K1 = 0.0467ρ + 14.947 R² = 0.0504 00 400 450 500 550 Massa volúmica 600 650 700 (kg/m3) Figura 3.36 - Evolução dos módulos de fundação K1 e K2 com a massa volúmica, obtidos com ensaios de esmagamento localizado realizados na direcção radial, com e sem reforço. 3.38 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 8 7 K3 = 0,0157ρ + 4,4987 R² = 0,3208 K3 (N/mm3) 6 5 4 K3 = -0,0003ρ + 3,2554 R² = 0,0005 3 2 CR_K3 CR_CFRP_K3 1 Linear (CR_K3) Linear (CR_CFRP_K3) 0 450 500 550 Densidade 600 650 700 (kg/m3) Figura 3.37 - Evolução do módulo de fundação K3 com a massa volúmica, resultante de ensaios de esmagamento localizado na direcção radial, com e sem reforço. Na Figura 3.38 comparam-se as evoluções das resistências com esmagamento localizado na direcção radial entre soluções com e sem reforço. Os resultados para as soluções sem reforço foram determinados por Santos et al. (2008) para as mesmas condições dos ensaios propostos nesta tese. Analisando a evolução da resistência ao esmagamento com a massa volúmica da madeira para os ensaios de compressão radial em madeira reforçada e não reforçada, Figura 3.38, pode-se verificar um aumento muito significativo da resistência ao esmagamento, na ordem dos 196%. Conclui-se que com a aplicação do reforço se obtém um elevado benefício na direcção perpendicular ao grão. Na Figura 3.39 apresentam-se as curvas força-deslocamentos resultantes de ensaios de esmagamento localizado, realizadas na direcção radial para peças sem reforço, obtidas por Santos et al. (2008). Comparando estas curvas com as obtidas neste estudo para condições semelhantes, mas com reforço, conclui-se que a aplicação do reforço aumenta a carga de cedência de forma significativa. Também se constata um patamar de cedência na solução reforçada, que antecede o aumento da carga. 3.39 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 120 fh = 0.202ρ - 28.279 R² = 0.5087 110 100 fh (MPa) 90 80 70 60 fh = 0.0783ρ - 12.671 R² = 0.5668 50 fh_CFRP fh Linear (fh_CFRP) Linear (fh) 40 30 20 450 500 550 600 650 700 Massa volúmica (kg/m3) Força (N) Figura 3.38 - Evolução da resistência ao esmagamento com a massa volúmica da madeira para soluções com e sem reforço, solicitadas radialmente. Deslocamentos (mm) Figura 3.39 - Curvas forças versus deslocamento resultante dos ensaios de esmagamento localizado, na direcção radial, para soluções não reforçadas. Observa-se, na Figura 3.40, os modos de rotura para os ensaios de compressão radial. Nos ensaios sem reforço a rotura é caracterizada por uma densificação da madeira na zona de contacto da cavilha, e pela fissuração na direcção longitudinal da madeira. Nos ensaios 3.40 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira com reforço elimina-se a fissuração na madeira existindo apenas esmagamento de madeira e laminado de carbono. a) b) Figura 3.40 - Modos de rotura típicos nos ensaios de esmagamento radial: a) provete com reforço; b) provete sem reforço. 3.5.3 Ensaios de uma ligação em T. Nesta secção apresentam-se os resultados do ensaio de um detalhe estrutural com a forma de um T. Os ensaios deste detalhe estrutural foram realizados com uma velocidade do travessão de 0.3 mm/min. As grandezas medidas durante o ensaio da ligação, foram a carga, o deslocamento do travessão da máquina e o deslocamento fornecido por quatro LVDT’s (ver Figura 3.41), dois solidários com a cavilha e dois solidários com a peça central. Todos os LVDT’s medem deslocamentos em relação à base da máquina. Testes preliminares revelaram uma força de resistência máxima de 16500 N, para os ensaios sem reforço e 19000 N para os ensaios com reforço. Estas forças serviram de base à planificação do ensaio, nomeadamente à definição dos patamares descarga/recarga estabelecidos pela norma EN 383 e adaptados neste estudo. Foram ensaiados vinte provetes do detalhe estrutural, dez reforçados com laminado de carbono e dez sem reforço, servindo como base de comparação. Todos os provetes foram devidamente identificados, medidos e pesados, de modo a determinar a massa volúmica para cada provete. Na ligação reforçada, todas as peças constituintes da ligação (três) foram reforçadas em ambas as faces com CFRP. 3.41 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 3.41 - Ensaio de compressão de um detalhe estrutural: a) com reforço em CFRP; b) sem reforço. Os resultados destes ensaios são apresentados em três gráficos força versus deslocamento. Com efeito, definiram-se três tipos de deslocamentos, nomeadamente o deslocamento da cavilha em relação à base da máquina (deslocamento (3-4)), o deslocamento de uma secção da peça central localizada a 60 mm do topo, em relação à base (deslocamento (1-2)) e finalmente as diferenças entre os deslocamentos (1-2) e (3-4). A diferença de deslocamentos (1-2) - (3-4) representa o esmagamento da peça central em relação à cavilha. Estes números estão associados aos números atribuídos aos LVDT’s usados nos ensaios. Da Figura 3.42 à Figura 3.47 apresentam-se as curvas forçadeslocamento com e sem reforço, para os diferentes deslocamentos medidos com os LVDT’s. 3.42 Força (N) Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Deslocamentos (mm) Força (N) Figura 3.42 - Força versus deslocamento (1-2) do detalhe estrutural reforçado com CFRP. Deslocamentos (mm) Figura 3.43 - Força versus deslocamento (1-2) do detalhe estrutural sem reforço. 3.43 Força (N) Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Deslocamentos (mm) Força (N) Figura 3.44 - Força versus deslocamento (3-4) do detalhe estrutural reforçado com CFRP. Deslocamentos (mm) Figura 3.45 - Força versus deslocamento (3-4) do detalhe estrutural sem reforço. 