Colégio Planeta Prof.: João Gabriel Data: 08 / 05 / 2015 Lista de Filosofia Aluno(a): Lista 07 ENEMais Turma: Turno: A SOCIOLOGIA TIPOLÓGICA DE WEBER Na Alemanha, a sociologia tem um surgimento singular e o nome do grande responsável pelo surgimento da ciência da sociedade neste país é Max Weber. Porém, o contexto social e cultural alemão difere bastante do francês e a origem da sociologia alemã apresenta, justamente devido a isto, algumas especificidades. Max Weber tinha como objetivo fundar a sociologia enquanto ciência e para isto também se dedicou a construir um objeto de estudo próprio e métodos próprios de análise para a nova disciplina científica. Max Weber, ao contrário de Durkheim, defendeu a necessidade de uma metodologia própria para as ciências humanas, distinta da metodologia das ciências naturais. A origem desta tese remota pensadores como o filósofo Kant e os chamados “historicistas alemães”. Na França, os reformadores sociais, socialistas utópicos, posteriormente aos filósofos iluministas, inclusive aqueles que se dedicaram a uma filosofia política (Locke, Rousseau, Montesquieu, etc.) abriram um caminho de transição da filosofia à ciência social, enquanto que na Alemanha, as ciências humanas foram derivadas imediatamente da filosofia. A filosofia alemã se considerava uma revolução no pensamento e isto foi expresso nas obras de Kant e Hegel, entre outros. O desenvolvimento capitalista incipiente na Alemanha e a influência das idéias de outros países, principalmente França e Inglaterra, proporcionava saltos e anacronismos que explicam parte de sua especificidade intelectual nos séculos XVIII e XIX. Enquanto que na França e Inglaterra o século 19 foi marcado pela consolidação das ciências humanas – já esboçada no século anterior –, em plena época de cientificismo, com um forte recuo do pensamento filosófico, na Alemanha a filosofia continuava forte e atuante e as ciências humanas eram incipientes, e a ambição científica estava ligada à tradição filosófica. A reflexão filosófica sobre as ciências permitiu a superação da ingenuidade do positivismo clássico de Comte e Durkheim. CIÊNCIAS NATURAIS E CIÊNCIAS HUMANAS EM WEBER Ele defende a tese da distinção entre ciências naturais e ciências humanas – pois as primeiras buscam a explicação, as leis, e as ciências do homem buscam a compreensão dos fenômenos singulares – e propõe um método próprio para as últimas, que ele denomina “método compreensivo”. Não se trata, nas ciências humanas e mais especificamente na sociologia, de buscar descobrir leis e sim de compreender o fenômeno. TIPO IDEAL O seu método tem como elemento principal e constantemente presente em suas obras a produção de tipologias que ele buscou sistematizar através da noção de tipo ideal. O tipo ideal é uma construção do sociólogo para fins da pesquisa. Na verdade, o tipo ideal weberiano é uma construção subjetiva do pesquisador. Weber considera que a realidade é inesgotável, infinita. Nenhum conceito pode dar conta dela. O tipo ideal corresponde ao método individualizante e é uma acentuação unilateral de aspectos da realidade e que, portanto, não exprime uma verdade autêntica, objetiva. Assim, o tipo ideal nunca se encontra ou raramente se encontra em “estado puro” na realidade. O método compreensivo weberiano se fundamenta na construção de tipos ideais, verdadeiras tipologias. É por isso que se vê em sua obra os tipos de ação social, os tipos de dominação legítima, os tipos de capitalismo, os tipos de educação e assim por diante.No entanto, Weber mantém um ponto de ligação com o positivismo clássico: a defesa da neutralidade axiológica. NEUTRALIDADE AXIOLÓGICA Para Weber, o sociólogo deve ser neutro no momento da análise, não cabendo a ele defender reformas sociais ou indicar qual é o melhor modelo de sociedade. O sociólogo deve se colocar na mesma posição que um médico, pois este não pergunta sobre o valor da vida ou se ela vale a pena mas executa o seu trabalho em prol da saúde e em defesa da vida. Assim, o sociólogo não deve avaliar a sociedade e sim pesquisá-la, de forma neutra, sem tomar partido. MÉTODO COMPREENSIVO O método compreensivo é, portanto, o método da sociologia. Mas qual é o objeto desta ciência? Weber definiu a ação social como objeto de estudo da sociologia. O que é a ação social? Segundo Weber, nem toda ação que ocorre na sociedade é ação social. A ação social é aquela que o sujeito atribui um sentido à sua ação que está voltado para a ação dos outros. Um acidente entre dois ciclistas não é uma ação social, pois o sentido