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10 abr 2015 O Globo RENATA MARIZ [email protected]
Mais Médicos atrai profissionais do
país
Expectativa é que, pela primeira vez, seleção não tenha estrangeiros
­ BRASÍLIA­ Diferentemente dos cinco editais anteriores do programa Mais Médicos, que selecionaram
79% de profissionais cubanos, balanço apresentado ontem pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, mostra
que, das 4.146 vagas abertas este ano, 3.830 ( 92%) foram preenchidas por médicos brasileiros com
registro profissional no país. A expectativa é que, pela primeira vez, uma seleção do Mais Médicos seja
finalizada sem estrangeiros.
Na primeira e segunda chamadas do atual edital, já haviam sido selecionados 3.155 brasileiros. O
resultado da terceira chamada, divulgado ontem, aponta mais 675 profissionais escolhidos. As 286 vagas
ainda não preenchidas, especialmente na Região Norte, serão abertas, a partir de amanhã, para brasileiros
formados no exterior sem registro profissional no país.
Chioro atribui o interesse atual dos brasileiros à bonificação de 10% na pontuação da prova de
residência, uma novidade este ano.
— É muito provável que não cheguemos à terceira etapa de seleção, que são dos intercambistas
estrangeiros individuais, e muito menos à quarta etapa, que é a utilização do convênio com a Opas
(Organização Panamericana de Saúde) para a vinda de cubanos ao Brasil — afirmou o ministro.
Com exceção do Norte, onde 69% das vagas foram preenchidas, todas as regiões tiveram índice
superior a 90%. O perfil dos selecionados mostra que 54% são mulheres e 46%, homens. A maioria é
jovem. Um quarto tem até 25 anos, e 55%, entre 26 e 30 anos.
PESQUISA MOSTRA ACEITAÇÃO
Para Henrique Batista, secretário­geral do Conselho Federal de Medicina (CFM), entidade que se opõe
ao programa, os dados mostram que os brasileiros, se houver incentivos, querem trabalhar nas localidades
mais distantes, “diferentemente do que o governo dizia”. Ele aponta, porém, que o bônus de 10%
causará “desequilíbrio” no acesso à residência:
— Além disso, sabemos que a supervisão e tutoria do Mais Médicos não funciona adequadamente.
Com base em análise do TCU, verificamos que prefeitos dispensaram seus médicos com a chegada do
programa, sem falar na estrutura caótica do sistema de saúde, onde faltam leitos, materiais. O médico é
importante, mas ele precisa ter condição de trabalhar — disse Batista.
Uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde à Universidade Federal de Minas Gerais mostra
que 90% dos médicos brasileiros com registro no país que participam do Mais Médicos recomendariam a
experiência a colegas. Todos disseram que se sentiram bem ou muito bem recebidos nas comunidades. E
93% estão satisfeitos com a participação. Para Chioro, a presença de brasileiros no programa ajuda a
quebrar a resistência em relação à iniciativa.
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