XI SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO VITÓRIA, ES – OUTUBRO DE 2010 A HABITAÇÃO SOCIAL E A AFIRMAÇÃO DA ARQUITETURA E DO URBANISMO MODERNOS: DAS SIEDLUNGEN BERLINENSES DO ENTRE-GUERRAS AOS CONJUNTOS HABITACIONAIS CARIOCAS RESUMO Os diversos conjuntos habitacionais construídos a partir dos anos 1920 na Europa – com ênfase nas cidades alemãs de Frankfurt e Berlim – foram peças fundamentais para o processo de afirmação da arquitetura moderna no continente. E esta relação entre a habitação social e a propagação da arquitetura moderna é latente também na produção da arquitetura brasileira. É através da difusão destes projetos relacionados com a habitação social que a fórmula ensaiada de modo pioneiro nos anos 1920 e que, ao longo dos 1930 se impôs como solução canônica ao problema da moradia moderna, se consolida. Este artigo busca, concentrando-se nos temas habitação social e cidade moderna, estudar a produção habitacional das Siedlungen produzidas em Berlim no período do entre-guerras, entre 1919-1939, e seu conseqüente rebatimento na produção habitacional no Rio de Janeiro através de algumas das iniciativas de construção de conjuntos habitacionais empreendidas pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), pela Fundação da Casa Popular (FCP) e pelo Departamento de Habitação Popular do (então) Distrito Federal (DHP). A HABITAÇÃO SOCIAL E A AFIRMAÇÃO DA ARQUITETURA E DO URBANISMO MODERNOS Os diversos conjuntos habitacionais construídos a partir dos anos 1920 na Europa – com ênfase nas cidades alemãs de Frankfurt e Berlim – foram peças fundamentais para o processo de afirmação da arquitetura moderna no continente. E esta relação entre a habitação social e a propagação da arquitetura moderna é latente também na produção da arquitetura brasileira. É através da difusão destes projetos relacionados com a habitação social que a fórmula ensaiada de modo pioneiro nos anos 1920 e que, ao longo dos 1930 se impôs como solução canônica ao problema da moradia moderna, se consolida. Este artigo busca, concentrando-se nos temas habitação social e cidade moderna, estudar a produção habitacional das Siedlungen produzidas em Berlim no período do entre-guerras, entre 1919-1939, e seu conseqüente rebatimento na produção habitacional no Rio de Janeiro através das iniciativas de construção de conjuntos habitacionais empreendidas pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), pela Fundação da Casa Popular (FCP) e pelo Departamento de Habitação Popular do (então) Distrito Federal (DHP). Desta forma, o artigo enquadra-se na Sessão Temática 2, já que trata diretamente da experimentação e prática do urbanismo através de empreendimentos construídos em um momento específico da História. A Alemanha desenvolveu, desde o final do século XIX e ao longo de todo século XX, uma significativa tradição na construção de bairros habitacionais. Este contribuíram para divulgar as expressões de vanguarda cultural produzidas no país em termos de arquitetura e de urbanismo. Este enorme número de edificações habitacionais de cunho social, construídas não só na Alemanha como também no restante da Europa, foi resultado, entre outros, das deficiências habitacionais encontradas desde o período que sucedeu a I Guerra Mundial. Estas iniciativas deram espaço para a implementação de uma mudança dos padrões anteriormente estabelecidos, onde o quarteirão fechado prevalecia. Os novos arranjos espaciais dissolviam a ordem estável em que a cidade “haussmanniana”1 se assentava, apresentando uma liberdade e independência do edifício em relação à via, e, assim, gerando espaços com mais áreas verdes para a cidade. Entretanto, de um modo geral, as propostas residenciais modernas apresentaram-se inicialmente como soluções globalizadoras e excludentes entre si, pois ordinariamente não aceitavam a variedade tipológica como base para o seu desenvolvimento conceitual. Assim, este trabalho, focando-se na análise de bairros habitacionais modernos construídos na cidade de Berlim no período do entre-guerras e seu rebatimento na produção habitacional no Rio de Janeiro, justificase essencialmente a partir do entendimento, até então não consolidado, de que a cidade moderna pode sim agregar temas como a variedade e a heterogeneidade. 1 O termo cidade “haussmanniana”, utilizado por Panerái (PANERAI, Philippe; CASTEX, Jean; DEPAULE, Jean-Charles (1986). Formas urbanas: da la manzana al bloque. Barcelona: Gustva Gilli, pág. 46) para descrever o tecido urbano da Paris do século XVIII, é aplicável de modo genérico a outras cidades construídas na mesma época, com características semelhantes, e será empregado neste trabalho como sinônimo para a cidade oitocentista. 