PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS ESCOLA DE NEGÓCIOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPAD MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO CLÁUDIO SÉRGIO MOREIRA ANÁLISE DE RISCO BASEADO NO CASH FLOW AT RISK: UM ESTUDO EMPÍRICO DO EDITAL 003/2007 DE CONCESSÃO DA RODOVIA BR-101 LOTE 7 – TRECHO CURITIBA A FLORIANÓPOLIS CURITIBA - PR 2009 CLÁUDIO SÉRGIO MOREIRA ANÁLISE DE RISCO BASEADO NO CASH FLOW AT RISK: UM ESTUDO EMPÍRICO DO EDITAL 003/2007 DE CONCESSÃO DA RODOVIA BR-101 LOTE 7 – TRECHO CURITIBA A FLORIANÓPOLIS Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração, área de concentração em Administração Estratégica. Orientador: Prof. Dr. Wesley Vieira da Silva Co-orientador: Prof. Dr. Alceu Souza CURITIBA - PR 2009 3 Dados da Catalogação na Publicação Pontifícia Universidade Católica do Paraná Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR Biblioteca Central M838a 2009 Moreira, Cláudio Sérgio Análise de risco baseado no cash flow at risk : um estudo empírico do edital 003/2007 de concessão da Rodovia BR-101 lote 7 – trecho Curitiba a Florianópolis / Cláudio Sérgio Moreira ; orientador, Wesley Vieira da Silva ; co-orientador, Alceu Souza. -- 2009. 168 f. : il. ; 30 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2009 Inclui bibliografia: p. 159-164 1. Administração financeira. 2. Fluxo de caixa. 3. Rodovia Translitorânea Pedágio e tarifas. 4. Concessões administrativas. I. Silva, Wesley Vieira da. II. Souza, Alceu. III. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana. IV. Título. CDD 20. ed. – 658.15 Dedico este trabalho à Rhona, minha esposa amada, que soube me compreender, apoiar e pacientemente esperar, enquanto eu caminhava nesta nova jornada da minha vida acadêmica. A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original. Albert Einsten 6 AGRADECIMENTOS Formalizo meus agradecimentos ao Prof. Dr. Wesley Vieira da Silva que com sabedoria e profissionalismo conduziu magnificamente os trabalhos de orientação desta dissertação. Sou imensamente grato pelo seu apoio e por acreditar na minha capacidade. Agradeço ao Prof. Dr. Alceu Souza, pelos seus préstimos na coorientação desta pesquisa, pois com sua larga experiência em finanças e sabedoria teve importante contribuição nos trabalhos desenvolvidos. Aos demais professores do corpo docente do programa de mestrado em administração que souberam conduzir com maestria as aulas e os trabalhos propostos e que certamente foram os grandes responsáveis pela minha formação como um pesquisador. Agradecimento especial aos professores: PhD. Luiz Carlos Duclós, a quem sou grato, pela sua especial dedicação prestada nos trabalhos de orientação na construção de artigos científicos; e Dr. Lauro Brito de Almeida, pelas importantes contribuições realizadas ainda na oportunidade da defesa de banca de qualificação deste trabalho. Agradeço às secretárias do PPAD que, com presteza e simpatia, sempre executaram os serviços de secretaria com qualidade, fazendo com que as comunicações, materiais e toda logística funcionasse normalmente. Agradeço à reitoria e ao corpo docente da UNERJ que me incentivaram e apoiaram nesta jornada acadêmica. Agradeço também aos professores e amigos da UNIVILLE, que me incentivaram a participar deste programa de Mestrado. As secretárias do PQD da UNIVILLE que souberam conduzir muito bem a logística do curso integrada à secretaria do PPAD da PUCPR. Agradeço ainda a diretoria e funcionários e amigos das empresas INFRASUL e FREITAS ASSESSORIA pelo apoio e incentivo que me deram nos momentos em que precisei abdicar ao trabalho em função dos estudos. Finalmente, agradeço a minha esposa Rhona, meus filhos, Thiago e Mayara, aos meus pais, Valmor e Erondina e ao meu irmão, Paulo e família, pelo incondicional e entusiasmado apoio que me ofertaram, impelindo-me à conclusão do Mestrado, mesmo à custa da subtração de preciosas horas de nosso convívio familiar. 7 RESUMO Esta pesquisa é um estudo empírico, dedicado à análise de risco baseado no Cash Flow at Risk, do Edital 003/2007, de concessão da Rodovia BR-101, Lote 7, Trecho Curitiba a Florianópolis. A gestão de riscos financeiros em empresas não financeiras tem-se apoiado em métodos como a Simulação de Monte Carlo e a técnica de Análise de Cenários, aliados às métricas financeiras: Cash Flow at Risk, Value at Risk, TIR, VPL, Pay-back, ROIA, ROI, ROA, EVA, IBC, entre outras, com a finalidade de mensurar a probabilidade de perda financeira em projetos. O edital de concessão rodoviária 003/2007 da ANTT apresenta os Estudos Indicativos para a formulação da Tarifa Básica de Pedágio Máxima, que pode ser aceita no leilão público, que aconteceu em outubro/2007. Assim, o objetivo desta pesquisa é mensurar a probabilidade de perdas financeiras, a partir do estudo das demonstrações de resultado e do fluxo de caixa propostos pelo edital 003/2007. Com o objetivo de mensurar os indicadores associados à rentabilidade, agregação de valor e de risco é proposto um modelo conceitual. O modelo conceitual, aplicado às projeções financeiras em planilha Excel, por meio da técnica de análise de cenários e do método da Simulação de Monte Carlo, resultou nos indicadores financeiros tabulados com nível de confiança de aproximadamente 95%. O horizonte de tempo da concessão da rodovia BR-101, Lote 7 é de 25 anos e apresenta os resultados originais para os seguintes indicadores: (a) TIR: 8,82% ao ano; (b) TMA: 6% ao ano; (c) ROIA: 2,91% ao ano; (d) VPL do fluxo de caixa: R$ 266.255 mil; (e) VPL do fluxo de lucro líquido: R$ 746.438 mil; (f) Pay-back: 19 anos. Os resultados obtidos para este negócio, com o nível de confiança de 95%, no pior cenário simulado, constituído pela redução do fluxo de tráfego em 15% e pelo aumento da TMA em 2%, são iguais ou maiores que: (a) TIR: 7,01% ao ano; (b) TMA: 8% ao ano; (c) ROIA: -1,37% ao ano; (d) VPL do fluxo de caixa: - R$ 76.603 mil; (e) VPL do fluxo de lucro líquido: R$ 468.109 mil; (f) Pay-back: maior que 25 anos; (g) EaR: - R$ 278.329 mil; e (h) CFaR: - R$ 342.858 mil. Palavras-chave: Cash Flow at Risk; Earning at Risk; ROIA; VPL; TIR; Concessão de Rodovias; Simulação de Monte Carlo; gestão de riscos. 8 ABSTRACT This current research is an empirical study, aiming the risk analysis based on the Cash Flow at Risk, Issuance 003/2007, concession of the Highway BR-101, Batch 7, route from Curitiba to Florianópolis. The financial risk management in non-financial companies, has been supported by methods such as the Monte Carlo Simulation and the Scenario Analysis technique, allied with the financial metrics: Cash Flow at Risk, Value at Risk, TIR, VPL, Pay-back, ROIA, ROI, ROA, EVA, IBC, among others, aiming to measure the probability of financial losses in projects. The highway concession issuance 03/2007 from ANTT, introduces the Indicative Studies, for the formulation of the Maximum Basic Toll Fare, which can be accepted on the public auction happened in October/2007. Therefore, the objective of this research is to measure the probability of financial losses, from the result demonstrations study and the cash flow proposed by the issuance 03/2007. Aiming to measure the indicators associated with the profitability, value and risk aggregation, a conceptual model is proposed. The conceptual model, applied to the financial projections in Excel sheet, making use of the scenario analysis technique and the Monte Carlo Simulation method, resulted the financial indicators established with a 95% trust level. The time line for the highway BR-101 concession, Batch 7 is 25 years and shows the original results for the following indicators: (a) TIR: 8,82% year; (b) TMA: 6% year; (c) ROIA: 2,91% year; (d) VPL from the cash flow: R$ 266,225 thousand; (e) VPL from the net profit flow: R$ 746,438 thousand; (f) Pay-back: 19 years. The results obtained for this business, with the trust level of 95%, at the worst simulated scenario, constituted by the traffic level reduction in 15% and by the raise of the TMA in 2%, are the same or greater than: (a) TIR: 7,01% year; (b) TMA: 8% year; (c) ROIA: -1,37% year; (d) VPL from the cash flow: -R$ 76,603 thousand; (e) VPL from the net profit flow: R$ 468,109 thousand; (f) Pay-back: greater than 25 years; (g) EaR: -R$ 278,329 thousand; and (h) CFaR: -R$ 343,858 thousand. Key-words: Cash Flow at Risk; Earning at Risk; ROIA; VPL; TIR; Highway Concession; Monte Carlo Simulation; risk management. 9 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 – Cálculo do Ganho Adicional..................................................................34 Equação 2 – Cálculo do VPL......................................................................................36 Equação 3 – Cálculo da TIR.......................................................................................38 Equação 4 – Cálculo do ROIA....................................................................................41 Equação 5 – Cálculo do ROI......................................................................................42 Equação 6 – Cálculo do RSPL...................................................................................43 Equação 7 – Cálculo do MAF.....................................................................................43 Equação 8 – Cálculo Alternativo do RSPL.................................................................43 Equação 9 – Cálculo do Pay-back Time....................................................................46 Equação 10 – Cálculo do Ponto de Fisher.................................................................49 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Ilustração do Público Potencial Interessado na Pesquisa.........................24 Figura 2 – Localização dos Lotes Objeto do Leilão Público da ANTT.......................26 Figura 3 – Valor do VPL em Função da Taxa de Desconto e da TIR........................36 Figura 4 – Esquema para o cálculo do ROIA.............................................................41 Figura 5 – Relação TMA e TIR...................................................................................47 Figura 6 – Ponto de Fisher (11,98%) com Limite Para a Variabilidade da TMA........48 Figura 7 – Método Direto versus Indireto para Formulação da DFC..........................50 Figura 8 – Risco Específico versus Risco de Mercado..............................................58 Figura 9 – A Administração Financeira Moderna.......................................................61 Figura 10 – Distribuição de Probabilidade do Retorno...............................................62 Figura 11 – Fluxograma dos Cenários Alternativos...................................................97 Figura 12 - VPL em função da variação do fluxo de tráfego em -15%.....................110 Figura 13 – VPL em função da variação do fluxo de tráfego em +15%...................111 Figura 14 – VPL em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%......112 Figura 15 – VPL em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15%......112 Figura 16 – VPL em função da variação dos custos e desp. operac. em -15%.......113 Figura 17 – VPL em função da variação dos custos e desp. operac. em +15%......114 Figura 18 – VPL em função da variação dos investimentos em -15%.....................114 Figura 19 – VPL em função da variação dos investimentos em +15%....................115 Figura 20 – TIR em função da variação do fluxo de tráfego em -15%.....................117 Figura 21 – TIR em função da variação do fluxo de tráfego em +15%....................118 Figura 22 – TIR em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%........118 Figura 23 – TIR em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15%.......119 Figura 24 – TIR em função da variação dos custos e desp. operac. em -15%........120 Figura 25 – TIR em função da variação dos custos e desp. operac. em +15%.......120 Figura 26 – TIR em função da variação dos investimentos em -15%......................121 Figura 27 – TIR em função da variação dos investimentos em +15%.....................122 Figura 28 – ROIA em função da variação do fluxo de tráfego em -15%..................124 Figura 29 – ROIA em função da variação do fluxo de tráfego em +15%.................124 Figura 30 – ROIA em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%.....125 Figura 31 – ROIA em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15%....126 11 Figura 32 – ROIA em função da variação dos custos e desp. operac. em +15%....127 Figura 33 – ROIA em função da variação dos custos e desp. operac. em -15%.....127 Figura 34 – ROIA em função da variação dos investimentos em +15%..................128 Figura 35 – ROIA em função da variação dos investimentos em -15%...................129 Figura 36 – Resultados dos Fluxos de Caixa Acumulados......................................131 Figura 37 – CFaR em função da variação da TMA..................................................134 Figura 38 – Resultados dos Lucros Acumulados.....................................................136 Figura 39 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15%................................................................................................137 Figura 40 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15%.................................................................................................137 Figura 41 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação da Tarifa Básica de Pedágio em +15%...............................................................................................138 Figura 42 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação dos Custos e Despesas Operacionais em +15%...........................................................................139 Figura 43 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação dos Custos e Despesas Operacionais em -15%............................................................................140 Figura 44 – EaR em função da variação da TMA....................................................143 Figura 45 – Pay-back descontada a TMA................................................................144 Figura 46 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% com TMA de 4% ao ano...........................................................................................146 Figura 47 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% com TMA de 6% ao ano...........................................................................................146 Figura 48 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% com TMA de 8% ao ano...........................................................................................147 Figura 49 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% com TMA de 4% ao ano...........................................................................................148 Figura 50 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% com TMA de 6% ao ano...........................................................................................148 Figura 51 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% com TMA de 8% ao ano...........................................................................................149 12 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Resultado do Leilão Público ANTT – Lote 7............................................27 Quadro 2 – Resultado do Leilão Público ANTT..........................................................28 Quadro 3 – Demonstração do Cálculo do EVA..........................................................45 Quadro 4 – Modelo da DFC do Edital 3 ANTT (2007)................................................52 Quadro 5 – Modelo da DRE do Edital 3 ANTT (2007)...............................................52 Quadro 6 – Ajustes para obtenção do Fluxo de Caixa...............................................55 Quadro 7 – Paradigmas na Gestão de Riscos...........................................................73 Quadro 8 – Sumário Metodológico das Etapas da Pesquisa.....................................89 Quadro 9 – Lotes Objeto do Leilão Público da ANTT – 2ª. Etapa............................101 Quadro 10 – Modelo da DFC da ANTT....................................................................104 Quadro 11 – Modelo Proposto da DFC....................................................................105 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Valores estimados para o VPL...............................................................109 Tabela 2 – Valores estimados para a TIR................................................................116 Tabela 3 – Valores estimados para o ROIA.............................................................123 Tabela 4 – Valores estimados para o VPL dos Fluxos de Caixa.............................132 Tabela 5 – Valores estimados para o CFaR ...........................................................133 Tabela 6 – Valores estimados para o VPL dos Lucros Líquidos..............................140 Tabela 7 – Valores estimados para o EaR ..............................................................142 Tabela 8 – Valores estimados para o pay-back.......................................................145 Tabela 9 – Indicadores Associados à Rentabilidade, à Agregação de Valor e de Risco.................................................................................................................152 14 LISTA DE SIGLAS ABCR - Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres BACEN - Banco Central do Brasil BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BOVESPA – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo BSC - Balanced Scorecard CDI – Certificado de Depósito Interbancário CFaR - Cash Flow at Risk COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CVM – Comissão de Valores Mobiliários DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte DRE – Demonstração do Resultado do Exercício EaR - Earnings at Risk EVA – Economic Value Added FED - Federal Reserve Bank IBC – Índice Benefício versus Custo IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica ISDA - International Swap and Derivatives Association ISS – Imposto sobre Serviço MAF – Multiplicador de Alavancagem Financeira PER – Programa de Exploração da Rodovia PIB – Produto Interno Bruto PIS – Programa de Integração Social PRF - Polícia Rodoviária Federal RDT - Recursos de Desenvolvimento Tecnológico ROA – Return on Active ROE – Return on Equity ROI – Return on Investiment ROIA – Retorno Adicional sobre o Investimento 15 RSA – Retorno sobre o Ativo RSI – Retorno sobre o Investimento RSPL – Retorno sobre o Patrimônio Líquido SEC - Securities and Exchange Commission SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia SMC – Simulação de Monte Carlo SPE – Sociedade de Propósitos Específicos TR – Taxa Referencial TBF – Taxa Básica Financeira TBP – Tarifa Básica de Pedágio TIR – Taxa Interna de Retorno TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo TMA – Taxa Mínima de Atratividade VaR – Value at Risk VEA – Valor Econômico Adicionado VP – Valor Presente VPL – Valor Presente Líquido 16 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................18 1.1 CONTEXTO..........................................................................................................18 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA................................................................................21 1.3 OBJETIVOS.........................................................................................................22 1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................23 1.3.2 Objetivos Específicos.....................................................................................23 1.4 JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA............................................................23 1.5 DELIMITAÇÃO DO TEMA....................................................................................26 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................28 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA...........................................................30 2.1 APRESENTAÇÃO................................................................................................30 2.2 MÉTRICAS DE RENTABILIDADE E RISCOS.....................................................32 2.2.1 Indicadores Associados à Rentabilidade.....................................................33 2.2.1.1 A Taxa Mínima de Atratividade......................................................................34 2.2.1.2 O Valor Presente Líquido...............................................................................35 2.2.1.3 A Taxa Interna de Retorno.............................................................................37 2.2.1.4 O Índice Benefício/Custo................................................................................40 2.2.1.5 O Índice ROIA................................................................................................40 2.2.2 Indicadores Associados à Criação de Valor.................................................41 2.2.2.1 O Retorno sobre o Investimento.....................................................................42 2.2.2.2 O Retorno sobre o Patrimônio Líquido...........................................................42 2.2.2.3 O Valor Econômico Adicionado......................................................................43 2.2.3 Indicadores Associados ao Risco.................................................................45 2.2.3.1 O Método do Pay-back Time..........................................................................45 2.2.3.2 A Taxa Interna de Retorno.............................................................................46 2.2.3.3 O Ponto de Fisher..........................................................................................48 2.3 OS COMPONENTES DO FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO.......................49 2.4 TIPOLOGIAS SOBRE OS RISCOS.....................................................................55 2.5 MÉTRICA Value at Risk.......................................................................................60 2.5.1 A Métrica VaR Regulatório………………………………………………………..62 2.5.2 Utilização do Value at Risk.............................................................................63 17 2.5.3 A Metodologia CorporateMetrics……………………………………………..