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LITERATURA INFANTIL: IMPORTÂNCIA E ESTRATÉGIAS PARA O HÁBITO DE LEITURA
Fernanda Arioso (G-CCHE-UENP/CJ)
Luciana Binelli Faria (G-CCHE-UENP/CJ)
Paula Cristina de Souza Albano (G-CCHE-UENP/CJ)
Tania Regina Montanha Toledo Scoparo (Orientadora-CLCA-UENP/CJ)
Resumo: É na escola, no processo de aquisição da leitura, que as histórias infantis têm maior
relevância, por ser o caminho que leva a criança a conhecer o real e o imaginário, emoções e
sentimentos de forma concreta e significativa. Os contos de fadas, as poesias, as fábulas, as
narrativas em geral contribuem significativamente para o desenvolvimento, aprendizagem e
formação da personalidade do leitor iniciante. Ao cultivar sua sensibilidade, revela que o livro,
com suas histórias, é como algo mágico, cheio de mistério. O presente artigo traz um breve
histórico da literatura infantil, bem como a importância do contato da criança desde cedo com
os livros, os desafios motivadores que a leitura é para a educação, e esboça algumas formas e
estratégias de desenvolver o hábito de ler nas crianças. Tem por objetivo mostrar que a
iniciação literária deve começar na infância para alavancar a leitura para além da simples
decodificação.
Palavras-chave: Literatura infantil. Leitura. Estratégias.
Introdução
O presente estudo busca intensificar a importância da leitura de histórias infantis no
desenvolvimento emocional, imaginário e social dos jovens leitores das escolas da educação
básica. Ao longo dos anos a leitura vem se fazendo presente no cotidiano, através da internet,
jornais, revistas, livros, entre outros. Mas não basta somente ler, mas entender o que se lê
para que o indivíduo possa transformar em conhecimento e criticidade essa leitura. Diante
desta responsabilidade a escola por sua vez busca desenvolver na criança as estratégias
sedutoras da literatura infantil no processo de leitura e escrita de forma positiva para o
aprendizado.
Sabe-se que a leitura é fundamental para a aquisição do conhecimento e é nas crianças
que esse processo de leitura tem que ser enraizado. A leitura, de acordo com Soares (1991, p.
19), traz benefícios à sociedade e ao indivíduo: é forma de lazer e de prazer, de aquisição de
conhecimentos e de enriquecimento cultural. Além disso, o indivíduo amplia suas condições de
convívio social e de interação. Pois o que se percebe é que a leitura tira a cegueira da
ignorância e a modifica em verdade e conhecimento, e se desde cedo nas crianças à
convivência com os livros for assídua, de fato será um presente para a construção do seu
futuro.
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Breve histórico da literatura infantil
Os irmãos Grimm, colecionadores de histórias folclóricas, estão ligados à gênese da
literatura infantil em todo o mundo. Os primeiros livros publicados visando ao público infantil
surgiram no século XVIII. Antes disso, no classicismo francês, no século XVII, autores como La
Fontaine e Charles Perrault escreviam suas obras, enfocando principalmente as fábulas e os
contos de fadas, respectivamente, que também foram englobadas como literatura “apropriada
à infância”, conforme Lajolo e Zilberman (2004, p. 15). Desde então as histórias infantis vêm
ocupando um espaço sólido e respeitável no cenário literário. Neste contexto é importante
ressaltar que a escola e a literatura começaram a se estreitar, pois para adquirir livros era
preciso que as crianças dominassem a língua escrita e cabia à escola desenvolver esta
capacidade. De acordo com as mesmas autoras, "a escola passa a habilitar as crianças para o
consumo das obras impressas, servindo como intermediária entre a criança e a sociedade de
consumo" (2002, p. 25).
