XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Composição Morfológica e Acúmulo de Forragem do Capim-Massai sob Doses de Nitrogênio e Fontes de Ureia1 Morphological Composition and Forage Accumulation of Massai Grass under Nitrogen Doses and Urea Sources Diego Rodrigues Gomes2, Carlos Augusto Brandão de Carvalho3, Aline Barros da Silva4, Pedro Henrique Ferreira da Silva5, Alex Junio dos Santos5, Fábio Costa dos Santos6, Danilo Antonio Morenz7 1 Parte da dissertação de mestrado do terceiro autor; Graduando em Medicina Veterinária, DNAP/UFRRJ, Seropédica RJ, bolsista PIBIC/ CNPq, email:[email protected]; 3 Professor Adjunto - DNAP/ UFRRJ, Seropédica RJ; 4 Mestranda em Zootecnia, PPGZ / Bolsista Capes /UFRRJ, Seropédica, RJ; 5 Graduando em Zootecnia, DNAP/UFRRJ, Seropédica, bolsista DNAP; 6 Graduando em Zootecnia, UFRRJ, Seropédica, RJ; 7 Doutorando em Zootecnia, PPGZ/Bolsista Capes/UFRRJ, Seropédica, RJ. 2 Resumo: Este trabalho teve como objetivo avaliar a composição morfológica do capim-massai (Panicum maximum cv. Massai) cultivado sob delineamento de blocos completos casualizados e arranjo de parcelas subdivididas com quatro repetições, durante as estações inverno e primavera de 2014. Foram formados sete tratamentos pelo arranjo fatorial (3x2+1), constituídos por três doses de nitrogênio (200, 400, 600 kg ha-1 ano-1 de N) alocadas às parcelas, e duas fontes de ureia (comum e revestida) alocadas às subparcelas, além do tratamento testemunha (sem adubação nitrogenada), durante o inverno e primavera de 2014. Foram avaliadas as variáveis massa de forragem (MF), massas secas de lâminas foliares (MSLF) e de colmos (MSC), densidade populacional de perfilhos (DPP) e acúmulo de forragem (AF). As MF, MSLF, MSC, DPP e AF variaram (p<0,05) em função da interação entre dose de N e estação do ano. O uso de adubação nitrogenada até a dose de 600 kg ha-1 ano-1 de N promove incremento linear positivo nas variáveis massa de forragem, massas secas de lâminas foliares e de colmos, densidade populacional de perfilhos, e acúmulo de forragem do capim-massai durante o inverno. Palavras–chave: adubação nitrogenada, colmos, densidade de perfilhos, lâminas foliares, ureia revestida Abstract: This study aimed to evaluate the morphological composition of massai grass (Panicum maximum cv. Massai) cultivated in a randomized complete block design under split plot arrangement with four replications, during 2014 winter and spring seasons . Seven treatments were formed by factorial arrangement (3x2 + 1), consisting of three nitrogen doses (200, 400 and 600 kg ha-1 year-1 of N) allocated to the plots, two urea sources (common and coated) allocated to the subplots, beyond the control (without nitrogen fertilization). . The forage mass (FM), leaf blades (LBDM) and stems (SDM) dry mass, tiller population density (TPD) and forage accumulation (FA) were evaluated. The FM, LBDM, SDM, TPD and FA varied (p<0.05) with N doses and season interaction. The use of nitrogen fertilizer until 600 kg ha-1 year-1dose of N promoted a positive linear increase in a forage mass, leaf blade and stem dry mass, tiller population density and forage accumulation variables of massai grass during the winter. Keywords: coated urea, leaves blades, nitrogen fertilizer, steams, tiller density Introdução Em razão da variabilidade nas respostas de plantas e animais ao uso de adubação nitrogenada (incluindo suas fontes e doses) quanto ao desempenho bioeconômico nos sistemas de produção animal, esta ainda precisa ser investigada em ambientes de pastagens (Santos et al., 2008). Além disso, o uso de fontes de eficiência aumentada, que já apresenta resultados