XI I I C ON G R ES SO D E E D U C AÇ Ã O DO NORT E PI O N EI RO Ed uc aç ão e m p ers p e ct iv a: c a mi nh os p a ra a t ra ns f o r m açã o d os p a rad i g mas ed u ca ci on ais U E NP -C C H E -C L C A– C A M PU S J A C AR E ZI N HO A N AI S – 2 0 1 3 I SS N – 1 8 0 8 -3 5 7 9 DESAFIOS DA ESCOLA MODERNA: COMO LIDAR COM ALUNOS “ANALFABETOS NO ENSINO MÉDIO”? Maria Sônia Pereira da Silva (G-CCHE – UENP/CJ) Tânia Dolores Pires Cardoso (G-CLCA-UENP/CJ) Márcia Luiza Traskurkemb Funatsu (Orientadora –CCHE–UENP/CJ) Resumo: Esta comunicação tem por objetivo propor uma reflexão sobre o ensino aprendizagem dos alunos do Ensino Médio da rede pública, mais especificamente nas disciplinas de Língua Portuguesa e História. Ao tema proposto procuramos não nos restringir apenas ao aspecto teórico tendo como exemplo nossa atual LDB (Lei de Diretrizes e Bases) termina muitas vezes não saindo do papel. Buscamos enriquecer nosso trabalho com uma pesquisa de campo, que acreditamos irá subsidiar ainda mais as reflexões, que propomos estar realizando sobre o assunto. Palavras-chave: Educação. Ensino Médio. Aprendizagem. Introdução O presente texto apresenta uma análise preliminar entre o que realmente os alunos do ensino médio da rede pública aprendem com o que está previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Os desafios do ensino, diante de mudanças profundas que vem ocorrendo no decorrer dos anos com a revolução científica e tecnológica, a rápida evolução nos padrões de comunicação e como isso tudo contribuiu para mudanças na apreensão do conhecimento tradicional e conceitos de aprendizagem, apontam o grande desafio para Estado, educadores e sociedade. Segundo resultado do IDESP, o indicador usado pelo ministério da educação, para avaliar os níveis de melhorias no ensino fundamental I e II e no Ensino Médio, apontam que a qualidade do ensino médio está melhorando, no entanto a realidade dentro da sala de aula ainda apresenta desafios, e é percebido que mesmo diante das novas tecnologias aliada ao conhecimento, os educadores não conseguem fazer com que o aluno se interessem e participem. Todavia, os educadores juntamente com as leis definidas pela LDB, e o Ministério da Educação tem buscado melhorar o perfil do currículo, para uma melhor inserção dos alunos na vida adulta, com senso crítico e conhecimentos para o ingresso na universidade e na sua vivência em sociedade. 161 XI I I C ON G R ES SO D E E D U C AÇ Ã O DO NORT E PI O N EI RO Ed uc aç ão e m p ers p e ct iv a: c a mi nh os p a ra a t ra ns f o r m açã o d os p a rad i g mas ed u ca ci on ais U E NP -C C H E -C L C A– C A M PU S J A C AR E ZI N HO A N AI S – 2 0 1 3 I SS N – 1 8 0 8 -3 5 7 9 Nos últimos tempos, o Ministério da Educação concebeu um projeto de reforma do Ensino Médio, priorizando as ações na área da educação, uma atitude importante, visto que o crescimento de um país depende de cidadãos conscientes de seus deveres e direitos, por isso o Brasil está empenhado nas reformas na área educacional, para assim superar os baixos números de escolarização que apresentam os países em desenvolvimento. Portanto, o trabalho desenvolvido não se restringe apenas as teorias, mas também as pesquisas de campo, em que foi analisado como está o ensino-aprendizagem no ensino médio em especial no 3º ano. E o que se constatou foi que, os alunos não estão assimilando os conteúdos proposto pelo currículo oficial aplicados nas salas de aulas, resultando em concluírem o ensino médio com um nível de aprendizagem aquém do pretendido. Também, faremos uma análise das causas, das metas traçadas, no caso desse artigo, do governo do Estado de São Paulo para a educação, além de apresentar sugestões e propostas com intuito de contribuir para melhorar o ensino. Ao longo da história da educação tinha-se um ensino baseado no acúmulo de informações com uma abordagem sócio interacionista a formação do aluno passa a ser construída entre a interação aluno/sociedade/escola sendo o conhecimento mediado pelo professor que incentiva e possibilita meios para tal aluno desenvolver o raciocínio e a capacidade de aprender (ZANINI, 1999). Então as questões que surge: Com o acúmulo de conhecimento o aluno tinha um desempenho melhor na escola e consequentemente na sociedade? Ou com a reforma