PAINEL : P REVIDÊNCIA S OCIAL P ÚBLICA : I NSTRUMENTO DE D ISTRIBUIÇÃO DE R ENDA E I NCLUSÃO S OCIAL . Prof. MSc. Economista Célio Favoni SEMINARIO: Previdência Social Pública: Política de Inclusão Social e Alternativas de Financiamento São Paulo/SP – 07/Junho/2010 1 2 O RGANIZAÇÃO DO CONTEÚDO Proteção Social: surgimento, contexto teórico Previdência Social no Brasil: histórico Fatores de Influência sobre a Previdência Social Brasileira. Previdência e Inclusão Social Considerações Finais WELFARE STATE: E STADO DO B EM -E STAR S OCIAL 3 O RIGENS Fatores Políticos: Resultado da ampliação progressiva de direitos: civil, político e social com a distribuição da riqueza. WELFARE STATE: E STADO DO B EM -E STAR S OCIAL 4 O RIGENS Fatores Econômicos: Os gastos do Estado visam garantir a acumulação do capital, buscando legitimar o sistema mediante a minimização dos efeitos perversos da acumulação. WELFARE STATE: E STADO DO B EM -E STAR S OCIAL 5 O RIGENS O Estado Keynesiano e o Welfare State surgiram em conseqüência da crise de 1929 Incontestável expansão no período pós-guerra. O aparecimento do Welfare State associou-se à emergência de burocracias e trabalhadores organizados em sindicatos e partidos social. 6 E NO B RASIL ... 7 E STADO DO B EM E STAR À B RASILEIRA 1930 Estado como principal alavanca da modernização Décadas 1960/70 Acumulação do Capital Década 1980 Forte ajuste externo Década 1990 Gestão Financeira x Programas Sociais 8 E STADO DO B EM E STAR À B RASILEIRA 1930 Estado como principal alavanca da modernização Décadas 1960/70 Acumulação do Capital Década 1980 Forte ajuste externo Década 1990 Gestão Financeira x Programas Sociais 9 Valores atualizados para Abril/2010: R$ 400 milhões Fonte: Oliveira et al (1998) 10 E STADO DO B EM E STAR À B RASILEIRA 1930 Estado como principal alavanca da modernização Décadas 1960/70 Acumulação do Capital Década 1980 Forte ajuste externo Década 1990 Gestão Financeira x Programas Sociais 11 E STADO DO B EM E STAR À B RASILEIRA 1930 Estado como principal alavanca da modernização Décadas 1960/70 Acumulação do Capital Década 1980 Forte ajuste externo Década 1990 Gestão Financeira x Programas Sociais P REVIDÊNCIA S OCIAL NO B RASIL 12 Séc. XVI: beneficência inspirada na caridade e no sentimento cristão Const. 1824 - Primeira manifestação normativa sobre assistência com a garantia de socorros públicos, 1889: Criação de uma “caixa de socorro” ao pessoal das estradas de ferro estatais. Iniciava-se uma fase embrionária da assistência e previdência social. Const. 1891: garantia aposentadoria aos funcionários públicos em caso de invalidez ocorrida a serviço da Nação. 1923: Lei Eloy Chaves: CAPs. P REVIDÊNCIA S OCIAL NO B RASIL 13 Déc. 1930: IAPs passaram a ter regime de contribuição tripartite: Estado, empregador e empregado. Carta de 1934: Primeira a utilizar "Previdência", sem o adjetivo social. o termo 1945: criação do Instituto dos Seguros Sociais do Brasil – ISSB (não instalado por desinteresse político) Constituição de 1946: Não obrigatoriedade da contribuição da União com a Previdência 1947: Projeto de lei prevendo a proteção social a toda a população P REVIDÊNCIA S OCIAL NO B RASIL 14 Lei Orgânica da Previdência Social – LOPS (1960) – aprovada após 