UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA
DISCIPLINA DE GASTROENTEROLOGIA, HEPATOLOGIA E ENDOSCOPIA PEDIÁTRICA
Ana Catarina Gadelha de Andrade
Residente de 3° ano
Distúrbios da deglutição:
diagnóstico e tratamento
INTRODUÇÃO
• Para a maioria das pessoas, a deglutição é um ato normal e
espontâneo, porém, apesar da sua facilidade, consiste numa
atividade sensório-motora complexa e dinâmica, que
envolve 26 pares de músculos e cinco nervos cranianos. ¹
• A complexidade da deglutição se deve a uma via comum
entre os tratos respiratório e gastrointestinal, e permite o
fornecimento seguro do alimento ingerido desde a boca até o
estômago, assegurando a proteção das vias respiratórias. ¹
• O reflexo da deglutição encontra-se presente na 17ª semana
de gestação (líquido amniótico) e o reflexo da sucção na 20ª
semana. Somente entre a 34ª e 35ª semana de vida, o feto
apresenta condições de coordenar sucção, deglutição e
respiração.²
1. MISTRY S. & HAMDY S. Neural Control of Feeding and Swallowing. Phys Med
Rehabil Clin N Am 19.709–728, 2008.
2. DARROW D. & HARLEY C. Evaluation of swallowing disorders in children.
Otolaryngology Clinics of North America. V 31, 1998.
INTRODUÇÃO
• As modificações da anatomia e fisiologia da cavidade oral e
faringe iniciam-se entre o terceiro e o sexto mês de vida, e a
deglutição na infância está constantemente se adaptando às
mudanças ocorridas com o desenvolvimento.
• Tradicionalmente, a deglutição é dividida em três fases
convencionais sob os controles voluntário e reflexo.
• Distúrbios da deglutição podem acometer uma ou mais fases.
DARROW D. & HARLEY C. Evaluation of swallowing disorders in children.
Otolaryngology Clinics of North America. VOLUME 31 NUMBER 3, 1998
World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines: Disfagia , 2007
INTRODUÇÃO
• The evaluation and management of pediatric feeding and swallowing
problems (pediatric dysphagia) is seldom straightforward. (MILLER,
Current Opinion in Otolaryngology & Head and Neck Surgery, 2009).
• The incidence of dysphagia (swallowing disorders) is unknown, although it
seems clear that the incidence of swallowing dysfunction is increasing. (
ARVEDSON, Development Disabilities Research Reviews, 2008).
• Swallowing disorders (dysphagia): Problems in one or more phases of the
swallow. (ARVEDSON, Development Disabilities Research Reviews, 2008).
• Feeding and swallowing problems in the pediatric population, commonly
referred to as pediatric dysphagia… (MILLERA & WILLGING, Pediatric
otolaryngology, 2003).
INTRODUÇÃO
• Cerca de 37% a 40% dos lactentes e crianças com distúrbios
da alimentação e deglutição nasceram prematuramente e têm
risco aumentado para doenças respiratórias e neurológicas,
além de atraso no desenvolvimento, o que contribui para
dificuldades de alimentação e deglutição.
• A incidência de disfagia pediátrica vem aumentando. Uma
explicação parcial para este fenômeno é o aumento da
sobrevida de crianças com antecedente de prematuridade,
baixo peso ao nascer ou condições médicas complexas.
• Os dados sobre a prevalência e incidência dos distúrbios da
deglutição na população pediátrica são limitados, devido a
escassez de protocolos diagnósticos padronizados, aos
diferentes métodos de avaliação, a difícil distinção entre os
padrões alimentares variantes do normal e os distúrbios, e a
supervalorização da patologia subjacente.
LEFTON-GREIF, M. Pediatric Dysphagia. Phys Med Rehabil Clin N Am
19, 837–851, 2008.
LEFTON-GREIF, M. Pediatric Dysphagia. Phys Med Rehabil Clin N Am
19, 837–851, 2008.
INTRODUÇÃO
• Em algumas crianças, os sintomas disfágicos podem ser o
primeiro sinal de outras condições subjacentes. Problemas na
alimentação durante a infância podem ser preditivos de
doenças graves.
• Apesar do aumento do risco de disfagia associada com
diferentes condições médicas ou de desenvolvimento, a
disfunção da deglutição isoladamente tem sido documentada
em crianças neurologicamente normais, sem causas
identificáveis ​no momento da apresentação.