3.44 Força (N) Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Deslocamentos (mm) Força (N) Figura 3.46 - Força versus deslocamento (1-2) - (3-4) do detalhe estrutural reforçado com CFRP. Deslocamentos (mm) Figura 3.47 - Força versus deslocamento (1-2) - (3-4) do detalhe estrutural sem reforço. A análise das Figuras 3.42 a 3.47 mostra claramente um efeito benéfico da aplicação do reforço: aumentam as cargas máximas da rotura; aumenta a ductilidade da ligação eliminando modos de rotura frágeis. Nos ensaios sem reforço assistimos sempre a uma 3.45 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira rotura frágil, que é antecedida por alguma ductilidade se a rotura ocorrer na peça central ou sem qualquer ductilidade se a rotura ocorrer nas peças laterais. Nas Tabela 3.6 e 3.7 são apresentados os resultados obtidos nos ensaios experimentais do detalhe estrutural sem e com reforço. Em concreto, apresentam-se a massa volúmica, os coeficientes de rigidez e as forças de rotura e de cedência, assim como respectivos valores médios, desvios padrão e coeficientes de variação. Apenas se calculou um valor de rigidez por curva, tendo-se eliminado o efeito descarga/recarga. Os coeficientes de rigidez k1, k2, k3 correspondem, então, às curvas força versus deslocamento para os deslocamentos (1-2), (3-4), (1-2) - (3-4), respectivamente. Tabela 3.6 - Resultados obtidos nos ensaios do detalhe estrutural (ligação em T) sem reforço. Nº Provete T_01 T_02 T_03 T_04 T_05 T_06 T_07 T_08 T_09 T_10 ρ (kg/m3) 589.1 576.0 644.8 574.8 645.7 579.5 646.2 623.9 638.3 609.5 Média Des. Padrão CV (%) 612.79 30.68 5.01 Frot (N) 17540 16026 15880 17374 19000 18346 18662 18116 15370 15878 k1 (N/mm) 5543.6 6572.7 7176.0 6695.9 7979.6 6980.9 7822.9 10389.0 8554.0 6446.5 k2 (N/mm) 8872.9 11959.0 15618.0 12050.0 16616.0 13170.0 17073.0 19338.0 17727.0 12022.0 k3 (N/mm) 13640.0 14583.0 13723.0 15178.0 15302.0 14805.0 14886.0 22205.0 16558.0 14581.0 17219.20 7416.11 14444.59 15546.1 1328.71 1355.62 3302.69 2480.2 7.72 18.28 22.86 16.0 3.46 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Tabela 3.7 - Resultados dos ensaios do detalhe estrutural (ligação em T) com reforço. Nº Provete T_CFRP_01 T_CFRP_02 T_CFRP_03 T_CFRP_04 T_CFRP_05 T_CFRP_06 T_CFRP_07 T_CFRP_08 T_CFRP_09 T_CFRP_10 ρ (kg/m3) 639.0 627.0 597.8 579.5 552.8 651.5 620.3 619.8 659.8 670.3 Frot (N) 37756.0 40964.0 37598.0 36230.0 33132.0 35782.0 41670.0 36110.0 41322.0 37442.0 Fced (N) 28400.0 32576.0 30946.0 30878.0 29792.0 29348.0 28760.0 27960.0 35476.0 35480.0 k1 (N/mm) 7033.5 9825.3 8586.0 9531.9 9063.9 10253.0 9349.7 7788.1 7013.1 7271.3 k2 (N/mm) 11840.0 42440.0 19306.0 18562.0 18775.0 21045.0 17170.0 13608.0 12119.0 12295.0 k3 (N/mm) 17650.0 12960.0 17863.0 19390.0 17610.0 19312.0 19802.0 18783.0 17747.0 17107.0 Média Des. Padrão CV (%) 621.77 36.72 5.91 37800.60 30961.60 8571.58 18716.00 17822.40 2763.79 2744.68 1214.19 9000.86 1936.63 7.31 8.86 14.17 48.09 10.87 Apresenta-se nas Figura 3.48 a 3.50 a comparação dos coeficientes de rigidez para os ensaios da ligação em T, com reforço e sem reforço. Com a aplicação do reforço em laminado de carbono verificou-se aumentos médios do coeficiente de rigidez de 16% para k1, 30% para k2 e 15% para k3, não representando ganhos muito significativos. Da análise do gráfico nota-se uma correlação entre a rigidez da ligação e a massa volúmica pouco significativa e com tendências inversas entre a ligação com e sem reforço. 3.47 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 11000,00 10000,00 k1 (N/mm) 9000,00 k1 = -13,747ρ + 17119 R² = 0,1729 8000,00 7000,00 6000,00 k1 = 24,432ρ - 7555,4 R² = 0,3057 T_CFRP_k1 T_k1 Linear (T_CFRP_k1) Linear (T_k1) 5000,00 4000,00 540,00 560,00 580,00 600,00 620,00 Massa volúmica 640,00 660,00 680,00 (kg/m3) Figura 3.48 - Evolução do coeficiente de rigidez k1 com a massa volúmica, para a ligação em T com e sem reforço. 28000,00 k2 (N/mm) 23000,00 k2 = -40,037ρ + 43610 R² = 0,0267 18000,00 13000,00 8000,00 T_CFRP_k2 k2 = 82,597ρ - 36170 R² = 0,5887 T_k2 Linear (T_CFRP_k2) Linear (T_k2) 3000,00 520,00 540,00 560,00 580,00 600,00 620,00 640,00 660,00 680,00 Massa volúmica (kg/m3) Figura 3.49 - Evolução do coeficiente de rigidez k2 com a massa volúmica, para a ligação em T com e sem reforço. 3.48 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 24000,00 22000,00 k3 (N/mm) 20000,00 k3 = -6,5411ρ + 21889 R² = 0,0154 18000,00 16000,00 14000,00 12000,00 k3 = 15,811ρ + 5857,3 R² = 0,0383 T_CFRP_k3 T_k3 Linear (T_CFRP_k3) 10000,00 Linear (T_k3) 8000,00 520,00 540,00 560,00 580,00 600,00 620,00 640,00 660,00 680,00 Massa volúmica (kg/m3) Figura 3.50 - Evolução do coeficiente de rigidez k3 com a massa volúmica, para a ligação em T com e sem reforço. A Figura 3.51 evidencia o ganho relativo à aplicação do reforço em CFRP. É ilustrado o modo de rotura na peça central da ligação em T com e sem reforço. Pode-se observar na peça sem reforço uma fenda que originou uma rotura frágil. Na peça com reforço nota-se um esmagamento progressivo da madeira e laminado de carbono. a) b) Figura 3.51 - Modos de rotura da peça central da ligação em T: a) elemento com reforço; b) elemento sem reforço. 3.49 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira A Figura 3.52 ilustra o comportamento das peças laterais da ligação estrutural em T. Na imagem da peça sem reforço observa-se uma fenda horizontal que conduziu a uma rotura sem haver dano dúctil significativo. a) b) Figura 3.52 - Modos de rotura das peças laterais da ligação em T: a) elemento com reforço; b) elemento sem reforço. 3.6 Conclusões Concluído o programa experimental verifica-se que a técnica de reforço adoptada é uma opção bastante eficaz para o reforço de estruturas de madeira do tipo cavilha. Os resultados do trabalho experimental com reforço foram acompanhados e comparados com os resultados dos ensaios realizados por Santos et al. (2008) sem reforço, de modo a verificar-se o ganho da aplicação do laminado de carbono. Analisando os gráficos força versus deslocamento verifica-se um aumento significativo da força máxima nos ensaios com reforço em comparação com ensaios sem reforço. Uma vez que cada série de ensaios apresenta diferentes massas volúmicas médias, foi conveniente realizar comparações entre as propriedades, tendo em conta os efeitos de variações da massa volúmica. Para os ensaios de compressão longitudinal e radial foram comparados os resultados da resistência ao esmagamento e módulos de fundação para as diferentes massas volúmicas dos provetes ensaiados. A análise dos resultados demonstra um ganho significativo na aplicação do reforço de laminado de carbono. Nos ensaios da 3.50 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira ligação em T, foi comparado o coeficiente de rigidez para as diferentes massas volúmicas dos provetes, verificando-se um aumento dos valores do coeficiente de rigidez médio nos ensaios com reforço. Observou-se para todos os ensaios realizados com reforço de laminado de carbono a ausência de rotura frágil, o que em termos práticos torna-se bastante relevante visto que a rotura acontece com aviso prévio (deformação excessiva). 