13 anos de debates políticos, padronizou o sistema e incluiu o auxílio natalidade, funeral e reclusão e a aposentadoria especial, entretanto não contemplou os empregados domésticos e os trabalhadores rurais. INPS – (1966); Universalização dos benefícios – (1988); P REVIDÊNCIA S OCIAL B RASILEIRA – A NOS 90 15 Anos 90: Discussões Neoliberais (EC20). Estado do Bem-Estar não consolidado; Fragilização Financeira do Estado brasileiro; Reduzida capacidade de investimento; Conflito entre a gestão financeira e programas assistenciais no combate à pobreza, ao desemprego, à saúde e à velhice. Contexto em que foram produzidos os elementos do debate atual sobre a Previdência Social Brasileira. ATUAL 16 Discussão Fiscalista e Constitucionalista Crise da Economia Mundial Mudanças das prioridades mundiais Crescimento Econômico Brasileiro. Compromissos sociais. FATORES DE I NFLUÊNCIA SOBRE A P REVIDÊNCIA S OCIAL B RASILEIRA 17 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 18 Expectativa de Vida ao Nascer 74 72 73.09 70 68 66 64 62 62.6 60 58 Fonte: IPEA (2010) 56 4.5 1.5 Fonte: IPEA (2010) 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 19 Taxa de Fecundidade 4.06 4 3.5 3 2.5 2 1.81 1 0.5 0 P IRÂMIDE P OPULACIONAL 20 1980 2000 80+ 70-74 60-64 50-54 40-44 30-34 20-24 10-14 0-4 -10 80+ 70-74 60-64 50-54 40-44 30-34 20-24 10-14 0-4 -8 -6 -4 -2 0 2 Homens 4 6 8 10 -10 -8 -6 -4 Mulheres -2 Homens 2020 2 4 6 8 10 Mulheres 2050 80+ 70-74 60-64 50-54 40-44 30-34 20-24 10-14 0-4 -10 0 80+ 70-74 60-64 50-54 40-44 30-34 20-24 10-14 0-4 -8 -6 -4 -2 Homens 0 2 4 Mulheres 6 8 10 -10 -8 -6 -4 -2 Homens 0 2 4 Mulheres 6 8 10 PARTICIPAÇÃO DE I DOSOS NA P OPULAÇÃO (2007) 21 36,5% 40 35 27,3% 30 25 20 12,6% 9,6% 15 10,5% 3,6% 10 5 Fonte: IPEA (2010) 0 Até 15 16 - 17 18 - 24 25 - 49 50 - 59 60 anos + 22 Fonte: Khair (2007) Taxa de Crescimento anual da População com mais de 60 anos P REVIDÊNCIA S OCIAL B RASILEIRA E I NCLUSÃO S OCIAL 23 D ESIGUALDADE B RASILEIRA 24 60.0 51.0 50.0 43.2 40.0 30.0 20.0 17.08 15.2 10.0 0.0 Fonte: IPEA (2010) 11.6 12.31 50% + pobres 10% + ricos 1% + ricos B ENEFÍCIOS /FPM/FPE/PBF 25 (2 0 0 9 ) EM B ILHÕES R $ SUL SUDESTE CENTRO OESTE NORDESTE Bolsa Família Benefícios FPM FPE NORTE 12 218 BRASIL Fonte: TESOURO (2010) e MPAS (2010) 0 36 50 40 100 150 200 250 R ELAÇÃO B ENEFÍCIOS : FPM,FPE E PBF ( 2 0 0 9 ) 26 40.6 5.6 SUL 16.5 39.2 9.2 SUDESTE 18.1 3.6 4.0 CENTRO OESTE 3.3 2.5 NORDESTE 2.4 0.9 NORTE Benefícios/Bolsa 0.0 Benefícios/FPM 7.2 Benefícios/FPE 5.9 5.5 6.0 BRASIL 36.9 10.0 17.6 20.0 30.0 40.0 50.0 Proteção Previdenciária para a População Idosa* - Brasil Cobertura Social entre os Idosos - 2008 (Inclusive Área Rural da Região Norte) Categorias Aposentados Homens Mulheres Total 6.950.143 5.306.168 12.256.311 Pensionistas 126.099 2.237.270 2.363.369 Aposentados e pensionistas 220.707 1.397.096 1.617.803 Contribuintes não beneficiários 678.869 273.703 952.572 Total protegidos (a) 7.975.818 9.214.237 17.190.055 Residentes (b) Cobertura - Em % ((a)/(b)) 9.214.542 11.824.542 21.039.084 86,6% 77,9% 81,7% Fonte: PNAD/IBGE – 2008. – MPAS (2009) Elaboração: SPS/MPS. * Idosos de 60 anos ou mais, independentemente de critério de renda, que recebem aposentadoria e/ou pensão ou que continuam contribuindo para algum regime previdenciário. 