INTERPRETAÇÃO DO RISCO
RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Paulo R. Margotto
Prof do Curso de Medicina da
Escola Superior de Ciências da Saúde / DF
www.paulomargotto.com.br
Bioestatística: importância


A condução e avaliação de
uma pesquisa
Comparação entre dois ou
mais grupos ou amostras
(grupo tratado / grupo
controle)
Depende, em boa parte,
do conhecimento sobre
Bioestatística
Avaliação da eficácia do
tratamento (significação)
Estar alerta a: variáveis interferentes nos resultados
¤ Variações mostrais
¤ Diferenças entre grupos
Bioestatística

Os testes estatísticos são utilizados para:
¤ Comparar amostras (houve modificação dos
grupos inicialmente semelhantes após o início da
intervenção?
¤ Detectar variáveis interferentes
¤ Analisar se o tratamento depende de outras
variáveis (peso, idade, sexo)
Bioestatística


A ciência não é um conhecimento definitivo sobre a
realidade, mas é um conhecimento hipotético que pode
ser questionado e corrigido.
Ensinar ciências não significa apenas descrever fatos,
anunciar leis e apresentar novas descobertas, mas
Ensinar o método científico
Maneira crítica e
racional de buscar
conhecimento
Viena S., 1991.
Bioestatística

Correlação e Regressão
¤ Correlação: descreve a associação entre duas variáveis (dados)
Exemplo: Qual é acorrelação entre o
HCO3- sangue venoso/sangue arterial?
r (coeficiente de correlação): 0,88
r = 0,8 -1: forte
r = 0,5 -0,8: moderada
r = 0,2 -0,5: débil
r = 0 -0,2: insignificante
¤ Regressão: capacidade de prever um valor baseado no
conhecimento de outro
Bioestatística


Teste t: usado para analisar um grupo simples
ou
comparação de dois grupos
Exemplo:
- Testar uma droga: analisar o efeito do tratamento
- Avaliar o QI de uma amostra de crianças (pré-termo/ a termo)
Análise de Variância (ANOVA: usado para comparar médias de mais de
duas populações
Exemplo:
- Testar 4 drogas diferentes ao mesmo tempo
Bioestatística

Testes estatísticos não paramétricos:
Distribuição da população altamente
assimétrica
¤ Teste do Sinal
¤ Wilcoxon Signed Rank Sun Test
¤ Teste U de Mann-Whitney
Bioestatística

Escolha do Teste Estatístico
¤ Estabelecer o nível de significância
¤ Escolha do teste estatístico:
- tipos de dados (nominais, ordinais, contínuos)
- amostras isoladas, duas amostras ou mais de
dois grupos
- emparelhamento ou não
Depende
- amostras grandes ou pequenas
(dados nominais)
- distribuição normal (testes paramétricos)
- distribuição assimétrica
(testes não paramétricos)
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES


Definição:
O Risco relativo se baseia na observação de que nem
todos têm a mesma probabilidade (risco) de padecer
um dano, mas que para alguns este risco
(probabilidade) é maior do que para outros.
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Conceito de Risco
É a probabilidade que tem um indivíduo ou grupo de
indivíduos de apresentar no futuro um dano em sua saúde.
Risco é probabilístico e não determinista.
Exemplo:
RN com peso entre 500 -1500g tem maior probabilidade de morrer
(na UTINeo do HRAS: 19,58- ano 2000), mas muito deles não morrem.
Risco é uma medida que reflete a probabilidade de que ocorra um
dano a saúde.
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Grau de Risco
Mede a probabilidade de que o dano ocorra no futuro.
Refere-se a um resultado não desejando.
Não deve ser confundido com o risco !!!
O dano em um RN seria a sua morte no período neonatal ou
seqüelas neurológicas consecutivas à asfixia, o risco é a
probabilidade de que o dano venha ocorrer neste RN, medindo-o
como um gradiente que vai de risco alto a baixo risco de morte
neonatal ou de seqüelas neurológicas, neste exemplo.
0
Baixo Risco
Margotto, www.paulomargotto.com.br
1
Alto Risco
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Graduar o risco É IMPORTANTE para programar atenção
segundo o enfoque de risco, priorizando o grupo, dentro da
população de maior necessidade.
Exemplo:
Dano:
Baixo Peso
Margotto, www.paulomargotto.com.br
Fatores de Risco:
 Pobreza
 Analfabetismo da mãe
 Doença Intercorrentes
 Desnutrição
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Risco Relativo/Qui-quadrado

