Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso NÍVEL DE INFORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA ESCOLAR DA CIDADE DE TAGUATINGA – DF A RESPEITO DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE Autor: Larissa Oliveira Rezende Orientador: Profa. Dra Nanci Maria de França Brasília - DF 2011 LARISSA OLIVEIRA REZENDE NÍVEL DE INFORMAÇÃO DE PROFISSIONAISDA ÁREA ESCOLAR DA CIDADE DE TAGUATINGA – DF A RESPEITO DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Educação Física da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Educação Física. Orientador: Profa. Dra Nanci Maria de França Co-orientador: Esp. Pollyanna Ferreira da Silva Brasília 2011 LARISSA OLIVEIRA REZENDE NÍVEL DE INFORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA ESCOLAR DA CIDADE DE TAGUATINGA – DF A RESPEITO DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE Resumo O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é o distúrbio mais comum em crianças na idade escolar. Sabe-se que quando as crianças portadoras deste transtorno são identificadas e encaminhadas para um tratamento especializado as chances de que os efeitos do TDAH em sua vida adulta se tornem prejudiciais são mínimas. Daí a importância do conhecimento dos educadores a respeito do transtorno. Este estudo investigou o nível de informação dos profissionais da área escolar de Taguatinga - DF a respeito do TDAH. Foram visitadas 15 escolas das 29 unidades de ensino da modalidade ensino fundamental I (escolas classes), no período de março a abril do ano de 2011, em cada escola dois profissionais foram submetidos a responderem um questionário, perfazendo o total de 30 profissionais entrevistados. Os questionários continham 13 questões abertas e fechadas sendo elas qualitativas e também quantitativas. A partir da análise dos dados percebe-se que as escolas, de maneira geral, estão dentro da lei, quando esta diz que devem ser implantados recursos como equipes de assistência, salas de recursos e adaptações curriculares, porém nota-se que os educadores necessitam de uma maior capacitação, que são oferecidas pelo Sinepe para os professores da rede particular e pela secretaria de educação para os professores da rede pública, para que assim esses alunos sejam tratados de forma adequada, pois percebe-se que os educadores conhecem o mínimo sobre a doença e estão mais preocupados consigo mesmos do que com a inclusão do aluno deixando de oferecer a importante ajuda que a escola tem a lhes oferecer. Palavras chave : TDAH. Educadores. Escola. 1 - INTRODUÇÃO É na infância que a criança modela sua personalidade, até os sete anos de idade ela está em um intenso desenvolvimento psicológico e motor. Grande atividade motora, inquietação e impulsividade são comuns nessa fase, mas quando em excesso pode indicar um sério problema de saúde que é o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, o TDAH. O TDAH é um distúrbio de nível comportamental que atinge cerca de cinco por cento de crianças no mundo e tem sua causa identificada como um defeito no lóbulo pré-frontal do cérebro. Segundo KOCH e ROSA (2009), trata-se de um distúrbio neurobiológico caracterizado principalmente por desatenção, hiperatividade/impulsividade, ou desatenção com hiperatividade. Em alguns estudos aparece um quarto tipo que é o não identificado. Pode ter origens genéticas, fenotípicas ou sociais. Vários questionários são usados na identificação desses sintomas como o EDAH (Avaliação da Perturbação por Déficit de Atenção com hiperatividade) e os questionários derivados do DSM_IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais). Esses questionários devem ser preenchidos por pais e professores, pois os sintomas devem acontecer em pelo menos dois ambientes diferentes e por, no mínimo, seis meses para que o TDAH seja caracterizado. A criança não tratada pode virar um adulto frustrado, incapaz, com instabilidades emocionais e financeiras, vida profissional conturbada, dificuldades em relacionamentos e até mesmo desenvolver sintomas de psicopatia. Para que seja feito o diagnostico, é necessária uma