no ensino o aluno está deixando de aprender? Essa afirmativa pode ser considerada? Ou, talvez as mudanças no ensino não tem acompanhado a rapidez das tecnologias, que são apresentadas? Visto que a educação do século XXI apresenta um intenso uso de conhecimentos e de tecnologia. O uso da tecnologia se tornou desde o século XX o grande aliado e inimigo da sociedade e consequentemente do professor. O uso em sala possibilitou melhorar e inovar o uso de imagens, fotografia e vídeos em sala de aula, mas o professor tem que estar sempre inovando e ao mesmo tempo brigando pela atenção do aluno em meio a celulares, notebooks e tablets só pra citar alguns. E é por meio da qualidade do ensino, que a escola faz com que cidadãos cresçam intelectualmente, fazendo com que haja uma maior participação do indivíduo na sociedade capaz de defender suas ideias. Por isso, a qualidade da escola um papel importante, tornando um lugar privilegiado para o desenvolvimento do pensamento autônomo, necessário ao exercício de uma cidadania responsável. 162 XI I I C ON G R ES SO D E E D U C AÇ Ã O DO NORT E PI O N EI RO Ed uc aç ão e m p ers p e ct iv a: c a mi nh os p a ra a t ra ns f o r m açã o d os p a rad i g mas ed u ca ci on ais U E NP -C C H E -C L C A– C A M PU S J A C AR E ZI N HO A N AI S – 2 0 1 3 I SS N – 1 8 0 8 -3 5 7 9 Ensino Médio O ensino médio posiciona-se entre o ensino fundamental e o ensino superior, por isso a LDB o defini como etapa final da educação básica e diante disso ela busca resgatar os conhecimentos adquiridos anteriormente. Conforme a Lei 9.394/96 o Ensino Médio compreende de acordo com: Art. 35 O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I. A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II. A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores. III. O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV. A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. A Lei 9.394/96 foi aprovada com o intuito de servir de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, onde apesar de propor inovações, [...] não gerou efetivo acesso a uma educação de qualidade a uma expressiva parcela da população, que fica ainda excluída também de outros processos sociais. Por isso, permanecem inconclusos os temas relacionados: à busca pela melhoria da qualidade educacional, formação e aperfeiçoamento dos docentes, autonomia universitária e universalização do ensino fundamental. Segundo Marlene Carvalho em sua obra Alfabetizar e Letrar: Um diálogo entre a teoria e a prática apresenta um conjunto de fatores, que não devem ser considerados isoladamente. Para o problema do Ensino – aprendizagem no Ensino Médio traz á atenção para as dificuldades enfrentadas pelos alunos como: condições inadequadas de ensino; salas numerosas, jornada escolar insuficiente para o currículo imposto pelos órgãos públicos de educação; condição social precária do aluno; professores despreparados e consequentemente métodos inadequados e mal aplicados; além de material inadequado a realidade do aluno. Portanto, não é somente uma causa que vai trazer mudanças na educação, é um conjunto de ações realizadas ao longo do tempo por todos os envolvidos para tornar essas mudanças serem concretizadas de fato. Conforme, Soares (Apud ZANINI, 1999) não basta saber ler e escrever, é preciso saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente. E, portanto o que se espera da escola? Que ela forme indivíduos 163 XI I I C ON G R ES SO D E E D U C AÇ Ã O DO NORT E PI O N EI RO Ed uc aç ão e m p ers p e ct iv a: c a mi nh os p a ra a t ra ns f o r m açã o d os p a rad i g mas ed u ca ci on ais U E NP -C C H E -C L C A– C A M PU S J A C AR E ZI N HO A N AI S – 2 0 1 3 I SS N – 1 8 0 8 -3 5 7 9 com capacidade para usar a escrita e a leitura tanto na escola como em qualquer ambiente, no qual esteja inserido. No entanto, o que mais se ouve falar nessas últimas décadas é que o ensino está em crise. De acordo com Zanini em seu artigo: “Uma visão panorâmica da teoria e da prática do ensino de língua materna”, não se pode negar a crise no ensino, mas que os professores estão procurando encontrar o caminho por meio de situações adequadas e inadequadas para assim, minimizar as dificuldades educacionais. Para ilustrar a dificuldades do aluno, em dominar