No Brasil, ao final do século XIX, dar-se-á o aparecimento dos primeiros livros para
crianças, escritos e publicados por brasileiros, como Sílvio Romero, Couto de Magalhães, Mário
de Andrade, Afrânio Peixoto, Luís da câmara Cascudo, entre muitos outros; mas é com
Monteiro Lobato que tem início a verdadeira literatura infantil brasileira. No que se refere à
questão da linguagem, foi também o primeiro autor que demonstrou a preocupação em
escrever numa linguagem dirigida às crianças, de uma maneira atraente para o público
infantil. Em 1921 ele publicou sua primeira obra infantil, chamada A menina do narizinho
arrebitado, na qual já há a introdução da oralidade no texto escrito. Entre 1920 e 1945
desenvolve-se a produção literária para crianças, aumentando o número de obras, o volume
das edições e o interesse das editoras pelo mercado de livros infantis. Na década de 20,
entretanto, destacam-se somente as obras de Lobato, que predominam o mercado por mais de
20 anos.
Depois dessa época, até década de 60, não há grandes destaques à criatividade. Os
livros infantis serviram à indústria de massa e cultural. O chamado boom da literatura infantil
no Brasil foi nos anos 70, graças ao fortalecimento do setor editorial, e principalmente, à
democratização do ensino, que ampliou o público escolar e consequentemente o consumo pelo
livro. Assim, a partir dessa década a literatura infantil começou a se desenvolver de forma
vertiginosa, apresentando momentos históricos marcantes que definiram a literatura infantil
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contemporânea, destacando-se vários autores como Ziraldo, Ana Maria Machado, Ruth Rocha,
Lígia Bojunga Nunes, entre outros incríveis autores que se dedicaram à literatura para crianças
e jovens.
Desde então, os textos de literatura infantil trazem uma linguagem diferenciada para
resgatar o pequeno leitor, os autores ousam e empregam novos estilos, criam novos recursos
para seduzir e levar os jovens ao mundo maravilhoso do universo simbólico.
A escola e a construção do hábito de ler
Há dois fatores espontâneos e simples para a prática da leitura tanto no convívio
familiar quanto na escola: exemplo e curiosidade. Por meio do exemplo, na leitura de livros, os
adultos leitores despertam nas crianças a curiosidade, e essa curiosidade leva não só a criança
a manusear o livro, mas também ao interesse em conhecer seu conteúdo. Isso faz com que
essa criança não conheça o livro só como fonte de instrução, mas como fonte de diversão, de
conhecer mundos de sonhos e de encantamentos.
Infelizmente, segundo pesquisa recente encontrada na Livraria da Folha, na UOL, em
03/05/2012, da 3ª edição da pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”, realizada pelo Ibope
Inteligência em conjunto com o IPL (Instituto Pró-Livro), revela a diminuição do número de
livros lidos pelos brasileiros. Em 2007, eram 4,7 por pessoa, na pesquisa realizada em 2011,
caiu para 4. Outro dado preocupante é que 73% dos brasileiros, inclusive universitários, nunca
entraram em uma biblioteca; de acordo com a UNESCO (2005) somente 14% da população
tem o hábito de ler, portanto, pode-se afirmar que a sociedade brasileira não é leitora. Esse
quadro não é animador. Para revertê-lo seriam necessárias diversas transformações na
sociedade e na cultura da população. No entanto, a família e a escola podem desempenhar um
papel fundamental na construção do hábito da leitura em muitos jovens. Quanto antes a
criança tiver contato com bons livros, maior será a probabilidade de se tornar um adulto leitor.
Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante, que começa
muito antes do que se imagina, primeiro em casa com os pais, depois se aperfeiçoa na
escola e continua pela vida inteira. Existem diversos fatores que influenciam o interesse
pela leitura. O primeiro, e talvez mais importante, é determinado pela “atmosfera literária”
que, segundo Bamberguerd (2000, p.71) a criança encontra em casa. A criança que houve
histórias desde cedo, que tem contato direto com livros e que seja estimulada, terá um
desenvolvimento favorável ao seu vocabulário, bem como a prontidão para a leitura.
