DEPRESSÃO EM RN A TERMO EXPOSTOS
A CRIOAMNIONITE: A FEBRE NEONATAL
TEM ALGUM PAPEL
J Perinatol 2005;25:447-452
Autores: Manoel Menezes da Silva Neto
Mathias Palácio John
Coordenador: Paulo R. Margotto
INTRODUÇÃO
• A presença de febre materna tem sido
associada com um aumento da
necessidade de ressuscitação ao
nascimento, baixo Apgar, o aumento da
incidência de convulsão no nascimento e o
aumento da mortalidade. Além do mais, a
corioaminionite clínica tem sido associada
a paralisia cerebral em pré-termos e a
termos.
INTRODUÇÃO
• FISIOPATOLOGIA
Continua indefinida e mal esclarecida
principalmente em crianças a termo.
Lesões hipóxicas durante ou após a
hipertermia, em animais experimentais,
aumentam as lesões neuronais. A febre
materna devido a corioamnionite tem sido
apontada como potencial mecanismo de
injúria. Contudo, as altas temperaturas
não tem sido estudadas em relação às
conseqüências neurológicas.
INTRODUÇÃO
• Este estudo de coorte prospectivo de crianças a
termo de parto de mães com corioaminionite foi
encarregado de 3 objetivos:
1) Determinar a incidência de temperaturas elevadas de
crianças nascidas de mães com corioamnonite clínica,
admitidos na UTINeo em comparação com as
admitidas no berçário, e se há associação com
depressão ao nascimento;
2) Determinar o diminuição da temperatura após a
admissão;
3) Determinar se a aumento da temperatura em crianças
nascidas de mães com corioamnionite e admitidas na
UTINeo está associada com exame neurológico
anormal ou encefalopatia.
MATERIAIS E MÉTODOS
• Local: Pakland Memorial Hospital;
• Cidade: Dallas, Texas;
• Época: Entre Julho de 1999 e Janeiro de 2001;
• Quantidade total de partos: 23.231;
• Quantidade de partos de mães com corioamnionite
e participantes da pesquisa: 1660 (7%);
MATERIAIS E MÉTODOS
CORIOAMNIONITE CLÍNICA foi definida de acordo
com o critério de febre materna (T axilar ≥ 38°C)
na presença de taquicardia fetal ou materna, dor
uterina após o parto ou liquido amniótico fétido.
DEPRESSÃO AO NASCIMENTO foi definida como
Apgar < 6 no 5º min, necessidade ventilação por
máscara, CFR >2mim ou necessidade de intubação
na sala de parto.
MATERIAIS E MÉTODOS
• Grupo do berçário
1. Quantidade de admissões: 1571 (95%) dos
2.
1660;
Os dados foram sistematicamente coletados em
667 dessas crianças.
Quem foi admitido no berçário?
Como critério para admissão no berçário, nenhum
suporte respiratório deve ter sido necessário na sala de
parto (ventilação, 02 suplementar, CFR).
MATERIAIS E MÉTODOS
• Grupo do berçário
TEMPERATURA DE ADMISSÃO: Medida 30min após o
nascimento.
EXAME NEUROLÓGICO: Revisado no prontuário.
MATERIAIS E MÉTODOS
• Grupo da UTINeo
Quantidade de admissões: 89 (5%) de 1660;
Quem foi admitido na UTIN?
As crianças que necessitaram de ventilação por
máscara, CPAP ou intubação, necessidade de O2
prolongada, uso de expansores de volume ou qualquer
outra mediação na sala de parto, além de Apgar <7 no
5º min.
MATERIAIS E MÉTODOS
• Grupo da UTINeo
TEMPERATURA: As temperaturas foram medidas por via retal
no momento do nascimento e aos 30min. Em 60min de vida de
hora em hora até 4h foi medido temperatura axilar.
EXAME NEUROLÓGICO: Feito nas primeiras 12h após o
nascimento (média de 6±5 horas), e um segundo exame 24h
após a avaliação inicial. Quando houve anormalidades o exame
foi repetido diariamente s até a normalização ou alta
hospitalar. Foi usado a escala de Dubowitz modificada. O
estadiamento Sarnat foi utilizada para caracterizar o grau de
encefalopatia como leve, moderada e grave. Crianças com
anormalidades foram feitos exames de imagem.
MATERIAIS E MÉTODOS
• Abordagem da infecção
Nas crianças nascidas de mães com corioamnionite e
triadas para a UTINeo foram feitos 2 culturas de
sangue, HC em 0, 12 e 24h. O RX de tórax e a punção
lombar foram pedidas de acordo com as indicações.
Todas as crianças usaram ampicilida e gentamicina.
Quando não confirmado a infecção drogas suspensas
em 48h. Quando confirmado, foi utilizado drogas por
7 dias.
