Ensaios Físico-Químicos e Análises Sensoriais: Colorimetria 16 e 17 de Outubro de 2006 1de30 Dificuldades Inerentes às Análises Sensoriais • Para realização de análises sensoriais, procura-se tornar reprodutíveis as condições de ensaio e usar metodologias que facilitem a avaliação sensorial e os tratamentos de resultados. Apesar disso, a avaliação sensorial é morosa, exige o envolvimento de muito pessoal e é subjectiva. • Há vantagem em desenvolver métodos de ensaios físico-químicos que possam ser alternativa ou complemento dos exames organolépticos. 2de30 Aspecto • O aspecto (visual) é muito importante na avaliação duma amostra. Por outro lado, a teoria e medição de cores está bastante estudada pelo que começaremos por estes temas. • O aspecto é o conjunto das propriedades visíveis de uma substância ou produto e há que considerar: – Dimensões. – Formas. – Cores do objecto. 3de30 Alternativas às Análises Sensoriais: Aspecto • Medição de dimensões em laboratório ou no controlo em linha. (ex.: medição de área em indústria de curtumes). • Detecção de defeitos (exemplo: poros em filmes de plástico). • As condições de operação devem ser bem escolhidas no sentido de não haver excesso de rejeições ou passagem não detectada de produtos defeituosos (exemplo: linhas de engarrafamento). 4de30 A Percepção pelo Cérebro • Nesta altura, vale a pena fazer um comentário acerca da percepção pois a observação visual torna mais fácil a chamada de atenção para alguns mecanismos de percepção (tratamento de informação) pelo cérebro. – Atenção ao que está em primeiro plano ou em plano de fundo. – Adaptação sensorial – Compressão de informação e codificação • Relativamente à percepção, deve notar-se que, na observação, há características notáveis do objecto observado que vão ser transmitidas ao cérebro. Na nossa interpretação vamos considerar uma “visão” de conjunto e estabelecer uma imagem com todas essas características. Como exemplo de “distorção” intencional de imagens pode considerar-se a representação em perspectiva. Por vezes, há ilusões e/ou dificuldades de interpretação. Ex.: o “triângulo impossível” 5de30 Apreciação Visual e Designações • Além da subjectividade na apreciação visual de cores, há dificuldade de estabelecer designações comuns a muitos observadores especialmente quando a cor é designada com duas palavras (ex.: amarelo esverdeado ou verde amarelado). • Na observação de líquidos há que ter em atenção o recipiente. Nos sólidos há grande influência do estado divisão e da superfície do objecto observado. Por exemplo, o brilho está relacionado com a reflexão de luz na superfície do objecto observado. • Objecto: Transparente, translúcido ou opaco. 6de30 Cor • Cor é a sensação produzida pela estimulação da retina por ondas luminosas de comprimento de onda variável. • Neste curso, não se discutirá a apreciação de luz emitida embora haja aplicações importantes como as lâmpadas e os monitores de computador ou televisão. No entanto, será discutida a iluminação usada para observação visual pois para observar objectos é muito importante a iluminação utilizada (iluminante) para a observação visual de cores. 7de30 Espectros de Absorção • Nos estudos de espectroscopia, são muito utilizados os espectros de absorção: – Espectros de absorção de soluções. – Espectros de reflectância difusa de sólidos. • Estas representações gráficas de absorvência em função do comprimento de onda (ou número de ondas ou frequência) embora sejam rigorosas e objectivas, dificilmente se podem relacionar com as noções intuitivas que temos das cores. 8de30 Colorimetria • Em Colorimetria vão ser feitos ensaios para uma avaliação tanto quanto posível objectiva das cores. • Será de procurar definições quantitativas que correspondam às expressões intuitivas e correntes de cores e poderão usar-se como ferramentas: – Padrões para comparação que podem aplicar-se de modo simples (tipo paleta de cores) ou com aparelho que facilita a comparação (por exemplo o colorímetro Lovibond). – Colorímetros que permitem quantificação de cor. – Espectrofotómetros: permitem traçar espectro visível. 9de30 Teorias de Cores • Antes de avançar para os tratamentos quantitativos das cores interessa referir: – Teoria tricromática de Young-Helmoltz: as cores podem obter-se a partir de 3 cores primárias (Componentes tricromáticas). – Teoria das cores opostas de Hering: a percepção de cores aponta para oposição de verde/vermelho, azul/amarelo e preto/branco. • A existência de 3 tipos de cones e o mecanismo de transmissão via células ganglionares permitem explicar estas teorias. 10de30 Teoria Tricromática e Fisiologia Humana: Cones e Bastonetes • Na retina existe uma camada de células sensíveis: bastonetes (visão no escuro) e cones (visão de cores). Na figura apresenta-se os segmentos dessas células que são sensíveis à radiação visível e é fácil perceber porque têm estas designações. 