Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 DETECÇÃO DE OBSTÁCULOS PARA ROBÔ AUTÔNOMO DE INSPEÇÃO DE LINHA VIVA USANDO DISTÂNCIA DE MAHALANOBIS Thiago Alberto Barbosa∗, Cleber Vinı́cius Ribeiro de Almeida†, Marco Antonio dos Reis†, Plinio Barbosa da Silva†, Samy Marcelo Nascimento†, Vitor Nascimento Varandas† ∗ Universidade Estadual de Feira de Santana - Departamento de Tecnologia Av. Transnordestina, S/N Feira de Santana, Bahia, Brasil † SENAI CIMATEC Av. Orlando Gomes, 1850 Salvador, Bahia, Brasil Emails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Abstract— This article’s objective is to present an Obstacles Detection System developed to autonomous inspection power line robot. The article takes into account the implementation aspects related to hardware and software. The main component of this system is a Laser Scan sensor. Data from this sensor are processed using Mahalanobis distance which is able to determine the similarity between sensor reading and one reference’s standard. Based on that information the obstacles are detected, enabling the robot’s transposition. The system proposed was tested in laboratory, reproducing real conditions. Tests’ results have showed a system with good speed and efficiency. Autonomous Robot, Inspection, Power Line, Mahalanobis Distance, Laser Scan Keywords— Resumo— O objetivo deste trabalho é apresentar um sistema de detecção de obstáculos desenvolvido para um robô autônomo de inspeção de linhas vivas. O trabalho aborda tanto aspectos de implementação de hardware, quanto de software. O principal componente do sistema é um sensor de varredura a Laser (Laser Scan). Os dados desse sensor são processados utilizando a distância de Mahalanobis que é capaz de determinar a similaridade entre a leitura do sensor e um padrão de amostras. Baseado nessa informação os obstáculos são detectados, permitindo que o robô o transponha. O sistema proposto foi testado em laboratório, reproduzindo condições reais. Os resultados dos testes demonstram a rapidez e eficácia do sistema desenvolvido. Palavras-chave— 1 Robô Autônomo, Inspeção, Linha Viva, Distância de Mahalanobis, Varredura a Laser Introdução buscam verificar a integridade fı́sica dos componentes das linhas, em termos de fissuras, corrosão e eventuais danos que venham a prejudicar o fornecimento de energia elétrica. A captação de imagens térmicas possibilita a identificação de elevações na temperatura dos cabos, o que é um indı́cio de possı́veis pontos de ruptura. Por outro lado, a captação de imagens convencionais, utilizando uma câmera de espectro visı́vel, permite que as condições do local onde as torres são instaladas sejam inspecionadas, pois a vegetação e eventuais construções deverão ser mantidas a uma distância mı́nima segura, evitando assim interferências no funcionamento da linha. Realizar estes tipos de inspeções é uma tarefa complexa, e durante vários anos, essa atividade vem sendo executada através de aeronaves tripuladas. O uso deste tipo de aeronave resulta em um procedimento operacional com grau de risco elevado, além de alto custo. A expressão Robótica Avançada é normalmente utilizada para se referir à ciência que estuda robôs com caracterı́sticas marcantes de autonomia, cujas as aplicações buscam resolver problemas de operação em ambientes hostis, além de outros tipos de serviços mais complexos (Sciavicco and Siciliano, 2000). A motivação que norteia o estudo dessa ciência sempre gira em torno da idéia de melhorar a qualidade de vida dos seres humanos. O Setor Elétrico é um dos setores industriais de maior relevância na atualidade. A robustez do Sistema Elétrico de um determinado paı́s tem impacto direto na qualidade de vida do cidadão comum, e tem impacto até mesmo na capacidade de desenvolvimento econômico do paı́s. Desta forma é fácil perceber a importância estratégica que têm os sistemas de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia. Uma aplicação importante conecta esses dois ramos da engenharia: a inspeção das linhas de transmissão e distribuição de um sistema de energia elétrica. Inspeções térmica e visual de linhas de energia Diante da importância de se realizar o procedimento de inspenção, e da complexidade atual para realização desta tarefa, algumas alternativas vem sendo pensadas recentemente. Esse é o caso, por exemplo, do robô teleoperado