• Disfagia também pode ocorrer após estados agudos de
infecções respiratórias em crianças saudáveis.
LEFTON-GREIF, M. Pediatric Dysphagia. Phys Med Rehabil Clin N Am
19, 837–851, 2008.
DIAGNÓSTICO
• As manifestações clínicas dos distúrbios da deglutição não são
específicas de cada etiologia.
• Constituem uma síndrome, que pode cursar com recusa
alimentar, fadiga e tosse durante a alimentação, escape oral,
regurgitação nasal, engasgos, asfixia, cianose e alteração da
qualidade vocal, além de problemas pulmonares e de
aspiração, podendo levar a déficits nutricionais e
desidratação, resultando em perda de peso, pneumonia e
morte.
PADOVANI AR et al. Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação de Risco para
Disfagia (PARD). Rev Soc Bras Fonoaudiol. 12(3):199-205, 2007.
DIAGNÓSTICO
BOTELHO MR & SILVA AA. Avaliação funcional da disfagia de lactentes em UTI
neonatal. Rev Assoc Med Bras. 49(3):278-85, 2003.
DIAGNÓSTICO- ANAMNESE
Pontos chave a considerar na história médica:
• Localização
Cervical: geralmente indica disfagia orofaríngea;
• Tipos de alimentos
Sólidos: causa mecânica (estenose, anel, tumor)
Sólidos e líquidos: neuromuscular
• Permanente ou intermitente
• Duração dos sintomas
processos benignos ou malignos (evolução rápida e
curso progressivo)
•
Disfagia orofaríngea ou esofágica?
World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines: Disfagia , 2007
DIAGNÓSTICO- ANAMNESE
•
•
•
•

DISFAGIA OROFARÍNGEA
Pode ser denominada disfagia "alta" pela sua localização.¹
Pode haver disfagia oral, faríngea ou ambas.¹
Geralmente há uma disfunção neuromuscular associada.¹
Oral: dificuldade para iniciar a deglutição; derramamento de
alimentos através dos lábios; incapacidade de mastigar ou
impulsionar os alimentos; sialorréia ou xerostomia.²
 Faríngea: sensação de bolo no pescoço; regurgitação nasal;
várias deglutições para esvaziar a faringe; voz anasalada e
disfonia; tosse ou asfixia pode sugerir aspiração.²
1. World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines: Disfagia , 2007
2.AGA Technical Review on Management of Oropharyngeal Dysphagia.
GASTROENTEROLOGY. 116:455–478, 1999.
AGA Technical Review on Management of Oropharyngeal Dysphagia.
GASTROENTEROLOGY. 116:455–478, 1999.
DIAGNÓSTICO- ANAMNESE
• DISFAGIA ESOFÁGICA
• Pode ser denominada disfagia "baixa”.
• Disfagia que ocorre igualmente para sólidos e líquidos
geralmente está relacionada a dismotilidade esofágica. A
suspeita é reforçada quando uma disfagia intermitente para
sólidos e líquidos estiver associada a dor torácica.
• Disfagia que ocorre apenas para sólidos, mas nunca para
líquidos, sugere a possibilidade de obstrução mecânica com
estenose da luz esofágica. Se progressiva, deve-se considerar
particularmente as hipóteses de estenose péptica ou
carcinoma.
World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines: Disfagia , 2007
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO
• ANÉIS ESOFÁGICOS
• São geralmente vistos no terço inferior do esôfago. Podem
ser: anel muscular (tipo A) ou anel da mucosa (Schatzki -tipo
B).
• Anéis musculares são raros e raramente causam disfagia.
Estão localizados em até 2 centímetros da junção
escamocolunar e, ocorrem devido a hipertrofia muscular.
• Em contraste, o anel Schatzki está localizado na junção
escamocolunar. É observado em 6% a 14% dos pacientes
assintomáticos durante os estudos com bário de rotina.
• Pode ser visto em associação em pacientes que têm esofagite
eosinofílica.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO
• É mais comum em pacientes mais velhos (40 anos), mas
também pode ser visto em pacientes mais jovens.
• A etiologia dos anéis de esôfago não está clara. Há evidências
inconclusivas implicando doença do refluxo gastro esofágico
(DRGE) na patogênese dos anéis Schatzki.
• Pacientes apresentam disfagia episódica para alimentos
sólidos.
• Diagnóstico é feito com esofagograma com bário e
endoscopia digestiva alta.