28 E VOLUÇÃO DA Q UANTIDADE DE B ENEFÍCIOS E MITIDOS PELA P REVIDÊNCIA (2001-2009) 29 PARTICIPAÇÃO NA E MISSÃO DOS B ENEFÍCIOS P REVIDENCIÁRIOS EM VALOR (P ISOS P REV ) 2008 > de 1 <a1 1 Até 2 2 Até 3 3 Até 4 13.32% 4 Até 5 66.02% 5 Até 6 6 Até 7 7 Até 8 8 Até 9 9 Até 10 10 Até 20 20 Até 50 < de 50 Percentual de Pobres* no Brasil, por Idade, com e sem Transferências Previdenciárias – 2008 (Inclusive Área Rural da Região Norte) 100,0% 90,0% 80,0% Linha de Pobreza Estimada (Caso não houvesse transferências previdenciárias) % de Pobres 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% Linha de Pobreza Observada 10,0% 0,0% 0 5 10 15 20 25 30 40 35 45 50 55 Idade (em anos) "Com Transferências Previdenciárias" "Sem Transferências Previdenciárias" Fonte: PNAD/IBGE – 2008. Elaboração: SPSMPS. Obs: Foram considerados apenas os habitantes de domicílios onde todos os moradores declararam a integralidade de seus rendimentos. * Linha de Pobreza = ½ salário mínimo. 60 65 70 75 Pontos Percentuais de Redução de Pobreza no Brasil em função das Transferências Previdenciárias por UF - 2008 (Inclusive Área Rural da Região Norte) DF 5,8% AP 6,1% RO 7,0% MT 7,0% 8,9% 9,8% TO 10,3% SP 8,1% 4,0% 8,3% 6,0% 9,3% 8,0% 10,7% Em todas as Unidades da Federação (UF), as transferências previdenciárias reduzem a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Dentre elas, 11 superam a média nacional, com a proporção de cidadãos pobres sendo reduzida em mais de 12,3 pontos percentuais. 10,8% SC 11,2% MA 10,0% 11,5% 11,8% 12,0% 12,0% 13,0% 13,2% 13,3% 13,5% 14,0% 13,6% 14,1% 14,6% 14,6% 16,0% Brasil: 12,3% 15,5% 16,0% 18,0% 17,6% 20,0% AM RR 2,0% 0,0% PI PB RJ Fonte: PNAD/IBGE 2008. Elaboração: SPSMPS. RS CE RN AL PE BA MG ES UF SE PR AC GO MS PA Brasil Obs: Foram considerados apenas os habitantes de domicílios onde todos os moradores declararam a integralidade de seus rendimentos. * Linha de Pobreza = ½ salário mínimo. 56,87 milhões 79,10 milhões 22,23 milhões Fonte: MPAS (2008) • Pessoas em situação de pobreza (Com todas as rendas) • Pessoas em situação de pobreza (Sem rendimentos da Previdência) • Pessoas excluídas da condição de pobreza com a Previdência 32 C ONSIDERAÇÕES F INAIS 33 Movimento Social “força grisalha”; Benefícios como microcrédito rural; “Mola propulsora” da economia da maioria dos municípios brasileiros; PS é a política pública brasileira, na área social, mais eficiente na distribuição de rendas e na manutenção de grande número de famílias; Gasto da Previdência Social é responsável pela diminuição dos nos níveis de pobreza no Brasil. C ONSIDERAÇÕES F INAIS 34 Necessita, ainda, de meios e instrumentos mais eficazes para sua correta concretização. Previdência social não é para pagar aposentadorias de alto valor, sua finalidade é garantir reposição de renda e tirar as pessoas da pobreza. Aposentadorias de valor elevado devem se realizar por meio de previdência complementar. Melhoria na renda tem efeito econômico imediato: Os mais pobres possuem uma propensão marginal de consumir maior que as pessoas com rendimento elevado, ou seja, qualquer acréscimo em sua renda será igualmente gasto. 