desenvolvido por (Montambault and Pouliot, 2007). Existe 1530 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 ainda uma abordagem alternativa utilizando veı́culo aéreo não-tripulado, como o desenvolvido em (Rangel et al., 2009). É neste cenário que surge a idéia de se desenvolver um robô autônomo que realize inspeções térmica e visual em cabos de linhas energizadas de 138 kV. Em relação as alternativas existentes atualmente o robô proposto se destaca pelo fato de possuir operação autônoma, além de baixo peso. Robôs autônomos tem a capacidade de decidir que ações tomar utilizando apenas informações do ambiente e das restrições que o seu próprio sistema mecânico impõe. A capacidade que esse tipo de sistema robótico tem de ter uma percepção do ambiente é proveniente do seu sistema de sensoriamento. A área de sensoriamento é uma área bastante vasta e desenvolvida na engenharia. A concepção de um sistema como esse é complexa e envolve aspectos que vão desde a aquisição e condicionamento de sinais, até a etapa de processamento de dados, para que o sistema de controle possa tomar as melhores decisões. Esse trabalho se propõe a descrever de forma detalhada a concepção e implementação de um sistema de monitoramento utilizado para a detecção de obstáculos em um robô autônomo usado para inspecionar linhas viva de transmissão de energia elétrica. A seção 2 é dedicada a apresentar de forma breve o robô que foi desenvolvido, o qual possui o sub-sistema dedicado a detecção de obstáculos. A seção 3 apresenta em detalhes o subsistema que realiza a detecção de obstáculos, e que é o foco principal deste trabalho. Na seção 4 são descritos os testes e resultados obtidos. Por fim, a seção 5 fica responsável por fazer um fechamento do trabalho desenvolvido. 2 Figura 1: Lagarta Caterpillar em deslocamento Figura 2: Conceito do Robô Autônomo desenvolvido esta parte do robô, inclusive o Laser Scan e o sensor Ultrassonico. Por outro lado, na parte central do dispositivo se encontra o módulo (ou unidade) de apoio, mostrado na Figura 4. Uma importante função desse módulo é servir de ponto de apoio para o robô durante a operação de ultrapassagem de obstáculos, diminuindo o efeito de alavanca proveniente do peso dos módulos de tração durante a rotina de ultrapassagem de obstáculos. É também na unidade de apoio que se localiza a eletrônica embarcada que controla o robô. Descrição da Plataforma Robótica O conceito do robô autônomo em questão foi bioinspirado no movimento de uma lagarta Caterpillar, mostrada na Figura 1. O movimento desta lagarta é provido a partir de dois pontos distintos de seu corpo: um ponto na parte traseira, e outro na parte dianteira. A lagarta se locomove através de movimentos sucessivos, onde ela aproxima a parte traseira da dianteira formando um ”U”. O robô foi projetado para se deslocar de forma similar a lagarta quando for preciso ultrapassar um obstáculo. Um esboço da estrutura mecânica do robô é apresentado na Figura 2. Esse dispositivo possui três módulos principais, sendo dois módulos de tração e um de apoio. Os módulos de tração são responsáveis por prover a força motora do dispositivo, que proporciona o deslocamento do robô ao longo da linha de energia, podendo ser visto na Figura 3. O conjunto de garras presentes aı́ são responsáveis por manter o robô preso ao cabo. Além disto, parte significativa dos sensores estão anexadas a Figura 3: Módulo de Tração O processo de ultrapassagem de obstáculos do robô é ilustrado através da Figura 5. No primeiro momento, ilustrado na Figura 5 (a), o robô se aproxima de um obstáculo, que é identificado. Nesse momento se inicia o procedimento de ultrapassagem. A Figura 5 (b) mostra o módulo de tração dianteiro já aberto. A Figura 5 (c) apresenta a fase intermediária do processo, e por fim, a 1531 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 Figura 4: Unidade de Apoio Figura 5 (d) mostra o módulo traseiro aberto, que é a parte final do movimento de ultrapassagem. 3 Sistema de Detecção de Obstáculos A operação de um robô autônomo se apoia em alguns processos de tomada de decisão. No caso de um robô de inspeção de linhas viva, a atividade mais crı́tica é a ultrapassagem de obstáculos. Durante o processo de inspeção, o robô de inspeção deve ser capaz de ultrapassar obstáculos como os grampos de suspensão, isoladores e jumpers. Esses obstáculos são exemplificados na Figura 6. Outro aspecto importante é que o sistema tenha a capacidade de identificar emendas no cabo, já que nestes pontos a inspeção deve ser mais detalhada. Ao longo desta seção serão discutidos aspectos de hardware e de software do sistema implementado. 