avaliação de um especialista, mas para que a criança seja encaminhada, a escola tem um importante papel na identificação dos sintomas, que são facilmente percebidos, como falar em demasia, inquietação, impulsividade, não conseguir esperar por sua vez, distração, dentre outros. É na escola que a criança passa grande parte de seu dia e onde ela faz suas primeiras relações sociais fora da família, portanto, nesse ambiente a identificação do transtorno se torna mais fácil por ser onde ela deve manter certos comportamentos julgados adequados para aquele lugar e por causa de sua doença não conseguir se adaptar a essa situação. Assim cria-se uma grande responsabilidade aos educadores envolvidos em sua formação, pois estes devem reconhecer a criança portadora do distúrbio e encaminhá-la a um atendimento especializado, evitando, assim, um futuro problemático e criando condições para que a mesma tenha uma vida regrada ajustada. Sensível a esta problemática, este trabalho visa investigar o nível de informação de profissionais da área escolar em relação ao Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. 2 – REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 - O Que é O Transtorno Do Déficit De Atenção Com Hiperatividade “Se eu pudesse definir o que é hiperatividade em apenas uma palavra eu diria que é sofrimento.” (Leila Tardivo, dona de títulos de mestrado, Doutorado e Livre Docência em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo). (Dossiê - Mais que ativos: hiperativos CIÊNCIA & VIDA PSIQUE. pág. 6) O transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH – tem aparecido com variações na sua nomenclatura no decorrer da história, incluindo algumas denominações como Lesão Cerebral Mínina, Reação Hipercinética da Infância, Distúrbio do Déficit de Atenção e Distúrbio de Hiperatividade com Déficit de Atenção. As pesquisas mostram diferenças significativas nas estruturas e no funcionamento do cérebro das pessoas com TDAH, particularmente nas áreas do hemisfério direito do cérebro, no córtex pré – frontal, gânglios da base, corpo caloso e cerebelo. Trata-se de um transtorno neurobiológico caracterizado principalmente por desatenção, hiperatividade/impulsividade ou desatenção e hiperatividade. Em alguns estudos aparece uma quarta categoria que é o tipo não identificado. É importante salientar que a desatenção, impulsividade e hiperatividade, como sintomas isolados, podem resultar de vários problemas na vida de relação das crianças (com os pais, colegas e amigos), do sistema educacional inadequado ou podem estar associados a outros transtornos da infância. Para o diagnóstico do TDAH é necessário contextualizar os sintomas da história de vida da criança. Por isso, para um diagnóstico correto é preciso que a criança apresente cerca de seis meses de sintomas recorrentes e estes devem ser relatados principalmente por pais e professores que estão diariamente envolvidos na vida das crianças. É na idade escolar que o TDAH é mais facilmente detectado, quando se tornam mais evidentes as características do transtorno, por serem exigidos certos comportamentos julgados adequados para aquele ambiente, como necessidade de concentração, envolvimento com apenas uma coisa de cada vez, movimentar e conversar pouco, entre outros. Porém muitas vezes, por falta de conhecimento deste distúrbio entre os educadores e na população em geral, as crianças não conseguem nem mesmo terem seu problema identificado gerando assim uma enorme angústia para elas e seus pais. Muitas das crianças que sofrem deste transtorno acabam sofrendo de um outro problema na escola: o bullying , sendo tachadas de problemáticas, indisciplinadas, burras ou de” bicho carpinteiro”. Diversos estudos apontam a pouca produção de Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que é uma classe de neurotransmissores responsáveis pelo controle de diversos sistemas neurais no cérebro, incluindo aqueles que governam a atenção, o comportamento motor e motivação e assim resultam em uma hipoativação desses sistemas como a principal disfunção em uma pessoa como TDAH. Há pesquisas que