2 “Ao dogmatismo que se alastra nas propostas urbanas da fase pioneira do Movimento Moderno, hoje opomos a multiplicidade da cidade, considerando-a como um saldo positivo das transformações produzidas ao longo deste século. Aspiramos a uma cidade capaz de englobar muitas situações diferenciadas, uma cidade que possa expressar a variedade, a articulada heterogeneidade, e, em definitivo, a riqueza da vida urbana. Mas acreditamos que, em grande medida, a cidade moderna não se construiu e que só existe, como virtualidade, na soma de aportações que configuram a cultura urbana do século XX. (...) O interesse por resgatar e ordenar as idéias, os esquemas e as propostas modernas para a residência nos permite seguir pensando a cidade moderna como aspiração e como expectativa”.2 COLQUHOUN (1989) utiliza o exemplo de Berlim para discutir o espaço urbano nos termos das ideologias da vanguarda do século XX em comparação às noções revisionistas do espaço urbano surgidas na década de 1980.3 Sua escolha justifica-se por Berlim ter sido palco, ao longo da segunda metade do último século, de um conflito ideológico e de uma produção criativa no campo da arquitetura e do urbanismo particularmente intensos devido a circunstâncias econômicas e políticas especiais pelas quais a cidade passou. Acrescente-se a isso o fato de Berlim também ter sido, ao longo século XX, cenário para muitos dos acontecimentos da história mundial e lá estar presente, portanto, o Zeitgeist, ou o clima intelectual e cultural da época. Ou seja, segundo o autor, a gênese do espaço urbano moderno está ilustrada através dos desdobramentos da habitação social na Berlim do século XX. Berlim surge, portanto, nesse trabalho, como um pretexto, como um óculo através do qual podemos explorar a problemática da habitação social e da arquitetura e do urbanismo modernos e seus desdobramentos na realidade brasileira, explorada especificamente através do caso do Rio de Janeiro. Por outro lado, também no Brasil encontramos exemplos de bairros construídos a partir de projetos pioneiros, que contribuíram para a emergência da produção moderna nos pais. Aqui, a introdução de uma nova forma de enfrentar o problema da habitação, que assimilou as vanguardas modernas, deu-se mais tarde, mas de forma relativamente rápida, uma vez que até os anos 1930 ainda predominavam implantações características de cidade tradicional. Exemplo desta assimilação da modernidade no Brasil são as tipologias habitacionais dos IAP’s e os estudos de Carlos Frederico Ferreira para “habitação mínima”, em que estavam presentes preocupações com a racionalização da construção, possibilitada pelo emprego dos blocos de concreto.4 2 MARTÍ ARÍS, Carlos (1991). Las formas de la residência en la ciudad moderna. Barcelona: Edicions UPC, pág. 48. COLQUHOUN, Alan (1989). Conceitos de espaço urbano no século XX. Em: Modernidade e tradição clássica – ensaios sobre arquitetura. São Paulo: Cosac & Naify, 2004, pág. 209. 4 Bonduki, Nabil. (1998). As Origens da Habitação Social no Brasil. São Paulo, Estação Liberdade, 1998, págs. 178-179. 3 3 “A influência das Siedlungen e da arquitetura alemã do período entre-guerras é nítida na produção habitacional dos IAP’s, tanto do ponto de vista programático como projetual. Mies, Walter Gropius, Ernst May e Bruno Taut são os mais citados. Particularmente os conjuntos residenciais do IAPI, que buscavam economia e racionalização, atestam esta influência. Idéias como padronização, industrialização da construção, habitação mínima e funcionalidade aparecem com freqüência nos textos e debates. Os blocos laminares de três ou quatro pavimentos, com pouca ou nenhuma ornamentação, que caracterizam a produção alemã, foram muito utilizados nos projetos dos IAP’s”.5 Acrescente-se a isto o fato de esta produção realizada a partir dos anos 1920 estar intimamente ligada com as deliberações, artigos e discussões realizadas em torno dos primeiros CIAM – Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna –, com especial ênfase para o 2o congresso, realizado em 1929 em Frankfurt. Em Berlim, entre as diversas iniciativas de construção de bairros modernos cujos projetos mostram-se relevantes para os objetivos deste trabalho, podemos destacar, no entre-guerras, o Siedlung Eichkamp, de 1919-29; o Hufeisensiedlung Britz, projetado em 1925 por Bruno Taut e localizado a sudeste de Berlim; o