3.51 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Capítulo IV Modelação de Ligações do Tipo Cavilha em Estruturas de Madeira 4.1 Introdução O desempenho de soluções de reforço de ligações do tipo cavilha, típicas de estruturas de madeira, tem sido demonstrado essencialmente com base em trabalho experimental, existindo uma grande carência de modelos analíticos ou numéricos (Chen et al., 2003). Pelo exposto, propõe-se, neste capítulo, modelos de elementos finitos tridimensionais de ligações do tipo cavilha para estruturas de madeira sem e com reforço. Em particular, são propostos modelos para cada uma das séries de ensaios experimentais realizados no âmbito desta dissertação, cujos resultados experimentais foram apresentados no capítulo anterior, nomeadamente os ensaios de esmagamento localizado de peças reforçadas, nas direcções longitudinal e radial, assim como os ensaios da ligação em T, sem e com reforço. Modelos paramétricos de elementos finitos foram construídos em linguagem APDL (Ansys Parametric Design Language) compatível com o código comercial ANSYS® (SAS, 2009). Neste estudo assume-se comportamento linear elástico dos materiais. No entanto, o problema é não linear uma vez que são usados pares de contacto entre os distintos sólidos que compõem a ligação. Os resultados obtidos com os modelos de elementos finitos propostos para as ligações sem reforço e reforçadas com laminado de carbono, permitem comparar a distribuição das tensões e rigidez inicial entre modelos sem e com reforço. 4.1 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 4.2 Modelos de elementos finitos da ligação De modo a reduzir os custos computacionais, apenas um quarto da geometria global dos provetes foi modelada, tirando assim partido dos dois planos de simetria existentes. Os modelos dos ensaios de esmagamento nas direcções longitudinal e radial seguiram as dimensões sugeridas pela norma EN 383, tal como foi seguido no programa experimental. Foram consideradas duas condições limite de apoio da cavilha: cavilha simplesmente apoiada e cavilha bi-encastrada. Similarmente, foram modelados os ensaios do detalhe estrutural com a configuração em T, sem e com reforço. Neste caso, ¼ da ligação inclui ¼ da peça central e ½ da peça lateral. Nos modelos construídos, os materiais foram considerados homogéneos e elásticos. Para os modelos com reforço foi considerado uma camada de 0.5 mm de adesivo entre a madeira e o laminado de carbono. As interfaces CFRP/adesivo e adesivo/madeira são consideradas perfeitas (perfeita continuidade). A madeira e o carbono foram modelados como materiais ortotrópicos; o adesivo e o aço foram modelados como materiais isotrópicos. As propriedades da madeira, laminado de carbono e adesivo foram apresentadas no Capítulo III; na modelação do aço foi assumido um módulo de Young (E) de 210 GPa e um coeficiente de Poisson (ν) igual a 0.27. Os sólidos que constituem as ligações modeladas no presente capítulo foram simulados usando elementos isoparamétricos hexaédricos quadráticos de 20 nós: SOLID95 para a madeira, adesivo e aço e SOLID191 para a modelação do laminado de carbono. A utilização do elemento SOLID191 prendeu-se com a necessidade de modelar o material compósito usado no reforço, que foi obtido por sobreposição de dez camadas orientadas alternadamente segundo duas direcções mutuamente ortogonais. Este elemento permite definir o número de camadas que formam o laminado e as respectivas direcções. O comportamento do laminado é calculado com base nesta informação assim como com base nas propriedades da camada. O contacto entre os vários sólidos da ligação foi modelado aplicando a tecnologia de elementos de contacto disponível no código comercial ANSYS®. Em particular, foi usada a opção de modelação superfície-superficie (surfaceto-surface) combinada com a opção flexível-flexível (flexible-to-flexible) ou rígido-flexível (rigid-to-flexible). A opção rídido-flexível foi usada apenas na simulação das condições de 4.2 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira apoio da cavilha simplesmente apoiada, nos ensaios de esmagamento localizado. Nas restantes situações envolvendo contacto, as superfícies em contacto foram consideradas ambas flexíveis. As superfícies que deverão apresentar contacto potencial foram modeladas como pares de contacto (contact pairs) tendo sido discretizadas com elementos TARGE170 e elementos CONTA174, para definir respectivamente as superfícies alvo e de contacto. No contacto rígido-flexível, a superfície rígida deve ser modelada como superfície alvo e a superfície flexível como superfície de contacto. Para o contacto flexívelflexível, quer a superfície contacto quer a superfície alvo são consideradas deformáveis. As análises de contacto foram realizadas usando o algoritmo de contacto Lagrange Aumentado (Augmented Lagrange) (SAS, 2009). O algoritmo Lagrange Aumentado requer a definição da rigidez de contacto, normal e tangencial. A penetração entre as superfícies em contacto é uma característica inerente ao algoritmo Lagrange Aumentado – existe sempre na modelação do contacto. O valor da penetração entre as superfícies contacto e alvo depende da rigidez normal. Um aumento da rigidez diminui o valor da penetração, mas pode levar a uma difícil convergência; por outro lado, um valor baixo da rigidez pode resultar num aumento excessivo da penetração, resultando numa solução imprecisa. Idealmente, é desejável uma rigidez suficientemente elevada para reduzir a penetração a valores razoáveis, mas que garanta a convergência para a solução e em tempo razoável. O comportamento de cada par de contacto pode ser controlado através de um número importante de parâmetros, sendo os parâmetros FKN e FTOLN dos mais importantes. O parâmetro FKN controla o valor da rigidez normal de contacto; é um factor de escala que é aplicado ao valor de rigidez normal de contacto, estimada pelo ANSYS com base nas propriedades de elasticidade dos corpos em contacto. O parâmetro FKN deverá assumir valores na gama 0.01 a 1.0 (valor por defeito: 1.0). Outro parâmetro de contacto relevante usado no conjunto do método de Lagrange é o FTOLN; este parâmetro define um factor de tolerância à penetração a ser aplicado na direcção normal à superfície de contacto, sendo usado na avaliação da condição de compatibilidade à penetração. A condição de compatibilidade à penetração é satisfeita se a penetração for superior à tolerância admissível (FTOLN × espessura dos elementos subjacentes às superfícies de contacto). Este factor é normalmente considerado inferior a 1.0 (geralmente inferior a 0.2). Nas presentes simulações foram testados valores do FTOLN de 0.01 e 0.1. Para os restantes 4.3 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira parâmetros intrínsecos ao algoritmo de contacto Lagrange Aumentado não mencionados, foram usados os valores sugeridos por defeito pelo ANSYS®. Em todas as simulações foi assumido o modelo de atrito de Coulomb. Quanto ao coeficiente de atrito estima-se que no contacto aço/madeira este varie entre os valores limites de 0.0 e 0.7 (Patton-Mallory et al., 1997), sendo o verdadeiro