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Depois, na escola, professores que oferecem pequenas leituras agradáveis e diárias,
sem forçar, mas com naturalidade, estimulam na criança um hábito que poderá acompanhá-la
pela vida toda. Para desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os conteúdos
relacionados ao currículo escolar e ofereça uma variedade de livros de literatura como contos,
fábulas, poesias, além de histórias em quadrinhos, tirinhas, entre tantos outros, é preciso que
o professor leve em conta a idade cronológica da criança e principalmente o estágio de
desenvolvimento de leitura em que a criança se encontra. De acordo com Sandroni & Machado
(1998, p.23) “o equilíbrio de um programa de leitura depende muito mais do bom senso e da
habilidade do professor que de uma hipotética e inexistente classe homogênea”.
As condições necessárias ao desenvolvimento de hábitos positivos de leitura incluem
oportunidades para ler de todas as formas possíveis. Passear em livrarias, feiras de livros e
bibliotecas são excelentes sugestões para tornar permanente o hábito de leitura. Num mundo
cujas tecnologias se sobressaem a tudo e a todos, onde todas as informações ou notícias,
músicas, jogos, filmes, podem ser trocados por e-mails, cd’s e dvd’s o livro parece ter sido
esquecido. Há muitos que pensem que o livro é coisa do passado, que na era da Internet, ele
não tem muito sentido. Inclusive hoje temos livros narrados, basta apenas escutá-los. Mas,
quem conhece a importância da literatura na vida de uma pessoa, quem sabe o poder que tem
uma história bem contada, quem sabe os benefícios que uma simples história pode
proporcionar, com certeza dirá que não há tecnologia no mundo que substitua o prazer de
tocar as páginas de um livro e encontrar nelas um mundo repleto de encantamento.
Inúmeras escolas possuem boas bibliotecas, com livros novos, arte gráfica inovadora,
porém muitas vezes não são usados pelos alunos por diversos fatores. Importante ressaltar
que a criança tem que ter contato com o livro, nem que seja somente para folhear, ver figuras,
ter momentos íntimos com esse objeto de interesse, tão rico de informações, de mundos
imaginários, de sonhos e de fantasias. De acordo com Sandroni & Machado (1998, p.16) “o
amor pelos livros não é coisa que apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir
esse mundo por trás das letras e é neste momento que o professor, junto com os pais, têm
um papel fundamental: em serem, para a criança, estimuladores e incentivadores do
conhecimento e da leitura.
É nesse sentido, estimulando a criança a tocar, folhear e ler um livro, que ela passa a
descobrir um mundo cheio de imaginação, emoções, sonhos e faz com que ela saia muitas
vezes de seu cotidiano para esse mundo encantado, e a partir deste momento que ela passa a
ter gosto em ler e em fazer parte dessa fantasia de palavras e de desenhos. E assim o livro se
torna um amigo do conhecimento. O contato da criança com o livro pode acontecer muito
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cedo. Muitos pais acreditam que a criança que não sabe ler não se interessa por livros, mas a
criança se interessa e muito. Segundo Sandroni & Machado (1998, p.12) "a criança percebe
desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer". As crianças bem pequenas
interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão
significados a elas, identificando-as e nomeando-as.
Ninguém nasce sabendo ler: aprende-se a ler à medida que se vive. Se ler livros
geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por
aí, na chamada escola da vida: a leitura independe da aprendizagem formal e se
perfaz na interação cotidiana com o mundo das coisas e dos outros. (LAJOLO,
2004, p. 7).
A autora, neste contexto, revela que na escola aprende-se a ler, mas que se devem
buscar outras leituras para abranger a fonte de conhecimento. Essa busca é também a
descoberta do autoconhecimento da criança como indivíduo e, ao mesmo tempo, de conhecer
o mundo ao seu redor, pois são por meio de histórias infantis que a criança viverá em outros
tempos, lugares, costumes. Ou seja, ponto de partida para que este pequeno leitor seja
futuramente um adulto com uma postura crítica e reflexiva.