• Dilatação mecânica é o tratamento de escolha para pacientes
sintomáticos, bem como tratamento da condição médica
subjacente.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO
• ESTENOSE PÉPTICA
• Esta complicação é vista em 10% dos pacientes com DRGE,
mais comumente em pacientes com idade avançada e sexo
masculino, com pirose prolongada e uso crônico de antiácido.
• Ocorre disfagia para sólidos e, eventualmente, para líquidos.
• Endoscopia digestiva alta é o padrão ouro para o diagnóstico e
esofagograma com bário complementa o diagnóstico.
• O tratamento é feito com dilatação esofágica.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO
• ACALÁSIA
• Distúrbio motor primário do esôfago relativamente incomum,
envolvendo o segmento de músculo liso do esôfago.
• Caracterizada pela ausência de relaxamento ou relaxamento
incompleto do esfíncter esofágico inferior, e perda do
peristaltismo do esôfago.
• A etiologia da acalásia é desconhecida (98% idiopática).
• Pico de incidência: 25-60 anos
• Pacientes têm disfagia progressiva para sólidos e líquidos,
pirose, dor no peito, soluços, perda de peso.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO
• Avaliação deve incluir radiografia de tórax, que pode mostrar
ausência da bolha gástrica e nível hidroaéreo no esôfago.
• Esofagograma baritado, pode mostrar um esôfago dilatado
atônico com o clássico'‘bird peak’'suave estreitamento da
junção esôfagogástrica.
• Endoscopia digestiva alta para descartar acalásia secundária
(carcinoma de cárdia).
• Manometria esofágica é realizada para confirmar o
diagnóstico de acalásia, mostrando aperistalse, pressão
intraesofágica aumentada, relaxamento do esfíncter esofágico
inferior incompleto, esfíncter hipertenso.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO
• Tratamento: uso de nitratos, bloqueadores dos canais de
cálcio e sildenafil.
• Abordagem endoscópica envolve injeção de toxina botulínica
no esfíncter esofágico inferior e dilatação pneumática.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO
• ESOFAGITE EOSINOFÍLICA
• O principal sintoma é a disfagia aguda ou crônica com
alimentos sólidos, incluindo impactação alimentar. Outros
sintomas incluem dor no peito, sinais de atopia e alergias
ambientais e alimentares ou sintomas semelhantes a DRGE.
• O diagnóstico é clínico e anatomopatológico.
• Esofagograma e EDA geralmente são normais.
• Os achados endoscópicos incluem edema, eritema e
friabilidade da mucosa, sulcos verticais, pápulas brancas, ou
exsudatos (microabscessos eosinofílicos), anéis ou esôfago de
pequeno calibre.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO
Cur Opin Gastroenterol .25:366–371, 2009.
DIAGNÓSTICO
• Esteróides tópicos, como a fluticasona, budesonida,
leucotrienos e inibidores do receptor, o montelucaste, são
comumente usados com graus variados de sucesso.
• Se necessária, dilatação deve ser realizada com cautela devido
ao alto risco de perfuração.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
OBJETIVOS: apresentar 29 crianças e adolescentes com EE,
provavelmente a primeira série de casos pediátricos
publicada no Brasil, discutindo e revisando as características
clínicas, o diagnóstico e a possível evolução dessa entidade.
22 M 1-18
“Os sintomas de
impactação alimentar e disfagia,
mais freqüentes em crianças maiores e
adolescentes, observados na presente amostra,
são os mais característicos e devem suscitar a
hipótese diagnóstica de Esofagite Eosinofilica.”
DIAGNÓSTICO
• LESÃO POR CÁUSTICOS
 A maioria das lesões por cáusticos ocorrem por álcalis através
de ingestão acidental.
 Pode levar à estenose esofágica, resultando em sintomas
disfágicos.
 O diagnóstico é estabelecido por estudos radiológicos e
endoscopia digestiva alta.
 O tratamento consiste em dilatação esofágica.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO
• ESOFAGITE INFECCIOSA
• Ocorre mais comumente em pacientes imunocomprometidos
(AIDS, quimioterapia e pacientes pós-transplante).
• Candidíase, herpes simples, citomegalovírus ou esofagite
associada ao HIV, e doença aguda ou crônica do enxerto
versus hospedeiro podem apresentar dor torácica, odinofagia
e disfagia.
• A endoscopia é a chave para a avaliação em pacientes
sintomáticos.