…64 2.5.3.1 Earnings at Risk…………….…………………………………………………......66 2.6 MÉTRICA Cash Flow at Risk...............................................................................67 2.7 MÉTODOS PARA MENSURAÇÃO DO VaR, EaR e CFaR.................................69 2.8 AS LIMITAÇÕES DO VaR, EaR e CFaR.............................................................72 2.8.1 Riscos de Evento e de Estabilidade..............................................................73 2.8.2 Risco de Transição..........................................................................................73 2.8.3 Mudança de Posições.....................................................................................74 2.8.4 Posições Problemáticas.................................................................................74 2.8.5 Riscos de Modelo............................................................................................74 2.8.6 O Risco de Forma Funcional..........................................................................75 2.8.7 O Risco de Parâmetro.....................................................................................75 2.8.8 O Risco de Exploração de Dados..................................................................75 2.8.9 O Risco de Sobrevivência..............................................................................76 2.9 ANÁLISE DE CENÁRIOS COMO ARCABOUÇO DA FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIA.............................................................................................................77 2.10 A TÉCNICA DE SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO...........................................79 2.11 CONTRATOS DE CONCESSÃO E PARCERIA PÚPLICO-PRIVADA – PPP...80 3 METODOLOGIA.....................................................................................................85 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA........................................................................85 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA...................................................................86 3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS...........................................................90 3.4 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS A SEREM ESTUDADAS.....................................91 3.5 PERGUNTAS DE PESQUISA..............................................................................98 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.....................................................100 4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS...............................................................100 4.2 ANÁLISE CRÍTICA DO MODELO DFC DA ANTT.............................................103 4.3 CENÁRIOS ALTERNATIVOS CONSIDERADOS..............................................105 4.3.1 O Cenário mais provável..............................................................................106 4.3.2 O Cenário otimista.........................................................................................107 4.3.3 O Cenário pessimista....................................................................................107 4.4 ESTIMATIVA DOS INDICADORES ASSOCIADOS À RENTABILIDADE, À CRIAÇÃO DE VALOR E DE RISCO........................................................................109 4.4.1 Mensuração do Valor Presente Líquido (VPL)............................................109 18 4.4.2 Mensuração da Taxa Interna de Retorno (TIR)...........................................116 4.4.3 Mensuração do Retorno Adicional sobre o Investimento (ROIA).............122 4.4.4 Mensuração do Cash Flow at Risk (CFaR)..................................................130 4.4.5 Mensuração do Earning at Risk (EaR).........................................................135 4.4.6 Mensuração do Pay-back.............................................................................144 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO......................................................150 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS............153 REFERÊNCIAS........................................................................................................159 APÊNDICES.............................................................................................................165 APÊNDICE A – Fluxo de Tráfego Projetado no Cenário mais Provável APÊNDICE B – Demonstrativo de Resultado do Exercício Projetado no Cenário mais Provável APÊNDICE C – Demonstrativo do Fluxo de Caixa Projetado no Cenário mais Provável 19 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa é orientada à contribuição do conhecimento em análise de risco financeiro em empresas não financeiras. Destina-se àqueles que têm se dedicado ao estudo de concessão de rodovias no Brasil, sejam eles, investidores, financiadores, analistas de mercado, órgãos reguladores ou pesquisadores. Nesse sentido, o objetivo é contribuir por meio da aplicação da métrica Value at Risk ao caso da concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de concessão 003/2007 da ANTT. Neste capítulo, é apresentada uma visão geral do que foi desenvolvido ao longo da pesquisa, sendo estruturado em seis tópicos que podem ser sumarizados assim: 1.1 refere-se à apresentação do contexto; a seção 1.2 trata do problema de pesquisa; a seção 1.3 refere-se à definição do objetivo geral e dos objetivos específicos; na seção 1.4 busca-se apresentar as justificativas teórica e prática; a seção 1.5 trata da delimitação do tema e a seção 1.6 conclui o capítulo 1 com a apresentação da estrutura da dissertação. 1.1 CONTEXTO Nos últimos anos o Brasil vem adotando de forma crescente o modelo de concessão de serviços públicos já empregados na Europa, Estados Unidos, na Ásia, na África e até mesmo na América Latina há muito tempo. Os serviços ofertados pelo Governo à iniciativa privada vão desde a concessão de portos, aeroportos, ferrovias, rodovias, tratamento de água, esgoto e lixo, fornecimento de energia e serviço de telefonia dentre outros. No que diz respeito aos contratos de concessões rodoviárias, o objetivo principal geralmente faz referência à duplicação, melhoria, conservação e operação de estradas, mediante a cobrança de pedágio. O edital de concorrência proposto pelo órgão público há de apresentar a viabilidade econômica e financeira do contrato, dada à necessidade de 20 investimentos quase sempre imediatos, verificados também ao longo do contrato, envolvendo ainda custos de operação, pagamento de impostos, despesas operacionais, despesas financeiras entre outros gastos. Para que haja viabilidade econômica e financeira, todos estes gastos devem ser suportados pela receita de pedágio que tem por objetivo ainda remunerar os recursos aportados pelos investidores. Do ponto de vista da gestão de caixa, há implicação de financiamentos para fazer frente aos investimentos e necessidade de capital de giro. A equação econômica e financeira debruça-se, então, sobre o trinômio (1) Receita de Pedágio, (2) Custos, Despesas e Impostos e (3) Investimentos. Alia-se a essa equação econômica e financeira o fator risco, em que se procura trazer respostas contundentes por meio da aplicação do Cash Flow at Risk - CFaR. O CFaR vem cumprir papel importante, como ferramenta para gestão de riscos se aplicado adequadamente a instituições não financeiras. Sua função é apontar o menor nível de caixa esperado, para um determinado horizonte de tempo sob uma condição de probabilidade de ocorrência. Jorion (2008), nesse sentido afirma que é de suma importância para os gestores de empresas, que se tenha uma visão completa dos riscos gerais da organização e que isso é possível por meio de um sistema de gestão aplicada. Esses riscos, quando identificados e mensurados, podem melhorar em muito a performance da empresa. Ao mesmo tempo em que uma concessionária de rodovias, assume a condição de cobrar pedágio e realizar as obras de melhorias, ampliação e manutenção das rodovias passa também a assumir riscos não percebidos anteriormente, que dizem respeito principalmente à operação da rodovia. Assim, administrar o fluxo de caixa sob uma condição de investimento em grande escala e a ser realizado num curto prazo de tempo, que certamente influenciará em melhores condições de tráfego para os usuários da rodovia torna-se uma tarefa árdua. O dimensionamento do fluxo de tráfego e dos investimentos a serem realizados nas rodovias definirá boa parte da espinha dorsal do contrato de concessão rodoviária, pois deste dimensionamento agregado a mais alguns outros fatores, não menos importantes, será ofertada a tarifa de pedágio a ser praticada pela empresa concessionária. Todos esses fatores deverão ser cuidadosamente estudados, pois exercem influência direta sobre a rentabilidade do contrato e 21 principalmente sobre o ponto a ser estudado nesta pesquisa: o comportamento do fluxo de caixa da empresa. A variabilidade possível desses fatores influenciadores tornará a compreensão dos resultados – lucro e caixa, esperados para o contrato de concessão uma condição essencial para a tomada de decisão. Por meio do CFaR, que é uma métrica derivada do VaR – Value at Risk, ou simplesmente valor em risco, será possível colaborar na gestão de riscos da empresa concessionária de rodovias. O risco de forma geral pode ser entendido como os “perigos” que podem causar perdas de forma direta ou indireta a algum empreendimento ou negócio. Notadamente, que o risco é percebido de forma diferente por diferentes pessoas. Assim, sua percepção deve ser mensurada, segundo uma metodologia e interpretada, com a finalidade de minimizar os impactos negativos observados. Enquanto já se percebe uma certa conscientização geral por parte dos gestores de empresas sobre riscos como incêndio, explosão, inundação, acidentes, saúde e outros dessa natureza, pouco ainda tem se implantado na administração de empresas sobre riscos financeiros. É certo que os esforços no sentido de avaliar projetos e negócios sob a ótica da rentabilidade evoluíram muito desde a era industrial até os dias de hoje. Contudo, é notável o vácuo existente na atribuição de estudos dedicados à gestão de riscos financeiros neste mesmo sentido. Esta preocupação sob gestão de riscos financeiros é mais recente. Segundo Jorion (2008): O VaR entrou em cena em 1994, depois de uma série de desastres com derivativos, amplamente debatida na imprensa. Foi a partir de então, que a indústria financeira reconheceu a necessidade de utilizar um instrumento abrangente e de fácil aceitabilidade para mensurar risco de mercado. No caso de concessões rodoviárias muitas empresas do ramo de construção pesada, dedicadas quase que exclusivamente à atividade de construção de rodovias licitadas por órgãos públicos, mostraram-se como sendo as primeiras interessadas a tornarem-se concessionárias de rodovias. Naturalmente que com o know-how que elas detêm tornam-se empresas muito mais capacitadas a avaliar projetos de engenharia construtiva e os riscos inerentes a esta atividade do que qualquer outra empresa que se mostre interessada a ingressar nesse ramo. A novidade para as 22 empresas de engenharia está na questão: como avaliar negócios de longo prazo sob ótica do retorno versus investimento, pois até então os contratos ofertados pelo governo eram contratos de empreitada de obras e serviços. Esses novos contratos de concessão rodoviária surgiram no Brasil embrionariamente em meados da década de 90 e mais recentemente se alastraram por vários estados brasileiros. Empresas de engenharia e outros braços financeiros se uniram para aliar diferentes experiências e recursos para fazer frente a esta nova realidade. O governo incapacitado de administrar a malha viária no campo nacional resolveu por entregar à iniciativa privada essa tarefa. As experiências e recursos da iniciativa privada uniram-se na busca da melhor composição para essa oportunidade de negócio e muitos estudos de viabilidade econômica e financeira foram formatados para os mais diversos trechos de rodovias. Na maioria das vezes, esses estudos foram formatados sobre a base da engenharia econômica tradicional, debruçados nos conceitos clássicos da Taxa Interna de Retorno – TIR, do Valor Presente Líquido – VPL, do Pay-back Time – prazo de retorno do investimento e outros indicadores dessa ordem. No entanto, pouco se desenvolveu no sentido da avaliação de riscos, quando muito foram aplicados aos estudos o coeficiente beta setorial, na mensuração do risco do negócio para formulação da taxa de desconto na aplicação do VPL. Assim, essa pesquisa dedica-se a experimentar a aplicação da métrica CFaR a um contrato de concessão rodoviária, como demonstração de sua importância na avaliação de riscos financeiros a empresas não financeiras, implicando necessariamente a melhoria da gestão dos negócios, uma vez que seus resultados deverão convergir para ações a serem apontadas no sentido de se minimizar os riscos observados. 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA O ambiente de gestão das instituições financeiras vem exigindo cada vez mais ferramentas que tendem a apresentar condições mais eficientes na gestão de risco. Esta afirmação é válida também para o setor público, quando se trata de contratos de concessões de serviços públicos ofertados à iniciativa privada. Nesse 23 sentido, afirmam Hill e Dinsdale (2003) que: A gestão eficaz de riscos é crucial para o serviço público; a capacidade de tomar decisões corretas em relação a políticas, programas e serviços, em ambiente caracterizado por incertezas, é fundamental. Cada vez mais o setor público, tem sido forçado a tomar decisões difíceis sobre riscos de saúde, riscos ambientais, riscos ao bem-estar econômico, riscos tecnológicos e riscos envolvidos na prestação de serviços, entre vários outros. As responsabilidades e deveres do governo em relação ao bem público exigem a adoção de práticas e estratégias eficazes de gestão de riscos. A concessão de serviços públicos à iniciativa privada foi uma decisão da UNIÃO no Brasil, que tem por objetivo a recuperação, operação e conservação de rodovias. A cobrança de pedágio vem proporcionar à iniciativa privada uma forma de tornar atrativo o negócio concessão. Contudo, para que isso ocorra é necessário garantir que as concessionárias sejam remuneradas adequadamente: uma remuneração suficiente para gerar um retorno normal sobre o capital, acrescido de uma compensação para o risco do investimento, segundo Oliveira (2001). Não bastasse o problema rentabilidade em função do risco, há ainda de se ponderar a questão liquidez. Dada a necessidade da concessionária fazer frente a grandes investimentos na recuperação, conservação e operação das rodovias, a administração do caixa torna a atividade financeira ainda mais árdua. Nesse contexto, surge a pergunta de pesquisa, a qual esta pesquisa busca responder: Qual a influência, calculada a partir do CFaR (Cash Flow at Risk) e provocada pelas variações dos riscos de mercado, sobre os resultados esperados nos estudos de viabilidade econômica e financeira no caso da concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de concessão 003/2007 da ANTT? 1.3 OBJETIVOS São os objetivos que norteiam o pesquisador no processo de abordagem da pesquisa. É por meio dos objetivos que pode seguir uma coerência no procedimento do estudo e da análise dos resultados finais. Os objetivos desta pesquisa foram divididos em geral e específicos a seguir: 24 1.3.1 Objetivo Geral Mensurar o impacto dos riscos de mercado no fluxo de caixa projetado nos Estudos Indicativos do Edital 003/2007 da ANTT, objeto do Lote 7 de concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, por meio da métrica Cash Flow at Risk. 1.3.2 Objetivos Específicos Visando atingir ao objetivo geral, os objetivos específicos podem ser sumarizados da seguinte forma: a) Identificar as variáveis “riscos de mercado” relevantes para o projeto de concessão de rodovias; b) Identificar os parâmetros operacionais para projeção do fluxo de caixa e da demonstração de resultados; c) Mensurar os valores dos indicadores de rentabilidade e de risco do projeto de concessão; d) Analisar as variações dos indicadores de rentabilidade e de risco em diferentes cenários. 1.4 JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA O tema é de interesse principalmente da área financeira e está voltado à gestão de riscos, servindo como ferramenta básica para tomada de decisão em investimentos no setor de concessão rodoviária. Tem por objetivo alcançar os profissionais envolvidos neste tema, bem como investidores e agentes financiadores. Busca ainda ofertar aos profissionais do setor público responsáveis pela elaboração de editais de concorrência pública rodoviária, uma ferramenta de análise de riscos 25 estratégicos de mercado que implicam as condições previstas na proposta de licitação por meio do CFaR. A pesquisa é desenvolvida considerando-se a formulação de três cenários alternativos para a empresa concessionária de rodovias: cenário otimista; cenário mais provável e cenário pessimista. Os cenários são construídos utilizando-se a variação das premissas adotadas no edital de concorrência pública. A justificativa para realização deste trabalho de pesquisa é demonstrar como a aplicação do CFaR nos editais de concorrência pública de concessão de serviços rodoviários pode fornecer subsídios para a tomada de decisão. Além disso, busca-se atender aos interesses potenciais de diversos elementos com diferentes perspectivas, conforme ilustrado na Figura 1: da ANTT como órgão regulador, promotor do leilão público e representante da UNIÃO como poder concedente; do DNIT como órgão vinculado ao Ministério dos Transportes responsável pela administração e desenvolvimento de estradas de rodagem; da empresa concessionária; dos financiadores; dos investidores; da Bolsa de Valores; da CVM; das associações de classe, aqui representada pela ABCR – Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias; e ainda das Instituições de Ensino e Pesquisa como fonte de contribuição para a área de gestão estratégica de riscos financeiros em empresas não financeiras. Essa pesquisa torna isso possível por meio da análise de risco financeiro, agregada às já consagradas ferramentas de análise de viabilidade econômica e financeira. Figura 1 – Ilustração do Público Potencial Interessado na Pesquisa 26 É notável que os órgãos governamentais, no papel de “poder concedente”, no que diz respeito aos contratos de concessão rodoviária, têm sua preocupação centrada nas decisões do aspecto técnico. A engenharia é o berço da maioria dos profissionais que atuam nos departamentos desses órgãos. A relação histórica observada com a iniciativa privada se dá no âmbito da concorrência pública de preços para realização de obras e serviços. Neste contexto, geralmente, três pressupostos básicos constituem fatores de sucesso para se vencer uma licitação: capacidade técnica (curriculum da empresa), capacidade financeira (balanço patrimonial e índices financeiros) e oferta do menor preço. No caso da licitação pública para concessão de serviços rodoviários, não se trata apenas de um contrato de prestação de serviços e obras. É, antes de tudo, um negócio duradouro amparado em contratos com duração entre 20 e 50 anos. Envolve investimentos para a operação, manutenção e conservação da rodovia. Geralmente, implica a tomada de financiamentos. Ainda se faz necessária a constituição de uma empresa com finalidade específica (SPE – Sociedade com Propósito Específico) para realização do objeto licitado. No Brasil, houve grande aprendizado nos últimos dez anos a esse respeito, que já conta com contratos de concessão rodoviária numerosos em funcionamento. No entanto, ainda há muito a ser desenvolvido neste campo, pois as relações de diferentes interesses em torno desse negócio tornam as decisões estratégicas cada vez mais difíceis e carentes de instrumentos que ajudem a minimizar os erros e a maximizar os resultados. Assim, torna-se importante contribuir cientificamente com um estudo que venha a consolidar a literatura já existente, com fulcro no mapeamento empírico dos riscos que exercem impacto no negócio analisado, dentro dos moldes estatisticamente reconhecidos. Nesse contexto, a pesquisa procura contribuir efetivamente tanto no meio acadêmico, quanto no meio organizacional. Academicamente busca-se revisar a literatura existente na área de finanças e agregar um modelo apropriado no âmbito das concessões rodoviárias. No meio organizacional, procura-se proporcionar aos gestores ou candidatos a se tornarem concessionários uma visão mais consistente sobre as métricas que avaliam os riscos decorrentes dos fluxos de caixa gerados pelos contratos de concessão rodoviária, de modo que possam tomar suas decisões estratégicas de maneira mais consistente. Ainda, por extensão, ofertar ao órgão 27 público candidato a se tornar “poder concedente” uma ferramenta consistente para analisar previamente o edital de concorrência que se pretenda lançar ao mercado. 