Waldsiedlung Zehlendorf ou Onkel-Toms-Hütte, projetado entre 1926-32 por Bruno Taut, Hugo Häring e Otto Rudolf Salvisberg; os blocos habitacionais de Mies van der Rohe para Afrikanischerstraße, distrito operário de Berlim, de 1925-27; e o Siedlung Siemensstadt, de 1929-31. No Rio de Janeiro, a influência desta produção alemã reflete-se alguns anos mais tarde no Conjunto Residencial do Realengo, projetado em 1943 por Carlos Frederico Ferreira e construído por iniciativa do Instituto de Aposentadoria e Pensões, bem como no Conjunto Residencial de Deodoro, projetado em 1953 por Flávio Marinho Rego e construído por iniciativa da Fundação da Casa Popular. Entre os conjuntos construídos por iniciativa do Departamento de Habitação Popular, destacam-se o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, ou Pedregulho, de 1947, e o Conjunto Marquês de São Vicente, de 1952, ambos projetados por Affonso Eduardo Reidy e marcados pela influência intelectual de Lúcio Costa e pela absorção de elementos da obra de Le Corbusier, além de dois conjuntos projetados por Francisco Bolonha, o Conjunto Residencial Paquetá, de 1949-1952, e o Conjunto Residencial Vila Isabel, de 1955. A HABITAÇÃO MÍNIMA NO ENTRE-GUERRAS E O 2O CIAM EM FRANKFURT O fim da I Guerra Mundial trouxe uma série de prejuízos financeiros a diversas nações européias, além de um conseqüente processo de interrupção nas iniciativas habitacionais. A Alemanha chega ao fim do conflito com um déficit habitacional que se aproximou a 1 milhão de moradias. Assim, após a guerra, o governo da República de Weimar estabelece uma política de investimentos na área social priorizando a construção de habitações. 5 Bonduki, Nabil. (1998), op. cit., pág. 182. 4 Desta forma, a Alemanha unificada que deixava a produção artesanal e se lançava na produção industrial foi solo fértil para o desenvolvimento da arquitetura moderna. Neste contexto, a habitação mínima tornou-se o tema central da arquitetura moderna, desenvolvendo-se a partir da idéia de “existenzminimum”, concebida pelos arquitetos da primeira geração do século 20. As soluções foram apresentadas, em sua maioria, por arquitetos ligados ao Deutsche Werkbund, associação que desde antes da guerra já voltava seus interesses para a industrialização dos processos construtivos, porém baseando-se em uma relação harmoniosa entre a indústria e a arte. A principal preocupação deste grupo de arquitetos, que incluía Walter Gropius e Bruno Taut, entre outros, foi incorporar as novas tecnologias na solução dos problemas relacionados aos novos assentamentos humanos. Para um novo homem, em um mundo novo, era necessário projetar uma nova habitação. Assim, arquitetos de diferentes formações e procedências se aprofundaram no debate em torno da produção das novas habitações. Trocaram informações, sobretudo através de artigos e da participação em congressos, com destaque para o CIAM – Congresso Internacional de Arquitetura Moderna. Considerando a evolução de opiniões ao longo da existência dos CIAM e até mesmo sua diversidade, que acaba por refletir a diversidade de posturas e o multidirecionamento dos discursos encontrados dentro da própria arquitetura moderna, FRAMPTON (2003) assinala a existência de três etapas ou gerações entre os dez CIAM realizados entre 1928 e 1956. A primeira etapa, que corresponde ao período em estudo neste trabalho, engloba os três primeiros congressos, realizados em 1928, 1929 e 1933, e demonstra um predomínio da ideologia radical e socialista dos arquitetos alemães da “neue sachlichkeit”; a segunda etapa, que abrangeu os congressos de 1933, 1937 e 1947, passou a ser dominada pela figura de Le Corbusier, que alterou a ênfase dos debates, voltando-se para o tema do planejamento urbano; e a terceira e última etapa, que englobou os congressos de 1949, 1951, 1953 e 1956, foi marcada pela lenta aparição de conflitos e pelo predomínio dos arquitetos de ideologia liberal. As atividades da primeira geração dos CIAM e do CIRPAC (Comité International pour la Réalisation des Problemes d’Architecture Contemporaire, grupo de trabalho criado no II CIAM em 1929 por Ernst May, que tinha como objetivo preparar os temas a serem debatidos nos congressos seguintes), além de focar sua atenção para os problemas da cidade contemporânea, voltaram-se especialmente para a habitação mínima, considerado o problema mais imediato a ser resolvido. Entre os protagonistas desta primeira geração estão os arquitetos que nasceram entre 1880 e 1894, e começaram a desenvolver sua prática profissional nos anos 1910, com obras importantes nos anos 1920. Entre eles, podemos citar Walter Gropius, Erik Gunnar Asplund, Mies 5 van der Rohe, Le Corbusier, Erik Mendelsohn, Gerrit Thomas Rietveld, Hannes Meyer, J. J. P. Oud e André Lurçat. 