35 C ONSIDERAÇÕES F INAIS Inclusão social nada mais é do que a materialização da vida digna da pessoa humana, que é um dos principais fundamentos da República Federativa do Brasil e indispensável à concretização do Estado Democrático de Direito Fonte: (JUNIOR & RESENDE, 2008) 36 OBRIGADO ! FAVONI @ HOTMAIL . COM 37 B IBLIOGRAFIA BATISTA, A.S.; JACCOUD L.; AQUINO, L.; EL-Moor, P.D. Os idosos em situação de dependência e a Proteção Social no Brasil. Texto para Discussão n. 1402. IPEA, 2009. BARROS, R.; CARVALHO, M.; FRANCO, S.; MENDONÇA. Determinantes da queda na desigualdade de renda no Brasil. Texto para Discussão n. 1460. IPEA, 2010. DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONOMICOS – DIEESE. A Previdência Social brasileira têm déficit? Nota Técnica 52, 2007. FAVONI, C.; SOUZA, S.C.I. A Previdência Social Brasileira como Política Pública de Renda nos Municípios do Paraná. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 25, p. 111-124, 2004. INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA – IPEA. IpeaData. Disponível em: www.ipeadata.gov.br. Arquivo capturado em 25.maio.2010. JACCOUD, L. Pobres, Pobreza e Cidadania: Os desafios recentes da Proteção Social. Texto para Discussão n. 1372. IPEA, 2009. JUNIOR, N.R.O.; GUIMARÃES RESENDE, I.M.C.B. Os benefícios do Sistema de Seguridade Social como Política Pública de Distribuição de Rendas. Anais do XVII Congresso Nacional da CONPEDI. Brasília, 2008. 38 B IBLIOGRAFIA KHAIR, A. A Previdência e a Evolução Demográfica. Cesit – Carta Social e do Trabalho, n. 7, 2007. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL – MPAS. Panorama da Previdência Social Brasileira. Brasília, 2008. Disponível em: www.mpas.gov.br. Arquivo capturado em 25.maio.2010. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL – MPAS. Anuário Estatístico da Previdência Social. Brasília, 2008. OLIVEIRA, F. E. B.; BELTRÃO, K.I.; DAVID, A.C.A. A dívida da União com a Previdência Social: Uma perspectiva histórica. Texto para Discussão n. 638. IPEA, 1999. ROCHA, R.R.; CAETANO, M.A.. O Sistema Previdência Brasileiro: Uma avaliação de desempenho Comparada. Texto para Discussão n. 1331. IPEA, 2008. TESOURO NACIONAL. Boletim FPE/FPM/IPI Exportação. Fundo de Participação dos Estados, Distrito Federal e Municípios. Boletim Ano XIV, n12. Disponível em: www.tesouro.fazenda.gov.br. Arquivo capturado em 25.maio.2010. 39 Fonte: Oliveira et al (1998) 40 Valores atualizados para Abril/2010: R$ 400 milhões Fonte: Oliveira et al (1998) 41 Fonte: Rocha & Caetano (2008) Impactos dos Mecanismos de Proteção Social (Previdência* e Assistência Social) sobre o Nível de Pobreza** no Brasil - 2008 Descrição População de Referência*** Renda Domiciliar per capita < R$ 207,50 Quantidade de Pessoas % do Total 184.095.801 100,0% Incluindo a Renda Previdenciária (a) 53.737.055 29,2% Excluindo a Renda Previdenciária (b) 76.315.479 41,5% 22.578.424 12,3% Impacto dos Benefícios do RGPS sobre a "Quantidade de Pobres" (b) - (a) Fonte: PNAD/IBGE 2008. Elaboração: SPSMPS. * Considerando também os segurados dos Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS. ** Linha de Pobreza = ½ salário mínimo. *** Foram considerados apenas os habitantes de domicílios onde todos os moradores declararam a integralidade de seus rendimentos.