O que você deve saber sobre
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA
Abordaremos a obra de Guimarães Rosa (1908-1967), um dos
escritores mais inventivos da literatura brasileira. Embora tenha
recebido no início de sua carreira um prêmio por um livro de poemas
intitulado Magma, que nunca foi publicado, o autor é considerado um
dos prosadores mais originais de nossa literatura, apresentando ao
leitor um sertão mágico e mítico nunca visto antes. A estreia de Rosa
se deu com a publicação da coletânea de contos Sagarana, em 1946.
O autor
 Guimarães Rosa nasceu na cidade mineira de Cordisburgo.
francês, alemão, espanhol, italiano, e lia russo, holandês, sueco,
latim e grego.
 Trabalhou como médico em
Itaguara, MG, depois ingressou
no Itamaraty como diplomata e
embaixador.
 Em 1963, foi eleito para a ABL,
mas, como era supersticioso,
adiou sua posse.
 Em 1967, após três dias de
posse na ABL, faleceu.
Guimarães conduz uma boiada em MG, 1952.
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA
INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS/USP, SÃO PAULO
 Desde cedo, interessou-se pelo estudo de línguas; falava inglês,
 Sagarana (1946)
 Corpo de baile e Grande sertão:
veredas (1956)
 Primeiras estórias (1962)
 Tutameia – terceiras estórias
(1967)
 Estas estórias (1969)
 A obra Corpo de baile é
publicada, atualmente, em três
partes: Manuelzão e Miguilim, No
Urubuquaquá, no Pinhém e Noites
do sertão.
Nonada, 1984, de Arlindo
Daibert. Xilogravura, 19 × 13
cm.
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA
COLEÇÃO GILBERTO CHATEAUBRIAND/MUSEU DE ARTE MODERNA, RIO DE JANEIRO
Publicações
A reinvenção do regionalismo
 Guimarães Rosa retomou e subverteu as propostas de autores
como Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Jorge
Amado e Erico Verissimo.
 Recuperou e radicalizou o traço experimental da segunda fase
modernista, sobretudo no plano da expressão e da inovação da
linguagem.
 Deu uma nova dimensão ao regionalismo brasileiro, criando um
sertão imaginário, reinventado por meio da linguagem.
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA
A reinvenção do regionalismo
 Associou a temática filosófica e metafísica a experimentações
formais, atribuindo à sua obra uma conotação universalista.
 Incorporou aos seus textos diversas tradições:
• O pensamento de Heráclito, Platão e Plotino;
• Os Vedas e a Bíblia;
• A filosofia intuicionista de Henri Bergson, o taoismo de Lao Tse, o
racionalismo de Ernest Renan;
• Os “causos” dos sertanejos, a mitologia grega;
• A divina comédia de Dante, a Ilíada e a Odisseia de Homero, as
fábulas de La Fontaine.
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA
A mistura de influências manifestou-se na obra de Rosa, na invenção
de neologismos, nas narrativas epifânicas, no “convite” aos leitores
a participar de um mundo mítico e desconhecido, mas cheio de
amores, medos, ódios, morte e vida.
“(...) meus livros são simples
tentativas de rodear e devassar
um pouquinho o mistério cósmico,
esta coisa movente impossível,
perturbante, rebelde a qualquer
lógica, que é chamada realidade,
que é a gente mesmo, o mundo, a
vida. Antes o óbvio, que o frouxo.
Toda a lógica contém inevitável
dose de mistificação.”
Cerrado mineiro, 2007
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA
JOÃO PRUDENTE/PULSAR IMAGENS
A reinvenção do regionalismo
Sobre as obras
Sagarana
=
Saga: “canto
heroico”, “lenda”
+
rana: “à maneira
de”, “espécie de”
Cada conto do livro é encabeçado por uma epígrafe – tomada
da tradição mineira, dos provérbios e cantigas do sertão – que
condensa a história apresentada.
A narrativa mais conhecida e, segundo a crítica, a mais bem
construída de Sagarana é “A hora e vez de Augusto Matraga”.
Nela, um narrador em terceira pessoa relata a trajetória de Nhô
Augusto (ou Augusto Matraga), homem rude e violento que
evolui ao longo da história e encontra seu lugar no mundo.
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA
Em Primeiras estórias, os temas da loucura, do amor, da
paranormalidade, da infância, da violência e do misticismo são
explorados em 21 contos.
Entre eles, destaca-se
“A terceira margem do rio”.
Na novela Campo Geral
(do livro Manuelzão e
Miguilim), Rosa mostra o
mundo filtrado pela visão
do menino Miguilim,
morador do Mutum.
Cartaz do filme Mutum, de Sandra
Kogut, baseado em Campo Geral
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA
REPRODUÇÃO
Sobre as obras
Sobre as obras
Em Grande sertão: veredas, Riobaldo, o narrador, ex-jagunço e
agora fazendeiro, se dirige a um interlocutor letrado e culto que não
toma a palavra nenhuma vez no romance.
Riobaldo relata sua “travessia” pelo sertão, sua dúvida sobre a
existência do diabo e sua perturbadora paixão pelo companheiro
Diadorim.