valor deste coeficiente dependente de uma diversidade de condições. Em todas as simulações foi tomado em consideração um coeficiente de atrito µ=0.3, mesmo para as outras combinações de materiais. Simulações realizadas por Santos et al. (2009) têm mostrado uma influência reduzida do coeficiente de atrito nos resultados de simulações realizadas em ligações do tipo cavilha em peças de madeira, sob a acção de solicitações monotónicas. Uma vez que os modelos propostos apenas contemplam ¼ da geometria, foi necessário criar condições de fronteira de simetria adequadas. Com este propósito, os deslocamentos dos nós localizados nos planos de simetria foram considerados nulos, na direcção normal a estes planos de simetria. Nos modelos relativos aos ensaios de esmagamento localizado, a solicitação foi imposta directamente à cavilha de acordo com duas condições de fronteira alternativas: cavilha bi-encastrada e cavilha simplesmente apoiada. No caso da cavilha bi-encastrada são aplicados deslocamentos iguais em todos os nós da extremidade da cavilha, impedindo a rotação da extremidade da cavilha. No caso da cavilha simplesmente apoiada foi criado um par de contacto extra entre a superfície exterior (superior) da cavilha (superfície flexível) e uma placa rígida (contacto rígidoflexível). Neste caso foi imposto um deslocamento constante em todos os nós da placa rígida, através de um nó piloto. Desta forma, a extremidade da cavilha pode sofrer uma rotação livre. Nos modelos da ligação em T a solicitação consistiu na aplicação de deslocamentos no topo da peça central, através de um par de contacto rígido-flexível. A transmissão de esforços da peça central, para a peça lateral, foi realizada com base em pares de contacto do tipo flexível-flexível. As peças laterais foram apoiadas em cilindros considerados rígidos, tendo sido empregues pares de contacto rígido-flexível. Tal como sucedeu nos ensaios experimentais da ligação, considerou-se uma chapa de aço entre a extremidade das peças laterais da ligação em T e os apoios cilíndricos, visando a minimização da identação na madeira. 4.4 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Para todas as simulações foram impostos deslocamentos de 0.1 mm na direcção do carregamento (vertical) de acordo com dez incrementos iguais. Foram desenvolvidos seis modelos de elementos finitos para os diferentes tipos de ensaios realizados experimentalmente, nomeadamente dois para cada ensaio de esmagamento localizado (duas condições de apoio distintas da cavilha) e dois para a ligação em T. Nos ensaios de esmagamento localizado apenas se modelou as soluções com reforço, pois os ensaios sem reforço foram já objecto de simulação por Santos et al. (2008). Para o caso dos ensaios da ligação em T modelou-se quer a solução com reforço quer a solução sem reforço. Os resultados das simulações podem ser significativamente influenciados pela densidade e qualidade da malha de elementos finitos utilizada. Em todos os modelos foi criada uma malha de elementos regulares. A densidade da malha foi ajustada de modo a resultar um bom compromisso entre o refinamento da malha e o custo computacional associado. Nas Figura 4.1 a 4.6 ilustram-se as malhas de elementos finitos dos modelos 3D, construídos para os diferentes tipos de ensaios realizados. Todas as simulações foram realizadas considerando uma folga diametral (GAP) entre a cavilha e o furo de 0.1 mm. Este valor é consistente com as medições experimentais realizadas. Figura 4.1 - Malha de elementos finitos do modelo relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial de uma peça de madeira reforçada com CFRP e com cavilha simplesmente apoiada. 4.5 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.2 - Malha de elementos finitos do modelo relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial de uma peça de madeira reforçada com CFRP e com cavilha bi-encastrada. Figura 4.3 - Malha de elementos finitos do modelo relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal de uma peça de madeira reforçada com CFRP e com cavilha simplesmente apoiada. 4.6 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.4 - Malha de elementos finitos do modelo relativo ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal de uma peça de madeira reforçada com CFRP e com cavilha bi-encastrada. Figura 4.5 - Malha de elementos finitos do modelo relativo ao ensaio da ligação em T sem reforço. 4.7 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.6 - Malha de elementos finitos do modelo relativo ao ensaio da ligação em T reforçada com CFRP. 4.3 Resultados e discussão Nesta secção são apresentados os resultados das simulações por elementos finitos das ligações, nomeadamente são exibidos os campos de tensões e deslocamentos mais relevantes, correspondentes à aplicação de um deslocamento de 0.1 mm. A utilização da tecnologia de elementos de contacto requer a calibração do modelo de contacto, nomeadamente a selecção da combinação dos diferentes parâmetros que regulam o funcionamento do modelo. Esta calibração foi realizada ajustando os parâmetros FKN e FTOLN, procurando reduzir o desvio entre o valor experimental e numérico do módulo de fundação, para os modelos relativos aos ensaios de esmagamento localizado, e da rigidez para as ligações em T. Os valores experimentais do módulo de fundação e rigidez usados na calibração corresponderam aos valores obtidos nas fases de descarga até 10% da carga máxima estimada e subsequente recarga. 4.8 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 4.3.1 Simulação do ensaio de esmagamento localizado radial com cavilha simplesmente apoiada A Tabela 4.1 apresenta os resultados das várias simulações relativas ao ensaio de esmagamento localizado realizado segundo a direcção radial, considerando a cavilha simplesmente apoiada. Em particular, apresenta-se o módulo de fundação, K, para vários valores do parâmetro FKN e FTOLN. A simulação com os parâmetros FKN=0.13 e FTOLN=0.1 conduzem a um valor do módulo de fundação de 147.8 N/mm3 com um erro de -0.02% (valor experimental médio igual a 147.9 N/mm3). A Figura 4.7a) e Figura 4.8 ilustram o campo de tensões segundo a direcção do carregamento, direcção y, respectivamente no carbono e madeira. Comprova-se que os valores máximos são observados na superfície do furo. Uma vez que o adesivo é um material isotrópico, apresenta-se na Figura 4.7 b) o campo de tensões segundo Von Mises. Na Figura 4.9 ilustra-se o campo de tensões de corte na madeira relativas ao par de direcções R e L. Na Figura 4.10 ilustra-se o campo de deslocamentos na direcção do carregamento (y) no modelo completo. Como seria de