da ação dos agentes envolvidos no acidente não estava voltado para o outro. Da mesma forma, quando começa a chover e vários indivíduos abrem o guarda-chuva, este ato não constitui uma ação social. A ação social pressupõe um sentido e, mais que isso, que ele esteja voltado para outros. Se um homem faz uma serenata para uma mulher, temos aíuma ação social, pois o sentido da ação estava voltado para outra pessoa. Se um ciclista colide com outro intencionalmente para prejudicá-lo, isto também é uma ação social. Weber coloca que a ação social pode ser unilateral ou bilateral. A ação é unilateral quando apenas um sujeito atribui o sentido de sua ação à outra pessoa e é bilateral quando a outra pessoa também executa uma ação social com sentido voltado para o primeiro agente. Neste caso de ação social bilateral, que é recíproca, temos uma relação social. O amor não correspondido é uma ação social unilateral e o correspondido é bilateral, constituindo uma relação social. Weber também elabora uma tipologia da ação social. Para Weber, existem quatro tipos de ação social: a ação social afetiva, a ação social tradicional, a ação social racional com relação a valores, a ação social com relação a fins. A ação social afetiva se orienta pela afetividade que pode ser expressa no amor, ódio, amizade, paixão. A ação social tradicional se orienta pela tradição, pelos Costumes. A ação social racional com relação a valores se orienta por valores utilizando meios racionais. A ação social racional como relação a fins se orienta pela racionalidade tanto nos meios quanto nos fins. TIPOS DE DOMINAÇÃO EM MAX WEBER Segundo estudos apresentados por Weber, existem três tipos puros de dominação: LEGAL, CARISMÁTICA E TRADICIONAL. A dominação legal baseia-se em estatutos que podem ser modificados e criados desde que o mesmo esteja pré-estabelecido. A dominação tradicional é aquela baseada na crença e nos poderes de senhores, onde um manda e o outro obedece e, diferentemente da dominação legal, ela não é baseada na formalidade. Já a dominação carismática é dada em virtude da devoção, e por pessoas que possuem caráter comunitário onde quem manda é o líder e o que obedece é o apóstolo. A dominação não é algo pré-determinado, pois não há como afirmar que quem prepondera hoje não será dominado amanhã. DOMINAÇÃO É notável que em todo grupo dentro de qualquer sociedade, que seja baseado em regras e hierarquias, se encontrem indivíduos dominantes e dominados. E nesse contexto Weber nos fala que dentro da sociedade é preciso que haja elementos que detenham o poder ou que possuam formas de autoridades legitimamente reconhecidas, e elementos que não detenham o poder. No Estado, por exemplo, Weber nos diz, que é necessário que as pessoas obedeçam à autoridade dos detentores do poder, sempre que esta autoridade seja legitimamente reconhecida, para que o mesmo funcione e/ou exista. E dessa forma percebe-se que a dominação sempre foi e, é uma presença marcante dentro da sociedade. A dominação muitas vezes se dá devido às inúmeras formas de interesses, sejam eles nas suas mais variadas formas. E, é claro, sempre que há indivíduos que estejam prontos a obedecer a ordens de conteúdos determinados. De acordo com Weber “dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo, entre determinadas pessoas indicáveis”. Weber ainda aponta que, conforme a relação de dominação tem o seu alcance ampliado, torna-se necessária à adoção de mecanismos que possibilitem a sua eficiência e que garantam a execução de suas ordens, mecanismos estes que geralmente se apresentam sob a forma de equipes de apoio. A dominação é sempre resultado de uma relação social de poder desigual, onde se percebe claramente a existência de um lado que comanda (domina) e outro que obedece. Podemos assemelhar assim a dominação a qualquer situação em que encontremos indivíduos subordinados ao poder de outros. Mas a dominação difere das relações de poder em geral por apresentar uma tendência a se estabilizar, a procurar manter-se sem provocar confrontos. Em outras palavras, as relações de dominação dentro de uma sociedade se caracterizam por buscar formas de legitimação, de serem reconhecidas como necessárias para a manutenção da ordem social. O sociólogo Max Weber apresentou, em um de seus estudos mais importantes, três tipos puros de dominação legítima, cada um deles gerando diferentes categorias de autoridade. São classificados como puros porque só podem ser encontrados isolados no nível da teoria, combinando-se quando observados em exemplos concretos.