11de30 Reacções em Bastonetes e Cones • O retinol é a vitamina A e retinal o respectivo aldeído. • Cromoproteínas: - Nos bastonetes: Rodopsina = scotopsina (ou opsina) + cis-retinal - Nos cones: Iodopsina = fotopsinas + cis-retinal há fotopsinas diferentes para cones sensíveis a vermelho, verde e azul. 12de30 Espectros de Absorção dos Pigmentos da Retina • O espectro de absorção da rodopsina (máximo a 505nm) é semelhante à curva de sensibilidade em situações de pouca iluminação (“visão no escuro”). • Os pigmentos sensíveis a cor têm máximos de absorção a: 445, 535 e 570 nm. 13de30 Teoria de Hering (Cores Opostas) e Fisiologia Humana • Quando uma célula ganglionar é excitada pelos três tipos de cones o sinal transmitido corresponde a “branco”. • Mas há células ganglionares que são excitadas por um tipo de células e inibidas por outro sendo de referir: – Célula que é excitada por cone vermelho e inibida por cone verde (e vice-versa). – Célula que é excitada por cone azul e inibida por combinação de cones vermelho e verde (e vice-versa) dando uma oposição “azul-amarelo”. • Asim, este mecanismo de contraste de cores começa a ocorrer na retina antes de ser processado no cérebro. 14de30 Ilustrando a Teoria de Hering (1de3) • Olhar fixamente para figura: não há nesta imagem círculos cinzentos desenhados entre os rectângulos negros. 15de30 Ilustrando a Teoria de Hering (2de3) • Olhar fixamente para um dos pássaros, contar até 20 e olhar para a gaiola. • Fazer o mesmo para o outro pássaro. 16de30 Ilustrando a Teoria de Hering (3de3) • Comparar os efeitos observados no diapositivo anterior com esta figura que foi obtida a partir da figura anterior mediante inversão das cores dos pássaros (em MS-Paint) e em que se vêem os pássaros azul turquesa e magenta. 17de30 Coordenadas Tricromáticas (CIE) • Definições Sistema CIE (1931): – As componentes tricromáticas X, Y e Z são as “quantidades” das 3 cores primárias: vermelho (700 nm), verde (546,1 nm) e azul (435,8 nm) necessárias para reproduzir uma cor e tendo em conta a ponderação de acordo com observador padrão (estabelecido experimentalmente). – Coordenadas tricromáticas (x, y, z): x =X/(X+Y+Z), y =Y/(X+Y+Z) e z =Z/(X+Y+Z), pelo que x+y+z=1 18de30 Diagrama tricromático C.I.E. (1931) y x No diagrama de cromaticidade (x,y,Y), além de se ver a distribuição de cores, estão assinalados vários iluminantes: – A - lâmpada de filamento (temperatura de cor 2854 K) – B - luz directa do Sol (4874 K) – C - luz média do dia (6774 K) – D65 – representativa da luz do dia total (6500 K). 19de30 20de30 Outros Sistemas de Coordenadas • Estas coordenadas x, y e Y não dão uma informação muito concordante com as noções intuitivas de cor até porque este espaço não é uniforme: as distâncias entre pontos neste espaço não representam bem as sensações das diferenças entre as cores correspondentes a esses pontos. • Os sistemas L*a*b* e L*c*h* foram propostos para resolver esse problema mas deve notar-se que, de qualquer modo, os valores X,Y,Z são o ponto de partida para calcular estes novos valores. 21de30 Espaço L*a*b* (CIE1976) • L* – Luminosidade (negro branco) 1/ 3 Y em que Yn (bem como Xn e Zn) * L 116 são factores de ponderação tabelados. Yn 1/ 3 1/ 3 • a* – verde vermelho X Y a 500 X n Yn * • b* – azul amarelo 1/ 3 1/ 3 Y Z * b 200 Yn Z n 22de30 Representação da cor no espaço L*, a*, b* 23de30 Definições de Saturação e Tonalidade • O uso de coordenadas cilíndricas pode ter vantagens. Assim, mantém-se L* e considera-se: • C – pureza ou saturação (“chroma”) 2 C (a b 2 ) • h – tonalidade (“hue”) b h arctg ( ) a C traduz a maior ou menor cromaticidade e h corresponde ao comprimento de onde dominante. 24de30 Exemplos: O “meu” Computador • Tonalidade, saturação e luminosidade: Sugere-se experimentar variar os valores das coordenadas de cor nas formas (h, c, L*) ou (X, Y, Z). 25de30 Exemplos: e a “minha” Impressora • A propósito do assunto “meu computador” que será muito parecido com aqueles que utilizam, falou-se do sistema RGB (Red, Green, Blue) usado para o monitor e CMYK (Cyano, Magenta, Yellow, blacK) e os tinteiros usados para a impressora. Discutiu-se também porque é que às vezes não são bem iguais as imagens vistas no monitor e impressas em papel branco. • A propósito, a “minha” impressora também será muito semelhante àquelas que utilizam. 26de30 Aplicações Industriais • Há aplicações importantes que incluem: – Produção de grandes quantidades de tintas para construção civil, pinturas de automóveis. – A fotografia e artes gráficas exigem produtos que permitem especialização e o maior rigor no controlo e na reprodução de cores (e não só no caso das notas). – Os produtos alimentares e cosméticos apontam para maiores preocupações com a saúde pública. – Os corante e produtos afins usados em têxteis e curtumes podem considerar-se intermédios. 27de30 Colorímetros e Espectrofotómetros • Os espectrofotómetros estão muito vulgarizados sendo frequentemente utilizados para obter o espectros de absorção. • Têm sido propostos métodos para converter as leituras espectrofotométricas em coordenadas colorimétricas. • Para isso são estabelecidas correlações havendo métodos de cálculo propostos para sumos de frutas, vinhos brancos e vinhos tintos. 28de30 Exemplo: Indústrias Alimentares • Os corantes utilizados em indústrias alimentares são em número relativamente pequeno e estão regulamentados. • Tem que haver atenção aos estudos toxicológicos para um novo composto ser permitido pois não deve representar risco para a saúde humana. • Os pigmentos naturais têm a vantagem de poder ser dispensados de alguns destes estudos. Além disso, os consumidores geralmente preferem produtos naturais. 29de30 Pigmentos Naturais • Há muitos pigmentos que dão cores aos produtos naturais e são de natureza química variada. Dão-se exemplo de classes de compostos e ordens de grandeza dos números de compostos conhecidos: – – – – – – Hemos (6) Clorofilas (25); Carotenoides (450) Antocianinas (150); proantocianidinas (20) Flavonoides (800) Quinonas (200); xantonas (20) Betalainas(20). 30de30