esperar, constata-se a continuidade no campo de deslocamentos através das interfaces entre os diferentes materiais. Todos os resultados apresentados nesta secção, nas Figuras 4.7 a 4.10, foram obtidos para a configuração 2 (ver Tabela 4.1) que, para um deslocamento de 0.1 mm, corresponde para uma carga, F = 1524.54 N. Tabela 4.1 - Configurações e resultados numéricos relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial com cavilha simplesmente apoiada. Simulações Configurações 1 2 3 4 Resultados GAP (mm) FKN FTOLN µ K (N/mm3) Erro (%) 0.1 0.1 0.1 0.1 1 0.13 0.1 1 0.1 0.1 0.1 0.01 0.3 0.3 0.3 0.3 233.7 147.8 133.0 269.2 +58.07 -0.02 -10.03 +82.08 4.9 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 4.7 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha simplesmente apoiada: a) tensões σy no laminado carbono (y: direcção do carregamento); b) tensões equivalentes segundo Von Mises no adesivo. Figura 4.8 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha simplesmente apoiada: tensões σy (=σR) na madeira (y=R: direcção do carregamento/radial). 4.10 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.9 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha simplesmente apoiada: tensões τyx (=τRL) na madeira (y=R: direcção do carregamento/radial; x=L: direcção do fio da madeira). Figura 4.10 - Campo de deslocamentos segundo y, em mm, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha simplesmente apoiada (y=R: direcção do carregamento/radial). 4.11 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 4.3.2 Simulação do ensaio de esmagamento localizado radial com cavilha bi-encastrada A Tabela 4.2 resume os resultados das análises numéricas do ensaio de esmagamento localizado realizado segundo a direcção radial, assumindo a cavilha bi-encastrada. Para FKN=0.22 e FTOLN=0.1 resultou um módulo de fundação de 147.6 N/mm3, sendo o valor experimental de referência igual a 147.9 N/mm3, resultando um erro de -0.16%. Tabela 4.2 - Configurações e resultados numéricos relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial com cavilha bi-encastrada. Simulações Configurações 1 2 3 4 Resultados GAP (mm) FKN FTOLN µ K (N/mm3) Erro (%) 1 2 3 4 0.1 0.1 0.1 0.1 1 0.22 0.15 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 164.0 147.6 140.0 130.0 -10.94 -0.16 -5.30 -12.10 Nas Figura 4.11 a) e 4.12 pode-se observar o campo de tensões segundo a direcção y, direcção do carregamento. A Figura 4.11 b) ilustra as tensões de Von Mises para o adesivo. Na Figura 4.13 apresenta-se o campo de tensões de corte τRL, na madeira. Na Figura 4.14 ilustra-se os deslocamentos do modelo reforçado com laminado de carbono, na direcção do carregamento (direcção y). As tensões e deslocamentos apresentados são resultantes de uma carga, F = 1524.17 N e foram determinados com o modelo calibrado (configuração 2 da Tabela 4.2). Constata-se que as condições de fronteira aplicadas à cavilha têm um efeito significativo na distribuição de tensões nos vários materiais, especialmente no laminado de carbono e no adesivo. Na madeira, as tensões máximas observadas são muito próximas para as duas condições de apoio, embora o campo de tensões de corte, τRL tenha uma forma um pouco diferente. 4.12 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 4.11 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha bi-encastrada: a) tensões σy no laminado carbono (y: direcção do carregamento); b) tensões equivalentes segundo Von Mises no adesivo. Figura 4.12 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha bi-encastrada: tensões σy (=σR) na madeira (y=R: direcção do carregamento/radial). 4.13 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.13 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha bi-encastrada: tensões τyx (=τRL) na madeira (y=R: direcção do carregamento/radial; x=L: direcção do fio da madeira). Figura 4.14 - Campo de deslocamentos segundo y, em mm, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção radial, com cavilha bi-encastrada (y=R: direcção do carregamento/radial). 4.14 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 4.3.3 Simulação do ensaio de esmagamento localizado longitudinal com cavilha simplesmente apoiada A Tabela 4.3 apresenta os resultados das análises, pelo método dos elementos finitos, do ensaio de esmagamento localizado realizado segundo a direcção longitudinal, assumindo a cavilha simplesmente apoiada. A calibração do modelo conduziu aos seguintes valores das constantes FKN e FTOLN: FKN=0.06; FTOLN=0.1. Com esta combinação de parâmetros estimou-se um módulo de fundação igual a 170.0 N/mm3, sendo o valor obtido experimentalmente igual a 171.8 N/mm3, verificando-se um erro de -1.05%. O valor de FKN é significativamente inferior aos valores propostos na modelação dos ensaios de esmagamento localizado na direcção radial. As Figura 4.15a) e 4.16 ilustram o campo de tensões segundo a direcção do carregamento, direcção yy ou direcção longitudinal da madeira, respectivamente no laminado de carbono e madeira. A máxima tensão de compressão é verificada na madeira. A Figura 4.15 b) ilustra o campo de tensões de Von Mises, para o adesivo. É apresentada, na Figura 4.17, a distribuição das tensões de corte, τRL, na madeira. Na Figura 4.18 ilustrase os deslocamentos na direcção do carregamento, do modelo completo com reforço em laminado de carbono. As tensões e deslocamentos apresentados nesta secção correspondem a uma carga, F =1761.36 N, tendo sido estimados usando o modelo calibrado (configuração 3 - Tabela 4.3). Tabela 4.3 - Configurações e resultados numéricos relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal com cavilha simplesmente apoiada. Simulações Configurações 1 2 3 4 Resultados GAP (mm) FKN FTOLN µ K (N/mm3) Erro (%) 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.07 0.06 0.01 0.1 0.1 0.1 0.1 0.3 0.3 0.3 0.3 199.5 179.0 170.0 71.6 +16.11 +4.19 -1.06 -58.33 4.15 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 4.15 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha simplesmente apoiada: a) tensões σy no laminado de carbono (y: direcção do carregamento); b) tensões equivalentes segundo Von Mises no adesivo. Figura 4.16 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha simplesmente apoiada: tensões σy (=σL) na madeira (y=L: direcção do carregamento/longitudinal). 4.16 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.17 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha simplesmente apoiada: tensões τxy (=τRL) na madeira (y=L: direcção do carregamento/longitudinal; x=R: direcção perpendicular ao fio da madeira/radial). Figura 4.18 - Campo de deslocamentos segundo y, em mm, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha simplesmente apoiada (y=L: direcção do carregamento/longitudinal). 