1.5 DELIMITAÇÃO DO TEMA A pesquisa é desenvolvida considerando-se o edital 003/2007 de concorrência pública de concessão de rodovias, Lote 7, datado de 16/08/2007, lançado pela ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. O edital tem por objetivo: (...) selecionar, por meio de Leilão Público, a pessoa jurídica ou Consórcio de empresas a qual será outorgada a Concessão para exploração da infraestrutura e da prestação de serviços públicos e obras, abrangendo a execução dos serviços de recuperação, manutenção, monitoração, conservação, operação, ampliação, melhorias e exploração, conforme apresentado no Programa de Exploração da Rodovia – PER, do Lote Rodoviário abaixo discriminado: LOTE 7 RODOVIA: BR-116/376/PR – BR-101/SC TRECHO: Curitiba – Florianópolis EXTENSÃO: 382,30 km Dentre os lotes leiloados na segunda etapa do Programa de Concessões Rodoviárias da ANTT, foi escolhido para a realização desta pesquisa o Lote 7 que compreende o trecho da BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis. Para melhor localização dos 7 lotes leiloados e do lote escolhido a Figura 2 demonstra a situação geográfica no mapa de cada trecho citado. Figura 2 – Localização dos lotes do Leilão Público da ANTT Fonte: Editais da ANTT (2007) 28 A empresa vencedora do leilão público do Lote 7 foi a OHL representada pela corretora Ágora. A empresa espanhola OHL consagrou-se vencedora do leilão público do Lote 7 com o lance de R$ 1,028, pois apresentou a menor tarifa de pedágio ofertada para esse lote. Frente à tarifa de pedágio máxima – R$ 2,754, permitida no edital da ANTT para Lote 7, o lance da OHL evidenciou um deságio de 62,67%. Vale ressaltar que dos 7 lotes leiloados o Lote 7 foi o que apresentou maior procura dentre as empresas interessadas com 17 lances realizados. O resultado do Leilão Público para o Lote 7 está apresentado no Quadro 1. Código 39 78 147 21 181 23 45 13 74 70 177 129 57 85 228 10 76 Corretora / Participante Valor do Lance (R$) ÁGORA SENIOR CTVM S.A. 1,028 OHL SANTANDER BRASIL S.A. CTVM 1,450 CONSÓRCIO BRVIAS ATIVA S.A. CTCV 1,610 CONSÓRCIO PR/SC VOTORANTIM CTVM LTDA 1,797 CONSÓRCIO BERTIN EQUIPAV MUNDINVEST S.A. CCVM 1,948 CONSÓRCIO COWAN CBM CONCORDIA S.A. CVMCC 1,950 COPEL CREDIT SUISSE BRASIL S.A. CTVM 1,951 TPI TRIUNFO PARTICIPAÇÕES MERRILL LYNCH S.A. CTVM 1,954 OIICNO COINVALORES CCVM LTDA. 1,971 GALVÃO-ALUSA HSBC CTVM S.A. 2,065 CONSÓRCIO ISOLUX SOLIDUS S.A. CCVM 2,147 BOLOGNESI PLANNER CV S.A 2,150 CONSÓRCIO COPARCO BRASCAN S.A. CTV 2,340 CONSÓRCIO RODOVIAS BRASILEIRAS UBS PACTUAL CTVM S.A. 2,367 CCR UNIBANCO INVESTSHOP CVMC S.A. 2,449 PRIMAV ECORODOVIAS SPINELLI S.A. CVMC 2,534 CONSÓRCIO ALPHA-FEDERAIS FINABANK CCTVM LTDA 2,603 CONSÓRCIO AB-VIAS Quadro 1 – Resultado do Leilão Público ANTT – Lote 7 Fonte: ANTT (2007) (%) Deságio 62,67 47,34 41,53 34,74 29,26 29,19 29,15 29,04 28,43 25,01 22,04 21,93 15,03 14,05 11,07 7,98 5,48 29 O deságio de 62,67% foi um dos maiores deságios registrados dentre todos os lotes ofertados em leilão pela ANTT e constitui entre outras razões, uma boa razão para estudar a fundo a viabilidade do negócio Concessão Rodoviária, especificamente para o trecho da BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis. Vale ainda ressaltar que a empresa OHL venceu 5 dos 7 lotes leiloados pela ANTT nesta segunda etapa do programa de concessão de rodovias federais, conforme é demonstrado no Quadro 2. Lote 1 2 3 4 5 6 7 Quantidade de Valor do Lance Lances (R$) SANTANDER CONSÓRCIO BRVIAS 10 2,450 ÁGORA OHL 10 2,540 INDUSVAL CONSÓRCIO ACCIONA 3 2,940 ÁGORA OHL 8 2,258 ÁGORA OHL 15 0,997 ÁGORA OHL 13 1,364 ÁGORA OHL 17 1,028 Quadro 2 – Resultado do Leilão Público ANTT Corretora Empresa Vencedora (%) Deságio 39,99 39,35 27,17 40,95 65,42 49,19 62,67 Fonte: ANTT (2008) Vale ainda ressaltar que os lotes 5 e 7 foram os mais concorridos apresentando maior número de empresas participantes, computando 15 e 17 lances respectivamente. Além disso, registrou os maiores deságios nas propostas vencedoras, com 65,42% e 62,67%, respectivamente. 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO Esta pesquisa encontra-se estruturada em cinco capítulos que podem ser sumarizados tais como se encontram descritos a seguir: O capítulo 1 refere-se à Introdução e é composto por seis seções que tratam das seguintes temáticas: A seção 1.1 refere-se à apresentação do contexto; a seção 1.2 trata do problema de pesquisa; a seção 1.3 refere-se à definição do objetivo geral e dos objetivos específicos; na seção 1.4 busca-se apresentar as justificativas teórica e prática; a seção 1.5 trata da delimitação do tema e a seção 1.6 conclui o capítulo 1 com a apresentação da estrutura da dissertação. 30 O capítulo 2 trata da Fundamentação Teórico-Empírica e é composto por sete seções. A seção 2.1 faz a apresentação do capítulo; a seção 2.2 demonstra as métricas de rentabilidade e riscos usuais em um projeto de viabilidade econômicofinanceira; a seção 2.3 enfoca alguns aspectos relacionados aos riscos de investimentos; a seção 2.4 trata da métrica Value at Risk (VaR); a seção 2.5 referese à métrica Cash Flow at Risk (CFaR); na seção 2.6 busca-se demonstrar os métodos para mensuração do Var, Ear e CFaR; e a seção 2.7 conclui o capítulo 2 tratando das limitações do VaR, EaR e CFaR. O capítulo 3 refere-se à Metodologia da pesquisa utilizada neste trabalho e está dividido em cinco tópicos. A seção 3.1 trata do Delineamento de Pesquisa; A seção 3.2 trata da Caracterização da Pesquisa; a seção 3.3 é reservada para a Descrição da Coleta e Tratamento dos Dados; a seção 3.4 trata de Definição das Variáveis a Serem Estudadas e a seção 3.5 conclui este capítulo com as Perguntas de Pesquisa. O capítulo 4 está reservado para a apresentação e análise dos dados coletados para a realização deste trabalho de pesquisa. O capítulo 5 conclui a dissertação com as considerações finais e as recomendações para a elaboração de pesquisas futuras. 31 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA Este capítulo do trabalho trata da revisão teórico-empírica elaborada com o objetivo de dar suporte científico aos conceitos adotados, sendo estruturado em oito seções que podem ser sumarizadas assim: A seção 2.1. faz a apresentação do capítulo; a seção 2.2. demonstra as métricas de rentabilidade e riscos usuais em um projeto de viabilidade econômico-financeira; a seção 2.3. enfoca alguns aspectos relacionados aos riscos de investimentos; a seção 2.4. trata da gestão de riscos; a seção 2.5. refere-se às estratégias empresariais; a seção 2.6. trata da construção de cenários; a seção 2.7. traz algumas considerações sobre a métrica Value at Risk Var; e a seção 2.8 conclui o capítulo 2 tratando da métrica Cash Flow at Risk CFaR. 2.1 APRESENTAÇÃO O gerenciamento de riscos é um assunto que assume papel relevante no ambiente das instituições não financeiras. A despeito da importância crescente do assunto, o CFaR sugere um modelo capaz de informar a probabilidade de uma empresa observar certo fluxo de caixa numa data futura “T” - Fluxo de Caixa em Risco ou Cash Flow at Risk. Notadamente, os riscos podem ser gerenciados e, assim, estimá-los pode se tornar uma tarefa muito difícil. Uma vez que as empresas decidam qual caminho seguir, alguns riscos podem ser determinados. Dessa maneira, parece sensato procurar trilhar por caminhos que sugerem menor grau de risco. No entanto, esta opção não deve comprometer a rentabilidade de um negócio a ponto de torná-lo inviável ou desinteressante aos olhos do investidor. Ao comparar os retornos proporcionados que diferentes graus de risco evidenciam, o investidor pode optar por uma situação em que o retorno seja mais interessante para se investir e não obrigatoriamente pela opção que oferece menor grau de risco. Comenta Jorion (2008) que o risco pode ser definido, de modo geral, como a 32 incerteza em relação a resultados. Normalmente, sua compreensão está relacionada ao conceito de probabilidade. As origens da palavra risco remontam ao latim resecare, que significa cortar separando. Seu significado original, portanto, vinha da noção de perigo que os navegantes tinham ao passar por rochas perigosas e pontiagudas. Para Levin e Fox (2004) a probabilidade é a pedra angular da tomada de decisão – o processo de testar hipóteses por meio da análise de dados. O termo probabilidade refere-se à possibilidade relativa da ocorrência de um resultado ou evento arbitrário, isto é, a probabilidade associada a um evento é o número de vezes que ele pode ocorrer em relação ao número total de vezes que qualquer evento pode ocorrer. De forma geral, a medição da probabilidade de um risco acontecer pode ser considerada uma informação muito importante para a tomada de decisão do investidor, que além de se preocupar com o retorno desse investimento, precisa conhecer os riscos que implicam esta decisão. De muitas maneiras podem ser avaliados os projetos de investimentos e as empresas não financeiras. Dentre as formas clássicas de se avaliar uma empresa não financeira estão as seguintes metodologias citadas por Martins (2001): • Avaliação Patrimonial Contábil, • Avaliação Patrimonial pelo Mercado; • Avaliação pelo Valor Presente dos Dividendos; • Avaliação dos múltiplos de faturamento; • Avaliação dos múltiplos de fluxo de caixa; • Avaliação baseada em índices bursáteis; • Avaliação baseada no EVA; • Avaliação pelo método do Fluxo de Caixa Descontado. Essas metodologias procuram trazer à tona a resposta para uma pergunta simples, porém, de resposta não tão simples de se obter. Quanto vale a empresa analisada? Alguns desses métodos são resumidos em fórmulas com poucas variáveis. Outros levam em consideração o passado para prever o futuro. E os mais complexos são elaborados a partir de modelos, que são submetidos a cenários e 33 testes de variação de mercado. Assim, os financistas buscam formas de valorizar uma empresa cada qual com um conceito, que busca em suma, traduzir ao investidor qual o sacrifício financeiro que deve ser realizado no presente, em troca de benefícios futuros no negócio adquirido, cuja relação demonstre uma vantagem por se fazer esta opção. Nos contratos de concessão de rodovias, com prazos geralmente variando entre 20 a 50 anos de concessão, a primeira tarefa para avaliação de lucratividade da empresa concessionária consiste em comparar valores monetários diferidos no tempo. Dado que as receitas e os gastos da concessão não são perfeitamente conhecidos no momento da assinatura do contrato, isso faz com que o contrato seja de risco. Usualmente, o risco é percebido como um custo adicional por parte dos investidores, conforme comenta Oliveira (2001). 2.2 MÉTRICAS DE RENTABILIDADE E RISCOS Na busca do entendimento da relação risco e retorno tem-se utilizado a Teoria de Finanças. As métricas de rentabilidade e de riscos procuram responder à seguinte questão: Quais benefícios futuros poderão ser obtidos a partir de um sacrifício presente efetuado? Nesse sentido, Souza e Clemente (2008) afirmam que: Um investimento, para a empresa, é um desembolso feito visando gerar um fluxo de benefícios futuros, usualmente superior a um ano. A lógica subjacente é a de que somente se justificam sacrifícios presentes se houver perspectiva de recebimentos futuros. As principais técnicas de análise de investimento que vêm sendo comumente utilizadas para isso, entre outras, são: • A Taxa Interna de Retorno – TIR; • O Valor Presente Líquido – VPL; e • O Pay-back Time. 34 Para Souza e Clemente (2008) e Samanez (2007), os indicadores de avaliação de projetos podem ser assim divididos: • Indicadores associados à rentabilidade: Taxa Mínima de Atratividade – TMA; Valor Presente Líquido – VPL; Taxa Interna de Retorno – TIR; o Índice Benefício / Custo – IBC; e o ROIA – Retorno Adicional sobre o Investimento. • Indicadores associados à criação de valor: Retorno sobre o Investimento – RSI ou Return on Investiment - ROI; Retorno sobre o Ativo – RSA ou Return on Active - ROA; Retorno sobre o Patrimônio Líquido – RSPL ou Return on Equity ROE; e o Valor Econômico Adicionado – VEA ou EVA – Economic Value Added; • Indicadores associados ao risco do projeto: Pay-back Time – período de recuperação do capital investido; TIR – Taxa Interna de Retorno; coeficiente Beta; e o Ponto de Fischer. Os três grupos supracitados visam identificar, analisar e selecionar as oportunidades de investimento de capital, sendo que se encontram intimamente associados ao se escolher as diferentes alternativas de investimentos em função dos recursos limitados disponíveis. Os indicadores desses três grupos são subsequentemente detalhados. 2.2.1 Indicadores Associados à Rentabilidade Os indicadores associados à rentabilidade buscam explicar qual é o benefício que se espera ou que se terá frente ao investimento efetuado. De forma geral, buscam explicar a rentabilidade de um projeto ou empreendimento confrontando o lucro obtido num período determinado de tempo comparado com os capitais investidos no negócio com a finalidade de gerar este lucro. 35 Brigham e Houston (1999) afirmam que: A rentabilidade é o resultado líquido de uma série de políticas e decisões... Os Índices de Rentabilidade é um grupo de índices que mostra os efeitos combinados da liquidez, da gestão de ativos e do endividamento sobre os resultados operacionais. Nas subseções a seguir encontra-se um breve resumo sobre os indicadores associados à rentabilidade de investimentos, mais comumente reportados na literatura de análise de investimentos. 2.2.1.1 A Taxa Mínima de Atratividade A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) na metodologia multi-índice proposta por Souza e Clemente (2008) é representada pela remuneração dos títulos de baixo risco. A TMA pode ser representada no Brasil por taxas como: a TBF – Taxa Básica Financeira; a TR – Taxa Referencial; a TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo; o CDI – Certificado de Depósito Interbancário; e a Taxa SELIC – Taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia. A proposição de Souza e Clemente (2008) é que se use como TMA a melhor taxa, com baixo grau de risco, disponível para aplicação do capital em análise. Dessa forma, a rentabilidade obtida considerará como ganho apenas o excedente sobre aquilo que já se tem, isto é, o que será obtido além da aplicação do capital à TMA, conforme é demonstrado na Equação (1). Ga = R − TMA (1) Em que: Ga: Ganho adicional R: Rentabilidade obtida TMA: Taxa Mínima de Atratividade Esse conceito, desde há muito, tempo é defendido na literatura e denominase lucro residual ou ganho adicional. 36 2.2.1.2 O Valor Presente Líquido Casarotto e Kopittke (2007) afirmam que o método do Valor Presente consiste em descontar o fluxo de caixa do projeto de investimento utilizando a taxa da TMA. O resultado obtido dessa operação deve ser somado ao investimento inicial. Puccini (2001) definiu que o Valor Presente (VP) de um fluxo de caixa é o Valor Monetário do ponto zero da escala de tempo, que é equivalente à soma de suas parcelas futuras, descontadas para o ponto zero, com uma determinada taxa de juros. Para Bruni e Famá (2003) o VPL, em caso de projetos de investimento, em que é feito um desembolso inicial com o objetivo do recebimento de uma série de fluxos de caixa futuros, representa os recebimentos futuros trazidos e somados na data zero, subtraído do investimento inicial. Quando o VPL é maior que zero, esse fato indica que os fluxos futuros trazidos e somados a valor presente superam o investimento inicial. Logo, o investimento deveria ser aceito, concluem Bruni e Famá (2003). Assim, eles propuseram os seguintes critérios: I. Se o VPL for maior que zero, o projeto deve ser aceito; II. Se o VPL for igual a zero, torna-se indiferente aceitar ou não o projeto; III. Se o VPL for menor que zero, o projeto não deve ser aceito. Pilão e Hummel (2006) comentam que em termos de análise serão consideradas interessantes as alternativas de ação cujos Valores Atuais sejam positivos ou nulos, sendo tanto mais interessante quanto maior for o VA positivo. Nesse caso, o VA comentado pelos autores equivale ao conceito de VPL. O VA positivo representará a quantidade de dinheiro que teremos ganho, em dinheiro de hoje, além da expectativa. (PILÃO; HUMMEL, 2006). Souza e Clemente (2008) consideram o método do VPL uma técnica robusta e a mais conhecida e utilizada em análise de investimentos. Demonstram que se o VPL for maior que zero, indica que o projeto merece continuar sendo analisado. Isso porque para os referidos autores, essa condição não é suficiente para saber se um projeto é atrativo ou não. Souza e Clemente (2008) afirmam que tudo que se sabe, 37 nesse ponto, é que o fluxo esperado de benefícios deve superar os investimentos e que para saber se esse valor é suficiente para atrair o investidor, é necessário recorrer a outros indicadores. O cálculo do VPL pode ser obtido a partir da Equação (2): n VPL = −CF0 + ∑ n =1 CFn (1 + i)n (2) Em que: CF0: Valor do Investimento inicial; CFn: Valor esperado do fluxo de caixa para os n períodos; i: Taxa de desconto - pode ser considerada a TMA. Para Samanez (2007), o objetivo maior do VPL é encontrar alternativas de investimentos que valham mais do que custam para os patrocinadores, ou seja, alternativas que tenham um VPL positivo. O VPL tende a zero à medida que a taxa de desconto se aproxima da Taxa Interna de Retorno – TIR, como é demonstrado na Figura 3. Figura 3 – Valor do VPL em função da Taxa de Desconto e da TIR Fonte: Souza e Clemente (2008) Assim, é correto afirmar que quanto maior a distância entre a taxa de desconto e a TIR, maior também é o valor esperado para o VPL. Se a taxa de desconto for menor que a TIR, o VPL será positivo. Se a taxa de desconto for maior 38 que a TIR, o VPL será negativo. Se o VPL for positivo indica que o projeto analisado terá retorno e poderá ser recomendado. Se o valor do VPL for negativo, o projeto não deve ser recomendado, pois o retorno esperado pela taxa de desconto supera a TIR. Essas afirmativas, todavia, são tão somente possíveis, quando se analisa um projeto isoladamente pelo método do VPL. 2.2.1.3 A Taxa Interna de Retorno Segundo Pilão e Hummel (2006), o método da Taxa Interna de Retorno (TIR) é aquele que permite encontrar a remuneração do investimento em termos percentuais. Os autores afirmam que encontrar a TIR de um investimento é o mesmo que encontrar sua potência máxima, o percentual exato de remuneração que o investimento oferece. A TIR representa o valor do custo de capital que torna o VPL nulo. Corresponde, portanto, a uma taxa que remunera o valor investido no projeto. Bruni e Fama (2003) comentam que quando a TIR for superior ao custo de capital do projeto “k”, este deve ser aceito. Eles apresentam algumas conclusões sobre o estudo da TIR: I. durante o prazo de análise do projeto, todos os retornos gerados pelo projeto serão reinvestidos no valor da taxa interna de retorno; II. quando calculado com a taxa interna de retorno, o valor de todas as saídas é igual ao valor presente de todas as entradas do fluxo de caixa do projeto de investimento. III. a TIR mede a rentabilidade do projeto de investimento sobre a parte não amortizada do investimento, rentabilidade dos fundos que permanecem, ainda, internamente investidos no projeto. A expressão algébrica para se encontrar a TIR é a mesma utilizada para se encontrar o VPL. Todavia, a variável, neste caso, deixa de ser o VPL, que passa ser um dado fornecido pelo problema como sendo o investimento inicial de um projeto e a TIR representada pela variável taxa de desconto “i”. Bauer (1996) afirma a respeito desta métrica que: 39 Como não temos uma maneira de isolar a variável “i”, devemos substituir esta por uma taxa qualquer, fazendo o cálculo para sabermos se isto satisfaz a igualdade e, se não satisfez, atribuiremos outro valor à variável fazendo novamente o cálculo. Devemos fazer isto tantas vezes quantas forem necessárias para conseguir a igualdade. Para fazer este cálculo matematicamente, podemos recorrer ao processo da TENTATIVA e ERRO, ou, fazemos uma interpolação, normalmente a interpolação linear, a qual nos aproxima do resultado exato. A expressão algébrica utilizada para o cálculo da TIR pode ser representada conforme a Equação (3). VPL = 0 = −CF0 + ∑ CFn (1 + TIR )n (3) Em que: CF0: Valor do Investimento; CFn: Valor esperado do fluxo de caixa para os n períodos TIR: Taxa Interna de Retorno. Souza e Clemente (2008) afirmam que a TIR pode ser usada tanto para analisar a dimensão retorno como também para analisar a dimensão risco. Para eles, a TIR na análise da dimensão de retorno pode ser interpretada como um limite superior para a rentabilidade de um projeto de investimento. Além disso, afirmam ainda que essa informação só é relevante se, para o projeto em análise, não se souber qual é o valor da Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Para os autores supracitados, um dos enganos mais comuns é referir-se a TIR como a rentabilidade do projeto. Essa argumentação é feita, pois os autores admitem que, por definição, a melhor alternativa de aplicação para os recursos liberados pelo projeto é a TMA. Então, a TIR somente poderá ser considerada como representativa da rentabilidade do projeto se houver uma coincidência de valores entre as taxas, isto é, TIR igual à TMA. Eder et al. (2004) faz uma demonstração de cálculos alternativos para a TIR tradicional apresentando uma crítica sobre a superioridade dos métodos da TIRM (Taxa Interna de Retorno Modificada). Os autores discutem a TIR do VPL, a TIRI (TIR integrada), a TIRI’ (TIR integrada completa) e a TIRM (TIR modificada). Cada 40 método de cálculo da TIR apresentou resultados diferentes, pois levam em consideração premissas diferentes para a realização do cálculo. Nesse sentido, os autores fazem uma ressalva: Cada método tem uma lógica diferente de aplicação que se adapta melhor a uma realidade de empresa. Por exemplo, o método da TIR Integrada Completa serve a organizações que não possuem caixa próprio para custear seu projeto, utilizando financiamentos internos no momento em que o capital é necessário. Já os métodos da TIR Modificada e da TIR do VPL são voltados a empresas que fazem seu investimento a partir do capital próprio, o qual, usualmente, está disponível no orçamento desde o início do projeto. Os resultados numéricos são muito diferentes, motivo pelo qual os gestores devem utilizar apenas um deles para comparar todos os projetos de uma mesma carteira. Eder et al. (2004). Balarine (2002) também traz uma contribuição no sentido de desvendar o cálculo da TIR. Preocupado com evolução tecnológica aplicada de forma quase que automática por analistas financeiros, ao se utilizarem de calculadoras financeiras e planilhas eletrônicas, para análise de projetos de investimentos, o autor faz uma revisão dos cálculos que estão por trás da TIR. O trabalho de Balarine (2002) revisa a TIR a partir dos conceitos de matemática, levantando desde o teorema de Pitágoras e o paradoxo de Zeno (490 a.C.), aos estudos de Isaac Newton (16431727) e de Joseph Raphson (1648-1715). Desses estudos surgiu o método NewtonRaphson, que emprega a chamada fórmula de recorrência, sendo utilizada para calcular raízes reais de funções do tipo y = f (x) . O autor finaliza o trabalho comentando que: Julga-se, pois, que ao ser apresentada a solução para a TIR adotando o Método de Newton-Raphson seja obtido aprimoramento no cálculo, pelo rigorismo e pela exatidão que o método oferece em suas respostas. De outra parte, deve ser reconhecido que embora alcançada solução mais exata, a adoção do método não para superar uma séria restrição associada ao cálculo da TIR, representada pela geração de inúmeras taxas quando os fluxos de caixa apresentam inúmeras mudanças de sinais, dada a limitação matemática envolvida. (BALARINE,2002). 