Acromegalia Acadêmica de Medicina: Carolina Lemos Souto Departamento de Endocrinologia e Metabologia HUSJ Conceito Doença multissistêmica decorrente da hipersecreção de hormônio do crescimento(GH) e da consequente elevação dos níveis séricos de fator de crescimento semelhante à insulina tipo I( IGF-I).A causa mais comum é o adenoma hipofisário secretor de GH. Os pacientes acromegálicos tem até 4 vezes mais chances de mortalidade do que indivíduos normais do mesmo sexo.É mais comum na 4º e 5º décadas de vida. Fisiologia O GH é secretado pelas células somatotróficas sob o controle do GHRH (estimula a secreção) e da somatostatina (inibe a secreção). O GH estimula a produção hepática de IGF-I e ambos exercem feedback negativo sobre o hipotálamo e a hipófise. O IGF-I inibe a secreção do GH pela supressão da síntese do RNA-m e do estímulo para secreção da somatostatina. Fisiologia O GH promove o crescimento linear, aumenta a síntese protéica e mobiliza ácidos graxos do tecido adiposo.Sendo a maior parte dos efeitos mediados pelo IGF-I ( circulante no plasma como IGFBP-3). O GH estimula a produção tissular local de IGF-I, que age de forma parácrina, afetando igualmente o metabolismo de carboidratos. Em excesso provoca resistência insulínica,o que aumenta a produção hepática de glicose e diminui oxidação e captação da mesma por tecidos periféricos. Diagnóstico Clínico As modificações fisionômicas se caracterizam por alargamento do nariz, aumento dos lábios, crescimento da mandíbula com prognatismo, proeminêncioa frontal, separação dos dentes, má oclusão dentária, macroglossia e aumento dos arcos zigomáticos. Apesar de bastante características, por terem caráter insidioso, essas modificações são motivo de procura médica em apenas 10% dos pacientes. Diagnóstico Clínico Diagnóstico Clínico A hipersecrção de GH e/ou IGF-I pode levar a: 1- Aumento das partes moles: aumento das extremidades e espessura da pele,alterações craniofaciais,skin tags. 2- ACV: Hipertrofia biventricular,disfunção diastólica em repouso e sistólica aos esforços,insuficiência cardíaca diastólica,arritmias,HAS,doença arterial coronariana. Diagnóstico Clínico 3- Alterações metabólicas: intolerância à glicose, diabetes mellitus,resistência à insulina,aumento dos triglicerídeos. 4- AR: apnéia do sono 5- Ossos e articulações: espessamento da cartilagem articular,artropatia/osteoartrite. 6- Outros: bócio multinodular,tireotoxicose,hipercalciúria. 7- Miscelânea: hiperidrose,síndrome do túnel do carpo,visceromegalia,fadiga. Diagnóstico Clínico Os efeitos da compressão tumoral podem manifestar-se com: Cefaléia,Oftalmoplegia,dor facial,diminui ção do campo visual(quadrantopsia, hemianopsia,amaurose),hipopituitarismo (hipotireoidismo,hipogonadismo,hipocorti solismo),hiperprolactinemia,hipertensão intracraniana. Diagnóstico Bioquímico O diagnóstico é feito quando o GH durante o teste de tolerância oral à glicose (TTOG) não suprime para níveis menores que 1ng/mL e o IGF-I está elevado de acordo com a idade e sexo do paciente. Exclui: GH randômico <0,4 ng/mL e IGF-I normal. Confirma: GH no TTOG >ou= 1ng/mL e IGF-I elevado. Situação especial: GNRH indicará produção ectópica por tumor. Diagnóstico Bioquímico Falso-positivo de GH: adolescência, DM, doença renal e hepática. Falso positivo IGF-I: gravidez,adolescência hipertireoidismo. Falso-negativo de IGF-I: desnutrição, DM descompensado, insuficiência hepática, uso de estrógeno, hipotireoidismo. Diagnóstico Bioquímico IGFBP-3: Usualmente elevado na acromegalia, fornece pouca informação diagnóstica adicional. GHRH: Indicado quando há aumento de GH e IGF-I sem achados na RM de tumor hipotálamo-hipofisário, sugerindo secreção ectópica. Diagnóstico Radiológico Ressonância magnética de sela túrcica Tomografia computadorizada de sela túrcica Tomografia computadorizada de tórax e abdome-casos suspeitos de acromegalia extra-hipofisária Raio X simples das mãos e pés( índice calcâneo aumentado > 22mm). Tratamento Controle dos efeitos de massa locais, reverter a desregulação do crescimento e metabólica. Restaurar o funcionamento da hipófise. Como critério de cura, de acordo com o consenso de Cortina, os índices de IGF-I devem ser normais para idade e sexo e o nadir de Gh<1 ng/mL durante o TTOG. Tratamento Cirúrgico Adenomectomia transfenoidal(TSA): cura até 91% dos microadenomas intra-selares.Contudo, 60-70% são macroa denomas que têm até 53% de chance de cura. Os macroadenomas podem ser invasivos, reduzindo a cura mais ainda, além disso têm mais chances de recidivar. A indicação absoluta de TSA é a compressão do nervo óptico com defeitos dos campos visuais. Tratamento Radioterápico Convencional: 45 Gy divididos em 25 frações diárias de 1,8 Gy.Tem a limitação de requerer vários anos para obtenção de resultado significativo.Na maioria dos estudos foram nescessários mais de 10 anos para normalizar o GH em mais de 60% dos pacientes.A eficácia em normailizar os níveis de IGF-I é variável. Estereotáxica: Proton bean e gama knife.Dose elevada em uma única sessão com pouco acometimento de tecido vizinho.Maior eficácia. Tratamento Radioterápico Efeitos adversos: Hipopituitarismo, deficiência do ACTH,TSH e gonadotrofinas, dano no nervo óptico,disfunção cognitiva e malignização. Tratamento medicamentoso Pacientes não curados pela cirurgia Adenomas invasivos Risco cirúrgico elevado por co-morbidades clínicas Pacientes que se recusem a cirurgia Tratamento medicamentoso 1) Análogos da Somatostatina: - Octreotide: GH<2,5 ng/mL- 30-40% - IGF-I normal- 40-80% - Pela limitação de serem aplicadas três doses por dia surgiu na Europa os análogos de ação prolongada (Lanreotide) 2) Agonistas Dopaminérgicos: - Bromocriptina: GH<2,5 ng/mL- menos que 20% -IGF-I normal- 10% Tratamento medicamentoso -Cabergolina: GH<5,0 ng/mL-20% - IGF-I normal-10% - Atividade mais eficaz na presensa de hiperprolactinemia associada. 3) Antagonistas do receptor de GH: - Pegvisomant: medicamento desenvolvido recentemente, é seletivo do receptor de GH.É o fármaco mais eficaz em normalizar níveis de IGF-I, mas os de GH tendem a se elevar pela perda do feedback negativo.Não apresenta ações na redução do tamanho tumoral podendo até causar aumento desse.Poucos efeitos colaterais, podendo haver aumento das transaminases. Referências Bibliográficas Endocrinologia Clínica- Lucio Vilar Endocrinologia-Guedes-Moreira-Benchimol Tratado de Fisiologia- Guyton www.pubmed.com