• O tratamento é direcionado para a etiologia, e a dilatação
esofágica pode ser necessária em pacientes com estenose.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
DIAGNÓSTICO- EXAME FÍSICO
• Avaliação dos orgãos fonoarticulatórios e da integridade dos
pares cranianos envolvidos na deglutição (trigêmio, facial,
glossofaríngeo, vago, hipoglosso).
• Avaliação indireta (sem oferta de alimento): avalia aspectos
de mobilidade, tônus, sensibilidade e postura das estruturas
que participam da deglutição.
• Avaliação direta (com oferta de alimento): oferta de bolos
alimentares em diferentes quantidades e consistências, que
visa analisar a dinâmica da deglutição, inter-relacionando suas
diferentes fases.
• Detectar complicações, como aspiração ou déficit nutricional.
SANTORO P & IMAMURA R. Disfagia: diagnóstico e tratamentos.
In: COSTA S. Pro- ORL. Porto Alegre: Artmed, 2006
DIAGNÓSTICO- EXAME FÍSICO
Extensão/ flexão da cabeça
Vira a boca, o rosto ou a cabeça
Língua segue o dedo
Lateralização da língua
Abertura da boca, caretas
Sulcos na bochecha, bolhas leite
BOTELHO M I & SILVA A A. Avaliação funcional da disfagia de lactentes em UTI
neonatal.Rev Assoc Med Bras . 49(3): 278-85, 2003.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
• A videofluoroscopia da deglutição e videoendoscopia da
deglutição são os exames mais comumente recomendados
para avaliação da disfagia orofaríngea em lactentes e crianças.
• A investigação de pacientes com disfagia esofágica deve ser
baseada na história clínica. Se a história é sugestiva de um
distúrbio mecânico, a endoscopia digestiva alta ou o
esofagograma de bário devem ser solicitados.
• Se a história é sugestiva de um distúrbio de motilidade, a
manometria é o primeiro teste diagnóstico.
LEFTON-GREIF, M. Pediatric Dysphagia. Phys Med Rehabil Clin N Am
19, 837–851, 2008.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
• VIDEOFLUOROSCOPIA DA DEGLUTIÇÃO
• Padrão-ouro da avaliação objetiva da deglutição.
• Permite a visualização simultânea das fases oral, faríngea e
esofágica da deglutição, e a interação entre elas em tempo
real.
• Envolve radiação e oferta de contraste de bário misturado a
alimentos líquidos, pastosos e sólidos, radiopacos, em
volumes crescentes.
• Avalia manobras posturais facilitadoras e alterações dietéticas
(consistência) durante o exame.
• Detecta a presença e o tempo de aspiração.
MILLER C. & WILLGING J.P. Advances in the evaluation and management of pediatric
dysphagia. Current Opinion in Otolaryngology & Head and Neck Surgery .11:442–446,
2003.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
• Todos os pacientes devem ser examinados nas posições
lateral (pressão) e frontal (simetria).¹
• Apesar de ser amplamente utilizada na avaliação da
deglutição em pacientes pediátricos, descrições padronizadas
da dinâmica da deglutição e o grau da gravidade da disfunção
não são bem descritas.²
• Interpretação, impressões e recomendações para intervenção
podem variar consideravelmente entre os praticantes. ²
• Críticas: procedimento caro e demorado, não é comumente
disponível na prática clínica, expõe o paciente à radiação. ¹
1.CARNABY-MANN & LENIUS. The Bedside Examination in Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am .19,747–768, 2008.
2. MILLER C. & WILLGING J.P. Advances in the evaluation and management of pediatric
dysphagia. Current Opinion in Otolaryngology & Head and Neck Surgery.11:442–446, 2003.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
• Achados radiológicos comuns em pacientes pediátricos:
 Início da fase faríngea da deglutição: o acúmulo persistente
do bolo alimentar nos seios piriformes antes do início da
deglutição provavelmente aumenta o risco de aspiração.
 Refluxo nasofaríngeo: evidências radiológicas de refluxo
nasofaríngeo podem indicar insuficiência ou incoordenação
velofaríngea.
 Penetração supraglótica: Em crianças com risco de disfagia
orofaríngea, a penetração supraglótica para a parte inferior do
vestíbulo da laringe são preditivos de aspiração.
 Aspiração silenciosa: Ausência de tosse, asfixia ou outros
sinais quando o alimento ou líquido penetra a traquéia.