buscaram correlação entre pais diagnosticados como portadores do transtorno e sua incidência nos filhos e conclui-se que se os pais apresentam TDAH, há um risco de duas a oito vezes maior de que seus filhos venham a ter o transtorno. Pesquisas com gêmeos também foram feitas buscando causas neurobiológicas. Encontrou-se sim uma maior incidência de TDAH em gêmeos que entre irmãos não gêmeos. Em se tratando de fatores ambientais, o Banco de Saúde ( 2009) coloca como fatores de risco para o desenvolvimento do TDAH : A nicotina de cigarros fumados pela mãe gestante bem como o consumo de bebidas alcoólicas ; Crianças expostas ao chumbo entre 12 e 36 meses de idade; Problemas neonatais como falta de oxigênio, traumas obstétricos, rubéola intra-uterina, encefalite, meningite pós – natal, subnutrição e traumatismo craniano. Estes fatores de riscos podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital, relacionada aos problemas de hiperatividade e desatenção. Quando se trata de fatores sociais, os especialistas já não têm dúvidas ao afirmar que a criança com TDAH é mais facilmente encontrada em ambientes de constante conflito, de práticas educativas inconsistentes, agressivas, ou simplesmente negligentes em relação às necessidades emocionais das crianças Um ambiente familiar conturbado, onde ocorrem brigas freqüentes entre os pais, dependência química de um familiar, instabilidade financeira, entre outros, pode acarretar instabilidade emocional na criança, sendo um fator de risco para o desenvolvimento do TDAH. Segundo o a Associação Nacional dos Vigilantes da Saúde (Anavisa) outra causa que poderia levar ao TDAH seria o sofrimento fetal, quando mulheres têm problemas no parto. SILVA, A. B. B (2003), diz que TDAH não é grave, porém não tratá-lo de forma precoce pode gerar problemas negativos em diferentes áreas. Embora algumas crianças sejam gentis e simpáticas, a maioria apresenta-se desconfiada, agressiva, impopular entre os colegas e acaba se tornando, de certa forma, uma criança antissocial. Muitas vezes chegam a desenvolver hábitos mais graves, como mentir e roubar, devido ao excesso de repreensões e castigos. (ROHDE & BENCZIK, 1999) O transtorno de Déficit de Atenção com hiperatividade pode tomar proporções inesperadas. O adolescente que não é submetido a um bom tratamento pode tornar-se delinquente, não sentindo culpa por seus atos, tal como um psicopata, e ter compulsão ao uso de substâncias químicas. Portanto, Leila Tardivo ao definir TDAH como sofrimento não está exagerando, uma vez que tal transtorno gera um desajustamento psicossocial não só para seu portador, como também para os familiares e para todas as pessoas do seu círculo social. 2.2 Características Epidemiológicas Estudos internacionais estimam que o TDAH afete 5% da população do planeta, porém há discordância entre os autores quanto à prevalência do transtorno, BARKLEY defende uma estimativa de 3 a 7% de crianças em idade escolar com TDAH. Já Holmes (2002), acredita que esteja na faixa de 10 % das crianças de escola primária. Por sua vez, BRAZELTON e SPARROW (2003) afirmam que a prevalência é de aproximadamente 5 % das crianças. Por outro lado, outros relatos indicam que a prevalência esteja na faixa de 3 a 5% na infância. Entretanto, GOLFETO e BARBOSA (2003) destacam a diversidade cultural que podem influenciar na predição do TDAH, mostrando taxas que variam de 1% a 20% em diferentes países, bem como dentro de um mesmo país. Já, Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção o TDAH afeta de 3% a 6% das crianças em idade escolar. O TDAH do tipo desatento, segundo vários estudos, é de predominância feminina e do tipo hiperativo/impulsivo é de prevalência masculina. Segundo KAPLAN et al (2003) , a proporção entre meninos e meninas varia de 3:1 a 5:1. De acordo com CANTWELL e BIRDERMAN et al (1996), as meninas seriam subdiagnosticadas porque têm poucos sintomas de agressividade/impulsividade e baixas taxas de transtorno de conduta, desse modo, a idade diagnosticada tende a ser mais avançada em relação aos meninos. A razão para essa proporção menor de meninas teria relação com o fato de que elas têm menos comorbidade com transtornos disrupitivos, chamam menos atenção em casa e na escola e, portanto, dificilmente são encaminhadas para tratamento. Já os meninos externalizam mais seus problemas em relação às meninas, tornando - os mais evidentes. A maioria dos estudos de índices epidemiológicos em várias regiões encontra índices entre três e sete por cento de crianças atingidas. Logo o nível de prevalência apontado na literatura trata-se de algo muito polêmico. 