Risco Relativo (RR): Mede o excesso de risco para um
dado dano nos indivíduos expostos ao fator de risco,
comparado com os que não estão expostos.
Fator
Sim
Não
Total
RR =
a/a+b
c/c+d
Sim
A
C
A+C
Patologia
Não
B
D
B+D
Total
A+B
C+D
n. = (a+b+c+d)
RR = Incidência do Risco nos que tem fator
p1 = a/a+b
RR= Incidência do Risco nos que não tem fator
.p2 = c/c+d
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Tecnica da Prova de Hípótese:
RR =
a/a+b
c/c+d
RR = Incidência do Risco nos que tem fator
p1 = a/a+b
RR= Incidência do Risco nos que não tem fator
.p2 = c/c+d
Uma vez feito o cálculo de RR, torna-se necessário demonstrar:
• Não há erros de registro, cálculo ou transcrição
RR é prático e estatisticamente significativo
• Um RR menor que 1,5 geralmente não é de valor prático
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Teste do X 2 (qui-quadrado):
(a x d – b x c) ½ )2
(a+b) x (d+c) x (b+d) x (a+c)
Qui-quadrado mede a probabilidade de as diferenças
encontradas em dois grupos de uma amostra serem
devidas ao acaso, partindo do pressuposto que, na
verdade, não há diferenças entre os dois grupos na
população donde provêm. Se a probabilidade for alta
poderemos
concluir
que
não
há
diferenças
estatisticamente significativas. Se a probabilidade for
baixa (particularmente menor que 5%) poderemos
concluir que um grupo (A )é diferente do grupo B quanto
ao fator estudado.

Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
O Senhor daí-me força e entendimento !!!
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Exemplo:
Cálculo do Risco em estudo: Baixo Peso
População total estudada: 6373
Morte perinatais observadas: 211
População com fator Baixo Peso: 724
Morte Perinatais com o fator baixo peso: 150
Fator
Baixo Peso
Sim
Não
Total
Sim
150 (a)
61 (c)
211
(a+c)
Margotto, www.paulomargotto.com.br
Morte Perinatal
Não
Total
574 (b)
724 (a+b)
5588 (d)
5649 (c+d)
6162
6373
(b+d)
n. = (a+b+c+d)
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Exemplo:
Fator
Baixo Peso
Sim
Não
Total
Cálculo do Risco em estudo: Baixo Peso
Morte Perinatal
Sim
Não
Total
150 (a)
574 (b)
724 (a+b)
61 (c)
5588 (d)
5649 (c+d)
211
6162
6373
n. = (a+b+c+d)
RR = a/a+b
c/c+d
Ou seja o RR = 19,2 150/724
61/5649
O Risco de Morte Perinatal de um RN de baixo peso
excede 19,2 vezes a de um RN de peso > 2500g
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Exemplo 2 : Fator de Risco em estudo: ausência de pré - natal
Fator
Ausência de
Pré – Natal
Sim
Não
Total
Sim
117 (a)
94 (c)
211(a+c)
Morte Perinatal
Não
2625 (b)
3537 (d)
6162 (b+d)
Total
2742 (a+b)
3631 (c+d)
6373
n. = (a+b+c+d)
RR = 1,6 117/2742
94/3631
O Risco de Morte Perinatal de um RN sem pré-natal
excede 1,6 vezes a de um RN com pré-natal
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Exemplo 2 : Fator de Risco em estudo: ausência de pré - natal
Fator
Ausência de
Pré – Natal
Sim
Não
Total
Sim
117 (a)
94 (c)
211(a+c)
Morte Perinatal
Não
2625 (b)
3537 (d)
6162 (b+d)
(a x d – b x c) ½ )2
(a+b) x (d+c) x (b+d) x (a+c)
Total
2742 (a+b)
3631 (c+d)
6373
n. = (a+b+c+d)
X 2 = 13,71
Podemos dizer que há uma associação significativa (p < 0,01) entre
ausência de pré-natal e morte perinatal, sendo que grau de
associação é: o risco de morte perinatal é 60% maior nos produtos
sem pré-natal (1,6 x 100 = 160: aumento de 60%: 100 + 60).
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Exemplo 3 : Risco de Morte neonatal (nos 1º 7 dias de vida)
Fator
Ausência de
Pré-Natal
Sim
Não
Total
Sim
58
38
96
Morte Perinatal
Não
2625
3573
6162
Total
2683
3575
6258
Risco Relativo (RR): 2,0
X2 – 11,8 (p<0,01)
O RR é o risco de adoecer em um grupo (grupo exposto)
em relação ao risco de adoecer em outro grupo (pessoas
não expostas). Se não houver associação entre a
exposição e a doença, o risco de adoecer não depende da
exposição e o RR é igual a 1.
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Exemplo 3 : Risco de Morte neonatal (nos 1º 7 dias de vida)
Fator
Ausência de
Pré-Natal
Sim
Não
Total
Sim
58
38
96
Morte Perinatal
Não
2625
2573
6162
Total
2683
2575
6258
Risco Relativo (RR): 2,0
X2 – 11,8 (p<0,01)
Um risco menor que 1 implica em uma redução da doença
com exposição, enquanto que um RR maior que 1, sugere
um aumento da doença com exposição. Quanto maior for o
RR, maior será a associação entre a exposição e o dano.
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
• Junto com a obtenção do RR se deve estimar o seu
intervalo de confiança de 95%, uma vez que é possível obter
um valor do RR alto, mas se o tamanho da amostra for
pequeno, o seu valor será duvidoso.
• Há várias fórmulas simplificadas para estimar o intervalo de
confiança: para o RR (risco relativo), o limite de confiança de
95% é igual a:
RR 1 ± 1,96
1,96: Valor de z para frequência de 0,025
√ X2
√ X2 : Raiz quadrada do quiquadrado
Os valores superior e inferior se calculam elevando o RR ao
resultados da soma e diminuição do valor da razão 1,96/√ X 2
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Os limites de confiança estão muito relacionados com os
valores de p e se não inclui o valor de 1, é equivalente a
significação estatística a um nível de 5%.
Vamos ao exemplo:
No caso de ausência pré-natal/mortalidade perinatal
RR – calculado: 1,6
X2 = (qui-quadrado sem a correção de Yates): 13,8
1+0,53
1,53
1 ± 1,96
1,96
RR
RR
√ 13,8 RR 3,7
1-0,53
0,47
1,6 1,53 = 2,05 e 1,6 0,47 = 1,2
O intervalo de confiança a 95% é:
… 1 … 1,2
Margotto, www.paulomargotto.com.br
2,05
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
O intervalo de confiança a 95% é:
… 1 … 1,2
2,05
Como o extremo inferior deste intervalo de confiança
excede o valor 1, se pode dizer, neste caso, que há uma
associação estatisticamente significativa em um nível de 5%
entre a ausência de pré-natal e mortalidade perinatal, sendo
que o risco de morte perinatal nos produtos sem pré-natal
excede, significativamente 1,6 vezes a dos produtos com prénatal.
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
-Odds Ratio (OR) ou Razão das chances
Os estudos de casos-controles comparam a freqüência de
expostos a um determinado fator entre um grupo de indivíduos que
apresenta a doença – casos – e outro que não a tem – controle.
Fator
Sim
Não
Total
Sim
A
B
A+B
Dano
Não
C
D
C+D n (a+b+c+d)
OR = axd
bxc
A razão das chances (OR) é definida como a probabilidade de que
um evento ocorra dividido pela probabilidade de que ele não ocorra.
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO
RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Odds Ratio (OR)
Como Estimar o intervalo de confiança de 95%
Se o extremo inferior deste exceder o valor de 1, se pode
considerar igual que um teste de significação estatística.
•
Tirar o logaritmo neperiano (ln) da OR (logarítmicos dos
números naturais) calcular o desvio padrão (dp) do ln OR
com a seguinte fórmula:
dp (ln 0R) = √ 1 + 1 + 1 + 1
a b c d
Margotto, www.paulomargotto.com.br
INTERPRETAÇÃO DO RISCO RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Odds Ratio (OR)
Como Estimar o intervalo de confiança de 95%
• Multiplicar o dp (ln OR) por 1,96
o resultado obtido em 3, se soma e se resta do ln OR
aos valores obtidos
• Calcula-se o antilogarítmo neperiano e assim, se
obtém o limite inferior e superior do intervalo de
confiança: se não incluir o valor 1, é equivalente a
significação estatística a um nível de 5%.
Margotto, www.paulomargotto.com.br
Bioestatística