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
5
(Ufal)
Em “A hora e vez de Augusto Matraga”, percebe-se a importância da demarcação espacial. Sobre o uso da espacialidade nesse
conto é INCORRETO afirmar que:
a) seguindo o mesmo princípio das descrições dos romances realistas
regionais, o espaço tem como função a caracterização regional e como
objetivo único a apresentação da cor local do ambiente enfocado.
b) o contato de Nhô Augusto com um novo espaço coincide com a
perda do seu poder em relação aos outros personagens e com a
ocupação de um novo lugar social.
c) a movimentação do protagonista pelos variados espaços pode ser
associada à sua revisão enquanto ser humano e, assim, vê-se que os
espaços se relacionam à construção de uma nova identidade do
personagem.
d) uma das formas de confirmação da importância estética dada aos
espaços é o uso, por exemplo, de figuras de linguagem, como a
prosopopeia e a comparação na descrição espacial.
RESPOSTA: A
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA — NO VESTIBULAR
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
8
(ITA-SP)
O conto “A terceira margem do rio”, que faz parte do livro Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, é um dos textos mais
célebres e complexos do autor. Acerca desse conto, é CORRETO afirmar que:
a) ele retrata de forma simbólica o luto vivido pelo narrador, depois
que seu pai passou a viver em uma canoa, o que equivale
explicitamente à morte.
b) ele apresenta o drama vivido pelo narrador, que não consegue
nunca encerrar a espécie de luto na qual mergulha após a partida do
pai, que nem vai embora nem regressa.
c) se trata de uma obra cuja singularidade reside unicamente no fato
de as personagens não terem nome e de não haver localização
geográfica precisa.
d) se trata de um texto que mostra de forma alegórica as dificuldades
de uma família diante do drama da loucura, que levou o pai a
embarcar na canoa.
e) é impossível encontrar um sentido para a atitude do homem que
embarca na canoa, e isso ilustra a imprevisibilidade do destino
humano.
RESPOSTA: B
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA — NO VESTIBULAR
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
(UCB-DF, adaptado)
Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade e responda às questões 14 e 15.
Um chamado João
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
João era fabulista
fabuloso
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?
Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?
(...)
12
13
14
15
16
17
Porque João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?
E propondo desenhos figurava
menos a resposta que
outra questão ao perguntante?
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
Tinha parte com... (não sei
o nome) ou ele mesmo era
a parte de gente
servindo de ponte
entre o sub e o sobre
que se arcabuzeiam
de antes do princípio,
que se entrelaçam
para melhor guerra,
para maior festa?
28 Ficamos sem saber o que era João
29 e se João existiu
30 de se pegar.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Caminhos de João Brandão.
Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 193-195.
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA — NO VESTIBULAR
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
14
Considerando o poema de Carlos Drummond de Andrade, escrito em homenagem a Guimarães Rosa, julgue os itens a seguir,
assinalando (V) para os verdadeiros e (F) para os falsos.
a) ( V ) Na primeira estrofe do poema, as palavras “fábula”,
“fabulista” e “fabuloso” referem-se respectivamente à narração
artística de Guimarães Rosa, ao próprio autor como aquele que
escreve fábulas, e ao caráter admirável de seus textos.
b) ( F ) Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa são
escritores do Modernismo brasileiro que revelaram um mundo de
fantasia do sertão mineiro.
c) ( V ) Na segunda estrofe encontram-se duas associações de
palavras: “inenarrável/narrada” e “disfarçar/farçar” que servem para
explicitar o valor particular da criação literária e da invenção de
palavras, características da obra de Guimarães Rosa.
d) ( V ) Na terceira estrofe, a palavra “perguntante” refere-se àquele
que se dirigia a Guimarães Rosa buscando desvendar qual é o seu
“mistério”.
e) ( F ) Nos versos da última estrofe – “Ficamos sem saber o que era
João/e se João existiu/de se pegar” –, o uso do “que” no lugar de
“quem” e a metáfora em “de se pegar” resumem o autor e sua obra a
um objeto.
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA — NO VESTIBULAR
EXERCÍCIOS ESSENCIAIS
15
Considerando o texto ”Um chamado João”, julgue os itens a seguir, assinalando (V) para os verdadeiros e (F) para os falsos.
a) ( V ) No título do texto, está elíptico o substantivo a que a
expressão “chamado João” se refere.
b) ( V ) Em “o que não ousamos compreender” (v. 11), o vocábulo “o”
está empregado como pronome demonstrativo e equivale a aquilo.
c) ( V ) O vocábulo “Por que” (verso 12) teria de ser grafado com
acento circunflexo na última vogal caso fosse a última palavra da
pergunta de que faz parte: João sorria por quê?
d) ( F ) O emprego das reticências no verso 18 não se justifica, uma
vez que o pensamento do autor é expresso entre parênteses, logo em
seguida.
e) ( V ) No verso 22, “sub” e “sobre” são prefixos no português
(sublinhar, sublocar, sobreviver, sobressair), mas apenas “sobre” pode
ser usado como preposição: Nós conversamos sobre política; O livro
está sobre a mesa.
PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA — NO VESTIBULAR
Download

PÓS-MODERNISMO: GUIMARÃES ROSA O que você deve saber