3.1 Arquitetura e Componentes O sistema de identificação de obstáculos é composto pela combinação de duas estratégia de sensoriamento que são complementares. A primeira parte do sistema utiliza um sensor Ultrassônico, e a segunda parte do sistema fica a cargo de um sensor de varredura a Laser (Laser Scan). O sensor Ultrassônico busca identificar os obstáculos a uma distância mais longa. Essa tarefa não poderia ficar a cargo do Laser Scan devido a angulação escolhida para a sua operação, que prioriza medições mais próximas do robô. O Laser Scan foi posicionado com um ângulo que possibilita leituras precisas do cabo, possibilitando inclusive a identificação de alterações menos significativas no cabo, que é o caso das emendas. O Laser Scan passa a ser a ser a principal referência para o algoritmo de controle a partir do momento que o sensor Ultrassônico identifica que há um obstáculo logo a frente. 3.1.1 Figura 5: Procedimento de Ultrapassagem de Obstáculo Sensor Ultrassônico Figura 6: Tipos padrão de Obstáculos encontrados em Linha Viva A primeira parte do sistema de sensoriamento é feita por um sensor ultrassônico modelo MB1033 da série HRLV-MaxSonar-EZ3T M , mostrado na Figura 7. Esse sensor é fabricado e comercializado 1532 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 pela MAXBOTIX. As caracterı́sticas que destacam o sensor MB1033 são a resolução de 1 mm, range de 30 cm a 5 m, frequência de operação 42 kHz taxa de atualização de 10 Hz e múltiplas saı́das de sinal (RS232, Analógica e largura de pulso). como o Laser Scan Hokuyo, foram utilizadas bibliotecas do ROS. 3.2 A utilização de um sensor Laser Scan para o sistema de inspeção em questão torna-o um sistema multidimensional, já que a cada varredura são tomadas diversas leituras com angulação incremental. Sistemas deste tipo tem desempenho bastante satisfatório quando se utiliza uma escala de medida multidimensional (Taguchi and Jugulum, 2002). A Distância de Mahalanobis (MD) mede a distância em um espaço multidimensional levando em conta as correlações presentes. A MD é bastante sensı́vel a estrutura de correlação do grupo de referência. Na sua forma clássica, a MD é utiliza para encontrar a ”proximidade” de uma medida desconhecida em relação a um grupo. Existem outras técnicas de medição multivariável, com a Distância Euclidiana, mas nesse caso a distribuição dos pontos no grupo não é levada em conta. A Figura 9 apresenta uma comparação entre os dois métodos citados. São consideradas duas variáveis, X1 e X2. Na Figura, a forma elı́ptica se refere ao limite de Mahalanobis, enquanto a forma circular a Euclidiana. Supondo duas amostras A e B sendo adicionadas ao sistema. Para a Distância Euclidiana, esses dois pontos seriam classificados de forma semelhante, já que ambos estão a uma mesma distância do centro do circulo. Porém, o ponto A é claramente mais próximo do grupo de referência do que o B, e a Distância de Mahalanobis, por levar em conta a distribuição do grupo de referência, é capaz de identificar essa diferença (Taguchi and Jugulum, 2002). Figura 7: Sensor Ultrassônico MB1033 3.1.2 Distância de Mahalanobis Sensor de Varredura a Laser (Laser Scan) O sensor Laser Scan utilizado é o UTM30LX/LN, produzido pela HOKUYO AUTOMATIC CO.,LTD, que é mostrado na Figura 8. Esse sensor tem resolução angular de 0.25o e faixa de irradiação padrão de 270o , mas é limitado em software para uma faixa de 90o , que é suficiente para a identificação dos obstáculos na linha. Esse modelo trabalha a uma velocidade de 25 milissegundos por varredura. Esse modelo opera em duas dimensões apenas. Figura 8: Sensor Hokuyo 3.1.3 Unidade de Processamento e Plataforma de Software O sistema de processamento central utiliza um computador de placa única (SBC) baseado no padrão PC/104-Plus, modelo CoreModule 745, produzido pela empresa Adlink Technology Inc. O plataforma de software utilizado para gerenciamento e controle do robô foi baseado na plataforma ROS (Robot Operating System). O ROS é uma plataforma open source que provê ferramentas e bibliotecas para