promissores em culturas como milho e sorgo (Kappes et al., 2009) necessita ser avaliado para plantas forrageiras objetivando, sobretudo, a sustentabilidade da comunidade vegetal. Com base nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos de doses de N e de fontes de ureia sobre a massa de forragem (MF), massas secas de lâminas foliares (MSLF) e de colmos Página - 1 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 (MSC), densidade populacional de perfilhos (DPP) e o acúmulo de forragem (AF) do capim-massai nas estações primavera e inverno de 2014. Material e Métodos O experimento foi conduzido no Campo Experimental do Departamento de Nutrição e Pastagem do Instituto de Zootecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, município de Seropédica – RJ, Brasil, situado a 22°45’ de latitude Sul e 43°41’ de longitude Oeste e a 33 metros de altitude. O clima da região é do tipo AW (Köppen), com uma estação seca que se estende de abril a setembro e outra quente e chuvosa, de outubro a março. O período experimental compreendeu as estações de inverno e primavera de 2014 (25/04/2014 a 07/01/2015). A forrageira utilizada foi o capim-massai (Panicum maximum cv. Massai), em área experimental constituída por 28 parcelas de 8 m² cada (unidade experimental – UE). O experimento, foi delineado em blocos completos casualizados, com quatro repetições, sob arranjo fatorial (3x2) +1, representado por três doses de N (200, 400 e 600 kg ha-1 ano-1 de N), duas fontes de ureia (comum e revestida com Policote®) e um tratamento controle ou testemunha (sem adubação com N). As plantas existentes nas parcelas de todos os tratamentos foram cortadas quando seus dosséis forrageiros apresentaram média de 95% de Interceptação Luminosa (IL), utilizando-se para tanto, aparelho analisador de dossel (AccuPAR LP-80), com o qual foram feitas seis leituras acima e abaixo do dossel, simultaneamente, com intervalos semanais. A forragem foi cortada manualmente a uma altura de 10 cm do solo (altura de resíduo). Dez dias após os cortes das plantas das parcelas foram adubadas sobre a superfície do solo com N e K20, utilizando ureia e cloreto de potássio como fontes, respectivamente. As amostras colhidas foram identificadas, pesadas e separadas em subamostra de 300g. Esta subamostra foi fracionada em material morto, pseudocolmo (colmo + bainha foliar) e lâmina foliar, e seus perfilhos contabilizados e pesados. Todas as frações foram secas em estufa de ventilação forçada de ar, à 55º C e durante 72 horas, para obtenções de seus respectivos teores de matéria seca e posteriores cálculos de massa de forragem (MF), massas secas de lâminas foliares (MSLF) e de colmos (MSC), densidades populacionais de perfilhos (DPP) e acúmulo de forragem (AF). Os resultados obtidos foram submetidos a análise de variância utilizando-se o procedimento PROC MIXED do pacote estatístico SAS® (Statistical Analysis System), versão 9.0 para Windows. A análise de variância foi feita com base nas seguintes causas de variação (efeitos fixos): fonte e dose de nitrogênio, estação do ano e as interações entre elas; e efeitos aleatórios: bloco e suas interações. As médias dos tratamentos foram estimadas pelo “LSMENS” e a comparação entre elas, pela probabilidade da diferença (“PDIFF”); e os efeitos quantitativos utilizando-se o PROC REG do SAS®. Foi admitido um nível de probabilidade de 5% para todos os testes utilizados. Resultados e Discussão Houve efeito (p<0,05) de interação entre dose e estação do ano (Tabela 1) para massa de forragem (MF), massa seca de lâminas foliares (MSLF), massa seca de colmos (MSC), densidade populacional de perfilhos (DPP) e acúmulo