Resultados
Todos os Grupos:
A media e media foi de 37.5 C°, sendo o 1° quartil
de 37 C° e o segundo quartil de 38 C°.
No Berçário apenas 27% dos RN apresentaram
T>37.8 C°, já na UTINeo esse percentual foi de
42%.
Resultados
Grupo do berçario:
• 18% T<37 C° no 30min;
• 57% 37 C°<T<38 C° no 30min;
• 25% T>38 C° no 30min;
• Todos com T<37 C° no 60min sem necessidade
•
•
•
terapêutica;
Nenhum RN transferido para UTINeo;
Apenas 4% dos RN com necessidade de antibióticos por
5 a 7 dias devido a pneumonia;
Nenhum destes RN apresentou cultura de sangue
positiva.
Resultados
Grupo UTINeo:
• 17% T<37 C° no 30min;
• 43% 37 C°<T<38 C° no 30min;
• 40% T>38 C° no 30min;
• Todos com T<37 C° no 60min sem necessidade
terapêutica;
Resultados
Resultados
Características das
mães e dos RN nos
grupos I e II:
Resultados
Características das
mães e dos RN nos
grupos I e II:
Resultados
Marcadores de infecção neonatal:
• Em todos os grupos os valores foram
semelhantes;
• A incidência de pneumonia foi semelhante;
• Nenhuma dos RN teve cultura positiva
(entretanto todas as mães receberam ao menos
uma dose de ampicilina)
• O Diagnostico histológico de corioamnionite foi
+ em 73% das 23 placentas estudadas, e não
houve diferenças entre os grupos.
Discussão
• Aquecer sempre o RN na sala de parto logo após o
•
•
•
nascimento independentemente da qualquer estado
patológico???;
Em uma isquemia o dano cerebral é maior
quando há um aumento na T do que
quando há uma diminuição;
Quanto maior a temperatura do RN no nascimento,
maior a chance do mesmo ir para UTINeo;
Há uma importante associação clinica entre febre
materna durante o trabalho de parto e depressão do RN
após o nascimento;
Discussão
• A probabilidade de depressão respiratória
é maior em altas T;
• Crianças nascidas de mães com T>38 C°,
tiveram mais chance de necessitar de
mascara de ressuscitação.
• Associação entre Apgar < 5 nos primeiros
minutos e a febre materna por
corioamnionite;
Discussão
• Fator confusional: a anestesia epidural,
apesar de elevar a T da mãe, nesse
estudo não mostrou associação da
anestesia com aumento da T dos RN;
• Não houve necessidade terapêutica para
controle da T em nenhum dos grupos;
• A elevada T nos RN não influenciou nos
casos de pneumonia;
RESUMO DO ARTIGO
Objetivos
• Determinar a incidência e o curso da
temperatura de RN a termos após o parto
com corioamnionite clínica;
• Determinar a influencia da elevação da
temperatura ao nascimento no aumento
da probabilidade de admissões em UTIN,
depressão respiratória ou lesões
neurológicas em pré-termos.
Objetivos
Corioaminionite
incidência
evolução
Aumento
da
temperatura
• Admissão na UTIN
incidência • Depressão
• Lesões neurológicas
em pré-termos
Métodos
• Os RNs foram divididos em 2 grupos
baseados na temperatura retal com valor de
coorte de 37,8°C;
• Depressão ao nascimento: cada necessidade
de VPP>2mim, intubação e Ápgar<6 em
5mim;
• O exame neurológico e a avaliação de
encefalopatia (Samat staging) foi realizada
ao nascimento e depois diariamente, pela
averiguação de um investigador cego(?).
Resultados
• RNs com altas temperaturas nos 30min de vida
•
•
tiveram maior chance de Admissão na UTIN
[OR=3, IC=95%(1,8-4,3)] e maior chance de
depressão ao nascimento [OR=3 e IC=95% (1,46,5)];
Em RNs admitidos UTIN, uma temperatura retal
>37,8°C estava presente em 87% na sala de parto,
persistiu em 47% em 30 min e declinou à
temperatura normal em 60min de vida na ausência
de intervenção;
Não houve relação entre o escore do exame
neurológico e a temperatura neonatal;
Resultados
UTIN
T>37,8°C
T>37,8°C
RNs admitidos
em UTIN
Depressão respiratória
Anormalidades no exame
neurológico
• 87% tiveram T>37,8°C na sala de parto;
• 47% tiveram T>37,8°C nos 1ºs 30mim;
• Em 60 mim houve normalização sem
intervenção.
Conclusão
• Os RNs expostos a corioamnionite que
apresentaram alta temperatura neonatal,
tiveram maior chance de admissão na UTIN
e ter depressão respiratória, que os RN
tiveram menor elevação de temperatura ao
nascimento.
• No grupo admitido ma UTIN, a amplitude da
elevação da Temperatura não foi associado a
um pior resultado do exame neurológico.
Referências:
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a febre neonatal tem algum papel