4.17 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 4.3.4 Simulação do ensaio de esmagamento localizado longitudinal com cavilha bi-encastrada A Tabela 4.4 resume as principais simulações realizadas para o ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, assumindo a cavilha bi-encastrada. Usando FKN=0.11 e FTOLN=0.1 resultou um módulo de fundação de 174.6 N/mm3, que comparado com o valor de referência experimental de 171.8 N/mm3, representa um erro de +1.65%. As Figura 4.19a) e 4.20 ilustram, respectivamente para a madeira e laminado de carbono, o campo de tensões segundo a direcção do carregamento, direcção longitudinal da madeira. A máxima tensão de compressão é verificada na madeira. A Figura 4.19b) ilustra as tensões de Von Mises para o adesivo. Na Figura 4.21 apresenta-se o campo de tensões de corte na madeira, τRL. Na Figura 4.22 ilustra-se os deslocamentos do modelo reforçado com laminado de carbono, na direcção do carregamento. As tensões e deslocamentos ilustrados são resultantes de uma carga F = 1792.40 N, tendo por base o modelo calibrado (configuração 3 na Tabela 4.4). Tabela 4.4 - Configurações e resultados numéricos relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal com cavilha bi-encastrada. Simulações Configurações 1 2 3 4 Resultados GAP (mm) FKN FTOLN µ K (N/mm3) Erro (%) 0.1 0.1 0.1 0.1 1 0.15 0.11 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.3 0.3 0.3 0.3 354.2 201.6 174.6 166.3 +106.19 +17.36 +1.64 -3.20 4.18 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 4.19 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha bi-encastrada: a) tensões σy no laminado de carbono (y: direcção do carregamento); b) tensões equivalentes segundo Von Mises no adesivo. Figura 4.20 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha bi-encastrada: tensões σy (=σL) na madeira (y=L: direcção do carregamento/longitudinal). 4.19 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.21 - Campo de tensões, em MPa, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha bi-encastrada: tensões τxy (=τRL) na madeira (y=L: direcção do carregamento/longitudinal; x=R: direcção perpendicular ao fio da madeira/radial). Figura 4.22 - Campo de deslocamentos segundo y, em mm, relativos ao ensaio de esmagamento localizado na direcção longitudinal, com cavilha bi-encastrada (y=L: direcção do carregamento/longitudinal). 4.20 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 4.3.5 Simulação do ensaio da ligação em T sem reforço A Tabela 4.5 resume as configurações das simulações realizadas e respectivos resultados numéricos, em termos dos valores de rigidez k1 e k2. Tal como foram definidas no Capítulo III, a rigidez k1 foi medida com base no valor absoluto do deslocamento medido numa secção da peça central, próxima da placa de compressão; a rigidez k2 é a rigidez medida com base no deslocamento absoluto da cavilha. A calibração do modelo consistiu na aferição dos parâmetros FKN e FTOLN que resultassem na menor soma dos erros relativos à estimativa de k1 e k2. Na simulação nº 4 (FKN=0.04; FTOLN=0.1) obteve-se um coeficiente de rigidez k1 de 6594.84 N/mm, apresentando um erro de -11.1%, quando comparado com o resultado experimental de 7416.11 N/mm. O valor obtido para o coeficiente de rigidez k2 foi de 15699.24 N/mm, que comparado com o resultado experimental, 14444.59N/mm, corresponde a um erro de +8.7%. Tabela 4.5 - Configurações e resultados numéricos relativos à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço. Simulações Conf. 1 2 3 4 Resultados GAP (mm) FKN FTOLN 0.1 0.1 0.1 0.1 0.01 0.02 0.03 0.04 0.01 0.01 0.1 0.1 µ 0.3 0.3 0.3 0.3 k1 (N/mm) Erro (%) 7983.60 9443.84 5726.92 6594.84 +7.7 +27.3 -22.8 -11.1 k2 (N/mm) Erro (%) 12067.96 14334.96 15037.84 15699.24 -16.5 -0.8 +4.1 +8.7 A Figura 4.23 ilustra o campo de tensões segundo a direcção do carregamento. Comprova-se que os valores extremos são observados no furo da cavilha. A máxima tensão de compressão é verificada no elemento exterior da ligação. Nas Figura 4.24 e 4.25 ilustrase o campo de tensões de corte τRL na madeira. Na Figura 4.26 ilustra-se os deslocamentos na direcção da solicitação da ligação em T sem reforço. As tensões e deslocamentos ilustrados são resultantes de uma carga F = 130.48 N, para o modelo calibrado (configuração 4 - Tabela 4.5). 4.21 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.23 - Campo de tensões na direcção do carregamento (y), em MPa, relativos à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço: tensões σL na peça central e σR na peça lateral. . Figura 4.24 - Campo de tensões de corte τRL, em MPa, relativos à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço. 4.22 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.25 - Campo de tensões de corte τRL, em MPa, relativos à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço (ampliação da zona do furo). Figura 4.26 - Campo de deslocamento segundo a direcção do carregamento, em mm, relativos à simulação do ensaio da ligação em T sem reforço. 4.23 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira 4.3.6 Simulação do ensaio da ligação em T com reforço Na Tabela 4.6 apresentam-se as configurações das simulações realizadas e respectivos valores de rigidez calculados. A configuração quatro corresponde à simulação calibrada (FKN=0.01 e FTOLN=0.1) à qual estão associados erros de +13.7% e -17.8% na estimativa dos coeficientes de rigidez k1 e k2, respectivamente. Os resultados médios obtidos experimentalmente são de 8571.58 N/mm e 18716.00 N/mm para k1 e k2, respectivamente. As Figura 4.27 e 4.29 ilustram o campo de tensões segundo a direcção do carregamento, respectivamente no reforço de carbono e na madeira. A Figura 4.28 ilustra as tensões equivalentes segundo critério de Von Mises para o adesivo. É apresentado na Figura 4.30 o campo de tensões de corte para o par de direcções radial e longitudinal. Na Figura 4.31 ilustra-se o campo de deslocamentos, na direcção do carregamento, do modelo da ligação em T reforçada com laminado de carbono. As tensões e deslocamentos resultaram de uma carga F = 79.49 N, usando o modelo calibrado. Tabela 4.6 - Configurações e resultados numéricos relativos à simulação do ensaio da ligação em T com reforço. Simulações Conf. 1 2 3 4 Resultados GAP (mm) FKN FTOLN 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.02 0.01 0.1 0.01 0.1 0.1 µ k1(N/mm) Erro (%) k2 (N/mm) Erro (%) 0.3 0.3 0.3 0.3 14007.92 14007.92 11488.56 9746.68 4.24 +63.4 +63.4 +34.0 +13.7 19899.24 19899.24 17247.24 15389.76 +6.3 +6.3 -7.9 -17.8 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira a) b) Figura 4.27 - Campo de tensões σy do laminado de carbono, em MPa, para um detalhe estrutural reforçado: a) reforço de carbono na peça lateral; b) reforço de carbono da peça central. Figura 4.28 - Campo de tensões de Von Mises para o adesivo, resultante da simulação da ligação em T com reforço. 