LEFTON-GREIF, M. Pediatric Dysphagia. Phys Med Rehabil Clin N Am
19, 837–851, 2008.
MATSUO K &PALMER J. Anatomy and Physiology of Feeding and Swallowing:
Normal and Abnormal. Phys Med Rehabil Clin N Am, 691–707, 2008.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
•



VIDEOENDOSCOPIA DA DEGLUTIÇÃO
Avaliação funcional da deglutição por nasofibroscopia;
Técnica pouco invasiva, tecnologia barata, simples e prática;
O exame simula uma refeição, com oferta de alimentos em
diferentes consistências e quantidades, sob visão direta pelo
nasofibroscópio;
 Diversas intervenções terapêuticas podem ser realizadas para
determinar se mudanças posturais, dietéticas e
comportamentais são bem sucedidas na promoção de uma
alimentação mais segura e eficiente por via oral;
LEDER S& MURRAY J. Fiberoptic Endoscopic Evaluation of Swallowing. Phys
Med Rehabil Clin N Am 19, 787–801, 2008.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
• Indicações:
• Indivíduos que não podem ser expostos à radiação, com
dificuldade de transporte à sala de radiologia, obesos
mórbidos, cadeirantes.
• Pacientes que necessitam de avaliação à beira do leito ou
internados em UTI.
LEDER S& MURRAY J. Fiberoptic Endoscopic Evaluation of Swallowing. Phys
Med Rehabil Clin N Am 19 ,787–801, 2008.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
• Limitações: não permite visualizar bem a fase faríngea; avalia
indiretamente as fases oral e esofágica e não avalia a
transição faringoesofágica.
• Se houver dúvidas sobre deficiências na fase oral ou se houver
suspeita de um componente esofágico à disfagia, uma
avaliação fluoroscópica deve ser realizada.
LEDER S& MURRAY J. Fiberoptic Endoscopic Evaluation of Swallowing. Phys
Med Rehabil Clin N Am 19 ,787–801, 2008.
MATSUO K &PALMER J. Anatomy and Physiology of Feeding and Swallowing:
Normal and Abnormal. Phys Med Rehabil Clin N Am, 691–707, 2008.
Parâmetros avaliados para o diagnóstico de disfagia:
1) difusão faríngea precoce-quando o alimento escapa
para a faringe antes do reflexo de deglutição ser desencadeado;
2) resíduos - presença de saliva, secreções, ou materiais de
ingestão, de contraste ou não, acumulado nas valéculas,
paredes lateral ou posterior da faringe ou seios piriformes
após a deglutição;
LEDER S& MURRAY J. Fiberoptic Endoscopic Evaluation of Swallowing. Phys
Med Rehabil Clin N Am 19 ,787–801, 2008.
Parâmetros avaliados para o diagnóstico de disfagia:
1) difusão faríngea precoce-quando o alimento escapa
para a faringe antes do reflexo de deglutição ser desencadeado;
2) resíduos - presença de saliva, secreções, ou materiais de
ingestão, de contraste ou não, acumulado nas valéculas,
paredes lateral ou posterior da faringe ou seios piriformes
após a deglutição;
3) penetração laríngea- presença de resíduos de contraste ou de
alimentos sobre as vias aéreas, acima das pregas vocais, com ou
sem tosse;
4)aspiração laringotraqueal -presença de realce de contraste ou
alimento sem contraste abaixo das pregas vocais.
LEDER S& MURRAY J. Fiberoptic Endoscopic Evaluation of Swallowing. Phys
Med Rehabil Clin N Am 19 ,787–801, 2008.
Parâmetros avaliados para o diagnóstico de disfagia:
1) difusão faríngea precoce-quando o alimento escapa
para a faringe antes do reflexo de deglutição ser desencadeado;
2) resíduos - presença de saliva, secreções, ou materiais de
ingestão, de contraste ou não, acumulado nas valéculas,
paredes lateral ou posterior da faringe ou seios piriformes
após a deglutição;
3) penetração laríngea- presença de resíduos de contraste ou de
alimentos sobre as vias aéreas, acima das pregas vocais, com ou
sem tosse;
4)aspiração laringotraqueal -presença de realce de contraste ou
alimento sem contraste abaixo das pregas vocais.