auxiliar desenvolvedores a criar aplicações robóticas. Para o gerenciamento da aquisição de dados provenientes dos sensores, Figura 9: Comparativo entre Distância de Mahalanobis e Distância Euclidiana O sistema descrito neste trabalho utiliza a distância de Mahalanobis (Mahalanobis, 1936) para o problema de identificação e classificação de obstáculos. Para motivar a definição matemática da Distância de Mahalanobis é considerado um conjunto de pontos caracterizado por dois parâmetros x = (x1 , x2 ) (Criado et al., 2011). Conhecendo 1533 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 uma amostra aleatória de N pontos, se deseja estimar a probabilidade de que um dado ponto pertença àquele conjunto. É natural assumir que essa probabilidade vai ser maior, quanto mais próximo o ponto investigado esteja do vetor médio µ = (µ1 , µ2 ), e por consequência, quanto menor for a √ distância d(x, µ) = (x1 − µ1 )2 + (x2 − µ2 )2 . Por outro lado, também é natural levar em consideração o desvio-padrão das variáveis aleatórias (σ1 e σ2 ), e finalmente considerar se essas variáveis estão correlacionadas. Desta forma, uma maneira propı́cia para definir essa distância leva em consideração a matriz de covariância σ 1 σ21 Σ=( 1 ). σ12 σ21 Por fim, isto leva a definição da Distância de Mahalanobis dada em (Mahalanobis, 1936), conforme visto na Equação 1 √ dm = (x − µ)Σ−1 (x − µ)T , (1) Espaço de Mahalanobis. É necessário realizar esse ciclo de operação apenas uma vez, e esses dados servem de informação de entrada para a segunda parte do algoritmo. Aquisição de Dados do Conjunto de Referência (Laser Scan) Geração dos Vetores Médios e Desvios-Padrão Geração da Matriz de Covariância e da Mat. Cov. Inversa Espaço de Mahalanobis (Entrada para a rotina de tempo real) onde a variável x é a amostra que se deseja investigar, Σ−1 é a inversa da matriz de covariância, e µ é o vetor médio das amostras do conjunto de referência. Esse resultado é facilmente extensı́vel para casos multivariáveis com mais de 2 parâmetros. A base de dados contendo as médias, os desvios-padrão, e a estrutura de correlação das variáveis do conjunto de referência é habitualmente chamado de Espaço de Mahalanobis. 3.3 Figura 10: Fluxograma de geração do Espaço de Mahalanobis A segunda parte do algoritmo consiste da rotina onde a Distância de Mahalanobis é calculada quando o robô esta operando. A MD é calculada para cada leitura que o Laser Scan faz durante a operação do Robô Autônomo na linha, conforme pode ser visto na Figura 11. Após o cálculo da MD, o obstáculo é classificado de acordo com o valor encontrado. E finalmente essa informação serve de dado de entrada para o Módulo de Controle do Robô Autônomo que toma a decisão sobre a forma de ultrapassagem. Algoritmo de Identificação de Obstáculos É possı́vel encontrar na literatura diferentes soluções para o problema de identificação de obstáculos em uma linha de transmissão de energia. Um exemplo disto é a técnica que utiliza processamento de imagens para identificar os obstáculos (Fu et al., 2006) (Zuo et al., 2009). A solução adotada para o dispositivo robótico descrito nesse artigo, baseia-se na utilização de um sensor Laser Scan e de um algoritmo que utiliza o princı́pio da distância de Mahalanobis. Esta estratégia apresenta um ótimo desempenho computacional já que o processamento da distância de Mahalanobis é feito de forma bastante rápida, conforme pode ser verificado na etapa de testes. O algoritmo é composto de duas etapas. A primeira etapa consiste na obtenção dos dados de referência, que após processados formaram o Espaço de Mahalanobis. A Figura 10 apresenta o fluxograma que descreve essa etapa. As amostras de referência são tomadas em um ambiente onde o sensor esteja lendo apenas o cabo, que é a condição normal de operação. Esses dados de referência são os dados de entrada para o cálculo dos vetores médios e desvios-padrão de cada medição com diferentes ângulos que é feita na varredura do sensor. Baseado nessas amostras de referência também é gerada uma matriz de correlação, e a sua inversa, já que a matriz de covariância inversa é parte do Aquisição de Dados Operando em Tempo Real (Laser Scan) Espaço de Mahalanobis Cálculo da Distância de Mahalanobis Avaliação do Resultado (Classificação do obstáculo) Dado de Entrada para Módulo de Controle do Robô Figura 11: Fluxograma do cálculo da DM 1534 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 4 Testes e Resultados Obtidos O sistema descrito foi testado em laboratório. A plataforma de testes utilizada foi montada nas dependências do SENAI CIMATEC em Salvador/BA. A Figura 12 apresenta a estrutura utilizada. Esse ambiente de testes reproduz os tipos de obstáculos que o robô vai encontrar em operação, permitindo testes de ultrapassagem de obstáculos e identificação de emendas. O vão de testes montado possui dois grampos de ancoragem e um grampo de suspensão, formando um jumper, além de uma emanda no cabo. A Figura 13 mostra o robô posicionado na linha para realização de testes. Figura 14: Padrão de resultados obtidos: Distância de Mahalanobis X Amostras O Espaço de Mahalanobis gerado para o sistema de detecção de obstáculos considera que a leitura de referência do Laser Scan é a leitura de cabo. O número que representa a Distância de Mahalanobis assume pequenos valores quando o sensor esta fazendo leitura apenas do cabo. No caso das emendas, cuja espessura é apenas alguns milı́metros maior que o cabo convencional, a MD já apresenta valores maiores, já que essa medida começa a se distanciar do espaço de referência considerado. Essa mudança de perfil no resultado do processamento pode ser percebida no gráfico da Figura 14. Ao se aproximar de um obstáculo real, como uma cadeia de isoladores, a MD tem um aumento significativo. É nesse momento que se inicia a rotina mecânica de ultrapassagem do obstáculos. A garra da unidade de tração se abre e a parte da frente do robô se desprende do cabo. O robô se desloca para frente com o Laser Scan fazendo medições de pontos distantes do cabo, e consequentemente distante de seu padrão de referência. Na etapa final da rotina mecânica de ultrapassagem, o módulo de tração onde o sensor essa fixado se reaproxima do cabo, já do lado oposto ao obstáculo. Ao encontrar valores mais baixos de MD, o algortimo de controle percebe essa reaproximação o que vai permitir o comando de fechamento da garra, finalizando o processo. Figura 12: Plataforma de testes 5 Figura 13: Teste do robô em laboratório Conclusões O sistema de detecção de obstáculos implementado se mostrou eficiente durante os testes realizados. A estratégia de associação do Laser Scan com o algoritmo de Mahalanobis se mostrou bastante adequada. Conforme resultados apresentados na seção anterior, o sistema foi capaz de diferenciar até mesmo pequenas alterações no cabo, como as emendas. Isso demonstra uma sensibilidade elevada da arquitetura desenvolvida. A velocidade de processamento obtida com o algoritmo resultou em um desempenho bastante satisfatório, principalmente se for considerado a velocidade mode- O algoritmo foi avaliado em um processador Intel Core 2 Duo @ 3.00 GHz, 4GB de memória RAM. O tempo de processamento ficou na ordem de 300 milissegundos. O desempenho do algoritmo é fator importante, pois deve estar adequado ao funcionamento do restante do sistema, estando em sintonia tanto com o sistema de controle quanto com a parte mecânica em si. Os resultados dos testes realizados na linha do laboratório podem ser observado através do gráfico mostrado na Figura 14. 1535 Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 rada de locomoção deste dispositivo robótico. Agradecimentos O projeto desse robô autônomo é um desenvolvimento no âmbito dos editais de P&D da ANEEL, sendo fomentado pela CEMIG Distribuição S/A, e por ela identificado como ”D311 - Robô de Inspeção de Linha”. Os autores agradecem a CEMIG e a ANEEL por fomentarem financeiramente o projeto. Os autores agradecem também, de forma especial, ao SENAI CIMATEC, instituição responsável por prover a estrutura necessária ao desenvolvimento do projeto. Referências Criado, C., Alamo, N., Rabal, H. and Cap, N. (2011). Decision and classification problems using mahalanobis statistical distance, Eighth International Conference on Fuzzy Systems and Knowledge Discovery (FSKD) pp. 1012–1016. Fu, S., Li, W., Zhang, Y., Liang, Z., Hou, Z., Tan, M., Lian, W. Y. B. and Zuo, Q. (2006). Structure-constrained obstacles recognition for power transmission line inspection robot, Proceedings of the 2006 IEEE/RSJ International Conference on Intelligent Robots and Systems pp. 3363–3368. Mahalanobis, P. C. 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