Atualmente se tem a dimensão de literatura infantil muito mais clara, ampla e
importante, que proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo
imprescindíveis. Segundo Abramovich (1997), quando as crianças ouvem histórias, passam a
visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias
trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de
carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinarem infinitos assuntos. Quando a criança ouve
ou lê uma história, ela passa a discutir, indagar, duvidar e questionar sobre ela e sobre os
temas sociais que a cercam, realiza uma interação verbal, que vem ao encontro das noções de
linguagem.
Pois o confrontamento de ideias, e o ato de questionar os textos, faz com que
essa criança se socialize com mais facilidade com os livros e o mundo a sua volta.
De fato, em qualquer idade, ouvir histórias é algo prazeroso e desperta o interesse de
todos. Nas crianças, as histórias despertam a curiosidade e ativam o imaginário por meio das
poesias, contos, fábulas, e tantos outros, transportando os pequenos leitores ao mundo da
fantasia. Segundo Vigotsky (1992, p. 128), "a imaginação é um momento totalmente
necessário, inseparável do pensamento realista". Para o autor, a imaginação pode fazer com
que a criança se afaste da realidade, mas que ao mesmo tempo esse afastamento se faz
necessário para que haja um aprofundamento da própria realidade, "afastamento do aspecto
externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos
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cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se
enriquece” (p.129).
Nesse sentido, cabe à escola uma reflexão maior sobre suas práticas no ensino da
leitura, elaborando estratégias a cerca da leitura envolvendo professores, alunos e o espaço da
biblioteca, revisando também seu projeto político pedagógico e, acima de tudo, as práticas
docentes. Marisa Lajolo afirma que:
Se algumas metodologias e estratégias propostas para o desenvolvimento da
leitura parecem enganosas por trilharem caminhos equivocados, o engano
instaurou-se no começo do caminho, a partir do diagnóstico do declínio ou da
inexistência do hábito de leitura entre os jovens. (2004, p. 107)
De acordo com a autora, o professor sempre será o grande responsável pela busca de
estratégias de leitura e a melhor maneira que atendam aos alunos, e a sua ação alicerçará o
processo de formação de leitores. Para que o gosto e o compromisso com a leitura aconteçam,
a escola precisa mobilizar seus alunos internamente, pois aprender a ler e também ler para
aprender requer dedicação e esforço, para que isso aconteça deve fazê-los compreender que a
leitura é algo interessante e desafiador, algo que conquistado plenamente, dará autonomia e
independência na busca incessante do conhecimento.
Estratégias de leitura
Em uma sala de aula cabe ao professor, portanto, elaborar planos e estratégias para o
ato de leitura. É essencial que essas estratégias sejam adequadas a cada público especifico de
acordo com cada realidade e costumes do meio social. Para o ato de contar histórias é preciso
usar alguns recursos básicos como: conhecer a história escolhida e transmitir confiança ao
contá-la; evitar descrições muito cheias de detalhes; usar várias tonalidades de voz, falar
sobre o autor, mostrar o porquê escreveu aquela história, bem como sua história de vida, que
muitas vezes é motivadora, entre tantos outros.
Há muitas estratégias que podem ser adotadas pelo professor. O grau de familiaridade
do leitor com o conteúdo veiculado pelo texto interfere, também, no modo de realizar a leitura.
Observa-se que para desenvolver esse grau de familiaridade do leitor com os temas/leituras
abordados em sala de aula, como sugestão, é preciso:
•
Estabelecer objetivos para que haja uma boa leitura;
•
Evitar paráfrase de textos literários;
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•
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Levantar questões para o aluno - leitor refletir sobre o texto: primeiro de compreensão
e depois de interpretação;
•
Planejar a atividade de leitura;
•
Evitar atividades repetitivas como, por exemplo: Retire do texto;
•
Escolher textos à altura da realidade dos alunos para que o diálogo com a leitura seja
produtivo, mas também outros livros de leitura paralela, que mediados pelo professor
permitam tornar o diálogo possível;
•
Ativar conhecimentos prévios e instigar inferências necessárias para atingir seu
objetivo.