Parâmetros avaliados para o diagnóstico de disfagia:
1) difusão faríngea precoce-quando o alimento escapa
para a faringe antes do reflexo de deglutição ser desencadeado;
2) resíduos - presença de saliva, secreções, ou materiais de
ingestão, de contraste ou não, acumulado nas valéculas,
paredes lateral ou posterior da faringe ou seios piriformes
após a deglutição;
3) penetração laríngea- presença de resíduos de contraste ou de
alimentos sobre as vias aéreas, acima das pregas vocais, com ou
sem tosse;
4)aspiração laringotraqueal -presença de realce de contraste ou
alimento sem contraste abaixo das pregas vocais.
CONCLUSÃO: Apesar de diferentes achados da literatura e, apesar de apenas um estudo
ter sido realizado em recém-nascidos, a videoendoscopia da deglutição pode ser
usada ​como um complemento da videofluoroscopia ou como uma alternativa quando o
último não é possível, pois ela pode fornecer resultados reproduzíveis preditivos de
aspiração traqueobrônquica e pneumonia, isto é, penetração laríngea e aspiração.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
• ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA
 É considerada o padrão-ouro para avaliação de doenças da
mucosa.
 Pode ser recomendada para estabelecer ou confirmar um
diagnóstico, avaliar lesão da mucosa, coletar biópsias e
realizar intervenções terapêuticas, tais como dilatação.
LEFTON-GREIF, M. Pediatric Dysphagia. Phys Med Rehabil Clin N Am
19, 837–851, 2008.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
• ESOFAGOGRAMA
 Parece ser mais sensível que a endoscopia para a detecção de
estreitamentos sutis do esôfago, como os causados por anéis
e por estenose péptica >10 mm de diâmetro.
 Pode fornecer informações sobre o comprimento e tensão da
lesão, que pode guiar o procedimento de dilatação.
 Pode ser útil na avaliação da resposta à terapia ou progressão
da doença.
 Em posição supina ou oblíqua direita, pode avaliar o
peristaltismo esofágico.
 No entanto, nenhum estudo ainda verificou a afirmação de
que o estudo com bário realizado antes da endoscopia
diminui complicações.
AGA Technical Review on Treatment of Patients With Dysphagia Caused by
Benign Disorders of the Distal Esophagus. GASTROENTEROLOGY 117:233–
254, 1999.
DIAGNÓSTICO- EXAMES
• MANOMETRIA ESOFÁGICA
 Usa-se um catéter com transdutores de pressão multicanais,
alocados em vários pontos do esôfago.
 Padrão-ouro para avaliar distúrbios da motilidade esofágica e deve
ser solicitada se a endoscopia digestiva alta e os exames
radiológicos são normais.
 Útil para o diagnóstico de acalásia, espasmo esofágico difuso e
alterações motoras do esôfago associadas a doenças do colágeno.
 Manometria pode ser considerada para aqueles cuja disfagia
persiste apesar do tratamento adequado de lesões mecânicas e
inflamatórias.
 No entanto, não há tratamento específico para os distúrbios de
motilidade que não acalásia e suas variantes, e a manometria
muitas vezes não altera o tratamento do paciente.
AGA Technical Review on Treatment of Patients With Dysphagia Caused by
Benign Disorders of the Distal Esophagus. GASTROENTEROLOGY ;117:233–
254, 1999.
LAWAL A & SHAKER R. Esophageal Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am 19, 729–745, 2008.
TRATAMENTO
• O objetivo do tratamento é direcionado para oferecer
nutrição eficaz e para proporcionar crescimento adequado a
longo prazo.
• Há poucas opções de tratamento para a disfagia orofaríngea,
pois os distúrbios neuromusculares e neurológicos que a
produzem dificilmente podem ser corrigidos por tratamento
clínico ou cirúrgico.
• Recomendações podem ser obtidas a partir da avaliação
clínica ou do videodeglutograma e podem incluir:
Orientações nutricionais;
Mudanças de posição e postura;
Alterações no tamanho do bolo, consistência, forma, textura,
temperatura e pH;
ARVEDSON J C. Management of pediatric dysphagia.
Otolaryngology Clinics of North America. 31, 3, 1998.
TRATAMENTO
Mudanças de utensílios:
Mudanças na programação de alimentação e ritmo durante as
refeições;
Programa oral motor com alimentos;
Programa oral motor não nutritivo.
• O tratamento da disfagia esofágica deve ser direcionado para
a correção da causa básica.
ARVEDSON J C. Management of pediatric dysphagia.
Otolaryngology Clinics of North America. 31, 3, 1998.