6 O primeiro congresso, realizado em 1928 no castelo suíço de La Sarraz, foi a fundação dos CIAM e estabeleceu seus princípios de trabalho, resultando na publicação do primeiro manifesto. O I CIAM foi coordenado por Karl Moser e focou-se no estudo dos temas de urbanismo do ponto de vista da zonificação e da produção industrial, propondo uma política de solo coletiva. O II CIAM, realizado em 1929 em Frankfurt e coordenado por Ernst May, um dos mais destacados líderes destes primeiros congressos, discutiu o problema da habitação mínima. A casa pequena no lote isolado passa a ser preterida ao conjunto de habitações unifamiliares, que assume a posição de modelo mais adequado para a nova sociedade. Junto a estes conjuntos habitacionais, são incluídos diversos equipamentos públicos identificados com a política social-democrata. Alguns anos antes do II CIAM, em 1925, May assume o cargo de arquiteto-chefe na prefeitura de Frankfurt, e inicia um programa que pode ter fornecido as bases para as discussões do congresso de 1929. O programa de May fundamentou-se na eficiência econômica do projeto e da construção, e partiu de uma abordagem que priorizou a formulação de espaços mínimos para a existência e resultou na construção de 15 mil unidades habitacionais, que equivalem a mais de 90% das moradias construídas em Frankfurt no período. Para alcançar tais padrões mínimos, May lançou mão de recursos como armários embutidos ou dividindo ambientes, portas de correr, camas dobráveis e até o desenvolvimento de uma cozinha “ultra-eficiente”, a Frankfurter Küche projetada por Schütte-Lihotzky. O resultado é a considerável redução da área habitada, chegando a apartamentos de 40m2 a 65m2, e área média de 10m2 por ocupante. Os resultados do II CIAM foram publicados no livro Die Wohnung für das Existenzminimum (A habitação para rendimentos mínimos). O livro traça uma análise comparativa de 100 plantas de pequenos apartamentos desenhados com iguais critérios gráficos e igual escala, 1/100, além de artigos de diversos autores, incluindo Siegfried Giedion,7 Ernst May,8 Walter Gropius,9 Le Corbusier & Pierre Jeanneret,10 Victor Bourgeois,11 e Hans Schmidt12. Porém, o tema da habitação mínima não poderia ser encerrado em um único congresso, permanecendo presente no congresso seguinte. O III CIAM, realizado em 1930 em Bruxelas sob a coordenação de Victor Bourgeois, ocupou-se também com este tema, mas expandiu seu interesse para a questão do planejamento de bairros residenciais para habitação popular. Se tratava de, a partir do emprego de métodos construtivos racionais, estabelecer critérios para a colocação dos 6 MONTANER, Josep Maria (1988). La Terceira Generación. Revista El Croquis, número 35, ago/set 1988, pág. 6. Die Internationale Kongresse für Neues Bauen/ The International Congresses for a New Architecture 8 Die Wohnung für das Existenz Minimum/ The dwelling for the subsistence minimum 9 Die sociologischen Grundlagen der Minimalwohnung für die städtische Bevölkerung/ Sociological Fundamentals of minimum dwellings for urban populations 10 Analyse des elements fondamentaux de probleme de la “Maison Minimum/ Analysis of the fundamental elements of the “minimum dwelling 11 L’Organisation de L’Habitation Minimum/ The organisation of the minimum dwelling 12 Bauvorschriften und Minimalwohnung/ Building regulations and the minimum dwelling 7 6 blocos de edifícios residenciais na estrutura de parcelamento da cidade. Entre as apresentações, destacou-se a de Walter Gropius, que tratou do tema “Construção baixa, média ou alta?”. Os resultados do congresso de Bruxelas foram publicados num segundo volume, com o titulo Rationelle Bebaungsweisen (divisão racional do solo), que inclui artigo de Gropius. As etapas seguintes do CIAM deram continuidade aos temas anteriores, mas expandindo-os para a escala urbana. Os CIAM e o CIRPAC contribuíram efetivamente para a elaboração do problema da habitação mínima, e para a constatação de que o tema necessitava de cooperação interdisciplinar. Como sugere FRAMPTON (2003), “os CIAM afirmaram, de modo explícito, que a arquitetura estava inevitavelmente sujeita às necessidades mais amplas da política e da economia”, e que teria “que depender da adoção de métodos racionais de produção”.13 DAS SIEDLUNGEN BERLINENSES AOS CONJUNTOS