41 2.2.1.4 O Índice Benefício/Custo O Índice Benefício/Custo (IBC), segundo Souza e Clemente (2008), é calculado a partir da divisão do Valor Presente do fluxo de benefícios pelo Valor Presente do fluxo de Investimentos. A análise do IBC, para efeito de se aceitar ou rejeitar um projeto de investimento, é análoga à do VPL. Se o VPL for maior que zero, então, necessariamente, ter-se-á IBC maior que um. Se o IBC for maior que um, indica que o projeto merece continuar sendo analisado. O IBC visa, em parte, corrigir a deficiência do VPL que expressa o retorno em valores absolutos. O IBC é um indicador relativo e mede a expectativa de retorno para cada unidade de capital investida no projeto. O IBC representa a expectativa de obter R$ X,00 em valores monetários de hoje, para cada R$ 1,00 investido no projeto hoje. É importante observar que esse é um retorno além daquele que se teria, se esse R$ 1,00 tivesse sido aplicado à TMA. O IBC igual a R$ X,00 também pode ser interpretado como uma rentabilidade adicional de X% em “N” anos, além daquela que o mercado financeiro pagaria. O IBC, assim como o VPL, não deve ser usado para comparar projetos com horizontes de planejamento distintos, pois ele mede a rentabilidade do projeto para todo o seu horizonte de planejamento. 2.2.1.5 O Índice ROIA O ROIA – Retorno Adicional sobre o Investimento, segundo Souza e Clemente (2008) é o indicador que melhor representa a estimativa de rentabilidade para um projeto de investimento. É representado em forma percentual e traduz a riqueza gerada pelo projeto para os investidores. A base de cálculo do ROIA é o IBC. A Figura 4 demonstra o esquema para o cálculo do ROIA. 42 IBC = 1,21089 0 1 -1 2 3 … anos 9 ROIA = i% = 2,15%ao ano Figura 4 – Esquema para o cálculo do ROIA Fonte: Souza e Clemente (2008) O procedimento para o cálculo do ROIA se dá pela aplicação da Equação (4), assim representada: ROIA = i = n FV −1 PV (4) Em que: FV: Valor Futuro é representado pelo IBC; PV: Valor Presente; n: Período; i: Taxa de Juros, representa o ROIA. Para Souza e Clemente (2008), o ROIA representa a estimativa de ganho num projeto adicional à TMA, por isso é a melhor estimativa de rentabilidade de um projeto de investimento, pois proporciona ao investidor decidir se este ganho adicional é suficiente ou não, como prêmio de risco que se pretende assumir ao se decidir pelo investimento no projeto analisado. 2.2.2 Indicadores Associados à Criação de Valor Os indicadores associados à criação de valor buscam indicar ao investidor quanto o projeto ou negócio oferece de ganho sobre o capital investido. Diferentemente dos indicadores de rentabilidade, os indicadores associados à criação de valor evoluíram no sentido de melhor demonstrar os ganhos obtidos num projeto, pois consideram algum parâmetro de comparação definido a priori. Tratam 43 exclusivamente da remuneração do capital dos investidores e buscam medir quanto de valor foi criado num determinado período de tempo em que o capital ficou aplicado. Nas subseções a seguir encontra-se um breve resumo sobre os indicadores associados à Criação de Valor, mais comumente reportados na literatura de análise de investimentos. 2.2.2.1 O Retorno sobre o Investimento O Retorno sobre o Investimento (ROI) da expressão em inglês (Return on Investiment) é considerado, por muitos financistas, como a melhor medida de eficiência operacional. Segundo Hoji (2008), o ROI pode ser calculado a partir da Equação (5). ROI = LL AT (5) Em que: ROI: Retorno sobre o investimento; LL: Lucro líquido; AT: Ativo total. Hoji (2008) comenta ainda que: Esse simples cálculo demonstra a importância de operar com valor mínimo de ativo, pois o aumento de margem líquida via aumento de receita líquida não é tarefa fácil em um mundo globalizado e competitivo. Já para Brigham e Houston (1999), a mesma expressão algébrica utilizada por Hoji (2008) é atribuída ao cálculo do RSA – Retorno sobre os Ativos. 44 2.2.2.2 O Retorno sobre o Patrimônio Líquido O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RSPL) mede o retorno obtido sobre o investimento (ações preferenciais e ordinárias) dos proprietários da empresa, conforme Brigham e Houston (1999). O RSPL é calculado por meio da Equação (6): RSPL = LL PL (6) Em que: RSPL: Retorno sobre o patrimônio líquido; LL: Lucro líquido; PL: Patrimônio líquido. A formação do RSPL pode ser explicada pela fórmula DuPont (BRIGHAM e HOUSTON, 1999). O sistema Dupont permite à empresa decompor seu retorno em dois componentes: Lucro sobre vendas e eficiência no uso dos ativos. A equação do sistema DuPont relaciona a taxa de retorno sobre o ativo total – RSA à taxa de retorno sobre o patrimônio líquido – RSPL. Esta relação se dá pela multiplicação do RSA pelo MAF – Multiplicador de Alavancagem Financeira. O MAF, por sua vez, pode ser calculado a partir da Equação (7): MAF = AT PL (7) Em que: MAF: Multiplicador de alavancagem financeira; AT: Ativo total; PL: Patrimônio líquido. O MAF indica o quanto a empresa encontra-se alavancada financeiramente. O menor índice calculado é 1 (um). Quanto maior for este índice, maior é o grau de alavancagem financeira da empresa. Em outras palavras, maior é o endividamento. 45 E, portanto, maior é o risco também. Essa afirmação se dá em função da fórmula utilizada pelo sistema DuPont para cálculo do RSPL, obtida pela Equação (8): RSPL = RSA × MAF (8) Em que: RSPL: Retorno sobre patrimônio líquido; RSA: Retorno sobre ativo; MAF: Multiplicador de alavancagem financeira. Assim, a equação do sistema DuPont, sugere que: Quanto maior for o MAF, maior será o RSPL. Todavia, maior também será o grau de alavancagem financeira da empresa. E, assim, maior será o endividamento. Portanto, conclusivamente é correto afirmar que maior também será o risco neste caso, conforme Brigham e Houston (1999). 2.2.2.3 O Valor Econômico Adicionado O Valor Econômico Adicionado (VEA) ou Economic Value Added (EVA), refere-se ao lucro gerado, além do custo de capital. Para Young e O’Byrne (2003), a principal diferença entre o EVA e as medidas de lucro convencionais é que o EVA é um indicador de lucro “econômico”, ao contrário do lucro “contábil”. Baseia-se na idéia de que um negócio, para gerar o que os economistas chamam de “renda” (rents – isto é, retorno anormal sobre um investimento), as receitas devem ser suficientes para cobrir não somente todos os custos operacionais, mas também os custos do capital (incluindo o custo de financiamento do capital próprio). Não há criação de riqueza para os investidores quando não há geração de lucro no sentido econômico. (YOUNG e O’BYRNE, 2003). Segundo Young e O’Byrne (2003), o EVA é calculado conforme demonstrado no Quadro 3: 46 (+) Vendas Líquidas (-) Despesas Operacionais (=) Lucro Operacional (-) Imposto de Renda (=) Lucro Líquido (-) Custo do Capital (=) EVA Quadro 3 – Demonstração do Cálculo do EVA Fonte: Young e O’Byrne (2003) O custo de capital, mencionado no Quadro 3, diz respeito ao custo cobrado pelos agentes financiadores representados por capital de terceiros (juros) e pelo custo do capital empregado pelos sócios na empresa (custo de oportunidade). É comum a contabilidade reconhecer os juros cobrados por terceiros para financiar a empresa. Porém, na maioria das vezes, a contabilidade não reconhece adequadamente o custo de oportunidade de aplicação do capital dos sócios empregado na empresa, para financiamento das suas atividades. Por esse motivo, o EVA tem sido reconhecido como um bom indicador de agregação de valor, pois demonstra a qualidade do lucro gerado e não somente a quantidade. Quando o EVA é positivo isso significa que a empresa gerou um lucro não somente para cobrir suas despesas operacionais, mas também suficiente para a remuneração adequada aos capitais que estão financiando a atividade, bem como um excesso de lucro – agregação de valor. Hoji (2008) acrescenta ainda que o EVA: (...) é uma medida de desempenho operacional que indica a verdadeira lucratividade das operações, pois considera em seu cálculo o custo de capital próprio, evidenciando o valor efetivamente adicionado ao patrimônio líquido em determinados períodos de tempo. 2.2.3 Indicadores Associados ao Risco Risco é definido no dicionário como “causalidade; perigo ou possibilidade de perigo”. Para Brigham e Houston (1999), risco é a chance de ocorrer algum evento 47 desfavorável. Eles afirmam ainda que: A relação entre risco e retorno é tal que nenhum investimento será feito a menos que a taxa de retorno esperada seja suficientemente alta para compensar o investidor pelo risco percebido do investimento. Neste exemplo fica claro que poucos (se é que algum) investidores estariam dispostos a comprar ações da empresa de petróleo se o retorno delas fosse igual ao de títulos do governo. Os indicadores de risco, neste sentido, buscam transmitir ao investidor as condições que terá de assumir se quiser ter acesso aos benefícios futuros identificados em determinado projeto ou empreendimento. Nas subseções a seguir encontra-se um breve resumo sobre os indicadores associados ao Risco, mais comumente reportados na literatura de análise de investimentos. 2.2.3.1 O Método do Pay-back Time O pay-back time indica o tempo necessário que levará para recuperar o investimento realizado. Para Souza e Clemente (2008), o pay-back time é considerado um indicador de risco de projetos de investimentos. Essa afirmação é possível em função da tendência de mudanças contínuas e acentuadas na economia. Assim, afirmam os autores, não se pode esperar muito para recuperar o capital investido sob pena de se alijar das próximas oportunidades de investimentos. O cálculo do pay-back time pode ser obtido por meio da aplicação da Equação (9): (Rj − Cj) j j=1 (1 + I) t FCC( t ) = −I + ∑ (9) Em que: FCC (t): valor presente do capital; ou seja, o fluxo de caixa descontado para o valor presente cumulativo até o instante t; I: investimento inicial (em módulo), ou seja, -I é o valor algébrico do investimento, localizado no instante zero (início do primeiro período); Rj: receita proveniente do ano j; 48 Cj: custo proveniente do ano j; i: taxa de juros empregada; e j: índice genérico que representa os períodos j= 1 a t. Souza e Clemente (2008) concluem que o risco do projeto aumenta à medida que o pay-back se aproxima do final do horizonte de planejamento. Sob essa afirmação, é correto dizer que quanto menor for o pay-back time, menor será o prazo necessário para recuperar o capital investido e, portanto, menor será o risco do projeto. 2.2.3.2 A Taxa Interna de Retorno Para a maioria dos autores que referenciam principalmente a teoria da matemática financeira e engenharia econômica, a Taxa Interna de Retorno (TIR) é utilizada como um indicador de rentabilidade. No entanto, para Souza e Clemente (2008), a TIR é mais relevante, como informação da dimensão risco. Essa argumentação está baseada na variabilidade da TMA, que representa o limite inferior de rentabilidade livre de risco, que também flutua ao longo do tempo. Na Figura 5 é demonstrada, a partir de um exemplo hipotético a relação de risco (ou segurança) obtida entre a diferença das taxas TMA e TIR. 600 VPL 500 TMA 400 TIR SEGURANÇA 300 200 100 0 -100 0 4 8 12 16 Figura 5 – Relação TMA e TIR Fonte: Souza e Clemente (2008) 20 24 49 Cabe salientar que a TIR representa o limite superior de rentabilidade esperada para o projeto e a TMA diz respeito ao limite inferior. Nesse contexto, temse que o diferencial entre a TIR e a TMA determinará a medida de risco. Os referidos autores mostram que o risco do projeto aumenta segundo a proximidade dessas taxas. Banholzer et al. (2005) propõem a determinação da TIR por meio do cálculo fuzzy. O autor procura interpretar a TIR a partir da ótica que não existe apenas uma solução para a TIR, dado que existe incerteza sobre o investimento que está sendo analisado. Assim, o método de cálculo fuzzy pode auxiliar na tomada de decisão, dado que os resultados obtidos para a TIR evidenciam a incerteza como componente descrito na forma fuzzy. Nesse sentido, os autores comentam: A necessidade de se considerar a variabilidade dos parâmetros de entrada na análise de viabilidade econômica de investimentos é um fato, uma vez que não se conhecem, de antemão, os valores exatos que os fluxos de caixa assumirão no futuro, por vezes nem mesmo as taxas de desconto exatas a serem utilizadas ou a vida do investimento. Uma das análises mais comuns no caso determinístico, a análise da Taxa Interna de Retorno (TIR), até o presente momento não é definida no domínio fuzzy, pois os trabalhos sobre o assunto a descrevem como impossível, uma vez que no cálculo da TIR, o valor 0 (zero) do VPL é um valor exato ou, na terminologia fuzzy, um valor crisp. É necessário avaliar se a utilização de números triangulares fuzzy, para aproximação de resultados, não leva a distorções significativas, uma vez que o VPL fuzzy distorcido poderia levar a decisões equivocadas sobre uma oportunidade de investimentos. O trabalho de Banholzer et al. (2005) corrobora com os estudos de Chiu e Park (1994), que deram tratamento ao VPL fuzzy. Ambos procuram, por meio da TIR e do VPL, apresentar uma forma alternativa, por meio do método de cálculo fuzzy, que busque tratar as incertezas sobre os fluxos de caixa futuros em uma análise de viabilidade econômica de projetos. 2.2.3.3 O Ponto de Fisher O ponto de Fisher, como medida de risco, pode ser utilizado para tomada de decisão em que projetos de diferentes valores a serem investidos precisam ser comparados. Fisher preconiza a existência de um limite de variação para a TMA que 50 implica um ponto de igualdade em termos de ganho para o investidor, o que torna sua decisão indiferente na escolha de qualquer das duas alternativas. Nesse sentido, Souza e Clemente (2008) afirmam que: Ora, para o investidor ser indiferente é necessário que ambas as alternativas apresentem o mesmo VPL permitindo, matematicamente, que para uma taxa genérica, se igualem as expressões dos VPLs dos projetos. Ao se igualar as expressões dos VPLs resulta um fluxo de caixa igual à diferença dos fluxos de caixa originais que deve ser igualado a zero. A taxa que torna um fluxo de caixa qualquer igual a zero é, por definição, a Taxa Interna de Retorno – TIR desse projeto. A Figura 6 ilustra o ponto de Fisher como limite para a variabilidade da TMA, aceita para que o investidor seja indiferente na escolha entre duas alternativas. Figura 6 – Ponto de Fisher (11,98%) com limite para a variabilidade da TMA Fonte: Souza e Clemente (2008) O ponto de Fisher é calculado a partir da equação definida em (10), ao considerar a análise de dois projetos de viabilidade econômica e financeira. PF = TIR(FcP1 − FcP2) Em que: PF: Pondo de Fisher TIR: Taxa Interna de Retorno FcP1: Fluxo de Caixa do Projeto 1 FcP2: Fluxo de Caixa do Projeto 2 (10) 51 No gráfico evidenciado na Figura 4, a TIR resultante dos fluxos de caixa dos projetos 1 e 2, respectivamente, foi igual a 11,98%. Esse é o ponto de Fisher o qual significa que para uma TMA de 11,98%, tanto o projeto 1 como o projeto 2 apresentariam o mesmo VPL, tornando para o investidor a opção de escolha por um ou por outro indiferente, em termos de ganho. 2.3 OS COMPONENTES DO FLUXO DE CAIXA DE UM PROJETO A Demonstração do Fluxo de Caixa - DFC de um projeto, assim como a Demonstração de Resultados do Exercício - DRE, é de fundamental importância para fomentar a tomada de decisão de investimentos. É sobre a DFC que as métricas de análise de investimentos são aplicadas e passam a nortear o processo decisório. Assim, torna-se de suma importância conhecer os componentes do fluxo de caixa de um projeto, para que haja um melhor entendimento do modelo adotado nesta pesquisa e dos resultados obtidos a partir desta modelagem. A DFC pode ser elaborada com a finalidade de prever falta ou sobra de recursos financeiros ao longo do tempo. Assim, funciona como um instrumento de planejamento. Mas, também, pode ser utilizada como instrumento de controle, quando formulado diariamente, com o input das informações de recebimentos e pagamentos realizados. A DFC realizada então tem finalidade de controlar os recebimentos e pagamentos, bem como o saldo de caixa resultante, em função da DFC planejada (ou prevista), demonstrando as divergências ocorridas entre planejado e realizado. Nesse sentido, Rosa e Silva (2002), dizem que: (...) pode-se afirmar que o fluxo de caixa é um instrumento de controle e análise financeira que juntamente com as demais demonstrações contábeis torna-se efetivamente um instrumento de apoio à tomada de decisões de caráter financeiro. A DFC pode ser elaborada por meio de dois métodos: direto e indireto. Diz-se que a DFC é elaborada por meio do método direto, quando há o confronto direto dos recebimentos e pagamentos e, desse confronto resulta o saldo de caixa. Já para que 52 a DFC possa ser elaborada por meio do método indireto, é necessário utilizar como fonte de informação o DRE. Dessa forma, a DFC tem como ponto de partida o lucro líquido e dele são subtraídos ou adicionados valores que implicam o conceito de regime de caixa. A Figura 7 ilustra os diferentes métodos: direto e indireto, para formulação da DFC. Lucro Líquido Mais / Menos Menos Ajustes Saídas Operacionais Igual Geração Interna de Caixa Mais / Menos Método Indireto Método Direto Entradas Operacionais Geração Operacional de Caixa Igual Fluxo Operacional Mais / Menos Geração Não Operacional de Caixa Igual Variação do Disponível Figura 7 – Método Direto versus Indireto para Formulação da DFC A DFC utilizada pela ANTT no processo licitatório da Concessão de Rodovias, objeto desta pesquisa, tem por objetivo a previsibilidade da capacidade de pagamento da empresa concessionária, frente aos compromissos assumidos junto aos seus fornecedores, investidores, financiadores e governo. O método utilizado é o indireto, que utiliza como base de formulação o DRE. O modelo DFC proposto pela ANTT é parte integrante do Edital 003/2007, Lote 7, Anexo III – Termo de Referência da Proposta Comercial e está ilustrado no Quadro 4. 53 FLUXO DE CAIXA DO PROJETO ANO 1 ANO 2 ANO 3 … ANO 25 (=) RESULTADO LÍQUIDO (+) DEPRECIAÇÃO (+) FINANCIAMENTOS 1. FONTES (-) INVESTIMENTOS (-) AMORTIZAÇÃO EMPRÉSTIMOS 2. USOS 3. SALDO DE CAIXA (1 - 2) 4. SALDO DE CAIXA ACUMULADO Quadro 4 – Modelo da DFC do Edital 3 ANTT (2007) Para que se tenha um melhor entendimento da formulação do DFC, torna-se imperioso conhecer a formulação do DRE, dado que o método utilizado foi o método indireto. Assim, o Quadro 5, ilustra o modelo DRE proposto pela ANTT, que é parte integrante do Edital 003/2007, Lote7, Anexo III – Termo de Referência da Proposta Comercial. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ANO 1 ANO 2 RECEITA DE PEDÁGIO RECEITA FINANCEIRA RECEITAS ACESSÓRIAS 1. RECEITA BRUTA ISS PIS COFINS 2. TRIBUTOS 3. RECEITA LÍQUIDA (1-2) ADMINISTRAÇÃO / OPERAÇÃO / CONSERVAÇÃO SEGUROS E GARANTIAS POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL FISCALIZAÇÃO RDT DEPRECIAÇÃO JUROS 4. CUSTOS E DESPESAS 5. RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS (3-4) IMPOSTO DE RENDA ADICIONAL IMPOSTO DE RENDA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 6. IMPOSTOS 7. RESULTADO LÍQUIDO (5-6) Quadro 5 – Modelo da DRE Fonte: Edital 003/2007 da ANTT (2007) ANO 3 … ANO 25 54 É importante ressaltar que o modelo proposto pela ANTT é oportuno, dado que, ao utilizá-lo como instrumento de previsão, torna-se mais fácil sua verificação em data futura a partir das demonstrações contábeis publicadas. Além do mais, a legislação brasileira, por meio da Lei 11.638/07, passou a exigir das empresas sociedades anônimas a publicação do DFC, juntamente com os demais demonstrativos contábeis. Souza e Clemente (2008) sugerem que os ajustes efetuados sobre o DRE, para obtenção do DFC, devem levar em consideração os itens: • Depreciação: deve ser adicionada ao resultado líquido apontado no DRE, dado que representa um custo contábil que tem por finalidade contabilizar a perda ocorrida em função do uso do bem, atribuída à perda de vida útil. Porém, não implica desembolso de caixa, pois efetivamente esse desembolso não ocorre no mesmo tempo – regime de caixa – em que a depreciação é contabilizada – regime de competência; • Liberação e Amortização de Financiamentos: liberação de recursos financeiros provenientes de contratação de financiamentos deve ser adicionada ao resultado líquido, pois esta rubrica não faz parte do plano de contas do DRE, por se tratar de uma transação financeira que afeta apenas o resultado de caixa e não o lucro/prejuízo de uma empresa. Assim, também, se faz necessário subtrair do resultado líquido apresentado pelo DRE, quando ocorre a amortização do financiamento contratado, indicando que haverá um desembolso por conta da devolução do capital outrora contratado; • Investimento inicial em ativo fixo: corresponde aos valores de desembolso de caixa destinados à aquisição de máquinas, equipamentos, móveis e utensílios, veículos, terrenos, prédios, instalações e outros ativos que 55 compreendem esta categoria, necessários à constituição do conjunto de ativos fixos que proporcionará a operação da organização; • Despesas pré-operacionais: compreendem os desembolsos realizados antes mesmo de o projeto iniciar as operações. São gastos com projetos, estudos de mercado, registro de patentes, instalações provisórias, entre outras; • Capital de Giro: é a estimativa de recursos financeiros necessários para suprir desembolsos que ocorrerão antes dos ingressos, no período inicial das operações da empresa, enquanto o volume de vendas alça um crescimento em direção à autossustentação de caixa. O capital de giro é estimado ainda em função do ciclo operacional e financeiro da empresa, que pode ser determinado principalmente por fatores como: política de vendas – prazo médio de recebimento de clientes; política de compras - prazo médio de pagamento a fornecedores; e política de estoques – prazo médio dos estoques; • Valor residual: adicionado ao resultado líquido apurado no DRE, em função do valor de mercado estimado para a venda dos ativos fixos ao final do projeto, que proporcionará um ingresso de caixa por conta desta transação. Nesse sentido, Souza e Clemente (2008) propõem que os ajustes realizados sobre o DRE, para obtenção do Fluxo de Caixa, sejam realizados conforme ilustrado no Quadro 6: 56 FLUXO DE CAIXA DO PROJETO ANO 0 ANO 1 ANO 2 … ANO 25 (=) Fluxo de Lucro Contábil (+) Depreciação (-) Amortização do Financiamento (-) Investimento Inicial em Ativo Fixo (-) Despesas Pré-operacionais (-) Capital de Giro (+) Liberação do Financiamento (+) Valor Residual (=) Fluxo de Caixa do Investidor Quadro 6 – Ajustes para obtenção do Fluxo de Caixa Fonte: Souza e Clemente (2008) Os cuidados na elaboração do modelo a ser adotado implicam a qualidade dos resultados obtidos na avaliação do projeto, pois um modelo inadequado ou que contenha simplificações exageradas acarretará em resultados alterados que poderão influenciar as decisões que se pretendem obter. Marion (2009) elenca em dois grupos as principais transações que afetam o caixa. Os grupos estão divididos em: (a) Transações que aumentam o Caixa; e (b) Transações que diminuem o Caixa. São consideradas por Marion (2009) como principais as transações que aumentam o Caixa: • Integralização do Capital pelos Sócios ou Acionistas; • Empréstimos Bancários e Financiamentos; • Venda de Itens do Ativo Permanente; • Vendas à Vista e Recebimento de Duplicatas a Receber; • Outras Entradas – como juros recebidos, dividendos recebidos de outras empresas, indenizações de seguros recebidas, etc. São consideradas por Marion (2009) como principais transações que diminuem o Caixa: • Pagamento de Dividendos aos Acionistas; • Pagamento de Juros e Amortização da Dívida; • Aquisição de Item do Ativo Permanente; 57 • Compras à Vista e Pagamentos de Fornecedores; • Pagamentos de Despesa/Custo, contas a Pagar e Outros. Marion (2009) elenca também as transações que não afetam o Caixa, ou seja, não implicam desembolso ou ingresso de recursos financeiros. Essas transações são: (a) Depreciação, Amortização e Exaustão; (b) Provisão para Devedores Duvidosos; e (c) Acréscimos (ou Diminuições) de itens de investimento pelo método de equivalência patrimonial. 2.4 TIPOLOGIAS SOBRE OS RISCOS A administração financeira há muito tempo dedicou-se aos estudos sobre como maximizar a riqueza dos sócios. Nesse sentido, muitas ferramentas foram desenvolvidas no sentido de melhorar continuamente o retorno esperado sobre o capital investido. Essa busca evolutiva em torno da maximização do lucro propiciou um ambiente cada vez mais competitivo, levando as organizações assumirem, cada vez mais, posições mais arriscadas quando comparadas às assumidas anteriormente, onde o ambiente competitivo era menos povoado. Num ambiente altamente competitivo, as empresas tendem a assumir riscos que anteriormente nem sequer eram percebidos. A mudança constante do ambiente torna o cenário empresarial cheio de incertezas e agrava ainda mais a questão maximização dos lucros e da riqueza dos sócios. Jorion (2008), neste sentido, afirma que os negócios das empresas estão relacionados à administração de riscos. Aquelas com maior competência têm êxito; outras, não. O cenário de risco para alguns pode significar oportunidades de ganhos, já para outros pode ser um sinal de perdas. Reconhecer a existência do risco é, sobretudo, aceitar que sua presença é um processo natural em um ambiente de mudanças. Não há possibilidade de eliminá-lo, mas explorar a razão de sua existência é conhecer melhor o processo de formação do risco. Assim, essa tarefa passa ser obrigatória para quem busca minimizar riscos. A gestão de riscos é, neste sentido, a busca de informações que permitem conhecer os “perigos” que podem inibir o sucesso das organizações. 58 Busca-se, em última análise, precaver sobre as decisões a serem tomadas e suas consequências sobre os resultados esperados. Para Berk e Demarzo (2008): O principal método de gerenciamento de riscos é a prevenção. Por exemplo, as organizações podem evitar ou pelo menos reduzir muito riscos elevandose os padrões de segurança no trabalho, tomando decisões de investimento prudente e tendo a devida dedicação ao entrar em novos relacionamentos. Jorion (2008) classifica três tipos de riscos que as empresas estão expostas: a) riscos operacionais; b) riscos estratégicos e; c) riscos financeiros. a) Riscos Operacionais (business risks): são os riscos assumidos pela empresa voluntariamente, com o objetivo de criar vantagem competitiva e criar valor para os acionistas. Os riscos operacionais estão relacionados ao setor da economia em que a organização atua. São riscos que envolvem variáveis como: inovações tecnológicas, desenho de produtos e marketing. A decisão sobre como a empresa fará a alavancagem operacional também está relacionada com esse tipo de risco que é considerado controlável pela organização; b) Riscos Estratégicos: são riscos que advém de mudanças nos cenários, econômico e político. Como os riscos estratégicos têm sua origem externa às empresas, são riscos considerados não controláveis pela organização. Esse tipo de risco torna-se difícil de gerenciar e até mesmo de minimizar seus impactos frente aos resultados esperados. Algumas ações neste sentido são a diversificação dos negócios em atividades e países distintos; c) Riscos Financeiros: são riscos que se originam na administração dos capitais que financiam a atividade da empresa. Estão associados às possibilidades de perdas no mercado financeiro. Variáveis como taxas de juros e taxas de câmbio são as principais causas da existência desse tipo de risco. Para empresas não financeiras, os riscos financeiros 59 passam a ser uma tarefa a mais na grade gestão, pois influencia na performance de sua atividade fim. Já para empresas financeiras, este tipo de risco deve ser bem conhecido e medido, para proporcionar uma valorização correta na precificação de riscos. Do contrário, isso poderá tornar a organização pouco competitiva frente àquelas que conseguem fazê-lo com competência. Para Ross, Westerfield e Jordan (2002), o risco é diferenciado em dois tipos: O Risco Sistemático e o Risco Não Sistemático. Ao Risco Sistemático, são atribuídas as surpresas que afetam grande número de ativos. Esse risco também é chamado de risco de mercado. Como exemplos de Risco Sistemático estão o PIB – Produto Interno Bruto, as Taxas de Juros e a Taxa de Inflação. Essas variáveis afetam praticamente todo o mercado. O Risco Não Sistemático é mais pontual e tende a afetar um único ativo ou um pequeno grupo de ativos. O Risco Não Sistemático é também chamado de risco específico. Como exemplo de Risco Não Sistemático está a descoberta de petróleo por uma empresa. Esse fato deve afetar principalmente a empresa que fez a descoberta e talvez mais algumas outras, como seus concorrentes e fornecedores. Porém, é bastante improvável que tenha um efeito grande no mercado mundial de petróleo, ou que afete empresas que não sejam do ramo de petróleo. Damodaran (2005) ilustra essas definições de Risco Específico e Risco de Mercado como é demonstrado na Figura 8. Projetos podem ter desempenho pior ou melhor que o esperado Concorrência pode ser mais forte que o esperado Medidas e eventos que afetam o setor Risco Político e Taxa de Câmbio Taxa de Juros, Inflação e Notícias sobre a Economia Riscos que afetam muitas empresas Riscos que afetam apenas uma empresa Figura 8 – Risco Específico versus Risco de Mercado Fonte: Damodaran (2005) 60 Jorion (2008) classifica ainda os riscos financeiros em: riscos de mercado; riscos de crédito; riscos de liquidez; riscos operacionais; e riscos legais. As definições para cada uma dessas classes podem ser assim sumarizadas: a) Riscos de Mercado: dizem respeito às mudanças nos preços – ou volatilidades – de ativos e passivos financeiros. Existem dois tipos de riscos de mercado: o risco absoluto e o risco relativo. O risco absoluto é mensurado pela perda potencial em moeda corrente e busca enfocar a volatilidade dos retornos totais. Já o risco relativo está relacionado a um índice de referência e mede o risco em termos do desvio em relação a algum índice; b) Riscos de Crédito: se fazem presentes quando as partes contratantes, por alguma razão, não cumprem suas obrigações contratuais. Esse fato pode acarretar perdas financeiras para o credor contratante e a mensuração do risco pode então ser realizada em função das perdas previamente calculadas. Já para o devedor contratante o risco pode ser mensurado pelo efeito que as perdas podem causar se ocorrer rebaixamento da classificação do devedor pelas agências especializadas de crédito. O risco de crédito leva em consideração o risco soberano que, nesta modalidade de risco financeiro, pode ser exemplificado pelas restrições que um país impõe a outros países, que os impossibilitem de honrar com suas obrigações. O risco soberano é uma relação direta entre países, já o risco de inadimplência está relacionado especificamente com as empresas; c) Riscos de Liquidez: são divididos em risco de liquidez de mercado/produto - negócio; e risco de liquidez de fluxo de caixa/obtenção de recursos – refinanciamento. O risco de negócio surge quando uma transação não pode ser conduzida pelos preços de mercado prevalecentes, devido a uma 61 atividade insuficiente de mercado. Já o risco de refinanciamento advém da impossibilidade de cumprir as obrigações impostas pelo fluxo de caixa, que podem fazer com que contratos vençam antecipadamente, transformando perdas escriturais em perdas reais; d) Riscos Operacionais: referem-se às perdas potenciais geradas por sistemas inadequados, gestão inadequada, controles falhos ou falha humana, em que se inclui o risco de execução, ou ainda em situações em que as operações deixam de ser executadas, podendo acarretar atrasos onerosos ou em penalidades. Inclui a fraude e o risco tecnológico, o qual se refere à proteção dos sistemas contra violações e acesso não autorizado. O risco de modelo também é atribuído a esta classe em função do perigo de erro na avaliação de ativos ou posições por imperfeição do modelo utilizado ou simplesmente dos parâmetros adotados; e) Riscos Legais: surgem quando uma das partes contratantes não está revestida de autoridade legal ou regulatória para contratar uma transação. Os riscos legais também incluem o risco de conformidade e o risco de regulamentação, que dizem respeito a atividades que podem violar regulamentações governamentais, como manipulação de mercado e transações realizadas por pessoas com acesso a informações privilegiadas. 2.5 MÉTRICA Value at Risk O valor no risco (VaR) teve sua origem na indústria financeira, que reconheceu a necessidade de utilizar um instrumento que fosse ao mesmo tempo abrangente e de fácil aceitabilidade na mensuração do risco de mercado. Foi em 62 1994 que o VaR apareceu, num cenário de repetidos desastres com derivativos, que foi amplamente debatido pela imprensa. Em 1995, a International Swap and Derivatives Association ISDA - Associação Internacional de Swaps e Derivativos declarou: A ISDA acredita que a mensuração de risco de mercado seja importante para os leitores de demonstrativos financeiros. A medida considerada apropriada pela maioria dos profissionais é alguma forma de Valor no Risco. Jorion (2008) define o VaR como sendo a maior (ou pior) perda esperada dentro de determinados períodos de tempo e do intervalo de confiança. Os modelos de avaliação que antecedem ao VaR remontam aos sistemas de gerenciamento de ativos/passivos implementados no começo da década de 1980. As instituições mantinham as transações lançadas a custos históricos e faziam ajustes de tempos em tempos. Posteriormente, os balanços começaram a serem apresentados a valores de mercado, inaugurando a tendência de marcação de mercado. Assim, foi possível partir para avaliação de risco por meio da correlação. Um método simples que consistia em acompanhar o valor de mercado de todos os ativos durante determinado intervalo de tempo, para se ter uma ideia da volatilidade dos valores de uma carteira. O conceito de risco, dessa forma, deriva naturalmente da combinação entre posições, marcação a preço de mercado e variações nos valores de mercado. O VaR procura otimizar a combinação das previsões de retorno com as medidas de risco. Essa evolução da administração financeira moderna pode ser observada na Figura 9. Medida Contábil Posições Medida Econômica Preços de Mercado Controle de Riscos Riscos e Correlações Tomada de Posições Retornos Esperados Ativos negociados Marcação a mercado Mensuração de Risco Otimização Dados de balanço Valores econômicos Valor no Risco Posição Ótima Sentido da evolução da administração financeira moderna Figura 9 – A Administração Financeira Moderna Fonte: Jorion (2008) 63 A última etapa baseia-se no uso do sistema de controle de risco como mecanismo de feed-back para a avaliação das unidades de negócio. O VaR possibilita comparar a rentabilidade de várias operações já ajustadas pelo risco mensurado. Assim, o nível de decisão torna-se mais apurado, levando-se em consideração não só a rentabilidade da unidade de negócio, mas sim a rentabilidade ajustada ao risco mensurado pelo VaR. O VaR, por definição, é um valor expresso em unidades monetárias que depende do nível de confiabilidade e do horizonte de tempo. Essa afirmação pode ser ilustrada na Figura 10, que representa o exemplo citado por Jorion (2008). O autor pesquisa o retorno médio mensal dos títulos do tesouro americano de 5 anos, compreendidos no espaço de tempo que varia entre os anos 1953 e 1999, totalizando 552 observações e opta por um nível de confiança de 95%. Figura 10 – Distribuição de Probabilidade dos Retornos No exemplo ilustrado da Figura 10, é esperado que as perdas diárias superem o VaR de um dia com nível de confiabilidade de 95% em aproximadamente 2,50% dos dias. 64 2.5.1 A Métrica VaR Regulatório O VaR, apesar de ser desenvolvido a partir da necessidade de controlar riscos das operações financeiras efetuadas por instituições financeiras, tem sido também utilizado por outros tipos de organizações não financeiras. Exemplo disso é sua aplicação na administração pública. Baghdassarian (2003) demonstrou a aplicação do VaR por meio dos indicadores estocásticos de risco: Cash Flow at Risk (CFaR), Cost at Risk (CaR) e Budget at Risk (BaR), como forma de gerenciamento do risco no processo de planejamento da Dívida Pública. O autor conclui no trabalho que: Apesar do evidente destaque aos indicadores estocásticos, foi discutida e apresentada a importância de uma análise sistêmica dos indicadores de risco da Dívida Pública, sem a qual, poder-se-ia escolher estratégias de refinanciamento que elevassem a exposição do passivo público a outros tipos de risco. O VaR regulatório é facilmente exemplificado no Brasil, no caso da adoção da métrica pelo Banco Central do Brasil (BACEN). Sain (2001) comenta em sua pesquisa que: Devido ao fato do modelo do Banco Central do Brasil (BACEN) estar mais voltado à questão de alocação de capital para fins de regulamentação do que a questão de implementação de controles internos de risco de mercado, a comparação do modelo instituído pelo BACEN será realizada em relação à alocação de capital regida pelo Comitê da Basiléia. Pelo Acordo de 1996, o capital para cobrir os riscos de mercado que os bancos dos países signatários devem alocar é o máximo entre o VaR do dia, calculado para o intervalo de confiança de 99% e holding period de 10 dias, e a média dos value-at- risk dos últimos 60 dias, calculados da mesma forma, multiplicada por um fator que varia entre 3 e 4. O referido autor faz um teste com cinco carteiras de ativos, comparando o modelo adotado pelo BACEN com modelos proprietários de VaR como: Simulação Histórica e Riskmetrics®. 65 2.5.2 Utilização do Value at Risk como Métrica de Gestão de Riscos O VaR pode ser utilizado na gestão de riscos com diferentes funcionalidades. As Instituições Financeiras foram as primeiras a utilizar-se do VaR, mas este conceito passou a ser utilizado também por Instituições Não Financeiras. Algumas das formas de utilização do VaR são: a) Instituições Financeiras: detentores de grandes carteiras, para administração de risco; b) Órgãos Reguladores: Federal Reserve Bank (FED), que é o banco central americano e a Securities and Exchange Commission (SEC), que é a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos; c) Instituições Não Financeiras: para controlar a exposição de risco de fluxo de caixa; d) Administradores de Ativos: Fundos de Pensão. O VaR aplicado em casos de Instituições não Financeiras pode ser verificado já com alguma frequência no Brasil. Trabalhos de pesquisa científica aplicados às áreas de Siderurgia (OZÓRIO, 2006), Petróleo (FONSECA, 2006), Distribuição de Energia Elétrica (PEROBELLI; SECURATO, 2005), Geração de Energia Elétrica (VARANDA NETO, 2005), Agroindústria (BIGNOTTO, 2000), Incorporação Imobiliária (REZLER, 2007), Empresas Têxteis (PEROBELLI et al., 2007) e Varejo (BERBERT; PEROBELLI, 2007) são alguns exemplos dentre os mais recentes casos que podem ser citados. Cardoso e Mendonça (2003) propuseram um estudo da aplicação do VaR integrado ao processo de gestão de riscos nas empresas aplicado ao BSC (Balanced Scorecard). Nesse sentido, os autores afirmam que: 66 A metodologia do VaR alterou os conceitos de mensuração, controle e gestão de risco das instituições financeiras e das agências reguladoras. Atualmente ela também começa a ser utilizada em um sentido mais amplo, na gestão do risco global das corporações, no que vem sendo denominado gerenciamento integrado de risco. Na tentativa de organizações não financeiras utilizarem o conceito do VaR para gestão de riscos, nasceu uma variação desse conceito: o CFaR – Cash Flow at Risk, ou simplesmente Fluxo de Caixa em Risco e o EaR – Earnings at Risk ou Lucros em Risco. 2.5.3 A Metodologia CorporateMetrics A Metodologia CorporateMetrics® foi elaborada com a finalidade de estabelecer definições e procedimentos metodológicos para o cálculo de risco para empresas não financeiras. Publicada em 1999, sob o título CorporateMetrics® – Technical Document pelo RiskMetrics Group, do Banco J.P. Morgan, tornou-se marco referencial para novos estudos na área de risco corporativo. Essa metodologia tornou possível a obtenção de medidas de risco de mercado a partir das inúmeras simulações geradas e submetidas aos diferentes cenários econômicos, obtendo-se como resultado a probabilidade de acontecer um determinado valor de lucro e (ou) saldo de caixa, para um período de tempo avaliado. O CorporateMetrics® utiliza uma metodologia equivalente àquela usada no VaR, que tem por finalidade apurar um valor monetário, possível de ocorrer sob a condição do nível de um intervalo de confiança escolhido. O procedimento do cálculo do risco de mercado, segundo a metodologia do CorporateMetrics®, está dividido em 5 passos: Passo 1- Medida de Risco: determinar qual será a medida de resultado financeiro que representará o risco de mercado a ser medido. Geralmente o resultado financeiro é representado pelo lucro ou saldo de fluxo de caixa da organização. É necessário ainda determinar qual o período de tempo que será avaliado o resultado financeiro e ainda o nível de confiança desejado; 67 Passo 2- Mapeamento de Exposições: identificar todos os componentes que implicam a formação do lucro ou do saldo de caixa, que estão sensíveis às flutuações de mercado. Definir as funções matemáticas para cada componente e as variáveis de mercado. Caracterizar exposições isoladas ou expressões próforma. As variáveis de mercado são as variáveis aleatórias; Passo 3- Geração de Cenários: gerar um grande número de cenários que traduzam os possíveis valores da medida de risco para o conjunto de variáveis de mercado estabelecidos no Passo 2 durante o período de tempo estabelecido no Passo 1. a) Para cada horizonte de tempo definido no Passo 1, especificar a distribuição de probabilidade das variáveis de mercado estabelecidas no Passo 2; b) Gerar “N” cenários, coletando amostras aleatórias de cada distribuição e plotar os valores em função do tempo. Assim, cada cenário definirá a trajetória das variáveis de mercado ao longo do horizonte de tempo estipulado; Passo 4- Avaliação: calcular o futuro resultado financeiro – lucro ou saldo de caixa – para cada cenário das variáveis de mercado por meio dos mapeamentos de exposição e plotar um histograma; Passo 5- Cálculo do Risco: Calcular as estatísticas de risco de mercado, a partir da distribuição de frequência dos resultados financeiros – lucro ou saldo de caixa. Identificar o resultado correspondente ao nível de confiança desejado e comparar ao resultado previsto. A metodologia CorporateMetrics® se concentra no estudo da avaliação dos riscos dos lucros e dos fluxos de caixa. Isso porque tais medidas têm sido largamente utilizadas por financistas para avaliar a performance financeira das empresas, como indicadores de desempenho e de liquidez. O CorporateMetrics® se 68 refere como medida de risco no ambiente corporativo definindo as medidas em: a) Earnings at Risk – EaR; e b) Cash Flow at Risk – CFaR, conforme Riskmetrics Group (1999). 