Como já foi dito, vale lembrar que o livro infantil tem importância fundamental no
desenvolvimento do pensamento da criança. Faz a imaginação correr mundos criando um elo
entre a realidade e a fantasia. Os livros infantis de qualidade não dizem tudo, a criança
necessita pensar para descobrir o que está por trás de um gesto do personagem. Para fazer
uma boa leitura é preciso ter em mãos bons livros, e a criança nesse aspecto é exigente para
com a história. Não é simples escrever para crianças, o livro infantil exige mais do que história
com príncipes e princesas, herói e heroínas (LAJOLO; ZILBERMAN, 1991).
Uma proposta para a sala de aula
Apresentamos aqui uma proposta de atividade com um texto não verbal para inserir a
criança no mundo mágico das imagens e ao mesmo tempo leva-la a entender o “como se faz
ou é feita” uma história. Isso faz da criança um pequeno leitor com domínio da estrutura da
narrativa, além de incentivar a leituras de outros textos.
Emprestamos o exemplo de FARIA (2010, p. 61-62): “O chapéu”, de Eva Furnari,
historieta de A Bruxinha atrapalhada. São Paulo, Global, 1985, 5ª ed.
A autora do livro, Eva Furnari, utiliza a técnica da tira, historinhas somente com
imagens, normalmente cômica. Essas histórias são curtas e completas, com uma única ação
no desenvolvimento, e geralmente o desenlace se dá no último quadrinho ou fica suspensa,
exigindo do leitor uma ação mental para dar a continuidade. Essa última é o que acontece na
historinha “O chapéu”, fazendo a criança imaginar, criar e interpretar o final para a narrativa.
Abaixo as imagens:
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Fig. 02
Fig. 01
Fig. 03
Fig. 04
Fig. 05
Fig. 06
O professor faz a leitura dos quadrinhos de modo confiante, com várias entonações na
voz, para estimular a imaginação. Mostra as imagens, deixa o aluno manusear o livro de onde
foi tirada a história, ativa conhecimentos prévios dos leitores e instiga inferências necessárias
para atingir a interpretação.
O professor ao fazer um trabalho minucioso com os leitores, levando-os a descobrir os
elementos que fazem
progredir a ação ou que explicam espaço, tempo, características das
personagens, etc. aprofundará a leitura da imagem e da narrativa e estará, ao
mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de observação, análise,
comparação, classificação, levantamento de hipóteses, síntese e raciocínio
(FARIA, 2010, P. 59).
Dessa forma, em seguida, realiza a análise da história:
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Na fig. 1, há a situação inicial: a Bruxinha está acomodada em um banco (que pode
indicar o espaço de uma praça) com seu gato deitado no chão, observando um passarinho
que pousou na moldura do quadrinho.
Na fig. 2, acontece o desenvolvimento: há um problema: o pássaro voou e pousa no
banco. Isso representa que o tempo passou. A Bruxinha fica pensativa. Comprova-se com as
técnicas gráficas: mãos juntas segurando a varinha, os olhos voltados para o pássaro. O
gato, já acordado, fica desconfiado, como indica sua expressão. Na fig. 3, a Bruxinha faz uma
mágica: o pássaro desaparece sob o olhar espantado do gato. Indicação de mais tempo
decorrido. Na fig. 4, percebe-se que a Bruxinha conseguiu transformar o pássaro em chapéu.
Fica contente: o sorriso mostra isso; e o gato olha ainda desconfiado. Na fig. 5, a Bruxinha
ainda contente põe o novo chapéu na cabeça. O gato fica mais tranquilo, porém ainda não
totalmente confiante, pois seus olhos estão semicerrados.
