Enfermagem na Infância e Adolescência DOR NEONATAL O que é a dor? DOR é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão de tecido real ou potencial ou descrita em termos de tal lesão. A dor é sempre subjetiva. (Associação Internacional para o estudo da Dor, 1979) DOR NEONATAL Estudos iniciais do desenvolvimento fetal difundiram a crença de que o feto e o recémnascido humanos não sentiam dor ou não a percebiam como os adultos. (McGraw 1943, Levy, 1960) Devido a esses conceitos, pouca ou nenhuma importância foi dada à prevenção e tratamento da dor em neonatos até o final da década de 80. DOR NEONATAL Pesquisas desenvolvidas desde então mostraram um grande número de evidências anatômicas e funcionais da capacidade do recém-nascido em responder a estímulos cutâneos agressivos, mesmo quando nasce prematuro. Posteriormente evidenciou-se que os RN prematuros apresentam menor limiar para sentir dor. Nos RN < 35s um estímulo doloroso repetitivo leva a um aumento da sensibilidade dolorosa na região afetada e adjacências. (sensibilização) (Anand, 1993, Fitzgerald 1993) Como perceber os sinais de dor no RN? A dificuldade de avaliação e mensuração da dor no lactente préverbal constitui-se no maior obstáculo ao tratamento adequado da dor nas unidades de terapia intensiva neonatais Ruth Guinsburg, 1999 Avaliação da dor Indicadores Biológicos (como o organismo reage à dor) Frequência respiratória; Pressão arterial; Frequência cardíaca; Saturação de oxigênio; Sudorese palmar; Aumento de pressão intracraniana; Liberação de adrenalina, noradrenalina, cortisol e seus precursores, aldosterona, glucagon e supressão da atividade da insulina, que gera hiperglicemia; Arritmias cardíacas, IC e IR, úlceras Acidose metabólica. Avaliação da dor Indicadores Comportamentais (o que a criança faz em resposta à dor) Choro Atividade motora (braços, corpo, pernas) Expressão Facial Escalas de dor Consequências da Dor no Recém-nascido No período Neonatal: Alterações da FC, FR, PA, PSo2, PCo2. Alterações hormonais (resposta ao stress) Alteração do fluxo sanguíneo cerebral Alterações comportamentais Diminuição do limiar de sensibilidade à dor. Hiperalgia. Percepção alterada de estímulos não nocivos como se fossem dolorosos. Sensibilização. Consequências da Dor no Recém-nascido a Longo Prazo Alterações Cerebrais Devido à grande plasticidade, impulsos impróprios que chegam ao sistema nervoso em desenvolvimento no prematuro podem romper padrões de atividade neuronal que nessa idade gestacional esculpem os intricados circuitos do sistema nervoso, levando ao desenvolvimento anormal do cérebro Grunau, 2002 Consequências da Dor no Recém-nascido a Longo Prazo Embora ainda existam poucos dados em humanos, prevalece a preocupação que entre os bebês nascidos prematuramente a exposição repetida e prolongada à dor possa alterar o desenvolvimento subsequente dos sistemas da dor, assim como afetar a longo prazo o neurodesenvolvimento e o funcionamento afetivosocial. Grunau, 2002 Consequências da dor no recém-nascido a longo prazo Alterações no neurodesenvolvimento, com piora das funções: Cognitiva Linguagem Visual motora Motora Aprendizagem Comportamento Tratamento da Dor Neonatal Prevenir é o melhor caminho É mais fácil evitar que o bebê chegue a um estado de stress e desorganização de seus sistemas do que revertê-lo depois de instalado. Prevenção da Dor e Stress Tornar o ambiente da UTIN o mais acolhedor possível Ter em mente sempre a manipulação mínima Controlar a incidência de luzes sobre o RN Diminuir o ruído Posicionar o RN com equilíbrio entre posturas flexoras e extensoras Racionalizar manipulação do RN Usar o mínimo de fitas adesivas possível Otimizar a monitorização não-invasiva Estimular o contato com os pais Ser gentil e habilidoso no tato com o RN Tratamento não farmacológico Contato pele a pele Sucção não-nutritiva, chupeta Água com açúcar Contenção e posicionamento Enrolamento Falar suavemente Sucção Não Nutritiva O uso da chupeta inibe a hiper-atividade e modula o desconforto do RN ou seja, embora não diminua a dor ela ajuda a criança a se organizar após o estímulo agressivo, minimizando as repercussões fisiológicas e comportamentais. Ficou demonstrado que fatores que acalmam o bebê antes do procedimento podem reduzir a reação à dor de modo equivalente e aditivo à administração de glicose Overgaard, 1999 ENROLAMENTO Em RN estável e monitorizado: Aumenta o estímulo proprioceptivo Auxilia o posicionamento mãoboca Acalma o RN Prolonga o sono Diminui o sofrimento pela dor Melhora as respostas fisiológicas Vigiar: luxação do quadril e hiperaquecimento Antes de iniciar o procedimento Observar o bebê, respeitando seu estado comportamental Falar suavemente antes de tocar Posicionar e dar contenção Evitar mudanças súbitas de postura Durante o procedimento Executar o procedimento em etapas, permitindo a recuperação fisiológica e do comportamento. Diminuir os demais estímulos Manter posicionamento e contenção, permitindo movimentos voluntários (contenção facilitada) Depois do procedimento Continuar posicionando e dando contenção por até 10 min ou até o RN ficar estável, com recuperação da FC, FR, PsO2, tônus e estado comportamental Quais procedimentos requerem analgesia? Punção arterial, venosa, lombar, no calcanhar, suprapúbica Ventilação mecânica Pós-operatório Intubação e aspiração traqueal Cateterismo vesical Inserção/remoção de dreno torácico Troca de curativos Injeções IM, retirada de sutura, inserção de cateter venoso ´central Tratamento Farmacológico Analgésicos não-opióides -inibem a ação das prostaglandinas e do tromboxane, liberados durante a agressão tecidual indicados nos casos de tocotraumatimos Analgésicos opióides Inibem a transmissão do estímulo doloroso aos centros superiores de processamento e associação e ativam as vias corticais descendentes inibitórias da dor Anestésico local bloqueia os canais de sódio nas terminações nervosas nociceptivas responsáveis pela aferência do estímulo doloroso ao SNC Tratamento Farmacológico Sedação Os sedativos diminuem a atividade , a ansiedade e a agitação mas NÃO reduzem a dor Indicados para acalmar reduzir a atividade espontânea e induzir o sono na realização de procedimentos e em RN que precisam ficar imobilizados por longos períodos de tempo Suporte VM agressivo como na HPP Alguns pós- operatórios É inaceitável sedação para aliviar a dor sem analgesia