4.25 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.29 - Campo de tensões na direcção do carregamento (y), em MPa, relativos à simulação do ensaio da ligação em T com reforço: tensões σL na peça de madeira central e σR na peça de madeira lateral. Figura 4.30 - Campo de tensões de corte τRL na madeira, em MPa, relativos à simulação do ensaio da ligação em T com reforço. 4.26 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Figura 4.31 – Campo de deslocamentos segundo y, em mm, para o detalhe estrutural reforçado com laminado de carbono. 4.3.7 Discussão de resultados A comparação das configurações calibradas usadas nas diversas situações apresentadas neste capítulo permite concluir que o valor de FKN deve ser inferior ao valor sugerido por defeito pelo ANSYS® (FKN=1.0). O valor de FKN deve estar compreendido na gama 0.2 e 0.01, dependendo do tipo de simulação considerada. Estes valores de FKN são compatíveis com valores de FTOLN iguais a 0.1. O valor de FKN tem uma influência significativa nos resultados das simulações. Comparando as configurações de parâmetros correspondentes às simulações calibradas para o detalhe em T, conclui-se serem necessários valores de FKN inferiores para as ligações reforçadas. As simulações dos ensaios de esmagamento localizado mostraram serem muito sensíveis às condições de apoio, pelo menos no caso da compressão longitudinal; no caso da compressão radial, estas diferenças são menores, pelo menos no que concerne aos valores máximos das tensões nos vários materiais. Tendo em conta que o laminado de carbono apresenta uma tensão de rotura em tracção de aproximadamente 1171.32 MPa, a rotura por tracção pura do reforço é uma impossibilidade nos ensaios. A rotura do carbono observada nos ensaios experimentais só 4.27 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira acontece depois da ocorrência de rotura nos outros materiais, e por processos complexos de esmagamento, flexão e instabilidade do laminado. Nas simulações, sempre que as tensões no carbono são superiores às tensões nos restantes materiais, a diferença não justifica a rotura em primeira instância no laminado. A rotura irá em primeiro lugar no adesivo ou na madeira pois apresentam tensões de rotura relativamente baixas, quando comparadas com o laminado. Por exemplo, o adesivo apresenta uma tensão de rotura de 32.74 MPa e a madeira de Pinho Marítimo tensões de rotura à tracção e compressão longitudinais de 52 e 94 MPa, respectivamente (Santos et al., 2008), que são inferiores a mais de dez vezes a tensão de rotura no laminado de carbono. Com base nos resultados presentes na literatura (Santos et al., 2008) é possível comparar os resultados obtidos para os diferentes modelos estudados. Nos ensaios de esmagamento longitudinal compara-se a distribuição das tensões de corte no plano RL; nos ensaios de esmagamento radial comparam-se as tensões na direcção radial. As simulações dos ensaios de esmagamento radial, para cavilha simplesmente apoiada, revelaram uma tensão σR de 19.39 MPa correspondente a uma carga de 1524.54 N, para a simulação com reforço; na simulação sem reforço obteve-se uma tensão σR de 7.47 MPa para uma carga de 360.06 N. Para o modelo com cavilha bi-encastrada, obteve-se uma tensão σR de 18.61 MPa para uma carga de 1524.17 N, no modelo com reforço. No modelo sem reforço resultou uma tensão σR de 9.15 MPa, para uma carga de 498.50 N. Assumindo uma relação linear entre a carga e as tensões resultantes e adoptando uma base de comparação de 10 kN de carga aplicada resultam tensões de 207.44 MPa, no modelo sem reforço, e 127.21 MPa no modelo com reforço, para cavilha simplesmente apoiada. Para cavilha bi-encastrada resulta 183.55 MPa (sem reforço) e 122.10 MPa (com reforço), verificando-se um ganho significativo de resistência na direcção radial com a aplicação do reforço. Nas simulações dos ensaios de esmagamento longitudinal com cavilha simplesmente apoiada resulta uma tensão τRT de 8.08 MPa para uma carga de 1761.36 MPa, no modelo com reforço; para a simulação sem reforço resulta uma tensão τRT de 6.64 MPa, para uma carga de 1275.99 N. No modelo com cavilha bi-encastrada resulta uma tensão τRT de 9.02 MPa, para uma carga de 1792.4 MPa e simulação com reforço. Para a simulação sem reforço com cavilha bi-encastrada resultou uma tensão τRT de 7.031 MPa com uma carga de 1436.52 N. Efectuando a mesma análise linear realizada para os ensaios na direcção 4.28 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira radial determina-se, para os modelos de cavilha simplesmente apoiada, uma tensão de corte 52.05 MPa, no modelo sem reforço e 45.87 MPa, no modelo com reforço. Para o modelo de cavilha bi-encastrada os resultados determinados para as tensões de corte são de 48.94 MPa, para a solução sem reforço e 50.30 MPa para a solução com reforço. Os resultados experimentais mostraram uma rotura na ligação em T, por corte no plano RL, quer nas peças laterais quer na peça central. As simulações revelaram uma tensão de corte τRL de 1.2 MPa para a ligação em T sem reforço à qual corresponde uma carga de 130.48 N; para a ligação com reforço observou-se uma tensão de corte de 0.61 MPa, para uma carga de 79.49 N. Assumindo uma relação linear entre a carga e as tensões resultantes e adoptando uma base de comparação de 10 kN de carga aplicada resultam tensões de corte de aproximadamente 92 MPa, na ligação sem reforço, e 77 MPa, na ligação com reforço, sendo evidente o ganho de resistência da ligação reforçada. No entanto, os ganhos de resistência parecem ser moderados. Com efeito, a eficiência do reforço faz-se sentir não só no aumento da resistência ao início da cedência da ligação, mas também na resistência à propagação do dano, sobretudo à propagação de fendas correspondentes a processos de fractura instável. 