HABITACIONAIS CARIOCAS De acordo com MARTÍ ARÍS (2000),14 a experiência das Siedlungen deve muito ao precedente inglês da cidade jardim, já que ele se origina de uma reflexão a respeito deste modelo de cidade, porém submetido a uma depuração conceitual com relação a temas tais como a estrutura viária, as condições de ventilação ou a hierarquia de espaços públicos e privados. Portanto, as Siedlungen não deixam de ser uma crítica radical à condição pictórica presente nas propostas de cidade jardim. No entanto, a mudança mais importante que a experiência das Siedlungen introduz na teoria inicial da cidade jardim é a que se refere à concepção do feito urbano como conjunto – enquanto a cidade jardim se apresenta como alternativa excludente com relação à cidade compacta, as Siedlungen centro-européias dos anos vinte se definem como uma parte da cidade que se incorpora à estrutura urbana pré-existente, tratando de a complementar e a diversificar. Deste modo, grande parte das Siedlungen constituíram-se importantes campos de experimentação para as vanguardas modernas do início do século XX. Entre suas principais características encontramos o conceito da lâmina de construção no espaço, em oposição ao quarteirão fechado – uma inversão de figura e fundo da cidade tradicional, com sua malha sólida entremeada por ruas e edificações construídas alinhadas à estas – e a localização, em geral em regiões periféricas da cidade. As realizações de Frankfurt e Stuttgart, apesar de não enquadrarem-se no recorte aqui estabelecido, focado nas iniciativas levadas a cabo nas cidades de Berlim e Rio de Janeiro, merecem menção por abrigarem algumas das Siedlungen de maior relevância no período. Ambas inserem-se no conjunto da experiência européia do entre-guerras, que consistiu na elaboração de idéias modernas sobre o programa da habitação coletiva e social, e seus resultados influenciaram realizações semelhantes ocorridas posteriormente na Alemanha e na Europa.15 13 FRAMPTON, Kenneth. (2003). História Crítica da Arquitetura Moderna. São Paulo: Martins Fontes, p. 327. MARTÍ ARÍS, Carlos (2000), op. cit., pág. 21. 15 “A despeito da diversidade das constribuições, tanto do ponto de vista tipológico quanto pelos distintos graus de maturidade arquitetônica das propostas – cuja implicação e investimento em temas propriamente compositivos é tão 14 7 Em Frankfurt, sob a coordenação de Ernst May, foram construídas aproximadamente 15.000 unidades habitacionais entre 1923 e 1930. Ernst May também organizou em 1929 em Frankfurt o II CIAM, que trazia não apenas uma considerável investigação projetual, mas um expressivo volume de realizações concretas no campo da habitação coletiva a exibir. Tema central do II CIAM, a definição do Existenzminimum – a definição da célula habitacional mínima com base em requisitos econômicos, biológicos e sociais16 – permeou a realização dos diversos bairros habitacionais modernos construídos no período, seja em Frankfurt, Stuttgart ou Berlim. Em Stuttgart, dando continuidade aos esforços do Deutsche Werkbund para aprimorar a produção industrial alemã, Mies van der Rohe convoca em 1927 os alemães Walter Gropius, Peter Behrens, Hans Scharoun, Adolf Schneck, Bruno e Max Taut, Ludwig Hilberseimer, Hans Poelzig, Adolf Rading e Richard Döcker; os franceses Le Corbusier e Pierre Jeanneret; os holandeses Jacobus Johannes Pieter Oud e Mart Stam; o belga Victor Bourgeois; e o austríaco Josef Franke, para construir com o lema "A Habitação" (die Wohnung), o Weißenhofsiedlung, segunda exposição promovida pelo Werkbund. O Weissenhofsiedlung relaciona-se, portanto, com os principais bairros habitacionais construídos em Frankfurt e em Berlim nos anos 1920 e 1930 e com os principais problemas de habitação e infra-estrutura urbana do período do final do século XIX até meados da década de 1930. Estes problemas foram ocasionados, entre outros, devido ao enorme incremento populacional verificado tanto nas cidades alemãs, especialmente Berlim, quanto nas demais cidades européias, mas também devido a questões sanitárias. Estas deficiências em termos de moradia e estrutura urbana provocaram a eclosão das propostas das Siedlungen, com foco na habitação social, e a conseqüente fundação do programa de ação moderno no país.17 “Se a relação entre arquitetura moderna e habitação social pode ser descrita como uma relação de origem, o que torna o Weißenhofsiedlung especial é sua dupla inserção como momento histórico: ao mesmo tempo, a sedimentação de um processo de afirmação da arquitetura