2.5.3.1 Earnings at Risk Os analistas de mercado procuram mensurar o desempenho financeiro das organizações por meio de indicadores financeiros. Dentre os mais utilizados estão o Índice lucro por ação, preço/lucro (P/L), Return on Equity (ROE) e o Fluxo de Caixa Descontado. Tais indicadores têm sido utilizados por esses financistas no processo de valoração das empresas. A variação, para mais ou para menos dos fatores que influenciam na formação desses indicadores, também influencia na decisão dos preços praticados nas transações de compra e venda de ações por investidores, pois, quando o lucro de uma empresa supera ou frustra uma expectativa de mercado, o preço de suas ações também se altera. Daí torna-se imprescindível gerenciar a variabilidade desses fatores, para que se possa maximizar a riqueza dos acionistas dessas organizações. Para o CorporateMetrics®, a metodologia que pode quantificar a sensibilidade do lucro em função dos seus fatores de risco é o EaR. A vantagem dessa metodologia, em relação aos processos tradicionais de planejamento e orçamento empresarial, é que se pode determinar, por meio de simulações de cenários, não só o resultado esperado, mas também o grau de confiança (de probabilidade) que este evento ocorra. Nesse sentido, Fonseca (2006) afirma que: Os processos de planejamento e orçamento que determinam níveis específicos de lucros para os próximos períodos (trimestres ou semestres) visando ao crescimento no longo prazo podem ser capazes de identificar possíveis perdas através de cenários pessimistas. Porém, estes processos não são capazes de levar em consideração as volatilidades e correlações de seus fatores de risco e ainda, não fornecem um nível de confiança (a probabilidade de ocorrer cada cenário) para as estimativas. 69 O CorporateMetrics® definiu o EaR como sendo a queda máxima do lucro, em relação a uma meta ou previsão específica, ocorrida devido ao impacto de variações das taxas de mercado em um dado conjunto de exposições, para um dado período e nível de confiança. 2.6 MÉTRICA Cash Flow at Risk O CFaR – Cash Flow at Risk, ou simplesmente Fluxo de Caixa em Risco é utilizado por empresas não financeiras ou na análise de um projeto, com o objetivo de se determinar o valor em risco de um fluxo de caixa livre projetado para um determinado período de tempo e com um determinado intervalo de confiança. O VaR corporativo permite ao usuário do modelo mapear a exposição da carteira de ativos e passivos da empresa, a cada fator de risco, evidenciando, dessa forma, maior transparência quantitativa sobre os riscos que a empresa está sujeita. La Rocque e Lowenkron (2004) definem o CFaR como: Valor mínimo de um fluxo de caixa numa determinada data (T) no futuro, a um nível de significância de α% avaliado com as informações disponíveis hoje (t). Equivale ao α-ésimo percentil da distribuição de probabilidade do fluxo em questão numa determinada data no futuro. Tem-se um enfoque de médio/longo prazo e de fluxo de caixa ao invés de valor. Matematicamente, o CFaR da data T analisado em t a (1-α %) de confiança é definido como o número que faz com que P(Fluxo de Caixa ≤ CFaR) = α%. O CFaR aplicado em um projeto ou, como neste caso, na análise de um contrato de concessão rodoviária, que tem como horizonte de tempo 25 anos, visa antever as prováveis insuficiências de recursos financeiros para cumprir com as obrigações contratuais. Por se tratar de um contrato que envolve grande montante de recursos financeiros a serem investidos na ampliação, melhoria e conservação da rodovia, são necessários aportes de capital próprio e também de financiamentos. A incerteza sobre o volume de tráfego da rodovia que dita a receita de arrecadação de pedágio, frente aos compromissos assumidos com terceiros como fornecedores, folha de pagamento e encargos, impostos, amortização de financiamentos e pagamento de juros, bem como distribuição de dividendos para os sócios, faz com que a mensuração do risco que paira sobre essas projeções sejam 70 cuidadosamente avaliadas. Na busca dessas respostas, o CFaR procura indicar qual é o pior valor de caixa esperado para o contrato de concessão durante o período contratual. Perobelli e Securato (2005) afirmam que: Dentre os benefícios advindos da implantação de sistemas de medição e gerenciamento de riscos de mercado no âmbito das instituições não financeiras destacam-se como os mais diretos: o controle dos fluxos de caixa necessários ao cumprimento dos compromissos pela empresa, que incluem o pagamento de fornecedores, despesas operacionais e financeiras, amortização dos empréstimos e dos investimentos programados; a redução da volatilidade desses fluxos, e conseqüentemente, da probabilidade de a empresa deixar de honrar compromissos futuros. Benefícios adicionais incluem o aumento de transparência aos investidores, a rápida assimilação de novas fontes de riscos de mercado pelos gestores, e especificamente no mercado brasileiro, a adequação antecipada da empresa à regulação. Nesse sentido, as variáveis utilizadas no estudo de viabilidade apresentado para o contrato de concessão da RODOVIA: BR-116/376/PR – BR-101/SC – Lote 7, que merecem ser testadas na avaliação do CFaR compreendem: a) A variação do fluxo de tráfego da rodovia; b) A variação da tarifa básica de pedágio; c) A variação da taxa de juros dos financiamentos; d) A variação dos custos e despesas orçados; e e) A variação dos valores orçados para os investimentos. Como resultado dessas avaliações, será apresentada uma tabela com os valores apurados para cada uma das situações, com o objetivo de realizar a aplicação da métrica CFaR. A aplicação dessa métrica, em última análise, permitirá uma visão de risco de perda financeira sob uma condição probabilística, diferenciando-se das medidas usuais de risco, que tendem a mensurá-lo simplesmente sob a condição de medida de dispersão dos resultados, utilizando-se para isso, o desvio padrão. 71 2.7 MÉTODOS PARA MENSURAÇÃO DO VaR, EaR e CFaR As estimativas dos valores em risco podem ser obtidas por diferentes métricas. Segundo Jorion (2008), as abordagens sobre VaR podem ser classificadas em dois grupos: a) Avaliação Local; e b) Avaliação Plena. A Avaliação Local é representada pelo método delta-normal. Já a Avaliação Plena é representada pelos métodos: a) O Método de Simulação Histórica; b) O Método de Stress; e c) O Método de Monte Carlo Estruturado. Na sequência encontram-se sumarizadas as explicações de Jorion (2008) acerca dos diferentes métodos para mensuração do VaR. • O Método Delta-Normal: utilizado para mensuração do VaR em carteiras grandes e complexas, que se modificam com o tempo. Pressupõe que os retornos de todos os ativos sejam normalmente distribuídos. Como o retorno da carteira é uma combinação linear de variáveis normais, o VaR também é normalmente distribuído; • O Método de Simulação Histórica: este método põe a avaliação plena diretamente em prática. Consiste em recuar no tempo e aplicar os pesos atuais a uma série temporal de retornos históricos dos ativos. O retorno não apresenta uma carteira real, mas reconstrói o histórico de uma carteira hipotética por meio de sua posição atual. O VaR é obtido a partir da distribuição inteira de retornos hipotéticos. Cabe salientar que a eficiência computacional desta métrica recai no processo de ordenação utilizado para a obtenção do retorno limite dado um quantil definido a priori; • O Método de Stress: essa métrica encerra uma abordagem completamente oposta à do método de simulação histórica. Às vezes denominada análise de cenário, ela examina o efeito, sobre a carteira, de oscilações hipotéticas nas 72 principais variáveis financeiras. O método consiste na especificação, de forma subjetiva, de cenários de interesse, com o objetivo de avaliar possíveis mudanças no valor da carteira; • O Método de Monte Carlo Estruturado: em oposição à análise de cenário, as simulações de Monte Carlo Estruturado cobrem grande quantidade de possíveis valores das variáveis financeiras e dão conta por completo, das correlações. É desenvolvido em duas fases: Fase 1: o administrador de risco especifica um processo estocástico para as variáveis financeiras, bem como os parâmetros desse processo; Fase 2: são simuladas trajetórias fictícias de preço para todas as variáveis de interesse. Cada uma dessas “pseudorrealizações” é, então, utilizada na geração de uma distribuição de retornos, a partir da qual o VaR poderá ser lido. Jorion (2008) explica ainda, sobre a abordagem dos métodos para obtenção do VaR, que: A escolha do método depende muito da composição da carteira. Para carteiras sem opções (nem opções embutidas), o método delta-normal pode ser a melhor escolha. O VaR é relativamente fácil de calcular, não estando tão propenso ao risco de modelo (devido a suposições ou cálculos imperfeitos)... Para carteiras com posições em opções, entretanto, o método não é apropriado. No lugar dele, os usuários devem utilizar as simulações históricas ou de Monte Carlo. Jorion (2008) comenta ainda que o método de Simulação Histórica é relativamente fácil para se implementar, se valendo da avaliação plena, real de todos os títulos. No entanto, ele é incapaz de captar a variação do risco ao longo do tempo e, como o modelo delta-normal, pode ser apanhado de surpresa em situações extremas. Maletta (2005) se refere às vantagens do método de Simulação Histórica 73 atribuídas por ser um método simples e por não haver a necessidade de embasamento em premissas, pois os dados são fornecidos pelo histórico dos bancos de dados existentes. O autor comenta, ainda, que este método consegue capturar o efeito de uma possível assimetria dos dados. Todavia como desvantagens desse método, Maletta (2005) atribui ao fato de que é preciso admitir que o passado se repetirá no futuro. E, ainda, que o método não permite uma análise de sensibilidade. O método de testes de stress limita-se pela sua subjetividade, pois o resultado depende do input: cenário incorreto, valor no risco incorreto. Normalmente, enfoca apenas uma variável e ignora as correlações. Assim, Jorion (2008) conclui que: Teoricamente, a abordagem de Monte Carlo pode aliviar todas essas dificuldades técnicas, pois pode incorporar posições não-lineares, distribuições não normais, parâmetros implícitos e, até mesmo, cenários definidos por usuários. O preço dessa flexibilidade, todavia, é elevado. As exigências computacionais e de dados superam as das outras duas abordagens: o risco de modelo parece ser grande e o valor no risco perde seu apelo intuitivo. Também, nesse sentido, Conceição (2006) traz uma contribuição prática no estudo realizado, por meio do método da SMC, contribuindo na área temática de custos. Este artigo pretendeu mostrar o quanto é válida a utilização da Simulação de Monte Carlo no estudo do custo futuro de um produto. Permitindo-se apresentar este custo não de forma determinística, como ocorre atualmente na maioria das empresas, mas sob a forma de distribuição de probabilidades. Através da utilização desta técnica verificaram-se quais os riscos de o custo do chicote elétrico, base do nosso estudo, atingir um valor maior que o máximo necessário para se obter a lucratividade desejada. Pôde-se averiguar, também, quais seriam os valores do custo do chicote elétrico se ocorresse o melhor ou pior dos cenários possíveis. E, além disso, mostrou-se que é possível a medição da probabilidade de ocorrência de qualquer valor entre esses dois extremos. Lowenkron (2004) alerta para a mudança do enfoque do velho para o novo paradigma na gestão de riscos em corporações, que está sumarizado no Quadro 7. 74 Velho Paradigma Novo Paradigma (enterprise-wide) • • • • Fragmentação: cada departamento gerenciava o risco de forma independente. Ad-hoc: gestão de risco era feita só quando os gerentes acreditavam existir necessidade de fazê-lo. Foco Estreito: principalmente riscos cujo seguro era passível de contrato direto e riscos financeiros. • Integração: visão conjunta da empresa e este processo está sob coordenação. Contínuo: o processo de monitoramento e gerenciamento de risco é incessante. • Foco Amplo: todos os riscos do negócio e as oportunidades neles contidos são considerados. • Métricas que resumem informação consolidada. Quadro 7 – Paradigmas na Gestão de Riscos Fonte: Lowenkron (2004) Nessa pesquisa utiliza-se o método da Simulação de Monte Carlo Estruturado. Por meio de inúmeras simulações elaboradas sobre as variações dos componentes que estruturam o fluxo de caixa e lucro da empresa concessionária, procurar-se-á verificar com o nível de confiança de 95%, qual é o menor saldo de caixa - CFaR e o menor lucro - EaR estimados para o contrato de concessão da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de concessão 003/2007 da ANTT. 2.8 AS LIMITAÇÕES DO VaR, EaR e CFaR Segundo Jorion (2008), apesar da métrica VaR apresentar-se como uma ferramenta potente para compreensão dos valores em risco, existem limitações das medidas de VaR que devem ser, a priori, compreendidas. Essas limitações podem ser assim sumarizadas: 2.8.1 Riscos de Evento e de Estabilidade A principal desvantagem dos modelos baseados em dados históricos referese ao pressuposto que o passado recente seja uma boa projeção de aleatoriedade futura. Mesmo que os dados passados se encaixem perfeitamente no modelo, não 75 há garantia de que o futuro não trará surpresas desagradáveis que não ocorreram no passado. Essas surpresas podem assumir duas formas: eventos isolados (como desvalorização da taxa de câmbio ou inadimplência) e mudanças estruturais (como mudança da taxa de juros de pré para pós-fixada). O risco de estabilidade pode ser abordado por meio de testes de stress, cujo objetivo é enfocar o efeito de mudanças drásticas sobre o risco da carteira. 2.8.2 Risco de Transição Sempre que houver mudança profunda, haverá também grande potencial para erros. Isso aplica-se, por exemplo, às mudanças organizacionais, à expansão para novos mercados ou produtos, à implementação de novo sistema ou às novas regulamentações. Como os controles existentes lidam com os riscos existentes, eles podem ser menos eficazes durante as transições. O risco de transição é de difícil trato, pois não pode ser explicitamente modelado. A única salvaguarda é uma vigilância maior em tempos de transição. 2.8.3 Mudança de Posições Problemas semelhantes de instabilidade ocorrem ao se tentar extrapolar o risco diário para um horizonte maior, o que causa preocupação, especialmente, em órgãos reguladores. O ajuste usual é feito a partir da raiz quadrada do prazo, pressupondo-se posições constantes. Contudo, esse ajuste ignora o fato de a posição tomada poder mudar com o tempo, em reação às mudanças nas condições de mercado. Não há uma forma simples de se avaliar seu impacto sobre o VaR da carteira, mas é provável que sistemas de administração de risco prudentes diminuam a exposição conforme aumente a volatilidade. A imposição de limites de perda, por exemplo, reduz a exposição gradualmente, à medida que as perdas se acumulam. 76 2.8.4 Posições Problemáticas As posições problemáticas entram em categoria similar à do risco de transição. Todos os métodos de VaR pressupõem a existência de dados disponíveis para mensuração de riscos. Porém, pode não haver preços de mercado para alguns ativos, como ações ilíquidas de mercados emergentes, colocações privadas ou moedas exóticas. Sem informações adequadas sobre preços, o risco não pode ser avaliado a partir de dados históricos (muito menos com dados implícitos). Uma posição tomada nesses ativos criará um potencial de perdas que será de difícil quantificação. Na falta de boas informações, os teste de stress parecem ser o único método de avaliação de riscos. 2.8.5 Riscos de Modelo A maior parte dos sistemas de administração de risco utiliza o passado como guia para riscos futuros. Todavia, pode ser arriscada a extrapolação a partir de dados passados. É essencial que se tome cuidado com as armadilhas dos riscos de modelo. 2.8.6 O Risco de Forma Funcional Outra limitação desta métrica refere-se ao risco de forma funcional. Essa é a forma mais pura de risco de modelo. Podem ocorrer erros de avaliação, caso a forma funcional escolhida para a avaliação de um ativo esteja incorreta. 77 2.8.7 O Risco de Parâmetro Também conhecido como risco de estimativa, o risco de parâmetro surge da imprecisão na mensuração de parâmetros. Mesmo em ambiente perfeitamente estável, não se observam os verdadeiros retornos e volatilidades esperados. Logo, alguns erros aleatórios certamente ocorrerão, devido, simplesmente, à variação amostral. 2.8.8 O Risco de Exploração de Dados Esse tipo de risco é pouco aparente e muito perigoso. Ele ocorre quando vários modelos são examinados, sendo divulgado apenas aquele que produz bons resultados. Esse problema dá-se, em particular, com modelos não lineares (como o de redes neurais ou o de caos), que envolvem a busca não apenas de valores paramétricos, como também de diferentes formas funcionais. 2.8.9 O Risco de Sobrevivência A questão da sobrevivência relaciona-se a processos de investimento que consideram apenas séries, mercados, ações, títulos ou contratos existentes. O problema reside no fato de que ativos que “não sobreviveram” não podem ser observados. Análises baseadas em dados correntes tendem a projetar imagem demasiadamente otimista. Mais genericamente, eventos raros e com pouca probabilidade de ocorrência, mas que podem exercer influência significativa sobre preços, como guerras ou nacionalizações, podem não ser bem representados pelas amostras, podendo estar totalmente ausentes de séries sobreviventes. Infelizmente, é difícil capturar tais eventos excepcionais por meio de modelos de risco convencionais. 78 2.9 ANÁLISE DE CENÁRIOS COMO ARCABOUÇO DA FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIA A análise de cenários vem se desenvolvendo no campo da estratégia, não como atividade fim, mas como ferramenta preditiva. Por meio dela, gestores procuram tomar ou rever decisões, em função dos resultados apontados nos cenários projetados. A incerteza sobre o futuro e os riscos do negócio são as principais matérias-primas para o desenvolvimento do planejamento de cenários. É nesse contexto que a teoria de cenários, procura auxiliar na decisão do administrador. Godet (1993) define cenário como o conjunto formado pela descrição de uma situação futura e do encaminhamento dos acontecimentos que permitam passar da situação de origem à situação futura. Todavia, pode-se encontrar na literatura diferentes linhas de pensamento em teoria de cenários. Schwartz (2000) descreve a teoria de cenários a partir da lógica intuitiva. Essa linha de pensamento busca o desenvolvimento de cenários para propiciar aos gestores bases para a percepção dos futuros alternativos que requerem tomadas de decisões. O autor descreve oito passos no sentido de exercitar o gestor sobre a reflexão dos cenários, a aceitação da realidade e, porquanto, a tomada de decisão. Os oito passos descritos pelo autor podem ser assim sumarizados: Passo 1: Identificar a decisão estratégica principal; Passo 2: Especificar as principais forças do ambiente local; Passo 3: Identificar e analisar as forças motoras; Passo 4: Hierarquizar por importância e incerteza; Passo 5: Selecionar e estabelecer a lógica dos cenários; Passo 6: Detalhar os cenários; Passo 7: Interpretar as implicações dos cenários; e Passo 8: Selecionar os indicadores e sinais de aviso. A construção de cenários não se torna importante apenas pelo fato de fornecer ao gestor uma contribuição para a tomada de decisão. Além disso, ela 79 proporciona à organização um processo de aprendizagem contínuo, à medida que faz seus atores refletirem sobre a realidade, o futuro e as incertezas que cercam o mundo dos negócios. Schwartz (2000) contribui, nesse sentido, afirmando: (...) a unificação da linguagem da organização, o auxílio no desenvolvimento de sua criatividade e a criação de redes de informação. Em síntese, eles podem ser usados, também, como plataforma de conversação estratégica que levam à aprendizagem organizacional contínua a respeito de decisõeschave e prioridades de uma empresa. A contribuição, nesse sentido, é fazer, além de um exercício contínuo de reflexão sobre o futuro, por meio de uma técnica de projeção de cenários, também um processo de gestão flexível e criativo, proporcionando à organização, meios de alcançar as metas propostas ou mesmo de fixá-las de forma estratégica. Moritz e Pereira (2005) afirmam que: Falar sobre o futuro conduz o pensamento à técnica de prospectar cenário e, conseqüentemente, as suas duas correntes principais: uma formulando seus pressupostos de maneira mais qualitativa e criativa (técnicas de criatividade e de avaliação) e outra mais voltada para determinação de metas e objetivos de longo prazo, envolvendo alocação de recursos e quantificação das suas variáveis (orçamentos e técnicas de análise multicritérios). Contudo, todas, sem exceção, objetivam construir cenários para proporcionar um futuro mais imaginativo e flexível para as organizações. Os autores afirmam, ainda, que Peter Schwartz (2000) é o principal cenarista contemporâneo e, que por ser importante na construção da história dos cenários, transcrevem suas palavras sobre este conceito numa outra abordagem da teoria dos cenários: a análise prospectiva. Os cenários prospectivos apareceram pela primeira vez logo após a II Guerra Mundial, como um método de planejamento militar. A Força Aérea dos EUA tentou imaginar o que o seu oponente tentaria fazer, e prepara estratégias alternativas. Nos anos 60, Herman Kahn, que fizera parte do grupo da Força Aérea, aprimorou os cenários como ferramenta para uso comercial. Porém os cenários atingiram uma nova dimensão no início da década de 70 com o trabalho de Pierre Wack, que era planejador estratégico nos escritórios de Londres da Royal Dutch/Shell, o grupo internacional de petróleo, num novo departamento chamado de grupo de planejamento prospectivo. Wright e Pereira (2002) apresentam uma pesquisa realizada com o objetivo de verificar se empresas utilizam o planejamento de cenários. Os autores afirmam 80 que das 70 empresas pesquisadas, 73,47% responderam que utilizam cenários. Das empresas respondentes, 57% são de capital internacional e 43% de capital nacional. Sendo que 84% das empresas responderam que utilizam algum tipo de planejamento com horizonte de 5 anos. Das empresas que responderam que utilizam planejamento, 61,32% responderam que utilizam análise de cenários com moda de 2,5 anos. E, ainda, comentam os autores que dos adeptos à ferramenta de cenários, 95% avaliou sua utilidade no planejamento estratégico como “Útil” ou “Muito Útil”. Outra contribuição da pesquisa de Wright e Pereira (2002) obtida a partir da verificação das respostas dadas nos questionários, foi que as empresas que tem utilizado análise de cenários, têm avaliado seu posicionamento como superior ao da concorrência em termos de inovação e tem mostrado grande satisfação com os resultados da técnica. 