Enfermagem na Infância e Adolescência Aspectos gerais em neonatologia: história e conceitos. Claudia Medeiros 1 O conceito A Neonatologia (do latim: ne(o) - novo; nat(o) - nascimento e logia - estudo), é o ramo da Pediatria que se ocupa das crianças desde o nascimento até aos 28 dias de idade (quando as crianças deixam de ser recémnascidos passam a ser lactentes). 2 A história da Neonatologia é indissociável da história da Pediatria É possível através de uma leitura das fontes diretas e indiretas do conhecimento do saber conhecer os cuidados dispensados à criança, e em particular, ao recém-nascido, nos diferentes períodos da história bem como recolher informações acerca das doenças que padecia, registradas quantas vezes como uma entidade hospitalar, mas que não passava de um simples sinal ou sintoma. 3 A Civilização Mesopotâmica caracterizou-se pela crença generalizada na demonologia, na magia e na adivinhação. As malformações congênitas eram um sinal irrefutável de um mau presságio quanto ao bem estar do rei e da família real, bem como quanto aos desígnios do país. 4 Povos Pré-Colombianos freqüentes as deformidades intencionais do crânio no sentido de um achatamento lateral com alongamento em altura, bem como a indução artificial de estrabismo como sinal de distinção. 5 Índia (c. 500 a.C.) os escritos apresentam a primeira indicação histórica do exame médico perinatal e que assinalam a importância da higiene infantil. No “Corpus Hippocraticum” existem descrições sobre malformações e luxações congênitas. 6 As primeiras obras relativas às doenças das crianças foram publicadas na literatura médica por Celso, enciclopedista romano, no século I d.C. No século II, Sorano de Éfeso (98-117): Livro sobre aleitamento, a higiene da criança; sobre algumas doenças freqüentes, bem como importantes noções de natureza ortopédica. Descreveu pela primeira vez o teste da gota do leite materno sobre a unha como forma de avaliar a sua consistência. Desaconselhou o aleitamento materno nas primeiras três semanas dado o estado debilitado da mãe e o caráter indigesto do colostro para o recém-nascido 7 Drogas e Forceps sécXVII - introdução do fórceps obstétrico século XIX - introdução das drogas anestésicas, bem como do ensino da Obstetrícia nas Escolas de Cirurgia e nas Faculdades de Medicina Parteira- durante a intervenção do médico ou do cirurgião a parteira acompanhava essa assistência prestando cuidados ancestrais no que se refere à higiene, à nutrição e à proteção do recém-nascido. 8 séculos XV e XVI: A representação do recémnascido e da criança na arte torna-se freqüente a partir destes séculos. Ao longo destes séculos a assistência ao recém-nascido era da competência, na maioria das vezes, da pessoa que assistia ao parto. Foi unanimemente aceito que desde os primórdios da existência humana a assistência ao parto era da responsabilidade de uma mulher que se impunha e era aceito na comunidade pelo êxito da sua prática, o resultado de uma experiência adquirida e transmitida ao longo de gerações por mulheres. 9 O Parto Conduta complexa que compreendia quantas vezes, as rezas, o uso de amuletos, a aplicação de pressão sobre o ventre, a movimentação da parturiente e a adoção de uma posição particular no período expulsivo. Raramente recebia honorário pela sua prática. 10 Reanimação do RN em textos bíblicos Incluía a respiração boca-a-boca direta, a oscilação ou balanço, o espancamento, o mergulho alternadamente em tinas de água quente e fria, a insuflação de fumo de tabaco através de um tubo de enema, a injeção subcutânea de whisky irlandês misturada em tintura de beladona, a aplicação de conhaque nas gengivas, a administração de drogas estimulantes, entre outras. 11 Sec XIX Paralelamente assistimos a partir deste século a uma melhoria das condições sócio-culturais e de higiene das populações, da qualificação dos profissionais médicos e das parteiras e do desenvolvimento das técnicas e dos instrumentos cirúrgicos disponíveis. Nas primeiras páginas da história da assistência hospitalar pediátrica figuraram instituições onde a localização das crianças, bem como o seu tratamento não se diferenciavam da população adulta aí existente. 12 Pierre Budin Pierre Budin (1846-1907) foi considerado o criador da Neonatologia moderna, termo que viria a ser introduzido na nomenclatura médica somente em 1963 por Alexander Schaffer. Budin era obstetra no Hospital La Charité em Paris. Nascidos de parto prematuro eram classificados apenas como crianças pequenas e grandes para a idade gestacional. 13 O tampo passou... Em 1914, o Dr. Julius Hess e o Dr. Evelyn Lundeen implantaram unidades de cuidados para recém-nascidos prematuros no Michael Reese Hospital em Chicago. Em 1924 o pediatra Albert Peiper interessou-se pela maturação neurológica dos prematuros. 14 Por volta de 1940 foram unificados os critérios para manejo dos recémnascidos prematuros e foram inventadas as incubadoras para que se pudesse controlar a temperatura dessas crianças. Em 1953 a Dra. Virginia Apgar divulgou no meio científico a sua escala para avaliação do grau de asfixia neonatal e de adaptação á vida extra uterina (Escala de Apgar). 