moderna que vinha já de antes da guerra, para o qual é em parte colheita de resultados, mas também a possibilidade de catapultar internacionalmente, em uma dimensão ampliada, todas estas realizações, e nesse caso, constituindo uma etapa inaugural para semear o movimento no plano europeu e mundial. (...) O outro aspecto que singulariza o Weißenhofsiedlung é a condição especial de experimento conferida pela ocasião da exposição, e pela atuação decisiva de Mies nesse sentido“.18 variável como seu significado singular para a constituição do movimento moderno na arquitetura – como conjunto, o Weissenhofsiedlung compunha uma assertiva arquitetônica coerente.” Em: CABRAL, Cláudia Piantá Costa (2007), op. cit, pág. 1. 16 MUMFORD, Eric (2002). The CIAM discourse on urbanism, 1928-1960. Cambridge, Massachusetts: MIT Press, págs. 37-38. 17 PASSARO, Laís Bronstein (2002), op.cit., pág. 12. 18 CABRAL, Cláudia Piantá Costa (2007), op.cit., pág. 4. 8 Já em Berlim, as iniciativas remontam aos primeiros anos após a guerra. O Siedlung Eichkamp foi construído entre 1919-29 por Bruno e Max Taut, Martin Wagner e Franz Hoffmann e localiza-se no bairro de Charlottenburg-Wilmersdorf, oeste da cidade. O bairro fica em meio a floresta de Grünewald, e é vizinho da Messegelände, centro de convenções. Foi concebido para abrigar casas econômicas de 1 a 2 pavimentos destinadas para trabalhadores e operários. O Hufeisensiedlung Britz – ou bairro-ferradura – foi um dos primeiros grandes bairros habitacionais projetado para a periferia de Berlim. Construído entre 1925-27 com projeto de Bruno Taut e Martin Wagner, o bairro localiza-se a sudeste da cidade e incorpora barras de três pavimentos implantadas, em sua maioria, no sentido norte-sul e articuladas a partir de um núcleo central em forma de ferradura. As barras de diferentes comprimentos abrigam mais de 1.000 unidades residenciais e estão organizadas como quarteirões perimetrais que definem grandes áreas ajardinadas internas. Figuras 01 e 02: Hufeisensiedlung Britz O Onkel-Toms Hütte é projetado por Bruno Taut em parceria com Hugo Häring e Otto Rudolf Salvisberg. Construído em sete partes entre 1926-32, a Siedlung localiza-se em Zehlendorf, periferia da cidade, e abriga 1.105 unidades habitacionais em edifícios de dois a três pavimentos, além de 810 residências unifamiliares. Aqui, Taut renuncia ao emprego da edificação em linha da forma como foi até então sistematicamente aplicada e sugerida –implantada com sentido longitudinal orientado na direção norte sul, com áreas de estar voltadas para o oeste e áreas de dormir para o leste. Porém, Taut demonstra seu engajamento com a cultura moderna através da busca de uma relação equilibrada entre espaços livres e construídos, fazendo corresponder, para cada unidade térrea, uma área ajardinada de aproximadamente 200m². 9 Figuras 03 e 04: Onkel-Toms-Hütte Afrikanischestraße é o único complexo residencial projetado por Mies van der Rohe construído em Berlim. O conjunto, de 1925-27, consiste em quatro edifícios, dos quais três iguais, em linha, acompanhando a Afrikanische Straße, e um menor, composto por três volumes conectados formando a esquina. Cada edifício em linha abriga 88 apartamentos, e compõe-se de uma barra longa acompanhando o alinhamento da rua e dois blocos menores, colocados nas extremidades de cada barra e perpendiculares à rua e ao volume principal. Figuras 03 e 04: Afrikanischestrasse O bairro de Siemensstadt, projetado entre 1929-31 por Hans Scharoun, transfere para a prática em maior escala de intervenção a idéia de construir bairros habitacionais em meio a grandes e fluidas áreas verdes. O rígido sistema de quarteirões do tardio século XIX foi confrontado com um modelo urbanístico de estrutura construtiva e espacial modernas, conformando quarteirões abertos em meio ao verde. Os edifícios em linha, projetados por Walter Gropius, Otto Bartning, Hugo Häring, Fred Forbat, Paul Rudolf Henning e pelo próprio Scharoun, foram implantados ora perpendicularmente às ruas e ora seguindo o alinhamento das mesmas, sejam elas de traçado retilíneo, ou suavemente curvas. 