2.10 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO O método da Simulação de Monte Carlo – SMC teve origem durante a Segunda Guerra Mundial. Sua contribuição ocorreu como uma ferramenta de pesquisa do projeto Manhattam para a construção da bomba atômica, com o objetivo de demonstrar as difusões desconexas de nêutrons do material nuclear. Segundo Cardoso e Amaral (2000), a utilização desse método como ferramenta para avaliação de investimentos de capital começou a ser empregada a partir dos estudos de David Hertz, McKinsey & Co., com a publicação de um artigo em 1974, na Revista Haward Business Review. Correia Neto, Moura e Forte (2003) citam que a denominação Simulação de Monte Carlo foi atribuída pelo matemático Stanislaw Ulam, considerado também um dos seus criadores. A referência do nome está relacionada aos jogos dos cassinos de Mônaco com suas famosas roletas, principado do qual Monte Carlo é um dos bairros. Para Samanez (2007), a Simulação de Monte Carlo pode ser utilizada em situações nas quais não é possível dispor de equações algébricas e formulações analíticas sobre as evoluções de certos acontecimentos. Assim, torna-se possível a 81 utilização de um método estatístico conhecido como SMC, que tem por objetivo prover simulações do comportamento das variáveis do “acontecimento”, de forma a se ter uma explicação razoável do mesmo. A SMC tem por característica buscar múltiplas respostas, dentro de um universo de simulações definido, sempre a priori, e que estejam dispostas em distribuições igualmente prováveis, para explicar o comportamento e a evolução do acontecimento em estudo. Lustosa, Ponte e Dominas (2004) citam alguns pontos que devem ser observados para que se dê a correta execução da SMC, quais sejam eles: a) Definição das variáveis envolvidas fundamentadas em dados passados, ou em estimativas subjetivas dos gestores da organização ou do processo em análise; b) A identificação da distribuição das probabilidades geradas pelas variáveis aleatórias; c) Análise das distribuições de probabilidades acumuladas para os resultados relativos às variáveis definidas; d) Delimitação de intervalo dos números aleatórios do modelo; e) Originar os números aleatórios; f) Simular os testes do modelo formulado. Samanez (2007) recomenda a utilização de planilhas eletrônicas e de softwares estatísticos para a execução da SMC, pois a quantidade de testes deve ser relevante para que se obtenha maior número de resultados, que possibilitem demonstrar mais fielmente o comportamento da situação estudada. 2.11 CONTRATOS DE CONCESSÃO E PARCERIA PÚPLICO-PRIVADA - PPP O modelo de concessão de serviços públicos, delegados à iniciativa privada por meio de contratos de concessão por tempo determinado, é amplamente utilizado no Brasil em modalidades como telefonia, energia elétrica, gás natural, tratamento de água e esgoto, transporte ferroviário e rodoviário. Segundo é divulgado no site da 82 ANTT (2009), o Programa de Concessão de Rodovias Federais abrange 13.780,8 quilômetros de rodovias, desdobrado em concessões promovidas pelo Ministério dos Transportes, pelos governos estaduais, mediante delegações com base na Lei n.º 9.277/96, e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres. Esse Programa de Concessão de Rodovias foi iniciado em 1995, com o objetivo de delegar à iniciativa privada a gestão, manutenção e recuperação das rodovias, mediante autorização para cobrança de pedágio. Segundo Oliveira (2001), a capacidade limitada de investimento do governo para manter e ampliar o sistema rodoviário brasileiro levou a uma degradação da qualidade das rodovias. A solução para esse problema foi conceder à iniciativa privada o direito de cobrar pedágio, mediante a obrigação de realizar as obras e serviços de recuperação, manutenção, conservação e a operação das rodovias. A persistência ao longo dos últimos anos da limitada capacidade de investimento dos diversos níveis de governo obrigou a União, os Estados e os Municípios a reduzir drasticamente os recursos destinados à manutenção e à ampliação do sistema de rodovias no Brasil. O resultado foi uma crescente degradação da qualidade das rodovias, acompanhada, no caso de algumas, de uma capacidade limitada perante a demanda crescente por seu uso. As limitações que Estados e União encontraram para fazer frente a esse problema devem-se não só à insuficiência de recursos orçamentários, mas também a dificuldades administrativas na gestão dos recursos e na operação técnica das rodovias. A solução adotada pela União e por diversos Estados para esse quadro foi a concessão à iniciativa privada dos serviços de recuperação, operação e conservação das rodovias. Em troca da arrecadação de pedágio, empresas concessionárias se comprometeram a prestar esses serviços e, na maioria dos casos, a ampliar a capacidade das rodovias. (OLIVEIRA, 2001). Nesse sentido o embasamento legal utilizado pela ANTT, segundo o Edital 003/2007, para promover a delegação à iniciativa privada, por meio de contrato de concessão de rodovias, é regido pela Lei no. 9.491, de 9 de setembro de 1997, alterada pela Lei no. 9.635, de 15 de março de 1998, que modifica os procedimentos relativos ao Programa de Desestatização; pela Lei no. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, com redação dada pela Lei no. 9.648, de 1998, que dispõe, de acordo com o art. 175 da Constituição Federal, sobre as concessões e permissões de serviços públicos, com as alterações introduzidas pela Lei no. 11.196, de 21 de novembro de 2005; pela Lei no. 9.074, de 7 de julho de 1995, que estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões; pela Lei no. 10.233, de 5 de junho de 2001, que cria a ANTT e dá outras providências, e pelo Decreto no. 2.594, de 15 de maio de 1998, 83 que regulamenta a Lei. no. 9.491. Barella e Zeitlin (2004), afirmam que existem casos de rodovias com baixo fluxo de tráfego a alta necessidade de investimentos, bem como, casos em que há alto fluxo de tráfego e baixa necessidade de investimentos. Assim, há necessidade de se estudar os riscos de contratos, com a finalidade de se buscar um equilíbrio econômico-financeiro, que propicie a viabilidade da concessão. Nesse sentido, Lee (1996) destaca três tipos diferentes de concessão, assim definidas: a) Concessões subsidiadas: aquelas financeiramente inviáveis, cuja viabilização é feita através da introdução de subsídios diretos ou indiretos, reduzindo a necessidade de capital privado a ponto de tornar tais empreendimentos atrativos; b) Concessões gratuitas: compreendem os projetos em que não há necessidades de subsídios públicos, uma vez que as receitas e os investimentos os tornam atraentes; c) Concessões onerosas: inclui os casos de concessões de empreendimentos cujas rentabilidades são grandes o bastante para que o poder concedente possa promovê-los exigindo pagamentos pela outorga e/ou auferindo parcelas das receitas, sem que se abale a rentabilidade do projeto. O modelo de contrato de concessão proposto por Engel et al. (2001), leva em consideração para outorga do contrato de concessão, o menor valor presente das receitas propostos pelos concorrentes nos processos licitatórios, obrigando-os a cumprir com todas as cláusulas previstas contratualmente, durante o prazo de concessão. Esse tipo de contrato, não tem prazo fixo e o término do contrato ocorre, quando o valor presente das receitas de pedágio, alcançam o valor originalmente proposto. Barella e Zeitlin (2004) citam o modelo de contrato de concessão conhecido por Shadow Toll, ou simplesmente, “pedágio sombra”, também conhecido por “pedágio virtual”. Nesse modelo de contrato, a empresa concessionária recebe o 84 pedágio diretamente do Poder Público e não dos usuários da rodovia. Nogueira e Marinho (2002), afirmam que no Reino Unido nenhuma concessionária está autorizada a cobrar pedágio e por isso, a Agência de Transportes criou o conceito shadow toll, em que as concessionárias são remuneradas de acordo com o uso que os motoristas fazem da rodovia. No Brasil os contratos administrativos de concessão do tipo PPP, estão embasados essencialmente na Lei no. 11.079/04, que institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública, na Lei no. 8.987/95 que trata da concessão e permissão de serviços e obras públicas e na Lei no. 8.666/93 a respeito das normas para licitações e contratos da administração pública. Conforme previsto na Lei das PPPs os contratos de concessão podem ser de dois tipos: (a) patrocinada; e (b) administrativa. A PPP patrocinada é aquela que a remuneração e o ressarcimento do investimento realizado ocorre via o pagamento de uma contraprestação pública, conjuntamente ou não, com a cobrança de tarifas junto aos usuários. Já a PPP administrativa tem como característica a administração pública como usuária direta ou indireta dos serviços. Assim, a remuneração do parceiro privado ocorre exclusivamente com os pagamentos da prestação de serviços à administração privada. Silva (2006) apresenta um estudo na área de PPP voltada para o investimento em estações de tratamento de esgotos no Brasil. Nesse trabalho, o autor desenvolveu uma classificação para os fatores de risco no ambiente das parcerias-público privadas para o tratamento de esgotos que podem ser assim sumarizadas: 1 RISCOS INTERNOS 1.1 Risco na implantação 1.2 Riscos financeiros 1.3 Riscos Operacionais 1.4 Riscos Contratuais 2 RISCOS EXTERNOS 2.1 Riscos Comercial 2.2 Riscos Econômicos 2.3 Riscos Políticos 85 3. RISCOS EXTERNOS IMPREVISÍVEIS 3.1 Riscos Político e Regulatório 3.2 Riscos Diversos 4. RISCOS LEGAIS 4.1 Riscos Contratuais Desses riscos segundo Silva (2006), se destacam dois, com alta probabilidade e alto impacto no contrato de PPP de esgotos, são eles: a) Riscos na Implantação, no que diz respeito ao risco de gerenciamento dos custos; e b) Riscos contratuais, no que se refere à inadimplência do poder público. Ainda Silva (2006) conclui sobre os estudos efetuados que: Sob o enfoque dos investidores, a análise das duas tipologias contratuais mostra um melhor desempenho dos contratos de PPP, quando comparados com as concessões, ou seja, estes contratos apresentam uma melhor capacidade de suporte para os desvios de comportamentos impostos nos cenário referencial do protótipo, justificada pela possibilidade de transferência dos riscos de demanda para o poder público, bem como pelo subsídio de um percentual das tarifas pela contraprestação pública. (SILVA, 2006). O Edital 003/2007, Lote 7, da ANTT, objeto do estudo dessa pesquisa é uma Concessão para exploração da infraestrutura e da prestação de serviços públicos e obras, abrangendo a execução dos serviços de recuperação, manutenção, monitoração, conservação, operação, ampliação, melhorias e exploração, conforme apresentado no Programa de Exploração da Rodovia – PER. O prazo de concessão é de 25 anos. O critério para outorga do contrato é o de menor valor de Tarifa Básica de Pedágio, tomando-se por base a Tarifa Básica de Pedágio Máxima aceita de R$ 2,754. E, o Regime de contratação é o de Concessão de Serviços Públicos Precedida de Execução de Obra Pública. 86 3 METODOLOGIA Este capítulo é reservado à apresentação da metodologia aplicada ao trabalho. Nele, encontra-se um conjunto de etapas ordenadamente dispostas a serem executadas, visando à identificação do fenômeno e à resolução do problema de pesquisa. O capítulo 3 está dividido em cinco seções: a seção 3.1 trata do delineamento de pesquisa; a seção 3.2 trata da caracterização da pesquisa; a seção 3.3 é reservada para a descrição da coleta e tratamento dos dados; a seção 3.4 trata de definição das variáveis a serem estudadas; e a seção 3.5 conclui esse capítulo com as perguntas de pesquisa. 3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA Segundo Gil (2007), o delineamento da pesquisa refere-se ao planejamento da mesma em sua dimensão mais ampla. É nesse momento que o pesquisador estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo os instrumentos e procedimentos necessários à coleta dos dados. Nesta seção do trabalho, é descrita a metodologia utilizada para a construção da pesquisa, a população ou amostra pesquisada, os instrumentos utilizados na coleta de dados, os procedimentos utilizados na coleta de dados e os procedimentos utilizados para análise e interpretação dos dados. A pesquisa é classificada como um estudo empírico-teórica, pois dedica-se à aplicação da métrica Cash Flow at Risk ao contrato de concessão objeto do edital de concorrência pública 003/2007, Lote 7 da ANTT. Nesse sentido, a pesquisa procura trazer à tona o conhecimento global das implicações financeiras do contrato de concessão da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do Edital 003/2007 da ANTT e, ao mesmo tempo, aprofunda os conhecimentos no estudo exaustivo sobre as possibilidades de variação do fluxo de caixa. Os dados são obtidos por meio de pesquisa documental. O principal documento responsável pelo fornecimento dos dados é o Estudo Indicativo da Tarifa 87 Máxima de Pedágio, elaborado pela ANTT, objeto do Edital 003/2007 de Concessão de Exploração de Rodovia Federal – Lote 7 – BR-116/376/PR – BR-101/SC – Trecho Curitiba – Florianópolis. Especificamente o Anexo III, representado pelo arquivo de planilhas eletrônicas com o nome: “Fluxo de Caixa da Proposta Comercial Lote 7.xls”, que contem os Quadros numerados de 1 ao 12. Os dados coletados são submetidos à métrica CFaR. As variações de fluxo de caixa são projetadas por meio da técnica de simulação de Monte Carlo, com o objetivo de extrair as variações dos fluxos de caixa resultantes do projeto analisado, em função dos cenários estabelecidos. Como suporte instrumental no tratamento e análise dos dados, são utilizados softwares específicos, tais como: planilha eletrônica Excel e Crystal Ball. 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA Esta pesquisa utiliza-se do método hipotético dedutivo, proposto por Karl Popper no século XX, que tem como base colocar os conhecimentos já existentes em questionamento, com o objetivo de surgirem novos conhecimentos. Para que um trabalho de pesquisa seja considerado científico é imprescindível a utilização de um método. O método por sua vez, procura traduzir o modelo utilizado de forma minuciosa ou pelo menos suficiente o bastante, para que o trabalho tenha condições de ser reproduzido em outras circunstâncias ou sobre a mesma condição proposta. Ao caracterizar esta pesquisa em função do método que será aplicado, tal pesquisa utiliza-se do método estatístico, que se apoia em informações quantitativas, buscando explicações de causa e efeito. Quanto à natureza do trabalho, essa pesquisa pode ser caracterizada como uma pesquisa aplicada, pois, tal como afirma Jung (2004), tem finalidades imediatas, utilizando-se de conhecimentos advindos de pesquisa básica ou tecnológica. A pesquisa pode ser vista como um trabalho de cunho quantitativo, pois se apoiará em métodos matemáticos para explicar os resultados pesquisados. Os dados coletados serão submetidos à métrica CFaR, que deriva do modelo Value at Risk (VaR). As variações de fluxo de caixa serão estudadas por meio da 88 técnica de simulação de Monte Carlo, com o objetivo de extrair as variações dos fluxos de caixa resultantes do projeto analisado, em função dos cenários preestabelecidos. O modelo proposto para realização deste trabalho está consubstanciado no mesmo modelo definido por La Rocque e Lowenkron (2004), que definem o CFaR como: Valor mínimo de um fluxo de caixa numa determinada data (T) no futuro, a um nível de significância de α% avaliado com as informações disponíveis hoje (t). Equivale ao α-ésimo percentil da distribuição de probabilidade do fluxo em questão numa determinada data no futuro. Tem-se um enfoque de médio/longo prazo e de fluxo de caixa ao invés de valor. Matematicamente, o CFaR da data T analisado em t a (1-α %) de confiança é definido como o número que faz com que P(Fluxo de Caixa ≤ CFaR) = α%. Os passos que nortearão a sequência lógica desta métrica podem ser sumarizadas em seis fases: Passo 1: identificar as variáveis de mercado que influenciam na variabilidade do fluxo de caixa da empresa concessionária de rodovias e que farão parte dos testes de simulação e do modelo econométrico adotado; Passo 2: estimar os valores futuros individuais esperados para as variáveis de mercado identificadas no passo 1, para o horizonte de tempo do estudo do fluxo de caixa da empresa concessionária de rodovias; Passo 3: estimar os modelos econométricos adotados para o fluxo de caixa da concessionária de rodovias. Analisar as propriedades estatísticas, observando a autocorrelação de primeira ordem e o poder de explicação do modelo, em função da coerência com a teoria econômica; Passo 4: simular diferentes cenários para as variáveis de mercado identificadas no passo 1, observando a matriz de 89 variância-covariância da série histórica, por meio da técnica de Simulação de Monte Carlo; Passo 5: inserir no modelo os fatores de risco simulados, que constituem as variáveis independentes adotadas no passo 1, e obter a distribuição de probabilidade para a variável dependente que é o fluxo de caixa; e Passo 6: calcular o CFaR, com nível de confiança de 95%. Assim, esta pesquisa ainda pode ser caracterizada, em função dos procedimentos, como uma pesquisa operacional, dado que o objetivo final é orientar a melhor opção para a tomada de decisão, a partir de uma investigação de forma sistemática e racional dos processos envolvidos na realização de uma atividade produtiva. Essa pesquisa pode também ser caracterizada como uma pesquisa bibliográfica, pois se caracteriza por trazer consigo a aquisição de referências bibliográficas e tem por finalidade conhecer algumas das contribuições científicas já postadas nesse campo de estudo, como forma de orientar o pesquisador sobre outros casos já estudados. Conforme Oliveira (2000) a pesquisa bibliográfica acaba se transformando em rotina para os pesquisadores e profissionais que necessitam de constante atualização. No que diz respeito ao aspecto temporal, a pesquisa guarda característica de um estudo de natureza transversal que, conforme Jung (2004) é aquela que se realiza em um determinado instante de tempo (t), onde a observação que irá caracterizar a situação ou mesmo qualidade do fenômeno estudado refere-se àquele exato corte temporal. Por fim, o conjunto de técnicas utilizado neste trabalho e a metodologia adotada contribuem na construção da realidade, fazendo com que o estudo de caso se torne a melhor estratégia de pesquisa a ser empregada. O Quadro 8 demonstra, de forma sumarizada as etapas da metodologia a serem empregadas nesse trabalho. 