2.3 - Instrumentos de Medida Vários questionários são usados para que se avaliem crianças suspeitas de possuir TDAH, estes devem ser preenchidos por pais ou professores, que têm contato diário com essas crianças e podem indicar se os sintomas aparecem com freqüência e por mais de seis meses, e assim elas são encaminhadas para um especialista para que possam ser diagnosticadas ou não e serem encaminhadas para o tratamento. Existem vários questionários derivados do DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, 4ª Edição); Escala de FARRÉ e NARBONA, CID – 10, Questionário de Conners, Questionário de GILBERG, Escala de GOYETTE, e o EDAH, que tem como objetivo recolher informações sobre o comportamento da criança. Consiste num método estruturado de observação, composto por 20 itens que conduzem a uma escala global e a quatro subescalas – Hiperatividade, Déficit de Atenção, Hiperatividade com Déficit de Atenção e Perturbações do Comportamento. O questionário deverá ser preenchido pelo professor da criança. Esta escala é composta por 20 questões fechadas – sendo que as respostas a serem marcadas variam de 0 a 3 pontos. 2.4 - TDAH e Educação Física A Educação Física é uma disciplina que integra o cidadão na sociedade, formando valores, fazendo uso dos jogos, dos esportes, das lutas, da ginástica e das danças, na busca do exercício crítico da cidadania e de uma melhor qualidade de vida. É considerada como um meio educativo privilegiado, pois abrange o ser na sua totalidade, objetivando o equilíbrio, a saúde do corpo, a aptidão física e o desenvolvimento dos valores morais. Esta disciplina permite ao aluno exercer todas as suas potencialidades, desenvolve as funções mentais, a coordenação motora, a criatividade, a livre expressão e a sociabilidade, também auxilia no desenvolvimento global do indivíduo, isto é, no aspecto cognitivo, psicomotor e afetivo. É nesse meio que a criança portadora de TDAH tem mais chance de ser reconhecida e encaminhada para um diagnóstico especializado, pois o professor tem uma convivência cotidiana com a criança em situações grupais. Mas o papel da educação física com o portador de TDAH não se limita apenas a identificação do transtorno na criança, Segundo FARRÉ e NARBONA (2001), algumas alterações são percebidas na coordenação global, na orientação espaço-temporal e na motricidade fina do indivíduo portador de TDAH. NEIRA (2003) disse que a área de Educação Física hoje contempla múltiplos conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade sobre o corpo e a motricidade. Entre eles, consideram-se fundamentais as atividades culturais de movimento com finalidade de lazer, expressão de sentimentos, afetos e emoções com possibilidades de promoção, recuperação e manutenção de saúde. A atividade física melhora a produção de dopamina, assim como de outros neurotransmissores, tais como serotonina e endorfina, melhorando substancialmente os sintomas desagradáveis do TDAH. Em relação às crianças hiperativas/impulsivas, a atividade física auxilia na “queima” da energia que esses alunos têm em demasia. A questão dos limites também é muito importante, e se faz presente em aulas de educação física. O ganhar e perder é um exercício fundamental para esses alunos, já que os mesmos apresentam dificuldades para lidar com as frustrações. LORENZINA (2002), diz que a brincadeira é um instrumento que dá a criança experiência necessária ao seu desenvolvimento sensorial, motor, perceptual cognitivo e cultural. Isso só é possível se o professor for portador de conhecimentos sobre o processo de desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo-social. Ele é um especialista em interação, conduzindo seu trabalho de forma mais adequada, seguindo um projeto pedagógico e refletindo sobre todos os assuntos inerentes ao ensino. MAJOREK, TUCHRKMANN e HEUSSER (2004) estudaram cinco casos de crianças com TDAH que participaram de uma terapia do movimento envolvendo elementos cognitivos, emocionais e volitivos, enfocando a linguagem e a atividade musical em relação ao movimento. A terapia constitui-se de sessões de 30 minutos, realizadas semanalmente, sendo que o número de sessões por criança foi entre 7 e 25, dependendo do tempo disponível de cada aluno. Foram avaliados o equilíbrio, o ritmo e a coordenação óculo manual e óculo pedal. Os resultados mostraram melhoras nas áreas avaliadas e nos problemas da hiperatividade. VALESKY et. al.(2004) realizaram estudo de caso com um paciente com transtorno de Déficit de Atenção com hiperatividade utilizando recursos lúdico terapêuticos. Observouse, após o tratamento, sensível melhora da concentração e da coordenação motora do paciente, colaborando para sua independência funcional e as atividades pedagógico-educacionais. A ABDA (Associação Brasileira de Déficit de Atenção) defende que quando as crianças portadoras de TDAH se dedicam a fazer algo estimulante ou de seu interesse, conseguem permanecer bem mais tranquilas. Isso ocorre porque o centro de prazer no cérebro é ativado e consegue dar um “reforço” no centro da atenção que é ligado ele, passando a funcionar em níveis normais. É importante ressaltar que os distúrbios de aprendizagem apresentam grande variedade e muitas combinações de dificuldades e pontos fortes para cada pessoa. Isso significa que os professores de educação física devem trabalhar com cada criança para identificar as áreas de distúrbio de aprendizagem e ajudá-la a desenvolver estratégias de adaptação e superação. Podem também ajudá-la a notar seus pontos fortes e em alguns casos, seus grandes talentos, e dar valor ao fato de serem especiais em todo o contexto. A atividade física facilita o desenvolvimento da criança, é um recurso metodológico capaz de propiciar a aprendizagem espontânea e natural. É um estímulo à crítica, à criatividade, à curiosidade e à sociabilização, sendo, portanto, reconhecida como uma das atividades mais significativas, pelos seus conteúdos pedagógicos, físicos e sociais. Para que o ensino dê resultados, o professor de educação física, Segundo Mattos e NEIRA (2000), deve possuir uma noção clara do seu papel político como formador de cidadãos sujeitos do seu processo de aprendizagem. 3 – METODOLOGIA 3.1 População e Amostra Foi considerada população de estudo: Coordenadores pedagógicos, professores, orientadores, diretores e vices, pedagogos, supervisores pedagógicos e coordenadores pedagógicos de 15 escolas escolhidas aleatoriamente dentre as 29 unidades de ensino do nível ensino fundamental I (escolas classes) da zona urbana, da DRE de Taguatinga – DF. A amostra foi constituída por dois profissionais de cada unidade, perfazendo o total de 30 profissionais entrevistados. 3.2 Procedimentos de Coleta de Dados Os critérios de inclusão usados na pesquisa foram: ser coordenador pedagógico, professor, orientador, diretor ou vice-diretor, pedagogo, supervisor pedagógico ou coordenador pedagógico de escolas classes da DRE de Taguatinga – DF. A coleta de dados foi feita no período de março a abril do ano de 2011. Os voluntários receberam e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, que segue em anexo, e em seguida iniciou-se a coleta de dados a partir de questionários constituídos de 13 questões abertas e fechadas. O questionário segue em anexo. 