10 Figuras 05 e 06: Siemensstadt Esta idéia de cidade proposta pelas vanguardas da arquitetura moderna no período do entreguerras influenciou diversas intervenções para a reconstrução de cidades européias no pósguerra. Porém, as características mais humanas das Siedlungen do entre-guerras – sua escala relativamente pequena e a uniformidade de altura – foram abandonadas no pós-guerra por lâminas altas com elevadores, muito separadas, em grandes áreas abertas. A produção das Siedlungen alemãs reflete-se no Brasil nitidamente na atuação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões, da Fundação da Casa Popular e do Departamento de Habitação Popular, estabelecendo também uma clara relação de origem entre a arquitetura moderna e a habitação social. Porém, se na Europa a vanguarda estava mais associada aos ideais socialistas, no Brasil ela se vinculou ao desenvolvimentismo.19 No estudo da realidade brasileira, destacaremos aqui a atuação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) e da Fundação da Casa Popular (FCP), primeiros órgãos federais que atuaram no setor da habitação social, e que receberam marcada a influência da produção alemã e da atuação dos primeiros CIAMs. Também merecerá atenção a pequena porém marcante produção do Departamento de Habitação Popular (DHP), que mantém a tradição do edifício linear reto ou curvo, porém incorporando características singulares da arquitetura moderna brasileira. Os Institutos de Aposentadoria e Pensões foram criados nos anos 1930 para cada categoria profissional e tinham como objetivo promover uma reorganização no setor previdenciário. Assim, mesmo que sua principal finalidade – benefícios previdenciários e assistência médica – não estivesse diretamente ligada à questão habitacional, eles proporcionaram um volume considerável de recursos para o financiamento de uma inédita experiência estatal de produção de moradias.20 No quadro de produção dos IAP’s, destaca-se, no Rio de Janeiro, o Conjunto Residencial do Realengo, projetado em 1943 por Carlos Frederico Ferreira para terreno em Realengo, subúrbio 19 20 Bonduki, Nabil. (1998), op. cit., pág. 144. Bonduki, Nabil. (1998), op. cit., pág. 101. 11 do Rio de Janeiro. O conjunto localiza-se próximo à linha férrea e compõe-se de 2.344 unidades habitacionais, entre casas e apartamentos, alem de infra-estrutura completa e serviços de caráter coletivo, como escola, creche, ambulatório, quadras esportivas, templo e horta florestal. Este, que foi o primeiro conjunto de grande magnitude construído no Brasil, já demonstra uma preocupação com temas como a diversidade e a heterogeneidade, uma vez que possibilitou a combinação de diversas tipologias – a casa isolada, a casa geminada, o bloco de apartamentos – e de diversas funções. A partir desta experiência de Realengo, o IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários) optará, de um modo geral, por blocos laminares nos centros urbanos e por casas geminadas nas cidades menores. O Conjunto de Realengo foi publicado em 1942, ainda em obras, no Brazil Builds, revelando ao mundo a emergência da arquitetura moderna brasileira.21 Figuras 07 e 08: Conjunto Residencial do Realengo A Fundação da Casa Popular (1946-64) foi o primeiro órgão federal destinado à provisão habitacional de baixa renda no Brasil. Instituída com o objetivo de enfrentar o problema da moradia de forma mais decisiva e centralizada do que os diversos Institutos e Caixas de Aposentadoria e Pensão, a FCP representava a primeira tentativa de implementação de uma política habitacional nacional, e contou com a participação dos arquitetos Affonso Eduardo Reidy, Henrique Mindlin e da engenheira Carmem Portinho, envolvidos com a produção habitacional de baixa renda e com a arquitetura moderna. Estes profissionais possuíam, contudo, uma visão de política habitacional distinta da adotada pela FCP. Enquanto a FCP se voltava para a construção de pequenos núcleos, sem equipamentos coletivos, eles se posicionavam a favor de grandes conjuntos habitacionais, providos de vários equipamentos, tão essenciais como a própria moradia. Principal realização da Fundação da Casa Popular, o Conjunto Residencial de Deodoro, projetado por Flávio Marinho Rego entre 1953-54, pode ser dito influenciado pela solução do Pedregulho, de Reidy – ainda que os terrenos diferenciem-se muito –, uma vez que busca articular barras serpenteantes com barras lineares. O projeto original previa duas serpentes, sendo uma significativamente maior; de um lado da serpente foram dispostas duas colunas com barras lineares perpendiculares à via de trânsito principal, e de outro duas barras lineares mais 21 Bonduki, Nabil. (1998), op. cit., págs. 164-165. 