de forragem (AF). Tabela 1. Massa de forragem (MF), massa seca de lâminas foliares (MSLF), massa seca de colmos (MSC), densidade populacional de perfilhos (DPP) e acúmulo de forragem (AF) do capim-massai em função das doses de nitrogênio e das estações inverno e primavera de 2014. N (kg ha ano-1) Estação EPM Equações Regressão R2 0 200 400 600 MF (kg ha-1) dB bB cB 2193 3385 3803 4063aB 81 Ŷ = 2598,7+2,7103X 0,49 Inverno aA bA abA 4780 4978 5309abA 286 Ŷ=5134 Primavera 5805 MSLF (kg ha-1) 1799dB 2920cB 3180bB 3567aB 67 Ŷ= 2157,2+2,5132X 0,57 Inverno aA aA aA 4286 4482 4751aA 259 Ŷ=4513 Primavera 4554 MSC (kg ha-1) 108bB 327aB 358aB 358aB Ŷ=205,37+0,3136X 0,38 Inverno 19 aA bA bA 584 412 446 458Ba Ŷ=459 Primavera DPP (perfilhos/m2) 409cB 1001bB 1604aA 1587aA Ŷ= 572,31+ 1,8717X 0,67 Inverno 67 bA aA aA 1547 1603 1486aA Ŷ= 1488 Primavera 1142 - Página - 2 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 AF (kg ha-1) 2193 5390 5479 6379aA Ŷ= 3378,4+ 5,4337X 0,16 Inverno 486 bA bA abA 5222 6569 7514aA Ŷ= 6345 Primavera 5805 Médias dispostas seguidas da mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem entre si (p<0,05) pela PDIFF. EPM: Erro padrão da média. R2 = coeficiente de determinação da equação de regressão. X: kg ha-1 ano-1 de N bB aA aA No inverno houve efeito (p<0,05) linear positivo em função do aumento das doses de adubação nitrogenada para MF, MSLF, MSC, DPP e AF. O aumento linear dos valores das variáveis MF, MSLF, MSC e AF podem ser explicados, sobretudo, pelo aumento das DPP (Tabela 1) ocorrido em dosséis forrageiros submetidos à adubação nitrogenada como descrito por Hodgson (1990), com função direta no maior desenvolvimento de gemas de crescimento basais ou laterais, sobretudo em ambiente com disponibilidade de incidência luminosa. O que pode ser explicado pelo fato do nitrogênio aumentar a eficiência fotossintética das plantas e, consequentemente, o acúmulo de foragem (Macedo et al., 2012). Contudo, durante a primavera os dados de todas as variáveis avaliadas não se ajustaram a modelos definidos de regressão linear simples (p>0,05), apresentando valores médios de 5134, 4513, 459 e 6345 kg ha-1 de massa seca para MF, MSLF, MSC e AF, respectivamente. E valor médio de 1488 perfilhos/m2 para DPP (p>0,05). Estes resultados não corroboram a maior parte daqueles descritos na literatura para diversas plantas forrageiras quanto à adubação nitrogenada, sobretudo na primavera, mesmo quanto utilizado adubo revestido (Alencar et al., 2013; Fagundes et al., 2005). Isto possivelmente se deve ao grande período de restrição de chuvas e ao consequente déficit hídrico ocorrido durante a primavera de 2014 em toda a região sudeste brasileira, sobretudo no estado do Rio de Janeiro. Conclusões O aumento da adubação nitrogenada até 600 kg ha-1 ano-1 de N promove incremento linear positivo nas variáveis massa de forragem, massas secas de lâminas foliares e de colmos, densidade populacional de perfilhos, e acúmulo de forragem do capim-massai durante o inverno. Agradecimentos À empresa PRODUQUÍMICA pelo financiamento do Projeto de Pesquisa e fornecimento da ureia revestida por Policote®, ao Instituo de Zootecnia da UFRRJ pela cessão da área experimental e de infraestrutura para a realização do trabalho. E a CAPES pela concessão da bolsa. Literatura citada ALENCAR, C. A. B.; CUNHA, F. F.; MARTINS, C. E.; CÓSER, A. C.; OLIVEIRA, R. A.; ARAUJO, R. A. S. Adubação nitrogenada e estações anuais na produção de capins irrigados no leste mineiro sob corte. Revista Brasileira de Saúde e Produção Anima., Salvador, v.14, n.3, p.413-425 jul./set., 2013. 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