3.3 .Discussão de Resultados A partir das respostas obtidas nos questionários, que visam investigar se os profissionais da área escolar da cidade de Taguatinga –DF têm conhecimento a respeito do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, analisaremos se eles estão aptos a lidarem com os alunos com o referido transtorno. Começaremos a análise pela questão número 12. As respostas podem ser conferidas na tabela abaixo: Tabela de freqüência absoluta e relativa Existem casos diagnosticados na escola? Sim Não Total n 28 2 30 % 93.33 6.67 100 Como o questionário foi aplicado a 30 profissionais, sendo 2 por escola, perfez -se o total de 15 escolas visitadas. Pode-se então perceber que, em apenas dois questionários, foi respondido que não havia casos diagnosticados, ou seja, em apenas 1 escola. Em 93.33% dos questionários respondidos havia casos diagnosticados. Na escola em que isto não ocorreu, não há um programa de acompanhamento dos alunos com psicólogos e outros profissionais como psicopedagogos e terapeutas; então, pode haver um subdiagnóstico em relação a essas crianças. A partir desta questão e seus resultados, justifica-se a necessidade de se investigar o nível de conhecimento dos profissionais em relação ao transtorno, uma vez que atualmente encontram-se alunos diagnosticados com TDAH em praticamente todas as escolas corroborando com o primeiro estudo epidemiológico sobre TDAH feito no Brasil com uma abrangência de 5.961 jovens de 18 estados do país, feita pelo Instituto Glia que diz que 4.4 por cento das crianças brasileiras sofrem do distúrbio, um índice bastante significativo. Tabela de freqüência absoluta e relativa Cargo/ Função na escola Direção Coordenação Professor Total n 6 5 19 30 % 20,00 16,67 63,33 100 Todos os profissionais da escola estão diariamente envolvidos com as crianças e tem-se a necessidade de que todos eles conheçam sobre este distúrbio que é o que com maior prevalência é diagnosticado nas crianças em idade escolar em todo o mundo. Dentre os educadores entrevistados, 27 são formados em Pedagogia, 1 em História, 1 em Educação Física, 1 em Letras (português/espanhol) e outros cursos que apareceram como segundo curso como: Especialização em psicopedagogia, CFB, matemática, direito, e até mesmo uma especialização em inclusão. Em relação a ter sido abordado o tema nos cursos de formação, 65,80% das respostas foram afirmativas. Tabela de freqüência absoluta e relativa Você sabe o que é o déficit de Atenção com Hiperatividade? Sim Não Total n 29 1 30 % 96,67 3,33 100 Como pode-se perceber, a maioria dos profissionais afirmaram saber do que se trata o TDAH. Em outra questão que trata da origem do transtorno, 90 % dos questionados responderam corretamente e 10% responderam que não sabiam a causa do transtorno. Em relação a característica primária todos responderam a opção correta: desatenção/hiperatividade/impulsividade. Em outra questão que indagava se existe tratamento para o TDAH, também houve unanimidade, porém em 3 casos, enquanto os questionados respondiam a questão , relataram a necessidade não só das alternativas sim e não mas também a opção de : castigos físicos. A justificativa de mais essa opção era que as entrevistadas supracitadas pensam que a origem do transtorno seria a falta de limites impostos pelos pais a essas crianças - o que leva a analisar também a questão sobre a origem do TDAH de maneira diferenciada. Portanto conclui-se que eles não concordam com a literatura quando esta diz que as desordens no nível comportamental trata-se de um mau funcionamento da parte pré-frontal do cérebro, sem que a criança consiga controlar seus impulsos. Assim entende-se que esses profissionais confundiram o ouvir falar com o saber o que é o TDAH. Tabelas de freqüência absoluta e relativa Você se sente preparado para lidar com um aluno portador deste transtorno? Sim Não Não sei Total n 17 10 3 30 % 56,66 33,33 10,00 100 Você acha que os professores sabem sobre o TDAH? n 19 11 30 % 63,33 36,67 100 Sim Não Total Nas duas questões citadas nas tabelas anteriores a maioria respondeu que se sentem preparados para trabalharem com crianças com TDAH e que os professores, em geral, sabem a respeito do transtorno. Na questão em que se indaga se o investigado acha importante saber sobre o TDAH e os motivos para tal obteve-se 100% de respostas positivas e as palavras que mais apareceram em justificativa à importância sobre tal conhecimento foram, em ordem de maior prevalência, conhecimento, desempenho profissional e por último a inclusão. Analisando