12 alongadas paralelas à via, alem de outras cinco menores perpendiculares. O projeto construído compõe-se de 1.314 unidades habitacionais e não foi executado por completo. Figura 09: Conjunto Residencial de Deodoro Também o Departamento de Habitação Popular do Distrito Federal (1946-62), órgão ligado à Prefeitura do Rio de Janeiro, buscava fornecer habitação para a população de baixa renda, incluindo neste grupo também os funcionários da prefeitura. O DHP, que teve nas figuras de Affonso Eduardo Reidy e Carmem Portinho seus maiores representantes, construiu ao todo quatro conjuntos habitacionais – Pedregulho, Paquetá, Marquês de São Vicente, e Vila Isabel –, mas nenhum foi completamente executado conforme o projeto original. Destacaremos aqui o projeto para o Pedregulho, o de maior repercussão na produção do DHP. Construído no Morro do Pedregulho em São Cristóvão, o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, ou Pedregulho, foi destinado para atender a demanda de habitação para funcionários da prefeitura. Sua obra teve início em 1947, e em novembro deste mesmo ano já começa a ser massivamente publicado. A engenheira Carmem Portinho, diretora do DHP, viabilizou a concretização do projeto e trabalhou na fiscalização da obra. O projeto de Reidy é composto de três edifícios de habitação – um imenso edifício serpenteante, construído na parte elevada do terreno, e adaptado à topografia do mesmo – e duas barras habitacionais menores localizadas na base do morro, que abrigam, ao todo, 328 unidades habitacionais (478 no projeto original); além disso, associam-se às habitações outros quatro edifícios que agregam uma série de funções como posto de saúde, lavanderia mecanizada, mercado, escola, ginásio, vestiários e piscina, proporcionando ao conjunto uma atraente diversidade funcional. O conjunto conta ainda com projeto paisagístico de Roberto Burle Marx e painéis de azulejo de autoria do próprio Burle Marx, alem de Cândido Portinari e Anísio Medeiros. O edifício principal, o bloco serpenteante ou bloco A, tem 7 pavimentos suspensos sobre pilotis escorados no morro. O acesso se dá pelo terceiro andar, um pavimento livre que é a 13 concretização da rua pública proposta por Le Corbusier para suas Unités e empregada com menos sucesso por Niemeyer em seu projeto para o Hansaviertel em 1957 em Berlim. A partir deste nível, desenvolvem-se dois andares para baixo com apartamentos comuns e quatro para cima, com apartamentos duplex. Nesta imensa área pública, foram instalados, além do acesso, áreas destinadas para comércio e serviços e recreação. Os apartamentos duplex são de dois quartos, e o corredor de acesso aos mesmos é marcado pela presença do elemento vazado, que caracteriza a fachada posterior do bloco. Figuras 10 e 11: Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, o Pedregulho É importante ressaltar, de acordo com BONDUKI (1998), que, em que pese o fato de o Pedregulho realmente ocupar uma posição de destaque no quadro da arquitetura moderna brasileira, ele não pode ser visto nem como obra isolada, nem como ponto de partida, já que insere-se em um contexto de uma série de projetos e obras anteriores, realizados entre 1937-50, que já abordavam o problema da habitação social sob a ótica das vanguardas modernas. Neste contexto, o projeto de Reidy deixa de ser exceção e mostra-se como parte de um processo de reflexão coletiva sobre o tema, que teve início na década de 30, influenciado pelo debate internacional e pelas realizações da social-democracia européia no entre-guerras. A HABITAÇÃO SOCIAL E AS VANGUARDAS MODERNAS Resultado do contexto histórico que vivia a Europa, a arquitetura moderna surge quase como um dogma a ser seguido pela geração do entre-guerras. Legitimada pela situação sócio-econômica vivida pela população subseqüente à revolução industrial, esta forma de conceber, largamente empregada para resolver o tema da habitação econômica, recebeu o apoio dos CIAMs, em particular o de Frankfurt (1929), no qual o tema foi abordado e aprofundado, já com novas contribuições, principalmente dos arquitetos alemães. No Brasil, a influência do CIAM de Frankfurt e das Siedlungen construídas no período do entreguerras é nítida na produção dos conjuntos habitacionais construídos entre os anos 1937 e 1950, particularmente naqueles empreendidos pelos IAPs. A arquitetura moderna, catapultada internacionalmente no entre-guerras por meio de projetos de cunho habitacional, afirma-se no Brasil, entre outros, também sob influência dos conjuntos habitacionais. 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARGAN, Giulio Carlo (2001). Projeto e Destino. São Paulo: Editora Ática. AYMONINO, Carlo (1973). La vivienda racional. Ponencias de los congressos CIAM 19291930. 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