a norma culta da língua materna, foram coletados alguns exemplos das deficiências de alunos que chegam ao Ensino Superior. Abaixo segue trechos de redações do Vestibular da Universidade de Maringá: * (...) No Sábado atarde como estavam átoa... * (...) começaram a jogar alimentos para os animais, cuja a alimentação(...) com o propócito... *(...)mas o que atinge em serta escala... (Redações do Vestibular da Universidade de Maringá -1998) A realidade acima entra em choque com os objetivos tanto dos profissionais da educação como do Governo. No caso de Estado de São Paulo o governo tem por objetivo através de um programa propõe os pilares da educação que tem metas para o Ensino Médio que seria: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. O primeiro pilar é aprender a conhecer, que consiste em estimular o aluno a desenvolver sua capacidade cognitiva, despertar a vontade de aprender, e buscar novos conhecimentos. Para que, ele possa aprender sempre mais e melhor, é preciso a mediação do professor para direcioná-lo de forma adequada, tornando sua aprendizagem mais eficiente e eficaz. Com isso, o aluno, adquiri a capacidade de desenvolver suas próprias opiniões, e desenvolver sua aprendizagem de maneira mais crítica, de forma a intervir com mais seriedade e maturidade nas práticas sociais. Portanto, há a necessidade de apresentar ao aluno novos caminhos do saber, ensinar métodos científicos para que possa viver o desconhecido. Esse pilar está ligado ao aprender a fazer, porque é aplicar na prática os conhecimentos assimilados no aprender a conhecer, além do indivíduo saber a comunicar-se, uma vez que não deve reter os conhecimentos, mas também interpretá-los. O aprender a viver com os outros, é essencial para o crescimento do indivíduo, uma vez que o homem não vive isolado e as diferenças existentes no mundo são muitas e diante disso, há a necessidade de compreendê-las e entendê-las de forma pacífica. Pois, é nesse pilar da educação que a pessoa aprende a respeitar os valores e as opiniões dos demais. E para 164 XI I I C ON G R ES SO D E E D U C AÇ Ã O DO NORT E PI O N EI RO Ed uc aç ão e m p ers p e ct iv a: c a mi nh os p a ra a t ra ns f o r m açã o d os p a rad i g mas ed u ca ci on ais U E NP -C C H E -C L C A– C A M PU S J A C AR E ZI N HO A N AI S – 2 0 1 3 I SS N – 1 8 0 8 -3 5 7 9 finalizar, o indivíduo precisa aprender a ser, que também depende dos demais pilares, uma vez que tudo isso completa o desenvolvimento da pessoa, para que possa ser um cidadão capaz de se relacionar com o mundo. Trabalhando as competências O mundo tem apresentado mudanças acentuadas e, portanto os alunos também são produtos dessas mudanças, isso significa que a escola precisa acompanhar esse mundo e essa nova sociedade. Por isso ensinar por competências não é mais só aprender o que está definido no currículo e sim a capacidade de construir o seu próprio conhecimento, ou seja, relacionar esse conhecimento com a sociedade: com seus amigos, colegas de trabalho, na comunidade e no círculo religioso, enfim a competência é o que o aluno aprende no ambiente de convívio social e não mais o que o professor ensina. Segundo a LDBEN, n° 9394\96 houve mudança no foco passou do ensino para a aprendizagem sendo a sua filosofia a liberdade de aprender onde segundo o Currículo do Estado de São Paulo. O conceito de competências, também é fundamental na LDBEN, nas diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), elaborados pelo Conselho Nacional de Educação e pelo Ministério da Educação. O currículo referenciado em competências é uma concepção que requer que a escola e o plano do professor indiquem o que o aluno vai aprender. (CURRICULO, do Estado de São Paulo, 2012: 15). Diante disso, as competências têm como objetivo orientar o docente no sentido de transmitir o conteúdo, o qual o aluno vai aprender. Por isso, buscou-se ensinar aquilo que é indispensável para todos, de forma a garantir a igualdade de oportunidades. Além disso, ler o mundo significa muito mais que interpretar um texto, e sim aprender a analisar uma diversidade de outras linguagens, que se faz necessário para uma completa aprendizagem do aluno. E na primeira competência, é preciso que o aluno domine a norma culta da Língua Portuguesa e ainda, fazer uso das