Na fig. 6, há o desenlace: acontece uma situação inesperada, mas engraçada, o que
aproxima a história de uma anedota. A mágica não deu certo (como sempre acontece nas
histórias dessa Bruxinha): o chapéu sai voando, o que significa que a transformação do
pássaro não se deu completamente, as asas continuaram. Tanto a bruxinha quanto o gato
têm expressão assustada: a boca aberta, os olhos arregalados, o cabelo levantado, os braços
abertos.
Observa-se que a autora em poucos quadros desenvolveu uma história completa,
contendo os elementos da narrativa: introdução, desenvolvimento, desenlace, personagens,
espaço, tempo. Com essa explicação, a criança consegue compreender a estrutura de uma
narrativa e ao mesmo tempo fica pensando em como poderia ser a continuação dessa
história. Isso a motiva a criar, mesmo que seja somente na imaginação.
Essa proposta é apenas uma amostra de como realizar uma leitura, entre tantas
outras, na sala de aula, e corrobora uma afirmativa de Lajolo (1982, p. 59):
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a
partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a
todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de
leitura que seu autor pretendia e, domo da própria vontade, entregar-se a esta
leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.
Nesse sentido, o professor constrói um leitor mais capaz, mais crítico, mais maduro
“para quem cada nova leitura desloca e altera o significado de tudo o que ele já leu, tornando
mais profunda sua compreensão dos livros, das gentes e da vida” (Idem, p. 53).
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Considerações finais
A prática de leitura não é para poucos, são para todos. Hoje, tem-se a liberdade de ler
qualquer livro, de desvendar e viajar em qualquer história. Deve-se levar em consideração que
a leitura foi algo conquistado e que precisa somente ser enraizado na cultura e nos costumes
das pessoas. Se o professor acreditar que além de informar, instruir ou ensinar, o livro pode
dar prazer, encontrará meios de mostrar isso à criança. E ela vai se interessar por ele, vai
querer buscar no livro este prazer.
Enfim, a literatura infantil possui o importante papel na construção intelectual e
emocional dos pequenos. O trabalho do professor é motivar e incentivar para que isso
aconteça, potencializando uma prática diferenciada.
Referências Bibliográficas
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 4.ed. São Paulo: Scipione,
1997.
BAMBERGERD, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 7ªed. SãoPaulo: Ática, 2000.
FARIAS, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala de aula. São Paulo: Contexto,
2010.
LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense, 1982.
LAJOLO,Mariza; ZILBERMAN, Regina: Literatura Infantil Brasileira: Histórias e histórias. 4
ed. São Paulo: Ática, 1991.
________. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6. ed. São Paulo: Editora Àtica,
2004.
SANDRONI, L. C.; MACHADO, L. R.(orgs). A criança e o livro: guia prático de estímulo à
leitura. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1998.
SOARES, M. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In: ZILBERMAN, R;
SILVA, E. T. (Orgs.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. 2. ed. São Paulo: Ática, 1991, p.
18-29.
UNESCO. Disponível em http://www.unesco.gov.br. Acesso em 12 de jun. de 2013.
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UOL. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/1085149-brasileiro-compralivro-e-nao-le-ouca.shtml. Acesso em: 12 de jun. de 2013.
Para citar este artigo:
ARIOSO, Fernanda; FARIA, Luciana Binelli; ALBANO, Paula Cristina de Souza. Literatura
infantil: importância e estratégias para o hábito de leitura. In: XIII CONGRESSO DE
EDUCAÇÃO DO NORTE PIONEIRO Jacarezinho. 2013. Anais...UENP – Universidade Estadual do
Norte do Paraná – Centro de Ciências Humanas e da Educação e Centro de Letras
Comunicação e Artes. Jacarezinho, 2013. ISSN – 18083579. p. 238 – 248.
248
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Fernanda Arioso