História da cor e fisiologia da visão Aspectos Históricos sobre a Teoria das Cores Não foram poucos os que se propuseram a investigar profundamente as cores, a visão ou a óptica. Demócrito, Platão, Aristóteles, Euclides e Pitágoras, entre outros, inauguraram essas investigações no mundo antigo. Aristóteles entendia a cor como propriedade dos corpos, defendido em sua obra De sensu et sensibili. Para ele, sete seriam as cores primordiais, dentre elas o preto e o branco, das quais derivariam todas as demais. Aspectos Históricos sobre a Teoria das Cores Um segundo conceito surgiu da relação entre cor e luz: a cor como qualidade da luz sobre os corpos. Em 302 a. C., Euclides já havia elaborado Óptica e Catóptrica, estudando a refração da luz. A partir do séc. XV, surgem os primeiros tratados de cores, ou de pintura, como o “Sobre a pintura”, de Leon Battista Alberti e o “Tratado da pintura e da paisagem – Sombra e Luz”, de Leonardo da Vinci. Aspectos Históricos sobre a Teoria das Cores No séc. XVII, a óptica passou por profundas modificações devido a uma série de descobertas e publicações de fundamental importância. Kepler, Descartes, Fermat, Gregory, Boyle, Hooke, entre outros, protagonizaram as descobertas sobre a luz, as leis da refração, a formação do arco-íris, etc. Com a publicação da lei da refração, em 1637, no Discours de la méthode, de René Descartes, Isaac Newton se empenhou no estudo da refração da luz e realizou, em 1666, a decomposição da luz branca em sete cores principais, cada uma com um comprimento de onda correspondente. Aspectos Históricos sobre a Teoria das Cores Em 1704, Newton apresentou estes resultados na sua obra Opticks, na qual encontramos o conceito de cor como luz. E mais, ao substituir o preto e o branco pelo laranja e o anil, Newton recuperou a tese aristotélica das sete cores fundamentais. Ele defendeu as cores dos corpos por meio da absorção e reflexão dos raios luminosos, que lhes conferem cores permanentes sob iluminação de mesma qualidade. Aspectos Históricos sobre a Teoria das Cores No séc. XVIII, como resultado da oposição ao “Óptica - ou um tratado das reflexões, refrações, inflexões e cores da luz”, de Newton, aparece o primeiro estudo interdisciplinar da cor – a “Doutrina das cores”, de Goethe, em que ele define a cor como ação da luz sobre a visão. Em sua teoria, além dos objetos naturais e da luz, Goethe apresentou dois outros elementos na construção do conceito de cor: o sentido da visão e a sensibilidade (a cor como sensação). Platão e Leonardo da Vinci já traziam conceitos de cor como sensação. Aspectos Históricos sobre a Teoria das Cores A “Doutrina das cores” é uma obra dividida em quatro partes, cada uma analisando os princípios cromáticos sob uma determinada perspectiva: - as cores fisiológicas; - as cores físicas; - as cores químicas; - as cores psicológicas. Aspectos Históricos sobre a Teoria das Cores No séc. XIX, surgiram as teorias da percepção dos fisiologistas Hermann von Helmholtz e Thomas Young, do físico James Maxwell e do psicólogo Edward Hering, todos modificando a história da compreensão dos efeitos das cores sobre o homem. Já no séc. XX, vieram outras contribuições, como as da Gestalt (na psicologia da percepção sensorial), os grandes mestres da Bauhaus (nas artes plásticas e no design) e os escritos sobre a cor do cineasta russo Sergei Eisenstein. Definição da Cor Portanto, o fenômeno cromático deve ser entendido como um processo amplo, que abrange várias áreas do conhecimento, indo da filosofia à psicologia da percepção, passando pela fisiologia, física, estética, entre outras. É necessário, portanto, abordar os vários conceitos de cor existentes, indo da cor da fonte luminosa ao elemento decodificador de cérebro humano, passando pelas cores dos objetos. Definição da Cor A idéia de cor depende da definição dada pela área de sua aplicação. Para nós, designers, uma definição que abrace todos os componentes (o objeto, a luz, o órgão da visão, o cérebro) é: A cor é uma informação visual, causada por um estímulo físico, percebida pelos olhos e decodificada pelo cérebro. Definição da Cor A cor exerce algumas funções: 1°) dimensão de discriminação (bola vermelha na grama verde) 2°) poder de expressão (atinge a alma) 3°) capacidade de significar (aplicação simbólica) Utilizaremos essa aplicação simbólica das cores, usando a cor como informação, que desempenha determinadas funções quando aplicada com determinada intenção em determinado objeto. (ex: cravo no jardim e cravo no smoking) Definição da Cor As cores têm uma significação perceptiva e cognitiva imediata na experiência humana. São três eixos fundamentais para discussão acerca do fenômeno cromático: 1°) está relacionado a como as cores aparecem, ou seja, a estrutura da aparência das cores dimensão de discriminação 2°) um segundo eixo discutiria as cores como atributos percebidos das coisas do mundo poder de expressão 3°) e por fim as cores seriam discutidas como “categoria experiencial”. capacidade de significar A percepção da cor O estímulo físico Absorção e reflexão: ocorre quando uma determinada quantidade de luz, ao incidir sobre um objeto, é absorvida ou refletida. Alguns comprimentos de onda são absorvidos pelas moléculas de cada superfície, enquanto outros são completa ou parcialmente refletidos pelo objeto, permitindo, assim, a sensação de cor. São, principalmente, os fenômenos de absorção e/ou reflexão da luz que permitem ao ser humano a sensação cromática. Assim, um corpo pode assumir três estados possíveis em relação a cor: quando absorvem toda a luz são negros, quando refletem toda a luz são brancos e quando absorvem parcialmente a luz, coloridos. A percepção da cor O estímulo físico O sistema visual humano está apto a receber estímulos luminosos na faixa entre 400 a 800 nanômetros, entre as faixas do violeta e vermelho. Portanto, é importante definir que luz visível ou radiação visível é energia em forma de ondas eletromagnéticas capazes de excitar o sistema humano olho-cérebro, produzindo diretamente uma sensação visual. A percepção da cor O estímulo físico mais longo comprimento de onda e baixa freqüência – vermelho – até os estímulos de curto comprimento de onda e alta freqüência – violeta; A percepção da cor O processo fisiológico • ooo A percepção da cor O processo fisiológico Para o processo de visualização das cores, a membrana fotossensível que reveste a parede interna do globo ocular, a retina, tem grande importância. Compõe-se de várias camadas, entre elas, a inferior ou nervosa, formada por ramificações do nervo óptico. A camada nervosa é responsável pela visão: compõe-se de cerca de 130 milhões de células, das quais cerca de 100 milhões são os bastonetes, sensíveis à luz e a suas mudanças, e cerca de 30 milhões, os cones, sensíveis às cores. A percepção da cor O processo fisiológico Enquanto os bastonetes predominam na periferia da retina, os cones predominam no centro da retina, na região da fóvea (ou mácula). No centro da fóvea retiniana está o ponto cego de onde sai o nervo óptico e onde não há cones nem bastonetes. A visão foveal também é usada na distinção de detalhes. Outros meios de refração, o humor aquoso e humor vítreo, preenchem, respectivamente, a área entre a córnea e o cristalino e a cavidade central, atrás do cristalino. O primeiro é líquido e o segundo gelatinoso; ambos são transparentes. Dentre as duas classes de receptores da retina humana, os cones são os que têm maior sensibilidade para a luz incidente, ou seja, são os nossos receptores de cor e iniciam o envio dos sinais neurais.