as três questões percebe-se que os educadores sentem a necessidade de se conhecer sobre o distúrbio, porém quando analisados os motivos para tal nota-se que eles estão preocupados primeiramente em conhecimento e desempenho profissional, ou seja, a preocupação é com o próprio rendimento e controle da turma e não com a identificação e inclusão da criança. Outra questão tratava sobre os recursos existentes nas escolas para lidar com o aluno TDAH. Em 2 escolas nada havia e nas outras apareceram os seguintes recursos: Humanos: Orientadores, Psicólogos, Psicopedagogos, Pedagogos, equipe de assistência e equipe pedagógica. Pedagógicos: Sala de recursos e adaptações curriculares. 3.4 .Conclusão A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) número 9.394/96, trás como obrigatoriedade a educação especial, referindo-se a inclusão, que precisa sair do papel e ser aplicada na sociedade, começando pela escola que é o lugar de formação de cidadãos honestos, críticos e éticos. O parágrafo 1º do artigo 58º diz que, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela, serão oferecidos, tais como: adaptações curriculares, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica. Para que a os educadores estejam preparados para lidarem com a educação inclusiva o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe) oferece cursos de inclusão onde os professores aprendem a reconhecer as diferenças dos alunos e a trabalhar a socialização e aprendizagem destes considerando sempre suas particularidades. Já para as escolas públicas existe uma preparação orientada pela Secretaria de Educação através da EAPE (Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação), que se trata de cursos de aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado (AEE). As escolas, em sua maioria, de acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, encontram-se de acordo com a LDB contando com a presença de psicólogos, psicopedagogos, equipes de assistência, salas de recursos e adaptações curriculares cumprindo assim algumas exigências impostas pela lei, porém percebe-se que os professores procuram pouco os cursos de capacitação, onde temas como o TDAH, são frequentemente tratados. Esses cursos são de extrema importância uma vez que o trato com as crianças TDAHs é bastante complicado fato justificado com uma das Propostas Pedagógicas das escolas, onde é proposto que a cada aluno TDAH na turma a mesma deve ser diminuída em cinco alunos. É necessário que todos os envolvidos com essas crianças (pais, professores, equipe pedagógica e o próprio aluno) tenham um amplo conhecimento a respeito do transtorno, para que assim sejam evitados os julgamentos equivocados que elas sofrem. A necessidade do nível de informação também se faz importante por parte dos educadores para que haja o reconhecimento dessas crianças e o encaminhamento a um especialista e consequentemente a inclusão, possibilitando um atendimento adequado à elas dentro da escola. Percebe-se que os educadores já ouviram falar sobre o TDAH, mas não conhecem o distúrbio mais profundamente. A partir dos dados obtidos conclui-se que os profissionais estão mais preocupados com o próprio rendimento e o controle da turma do que com a inclusão da criança, esquecendo-se da importante ajuda que a escola tem a lhes oferecer. REFERÊNCIAS AMARAL, A. H. do; GUERREIRO, M. M. 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SILVA, A. B. B. Mentes inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo. Editora Gente, 2003. SOUZA, I. G. S.de S. ET AL. Dificuldades no diagnóstico de TDAH em crianças. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. Vol.56 no1, p.14-18. Rio de Janeiro, 2007. VASCONCELOS, M. ET AL. Prevalência do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade numa escola pública primária. Arquivo de neuropsiquiatria. Vol. 61 no1, p. 67 – 73. Rio de Janeiro, 2003. ANEXO I QUESTIONÁRIO Questão 1: Qual o seu cargo/ função na escola? __________________________________________________________________________________ Questão 2: Tem curso superior? Qual? __________________________________________________________________________________ Questão 3: Você sabe o que é o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade? A) ( ) Sim B) ( ) Não Questão 4: Como você ficou sabendo sobre o TDAH? A) ( ) Internet; E) ( ) Através de meios de comunicação; B) ( ) Livros, Revistas, Jornais; F) ( ) Outros; C) ( ) Na faculdade; G) ( ) Nunca ouvi falar. D) ( ) Através de amigos; Questão 5: Qual a origem deste transtorno? A) ( ) Infecções; C) ( ) Disfunções neurobiológicas; B) ( ) Má educação; D) ( ) Não sabe. Questão 6: Qual a característica primária do TDAH? A) ( ) Falta de inteligência; D) ( ) Má educação; B) ( ) Hiperatividade/impulsividade/desatenção E) ( ) Não sabem. C) ( ) Falta de interesse; Questão 7: Existe tratamento para este transtorno? A) ( ) Sim B) ( ) Não C) ( ) Não Sei Questão 8: Em seu curso de Formação na Faculdade você ouviu falar em TDAH? A) ( ) Sim B) ( ) Não Questão 9: Você se sente preparado (a) para lidar com um aluno portador deste transtorno? A) ( ) Sim B) ( ) Não C) ( ) Não sei Questão 10: Você acha que os professores da área de educação sabem a respeito do TDAH? A) ( ) Sim B) ( ) Não Questão 11: Você acha importante saber sobre o TDAH? Por quê? Questão 12: Existem casos diagnosticados na escola? ______________________________________________________________________ _____ Questão 13: Existem recursos na escola (pedagógicos e humanos) para lidar com o aluno TDAH? Quais? ANEXO II TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O (a) senhor (a) está sendo convidado (a) a participar, como voluntário, em uma pesquisa de conclusão de curso (TCC) na Universidade Católica de Brasília sob a orientação da Profa. Dra Nanci Maria de França. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do Projeto: NÍVEL DE INFORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA ESCOLAR DA CIDADE DE TAGUATINGA – DF A RESPEITO DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE Pesquisador Responsável: Larissa Oliveira Rezende Telefone para contato (inclusive ligações a cobrar): (61) 82249617; (38) 3677 3047 O motivo que leva a estudar o problema é a necessidade de se conhecer a realidade sobre o nível de conhecimento dos profissionais da área escolar a respeito do Transtorno do Déficit de atenção com hiperatividade, uma vez que eles têm grande responsabilidade no reconhecimento dessa criança para que ela possa ser encaminhada para um atendimento especializado. A pesquisa será realizada através de um questionário ao qual o voluntário deverá preencher e levara 10 minutos para seu preenchimento. Você será esclarecido (a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar e é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. A pesquisadora irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Não será remunerado pela participação. A guarda do material gerado nesta pesquisa será de responsabilidade da pesquisadora. Em caso de dúvida o voluntario poderá ligar em um dos números de telefones citados acima. Os riscos de sua participação são mínimos. CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR EVENTUAIS DANOS: A participação no estudo não acarretará custos para você e não será disponível nenhuma compensação financeira adicional. ATENÇÃO: - A sua participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em caso de dúvida quanto aos seus direitos, escreva para o Comitê de Ética em Pesquisa da UCB. ___________________________________________________________________ _ CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO Eu, ____________________________________, portador do RG de número______________________________ abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação, sendo esta não remunerada. Estou ciente da possibilidade de retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento. Também fui informado sobre a garantia de sigilo das informações e anonimato de minha pessoa quando da utilização dos dados. Local e data ___________________/________/________/__________/ Nome: ____________________________________ Assinatura do sujeito ou responsável: ____________________________________