linguagens, artística, matemática e científica. Abordando algumas habilidades, que é a capacidade de ler e interpretar o texto escrito na língua materna, dominar elementos gráficos, produzir textos escritos e orais para contextos diferentes etc.. Outra competência importante é a construção e a aplicação dos vários conceitos das diversas 165 XI I I C ON G R ES SO D E E D U C AÇ Ã O DO NORT E PI O N EI RO Ed uc aç ão e m p ers p e ct iv a: c a mi nh os p a ra a t ra ns f o r m açã o d os p a rad i g mas ed u ca ci on ais U E NP -C C H E -C L C A– C A M PU S J A C AR E ZI N HO A N AI S – 2 0 1 3 I SS N – 1 8 0 8 -3 5 7 9 áreas de conhecimentos, para que o aluno possa compreender os fatos sociais. E assim, chegar a próxima competência que é a habilidade de tomar decisões e depois disso saber construir argumentos consistentes, isto é, ter a habilidade de articular ideias para convencer os outros. E por fim, a última competência é intervir na realidade, com ações diretas, de forma a interferir na realidade da vida comunitária, e exercendo sua cidadania. Considerações Finais Cada aluno apresenta uma capacidade maior ou menor de assimilação. Isso nos leva a reflexões quanto a diferentes métodos de ensino, para cada pessoa. Nem sempre o que serve para um aluno, vai funcionar com outro. Portanto é necessário o uso de recursos didáticos, das novas tecnologias, trabalhar em sala novas fontes como música, fotografia, filmes, HQs, novelas e fazer uso da interdisciplinaridade, ou seja, relacionar uma disciplina com outra. Cabe nesse momento a todos Estado, Escola, Professores e Pais, questionar, refletir e apresentar soluções em como inserir esses alunos no ambiente escolar. Para isso, devemos com propostas e práticas pedagógicas interferir nessa realidade e construir um futuro melhor para nossos alunos. Nessas reflexões sobre o ensino conclui-se que não sejam desprezados os conteúdos e muito menos os modelos e as estruturas linguísticas assimiladas, uma vez que tudo faz parte da história. E o aluno visto como um grande desafio, diante de tantas mudanças e tendo acesso as várias tecnologias não consegue ter domínio no idioma materno. Pois, essa é a escola que se pretende ter, uma escola capaz de desenvolver todas as capacidades intelectuais dos alunos inserindo-o no mercado de trabalho e na universidade. Referências CARVALHO, Djalma Pacheco de. A nova lei de Diretrizes e Bases e a formação dos professores na Educação Básica. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v5n2/a08v5n2.pdf acessado em 30/04/2013. acessado em 30\04\2013. CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. Petrópolis. Rio Janeiro: Ed. Vozes, 2005. CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil. Leitura crítico-compreensiva artigo a artigo. 3º ed. Petrópolis. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2006. 166 XI I I C ON G R ES SO D E E D U C AÇ Ã O DO NORT E PI O N EI RO Ed uc aç ão e m p ers p e ct iv a: c a mi nh os p a ra a t ra ns f o r m açã o d os p a rad i g mas ed u ca ci on ais U E NP -C C H E -C L C A– C A M PU S J A C AR E ZI N HO A N AI S – 2 0 1 3 I SS N – 1 8 0 8 -3 5 7 9 CERQUEIRA, Aliana Georgia Carvalho. CERQUEIRA, Aline Carvalho. SOUZA, Thiago Cavalcante de. MENDES, Patrícia Adorno. A Trajetória da LDB: um olhar crítico frente à realidade. Disponível em http://www.uesc.br/eventos/cicloshistoricos/anais/aliana_georgia_carvalho_cerqueira.pdf acessado em 20/05/2013. Currículo do Estado de São Paulo. Linguagens, Códigos e suas tecnológicas. Ensino Fundamentalciclo II e Ensino Médio disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf acessado em dia 12/04/13. ZANINI, Marilurdes. Artigo Uma visão panorâmica da teoria e da prática do ensino de língua materna, 1999. Periódicos Revista NOVA ESCOLA. Caderno Especial. Ensino médio. Agosto, 2002. Para citar este artigo: SILVA, Maria Sônia Pereira da; CARDOSO, Tânia Dolores Pires. Desafios da escola moderna: como lidar com alunos “analfabetos no Ensino Médio”. In: XIII CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO NORTE PIONEIRO Jacarezinho. 2013. Anais...UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná – Centro de Ciências Humanas e da Educação e Centro de Letras Comunicação e Artes. Jacarezinho, 2013. ISSN – 18083579. p.161 - 167. 167