Teste de Hipótese
¤ Hipótese nula (H0): não há diferença
¤ Hipótese alternativa (H1): há diferença
Hipótese: resposta presumida e provisória
¤ Processo para testar hipótese:
1. Estabelecer H0
2. Estabelecer H1
3. Determinar tamanho da amostra
4. Colher dados
5. Estudo estabelecido para verificar se o H0 é
verdadeiro
6. Rejeitar ou não a H0
Bioestatística

Teste de Hipótese
¤ Segundo R.A. Fisher: todo experimento existe somente
com o propósito de dar aos fatos uma
oportunidade de afastar a H0
¤ p – nível de significância (máxima probabilidade de tolerar
(p < 0,05)
um erro tipo I)
. α = 5% (p ≤ 0,05): ≤ 5% em rejeitar a H0 (sendo
verdadeira) e aceitar H1
.
α = 1% (p ≤ 0,01): ≤ 1% em rejeitar a H0 (sendo
verdadeira) e aceitar H1
Bioestatística
¤ Tamanho da Amostra
(Quanto < α
maior a amostra)
Maus Dados
. Grande: n > 100
. Média: n > 30
. Pequena: n < 30
. Muito Pequena: n < 12
Más Conclusões
INTERPRETAÇÃO DO RISCO
RELATIVO/ODDSRATIO
EM PERINATOLOGIA/TESTE DE HIPÓTESES
Algum sobreviventes !!!
Margotto, www.paulomargotto.com.br
Download

Risco Relativo / Odds Ratio