4.4 Conclusões No presente capítulo foram desenvolvidos modelos de elementos finitos que permitiram simular o comportamento de uma técnica de reforço para ligações do tipo cavilha para estruturas de madeira. Foi realizada a análise de modelos de esmagamento localizado nas direcções longitudinal e radial da madeira. Foi também analisado um detalhe estrutural sem e com reforço. Estas análises foram realizadas no domínio linear elástico, pelo que o resultado mais relevante das simulações é a rigidez inicial. Foi possível identificar os parâmetros determinantes para a obtenção de resultados aproximados dos experimentais. Conclui-se que o parâmetro FKN é o mais relevante nos resultados da rigidez ou módulo de fundação, verificando que o valor de FKN deve ser inferior a 1, valor sugerido por defeito do ANSYS®. Verifica-se nas simulações de esmagamento nas diferentes direcções, longitudinal e radial, um efeito significativo para as diferentes 4.29 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira condições de fronteira. Na análise de distribuição de tensões dos vários materiais, observase o efeito das diferentes condições de fronteira, especialmente, no carbono e no adesivo. Na madeira, verifica-se que as tensões máximas não alteram significativamente para os diferentes modos de solicitação. Os valores de FKN para os modelos de esmagamento longitudinal são significativamente inferiores aos valores propostos na modelação dos ensaios de esmagamento na direcção radial. É realizada uma análise comparativa entre os modelos sem e com reforço, com base em resultados presentes na literatura (Santos et al., 2008), demonstrando o ganho da aplicação do reforço na redução das tensões. 4.30 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Capítulo V Conclusões Finais e Propostas de Trabalhos Futuros 5.1 Conclusões finais Este trabalho propõe uma solução de reforço para ligações do tipo cavilha em estruturas de madeira, baseada na aplicação de laminado de carbono (CFRP) colado com um adesivo epóxido na zona circundante da cavilha. A eficiência do reforço proposto é demonstrada com base num trabalho experimental e numérico de ligações simples em madeira de Pinho Marítimo (Pinus pinaster Ait.). O trabalho experimental inclui testes de esmagamento na direcção longitudinal e radial da madeira, de acordo com a norma EN 383. Também foi testado um detalhe estrutural - ligação em T - sendo uma ligação muito comum em estruturas de madeira. Os resultados obtidos para os ensaios realizados com reforço foram comparados com ensaios similares sem reforço. Foi possível verificar os ganhos com a aplicação do reforço adoptado. Para os ensaios de esmagamento localizado comparam-se os módulos de fundação, a resistência ao esmagamento e as curvas forçadeslocamento. Conclui-se para os ensaios de esmagamento segundo a direcção longitudinal, um ganho significativo no módulo de fundação bem como na resistência ao esmagamento, verificando-se também, da análise das curvas força-deslocamento, que a carga máxima vai aumentando após a cedência. Para os ensaios na direcção radial, os ganhos com a aplicação do reforço são bastante significativos, no módulo de fundação e resistência ao esmagamento. Das curvas força-deslocamento verifica-se um aumento da 5.1 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira carga de cedência de forma significativa quando comparadas com resultados similares sem reforço. Nos ensaios do detalhe estrutural foi possível comparar o coeficiente de rigidez para ensaios sem e com reforço, registando-se uma melhoria nos resultados registados nos ensaios com reforço. Verificou-se a ausência de roturas frágeis em todos os ensaios realizados com reforço, enquanto que nos ensaios sem reforço ocorreram sempre roturas frágeis, com ou sem ductilidade prévia. Por fim, foram construídos modelos de elementos finitos com elementos de contacto, calibrados com base no trabalho experimental. Foram construídos modelos de esmagamento localizado, dos ensaios com reforço, nas direcções radial e longitudinal ao fio da madeira, segundo duas condições de apoio, cavilha simplesmente apoiada e cavilha bi-encastrada. Similarmente também foram modelados os ensaios do detalhe estrutural sem e com reforço. A análise de sensibilidade permitiu a identificação dos parâmetros mais importantes da modelação, verificando-se que o factor de rigidez normal, FKN, é um dos mais importantes, sendo compatíveis com um valor de FTOLN iguais a 0.1. Dos resultados obtidos para as ligações em T, conclui-se que para ligações reforçadas, os valores de FKN são inferiores. Da análise dos resultados é possível verificar como variam as tensões em torno da cavilha para os diferentes materiais empregues (madeira, adesivo, laminado de carbono). As simulações de esmagamento localizado mostraram sensibilidade às condições de carregamento, resultando num efeito significativo na distribuição de tensões, especialmente no adesivo e laminado de carbono. Comparados o resultados para os modelos sem e com reforço é possível verificar um ganho resultante da aplicação do reforço. Comprova-se um aumento significativo de resistência nos modelos de esmagamento radial, registando-se também uma redução das tensões de corte para as ligações em T reforçadas. 5.2 Propostas de trabalhos futuros As propostas de trabalhos futuros incidem quer no melhoramento da modelação por elementos finitos das ligações não reforçadas e reforçadas, quer na prossecução dos ensaios experimentais. 5.2 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Assim, nas ligações sem reforço, propõe-se a modelação por elementos finitos usando elementos de interface com leis constitutivas de dano coesivo. Com este tipo de modelos pretende-se modelar as cargas de rotura a modos de rotura frágeis. Nas ligações com reforço, que são caracterizadas por ausência de roturas frágeis, propõe-se a aplicação de modelos constitutivos não lineares para a madeira e adesivo de modo a se procurar reproduzir as curvas carga-deslocamento para além da cedência. Também se propõe a aplicação de critérios de rotura para os vários materiais (madeira, adesivo, carbono) de modo a se prever as roturas nestes materiais. Ao nível experimental, sugerem-se ensaios para outras configurações de carregamento. Também se sugere o ensaio da solução de reforço em ligações com múltiplos ligadores, nomeadamente, em ligações que procurem garantir continuidade dos momentos, procurando-se estabelecer comparações com outras soluções de reforço (ex: insertos metálicos). 5.3 Comportamento de ligações do tipo cavilha reforçadas com CFRP em estruturas de madeira Bibliografia CEN-TC250, 2004, “EN 1995-1-1 Design of timber structures. Part 1-1: General rules and rules for buildings,” Brussels. Chen, C.J., Lee, T.L., Jeng, D.S., 2003, “Finite element modeling for the mechanical behavior of dowel-type timber joints”, Computers and Structures, 81:2731–2738. Claisse, P.A., Davis, T.J., 1998, “High performance jointing systems for timber,” Constr. Build. Mater., 12: 415-25. 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