TRATAMENTO
• ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS:
 Devem-se monitorar as necessidades hídricas e
nutricionais (risco de desidratação);
 A alimentação oral é a preferida sempre que possível;
 Se houver risco alto de aspiração ou se a ingestão oral for
insuficiente para manter o bom estado nutricional, devese considerar a possibilidade de suporte nutricional
alternativo.
World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines: Dysphagia , 2007
TRATAMENTO
• MUDANÇAS DE POSIÇÃO E POSTURA
 Mudanças de posicionamento do tronco e pescoço
influenciam as fases oral e faríngea da deglutição em pessoas
com disfagia.
 O primeiro passo para ajustar a posição é conseguir
alinhamento central adequado, necessário para coordenação
entre corpo e boca para atividades eficazes oral-motora e de
alimentação.
 Manobras terapêuticas para adultos e crianças, geralmente,
incentivam a flexão do pescoço (chin tuck) para reduzir o risco
de aspiração. Porém, deve ser orientado com cautela em
crianças pequenas pelo risco de apnéia.
 Assentos e sistemas de posicionamento são projetados para
fornecer estabilidade , bem como capacidade de mobilidade,
sem restringir os movimentos potenciais
ARVEDSON J C. Management of pediatric dysphagia.
Otolaryngology Clinics of North America. 31, 3, 1998.
TRATAMENTO
• ALTERAÇÕES DO BOLO ALIMENTAR
 Crianças com deglutição deficiente terão mais facilidade em
controlar alimentos mais sólidos do que com texturas finas.
No entanto, a mastigação mais difícil pode estender o tempo
máximo de 30 minutos esperados para uma alimentação com
sucesso.
 O uso de espessantes também pode ser usado e, geralmente,
está indicado para crianças com sintomas leves de DRGE, o
que resulta em menor freqüência de vômitos, sem que ocorra
redução dos episódios de refluxo.
 As crianças podem responder com eficiência variada para
alimentos com diferentes temperaturas, sabores e pH.
ARVEDSON J C. Management of pediatric dysphagia.
Otolaryngology Clinics of North America. 31, 3, 1998.
TRATAMENTO
 Relatos sobre os efeitos da temperatura dos alimentos em
bebês e crianças sugerem que um bolo frio pode estimular a
sucção e deglutição.
 Em geral, orienta-se mordidas pequenas, mas algumas
crianças podem precisar de mordidas maiores, que podem
fornecer maior percepção sensorial, o que se traduz em maior
facilidade na formação do bolo alimentar e no trânsito
orofaríngeo.
ARVEDSON J C. Management of pediatric dysphagia.
Otolaryngology Clinics of North America. 31, 3, 1998.
TRATAMENTO
• PROGRAMA ORAL MOTOR
 Quando os achados da fase faríngea não apresentam grandes
déficits, as crianças com incoordenação e atrasos nas fases
preparatória oral e oral podem se beneficiar da terapia do
sistema motor-oral.
 O sistema motor-oral refere-se ao movimento das estruturas
da cavidade oral e faringe até o nível do esfíncter superior do
esôfago através do qual o alimento chega ao esôfago.
 A terapia tem por objetivo a longo prazo coordenar a força
muscular suficiente para que alimentos e líquidos sejam
deglutidos com segurança, sem aspiração.
ARVEDSON J C. Management of pediatric dysphagia.
Otolaryngology Clinics of North America. 31, 3, 1998.
TRATAMENTO
 O tratamento pode incluir abordagem direta através de
exercícios, e também indireta que pode levar à melhora na
coordenação motora-oral (mudanças na posição e postura,
variações nos aspectos de alimentos, alterações que incluem
interações cuidador-criança e meio ambiente, alterações de
estímulos sensoriais e de comunicação).
 O Programa oral motor não nutritivo estimula a sucção não
nutritiva rítmica, que é considerada uma habilidade
necessária, mas não suficiente, para indicar o uso da
alimentação oral.
ARVEDSON J C. Management of pediatric dysphagia.
Otolaryngology Clinics of North America. 31, 3, 1998.
AGA Technical Review on Treatment of Patients With Dysphagia Caused by
Benign Disorders of the Distal Esophagus. GASTROENTEROLOGY 117:233–
254, 1999.
SHAMA et al. Surgical Treatment of Dysphagia. Phys Med Rehabil
Clin N Am .19,817–835, 2008.
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Distúrbios da deglutição: diagnóstico e tratamento