15 Na década de 60 começaram a ser utilizados os monitores eletrônicos, as gasometrias arteriais tornaram-se possíveis e surgiram antibióticos apropriados para tratar a sepse neonatal. Em 1967 o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia reconheceu a necessidade do trabalho conjunto dos Obstetras e Neonatologistas para diminuir a mortalidade perinatal. Iniciou-se assim, em 1973, o primeiro Serviço de Cuidados Perinatais nos EUA 16 Na década de 70 houve progressos importantes na nutrição, alimentação por sondas e na alimentação parenteral. Tornou-se rotina o uso de cateteres umbilicais. Em 1887 Dwyer utilizou o primeiro ventilador rudimentar de pressão positiva e Egon Braun com Alexander Graham Bell introduziram a pressão negativa em 1888. Em 1953 Donald e Lord introduziram a uso do ventilador com ciclos. Em 1971 Gregory, Kitterman e Phibbs introduziram a Pressão Positiva Continua nas vias aéreas (CPAP). Pouco depois Bird com a colaboração de Kirby desenvolveram o primeiro ventilador neonatal de pressão positiva, o "Baby Bird“. 17 Downes, Anderson, Silverman, Gregory e Fujiwara - o uso de surfactante exógeno A Neonatologia avançou muito nos últimos tempos, conseguindo menores índices de mortalidade e de morbidade graças a uma maior compreensão das particularidades dos recém-nascidos, melhores equipamentos e medicamentos. 18 Isso era uma incubadora... 19 Isso também era uma incubadora... 20 Modernidade! 21 Invenção!!! 22 Conceitos em neonataologia 23 Nascido Vivo É a expulsão ou extração completa do corpo da mãe, independente da duração da gestação, de um produto de concepção que, depois dessa separação, respira ou manifesta outro sinal de vida, tal como batimento cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou contração voluntária, haja ou não sido cortado da placenta. 24 Natimorto É o nascimento de um feto que pesa mais de 500g e que não tem evidências de vida depois de nascer. Para fins de cálculos padronizados dos coeficientes de mortalidade perinatal e para comparação perinatal internacional, serão incluídos somente os fetos mortos que pesam 1.000g ou mais ao nascer. 25 Aborto A expulsão ou extração de um feto ou embrião que pesa menos de 500g (idade gestacional aproximadamente 20 a 22 semanas completas ou 140154 dias completos). 26 Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) Número de óbitos de menores de um ano, por mil residente nascidos em vivos, na determinado população espaço geográfico, no ano considerado. Taxa de Mortalidade neonatal precoce Número de óbitos de crianças de 0 a 6 dias de vidas completos, por mil nascidos vivos na populaçao residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. 27 Taxa mortalidade perinatal Número de óbitos fetais (a partir de 22 semanas completas de gestação ou 154 dias) acrescidos dos óbitos neonatais precoces (0 a 6 dias) por mil nascimentos totais (óbitos fetais mais nascidos vivos) em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Todos os valores referem-se à população residente. 28 Taxa de mortalidade neonatal tardia Número de óbitos de crianças de 7 a 27 dias de vidas completos, por mil nascidos vivos na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado 29 Taxa de mortalidade pós neoantal Número de óbitos de crianças de 28 dias e mais de vida completos, por mil nascidos vivos na população residente em determiando espaço geográfico, no ano considerado. 30 Classificação dos recém- nascidos quanto ao peso: Recém- nascido a termo: peso ao nascimento de 2.500g a 3.500g; Recém- nascido de baixo peso ao nascer: peso ao nascimento é menor que 2.500g; Recém- nascido de muito baixo peso ao nascer: peso ao nascimento é menor que 1.500g; Recém- nascido de extremo baixo peso ao nascer: peso ao nascimento é menor que 1.000g. 31 Idade gestacional: idade em semanas e dias desde o início da última menstruação. CASSIFICAÇÕES PIG: pequeno para a idade gestacional . Diz-se do recém-nascido cujo peso ao nascer está abaixo do percentil 10 para a sua idade gestacional. AIG: adequado para a idade gestacional. Diz-se do recém-nascido cujo peso ao nascer está entre os percentis 10 e 90 para a sua idade gestacional. GIG: grande para a idade gestacional . Diz-se do recém-nascido cujo peso ao nascer está acima do percentil 90 para a sua idade gestacional. ##Geralmente se usa o gráfico de Lula O. Lubchenco para estas determinação. 32 Prematuro: recém-nascido com menos de 37 semanas de idade gestacional (36 semanas e 6 dias ou menos - abaixo dos 9 meses). Recém-nascido: do nascimento até 28 dias de idade Termo ou RN de termo: diz-se do recém- nascido cuja idade gestacional está entre 37 semanas e 41 semanas e 6 dias Pós-maturo: recém-nascido com mais de 42 semanas de idade gestacional (10 meses) 33 Escala de Lubchenco CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INTRAUTERINO 34 Causas mais frequentes de morbidade e mortalidade no período perinatal e neonatal Anoxia neonatal Baixo peso ao nascer Tétano neonatal Infecções congênitas Causas mais frequentes de morbidade e mortalidade no período pós- neonatal Diarréia infantil e desnutrição Infecção respiratórias agudas Doenças preveníveis por imunização 35