90 Título da Dissertação Análise de Risco baseado no Cash Flow at Risk: Um Estudo Empírico do Edital 003/2007 de Concessão da Rodovia BR-101, Lote 7 – Trecho Curitiba a Florianópolis Problema de Pesquisa Qual a influência, calculada a partir do CFaR (Cash Flow at Risk) e provocada pelas variações dos riscos de mercado, sobre os resultados esperados nos estudos de viabilidade econômica e financeira de um contrato de concessão rodoviária? Objetivo Geral Mensurar o impacto dos riscos de mercado no fluxo de caixa de um projeto de concessão de rodovias por meio da métrica Cash Flow at Risk. Objetivos Específicos a) Identificar as variáveis “riscos de mercado” relevantes para o projeto de concessão de rodovias; b) Identificar os parâmetros operacionais para projeção do fluxo de caixa e da demonstração de resultados; c) Mensurar os valores dos indicadores de rentabilidade e de risco do projeto de concessão; d) Analisar as variações dos indicadores de rentabilidade e de risco em diferentes cenários. Suporte a) Métrica Value at Risk – VaR; Teórico-Empírico b) Métrica Cash Flow at Risk – CfaR; c) Metodologia Simulação de Monte Carlo – SMC; e d) Metodologia de Análise de Viabilidade Econômica e Financeira de Projetos. Suporte Instrumental a) Planilha Eletrônica Excel; b) SPSS – Statistical Package for Social Sciences c) Crystal Ball Suporte Metodológico da Pesquisa Método Estatístico e Hipotético-Dedutivo Objetivo Explicativo Modelagem Matemática Coleta de dados Bibliográfica e Documental Controle das Variáveis Modelo Preditivo – Pós-facto Dimensão do Tempo Corte Transversal Procedimento Pesquisa Operacional Perguntas de Pesquisa Qual é o risco financeiro mensurável do caso estudado, a partir da Métrica vinculadas aos objetivos Cash Flow at Risk – CFaR, utilizando a metodologia da Simulação de geral e específicos Monte Carlo – SMC, sob as diferentes condições de simulação de cenários para um nível de confiabilidade de 95%? a) Quais são as variáveis “riscos de mercado” relevantes para o projeto de concessão de rodovias em estudo? b) Quais são os parâmetros operacionais para a projeção do fluxo de caixa e da demonstração de resultados da empresa concessionária? c) Qual é a rentabilidade esperada e o risco do projeto em estudo, segundo as métricas de rentabilidade e risco normalmente aplicadas na teoria de finanças? d) Quais são as variações percebidas nos indicadores de rentabilidade e de risco, quando as projeções econômicas e financeiras são submetidas às simulações de diferentes cenários, segundo a metodologia dos testes de stress? Quadro 8 – Sumário Metodológico das Etapas da Pesquisa A pesquisa refere-se a um estudo dos riscos de mercado, que afetam o fluxo de caixa da empresa concessionária de rodovias da BR-101, mensurado por meio da métrica CFaR. Busca-se contribuir com a gestão de riscos financeiros, por meio de um estudo de caso, com caráter explicativo, utilizando-se do método estatístico, da modelagem matemática e da revisão bibliográfica. 91 3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS Ao tratamento dos dados coletados serão utilizadas métricas quantitativas, como é o caso do Cash Flow at Risk - CFaR, uma métrica derivada do modelo Value at Risk - VaR. O trabalho de pesquisa tem como subproduto análises implícitas de avaliação financeira, sob a ótica do binômio risco e retorno. Assim, métricas quantitativas como fluxo de caixa descontado, taxa interna de retorno, retorno sobre patrimônio líquido, índice benefício custo, pay-back time e outras dessa ordem auxiliarão na tarefa da mensuração dos resultados. A coleta de dados foi obtida basicamente de duas formas: a) As projeções financeiras apresentadas pela ANTT na oportunidade do leilão público, integrantes do Edital 003/2007, do Lote 7, denominadas “Estudos Indicativos” utilizadas para a determinação da Tarifa de Pedágio Máxima, constituem a base de dados deste trabalho; b) As variáveis de mercado que influenciam a formação do fluxo de caixa da empresa concessionária serão obtidas por meio de pesquisa bibliográfica, revisando os trabalhos existentes nesta área. Os dados coletados, identificados como variáveis de mercado, e tomados como variáveis independentes serão submetidos à modelagem matemática por meio da técnica de Simulação de Monte de Carlo. Essa técnica prevê o passeio aleatório das variáveis de mercado, projetando as possíveis variabilidades do fluxo de caixa resultante do modelo adotado pela empresa, em função dos cenários pretendidos, segundo um nível de confiança e um determinado período de tempo. Os dados coletados foram tratados em planilha eletrônica Excel visando à estimação do modelo conceitual. Em software de estatística apropriado como Crystal Ball, para cálculos, testes e tratamentos estatísticos necessários às validações de modelo, plotagem de resultados e explicações de valores e índices. 92 3.4 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS A SEREM ESTUDADAS Nesta etapa da pesquisa, são apresentadas as variáveis a serem coletadas. Jung (2004) define variável, como grandezas que podem variar ao longo do tempo ou de caso a caso. Além disso, as variáveis a serem estudas neste trabalho estão divididas em duas classes: a) Variáveis Dependentes: são aquelas que dependem das variações das variáveis independentes e, quando isso acontece, apresentam alteração nos seus valores; b) Variáveis Independentes: são aquelas que quando submetidas a alterações influenciarão de alguma forma as variáveis dependentes, como numa relação de causa e efeito. Para melhor compreensão da definição das variáveis dependentes e independentes utilizadas neste trabalho, a seguir é apresentado o elenco adotado com suas respectivas definições constitutivas e operacionais devidamente adaptadas. Variável: Cash Flow at Risk (CFaR) Definição Constitutiva: o valor mínimo do fluxo de caixa livre projetado nos Estudos Indicativos elaborados pela ANTT, para o leilão público da concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de concessão 003/2007 da ANTT, encontrado no período de tempo de 25 anos, submetido à condição de um intervalo de confiança de 95%. La Rocque e Lowenkron (2004) definem o CFaR como: Valor mínimo de um fluxo de caixa numa determinada data (T) no futuro, a um nível de significância de α% avaliado com as informações disponíveis hoje (t). Equivale ao α-ésimo percentil da distribuição de probabilidade do fluxo em questão numa determinada data no futuro. Tem-se um enfoque de médio/longo prazo e de fluxo de caixa ao invés de valor. Matematicamente, o CFaR da data T analisado em t a (1-α %) de confiança é definido como o número que faz com que P(Fluxo de Caixa ≤ CFaR) = α%. 93 Definição Operacional: mensurado a partir da combinação das técnicas de cenários e da Simulação de Monte Carlo, aplicadas no modelo de projeções de Fluxo de Caixa proposto no edital de concessão 003/2007 da ANTT. Variável: Earnings at Risk (EaR) Definição Constitutiva: o valor mínimo do lucro projetado nos Estudos Indicativos elaborados pela ANTT para o leilão público da concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do edital de concessão 003/2007 da ANTT, encontrado no período de tempo de 25 anos, submetido à condição de um intervalo de confiança de 95%. O CorporateMetrics® (1999) definiu o EaR como sendo: (...) a queda máxima do lucro, em relação a uma meta ou previsão específica, ocorrida devido ao impacto de variações das taxas de mercado em um dado conjunto de exposições, para um dado período e nível de confiança. Definição Operacional: mensurado a partir da combinação das técnicas de cenários e da Simulação de Monte Carlo, aplicadas no modelo de projeções de lucros proposto no edital de concessão 003/2007 da ANTT. Variável: Valor Presente Líquido (VPL) Definição Constitutiva: o valor monetário (PV) do ponto zero da escala de tempo, que é equivalente à soma de suas parcelas futuras, descontadas para o ponto zero, com uma determinada taxa de juros (TMA- Taxa Mínima de Atratividade). Casarotto e Kopittke (2007) afirmam que o método do Valor Presente consiste em descontar o fluxo de caixa do projeto de investimento utilizando a taxa da TMA. 94 Definição Operacional: n VPL = −CF0 + ∑ n =1 mensurado a partir da aplicação da equação: CFn . O projeto analisado é viável quando o VPL for maior que (1 + i)n zero. Variável: Taxa Interna de Retorno (TIR) Definição Constitutiva: a taxa que anula o VPL de um fluxo de caixa. Segundo Pilão e Hummel (2006), o método da Taxa Interna de Retorno (TIR) é aquele que permite encontrar a remuneração do investimento em termos percentuais. A TIR representa o valor do custo de capital que torna o VPL nulo. Corresponde, portanto, a uma taxa que remunera o valor investido no projeto. Segundo o Edital 003/2007 da ANTT a TIR determina, em pontos percentuais, a remuneração de um empreendimento. Conforme estabelecido nos contratos de concessão, a TIR é o termômetro, a partir da qual é avaliada a situação de equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Definição Operacional: VPL = 0 = −CF0 + ∑ mensurada a partir da aplicação da equação: CFn . O projeto é viável quando a TIR for maior que a (1 + TIR )n TMA. Variável: Pay-back Time Definição Constitutiva: indica o tempo necessário que levará para recuperar o investimento realizado. Para Souza e Clemente (2008), o risco do projeto aumenta à medida que o pay-back se aproxima do final do horizonte de planejamento. Sob esta afirmação, é correto afirmar que quanto menor for o pay-back time, menor será o prazo necessário para recuperar o capital investido e, portanto, menor será o risco do projeto. 95 Definição Operacional: Paybacktime = − mensurado a partir da equação: CapitalInicial × prazodoprojeto . Quanto menor for o VPLdosFluxosdebenefí cios pay-back time, menor também será o risco do projeto. Para obtenção do VPL dos fluxos de benefícios, será utilizada a TMA. Variável: Retorno Adicional sobre o Investimento (ROIA) Definição Constitutiva: segundo Souza e Clemente (2008), é o indicador que melhor representa a estimativa de rentabilidade para um projeto de investimento. É representado em forma percentual e traduz a riqueza gerada pelo projeto para os investidores. Definição Operacional: mensurado a partir da equação: ROIA = i = n FV −1 PV representa a estimativa de ganho num projeto adicional à TMA e proporciona ao investidor decidir se este ganho adicional é suficiente, ou não, como prêmio de risco que se pretende assumir ao se decidir pelo investimento no projeto analisado. Variável: Fluxo de Tráfego Definição Constitutiva: indica a quantidade projetada de “veículos equivalentes” que deverão trafegar nos trechos em que estão localizadas as praças de pedágio e que estarão sujeitos à cobrança do pedágio. Segundo o Edital 003/2007 da ANTT, a expressão “veículos equivalentes”, corresponde: (...) ao número total de veículos pedagiados, considerando seus respectivos fatores multiplicadores de tarifa. Assim, o total de veículos equivalentes x a tarifa básica de pedágio, resulta no total de receita arrecadado em determinada praça de pedágio. Definição Operacional: informado nos Estudos Indicativos elaborados pela ANTT, por meio do “Quadro 1 – Tráfego em Veículos Equivalentes”, parte integrante do Anexo III – Termo de Referência da Proposta Comercial, objeto do Edital 003/2007 da ANTT. 96 Variável: Tarifa Básica de Pedágio Definição Constitutiva: é o valor da tarifa de pedágio a ser cobrada correspondente à categoria 1 do quadro de tarifas objeto do contrato de concessão. Segundo o Edital 003/2007 da ANTT Tarifa Básica de Pedágio é a tarifa de pedágio para o(s) veículo(s) de categoria 1 da Classificação de Veículos para cobrança de pedágio e cujo fator multiplicador de tarifa é igual a 1,0. É a tarifa correspondente aos veículos de rodagem simples e dois eixos. Definição Operacional: é mensurada no Edital 003/2007, Capítulo V, item 1.20, conforme o texto na íntegra: A Tarifa Básica de Pedágio Teto considerada nos estudos de viabilidade econômico-financeira, representando a tarifa relativa ao veículo de rodagem simples e de dois eixos, referenciado a julho de 2007, é de: R$ 2,754 (dois reais e setecentos e cinqüenta e quatro milésimos de real). Variável: Taxa Mínima de Atratividade Definição Constitutiva: são as taxas praticadas no mercado financeiro em operações de aplicação de baixo risco. A proposição de Souza e Clemente (2008) é que se use como TMA a melhor taxa, com baixo grau de risco, disponível para aplicação do capital em análise. Definição Operacional: a TMA é mensurada usando-se a Taxa Selic como proxy, divulgada pelo Banco Central, descontada a inflação projetada para o mesmo período. Variável: Custos e Despesas Operacionais Definição Constitutiva: são os valores previstos para o custeio da operação e conservação e manutenção da rodovia e das despesas administrativas, conforme definido no Edital 003/2007, Anexo III – Termos de Referência da Proposta 97 Comercial, Quadro 7 – Custos Operacionais. São considerados no referido quadro a seguintes rubricas: administração, controle das operações, serviços médicos, serviços de guincho, inspeção de tráfego, pesagem de caminhões, atendimentos a incidentes, arrecadação de pedágios, conservação de pista e faixa de domínio, conservação de equipamentos e sistemas de operação, monitoração, seguros e garantias, polícia federal e fiscalização da concessão. Definição Operacional: é informado nos Estudos Indicativos do Edital 003/2007 do Lote 7, por meio do “Quadro 7 – Custos Operacionais”. Variável: Investimentos Definição Constitutiva: são os valores previstos para a realização das obras de ampliação e melhoramento da rodovia, bem como aquisição de bens integrantes do imobilizado da empresa concessionária, conforme definido no Edital 003/2007, Anexo III – Termos de Referência da Proposta Comercial, Quadro 5 – Investimentos. São considerados no referido quadro a seguintes rubricas: Trabalhos iniciais, restauração, manutenção dos elementos de pista, obras de melhorias e ampliações, edificações, equipamentos/sistemas/veículos, projetos, cadastros e desapropriações. Souza e Clemente (2008) definem investimento como: Um investimento, para uma empresa, é um desembolso feito visando gerar um fluxo de benefícios futuros, usualmente superior a um ano. A lógica subjacente é a de que somente se justificam sacrifícios presentes se houver perspectiva de recebimentos de benefícios futuros. (SOUZA; CLEMENTE, 2008). Definição Operacional: é informado nos Estudos Indicativos do Edital 003/2007, do Lote 7, por meio do “Quadro 5 – Investimentos”. O conjunto das variáveis dependentes e independentes definidas para o estudo aprofundado neste trabalho tem por objetivo: a) em primeiro plano dar resposta à pergunta de pesquisa desse trabalho que, por meio do CFaR, dará embasamento a essa questão; e 98 b) em segundo plano, informar as variações encontradas para os demais indicadores de risco e retorno normalmente utilizados em avaliações de projetos por financistas, quando submetidas aos cenários simulados a partir da técnica da Simulação de Monte Carlo. A integração das variáveis independentes ao modelo formulado conceitualmente, que será submetido ao processo de simulação dos “N” cenários acarretará em “N” resultados obtidos para cada variável dependente pré-definida. A Figura 11 faz uma demonstração simplificada da metodologia sugerida neste trabalho, buscando elucidar a modelagem adotada: VARIÁVEL ALTERAÇÃO INDEPENDENTE DE CENÁRIOS DEPENDENTE Fluxo de Tráfego FT Acréscimo 15% Cash Flow at Risk CFaR 60 MODELO Mais provável 50 40 VARIÁVEL 25 20 15 30 10 20 Redução 15% 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 5 0 1 Tarifa Básica de Pedágio - TBP 20 Redução 15% 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Taxa Mínima de Atratividade - TMA 5 6 7 8 9 20 30 10 4 25 15 Mais provável 40 3 Earnings at Risk EaR Acréscimo 15% 60 50 2 Acréscimo 2%aa 10 Ambiente onde foi tratado o PROJETO ANALISADO, apresentando os resultados conhecidos, a priori . 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Valor Presente Líquido - VPL 25 20 15 10 5 0 1 60 2 3 4 5 6 7 8 9 Mais provável 50 40 30 20 Redução 2%aa 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Custos e Despesas Operacionais - CDO 60 Acréscimo 15% Ambiente onde será tratado o PROJETO ANALISADO, sob a ótica dos novos cenários projetados. Mais provável 50 40 Taxa Interna de Retorno - TIR 25 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Retorno Adicional s/ Invest. - ROIA 25 30 20 20 Redução 15% 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 15 10 5 0 1 Investimentos INV Acréscimo 15% 60 40 3 4 5 6 7 8 9 8 9 Pay-back PB 25 Mais provável 50 2 20 15 30 10 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Redução 15% 5 0 1 Figura 11 – Fluxograma de Cenários Alternativos 2 3 4 5 6 7 99 O modelo adotado para avaliação do projeto de viabilidade econômica e financeira é o mesmo adotado pela ANTT no leilão público objeto do Edital 003/2007, referente ao Lote 7 objeto deste estudo. Os valores das variáveis independentes foram simulados com base numa distribuição de probabilidade triangular. Já os resultados esperados para as variáveis dependentes deverão apresentar resultados de probabilidade distribuídos normalmente. 3.5 PERGUNTAS DE PESQUISA Para responder ao objetivo geral desta pesquisa, a principal pergunta de pesquisa que norteia os esforços na elaboração deste é: Qual é o risco financeiro mensurável da concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do Edital de Concessão 003/2007 da ANTT, a partir da Métrica Cash Flow at Risk – CFaR, utilizando a metodologia da Simulação de Monte Carlo – SMC, sob as diferentes condições de simulação de cenários para um nível de confiança de 95%? Para responder à principal pergunta de pesquisa do trabalho foram definidos os objetivos específicos traçados para essa pesquisa. As perguntas que servirão de orientação para os objetivos específicos foram estruturadas da seguinte forma: Para o primeiro objetivo específico: a) Mensurar os valores dos indicadores de rentabilidade do contrato de concessão; procurar-se-á responder-se à pergunta de pesquisa: Qual é a rentabilidade esperada para o contrato de concessão da rodovia BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do Edital de Concessão 003/2007 da ANTT, ofertado por meio de leilão público na BOVESPA, segundo as métricas de rentabilidade normalmente aplicadas na teoria de finanças? Para o segundo objetivo específico: b) Mensurar os valores em risco, inerentes ao contrato de concessão; o trabalho deverá responder à pergunta de 100 pesquisa: Quais são os valores em risco que podem influenciar no retorno do contrato de concessão da rodovia BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do Edital de Concessão 003/2007 da ANTT, segundo as métricas de risco? Para o terceiro objetivo específico: c) Analisar as variações nestes indicadores em diferentes cenários; buscar-se-á a resposta para a pergunta de pesquisa: Quais são as variações percebidas nos indicadores de rentabilidade e de risco, quando as projeções econômicas e financeiras são submetidas às simulações de diferentes cenários, segundo a metodologia dos testes de stress? Para o quarto objetivo específico: d) Estimar as probabilidades de perdas potenciais a partir do CFaR. Deverá ser respondida a pergunta de pesquisa: Qual a menor previsão de saldo de caixa anual esperado no horizonte de 25 anos para o contrato de concessão da rodovia BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, do Edital de Concessão 003/2007 da ANTT, segundo a metodologia da Simulação de Monte Carlo – SMC e da métrica CFaR, quando submetidas às simulações de diferentes cenários? 101 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Este capítulo tem por objetivo apresentar a aplicação da métrica Cash Flow at Risk – CFaR ao edital 003/2007 da ANTT que trata da Concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, objeto do Lote 7, pautado da Demonstração do Fluxo de Caixa Projetada para um período de 25 anos, utilizando, para isso, a metodologia da Simulação de Monte Carlo – SMC, sob as diferentes condições de simulação de cenários para um nível de confiança de 95%. Assim, o capítulo 4 está dividido em 5 seções: a seção 4.1 trata da Análise Descritiva dos Dados, em que apresenta as principais premissas adotadas nos “Estudos Indicativos” da ANTT para a formulação da Tarifa Básica de Pedágio Máxima de R$ 2,754 para o Lote 7; a seção 4.2 refere-se à Análise Crítica do Modelo DFC da ANTT, observando as vantagens e desvantagens do modelo DFC adotado pela a ANTT e propõe um modelo adequado às necessidades das análises complementares propostas nesta pesquisa; na seção 4.3 tem-se os Cenários Alternativos Considerados, em que se encontram elencadas as variações estimadas para os cenários: (a) mais provável; (b) otimista; e (c) pessimista, para cada uma das variáveis independentes; a seção 4.4 traz a Estimativa dos Indicadores Associados à Rentabilidade, Criação de Valor e Risco, em que apresenta os resultados obtidos para os principais indicadores calculados, por meio da aplicação da metodologia SMC nos três cenários propostos; e a seção 4.5 trata das Considerações Finais do Capítulo, em que se apresentam as questões relevantes observadas a partir dos estudos efetuados, com relação principalmente às implicâncias da métrica Cash Flow at Risk no contexto do Contrato de Concessão. 4.1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS O objeto de estudo desta pesquisa é o Edital de Concessão 003/2007, Lote 7, datado de 16/08/2007, lançado pela ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. O edital tem por objetivo: 102 (...) selecionar, por meio de Leilão Público, a pessoa jurídica ou Consórcio de empresas a qual será outorgada a Concessão para exploração da infraestrutura e da prestação de serviços públicos e obras, abrangendo a execução dos serviços de recuperação, manutenção, monitoração, conservação, operação, ampliação, melhorias e exploração, conforme apresentado no Programa de Exploração da Rodovia – PER, do Lote Rodoviário abaixo discriminado: LOTE 7 RODOVIA: BR-116/376/PR – BR-101/SC TRECHO: Curitiba – Florianópolis EXTENSÃO: 382,30 km O Lote 7 é um dos lotes que compõem a segunda parte do Programa de Concessões de Rodovias Federais, promovidos pela ANTT. O pacote leiloado pela ANTT envolve 7 lotes licitados, com 2.600,8 km de extensão de rodovias com previsão de instalação de 36 praças de pedágio e tarifas de pedágio (máximas) previstas que apresentaram média de R$ 3,49 por eixo, conforme demonstra o Quadro 9. LOTES LOTE 1 LOTE 2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 DESCRIÇÃO DO TRECHO BR153/SP Div. MG/SP - Div. SP/PR BR116/PR/SC Curitiba - Div. SC/RS BR393/RJ Div. MG/RJ Entronc. BR116 Via Dutra BR101/RJ Div. RJ/ES Ponte Pres. Costa e Silva BR381/MGSP Belo Horizonte São Paulo EXTENSÃO PRAÇAS TARIFA MÁXIMA 321,60 KM 4 R$ 4,083 412,70 KM 5 R$ 4,188 200,40 KM 3 R$ 4,037 320,10 KM 5 R$ 3,824 562,10 KM 8 R$ 2,884 LOTE 6 BR116/SP/PR São Paulo - Curitiba 401,60 KM 6 R$ 2,685 LOTE 7 BR116PR - BR376PR BR101/SC Curitiba Florianópolis 382,30 KM 5 R$ 2,754 2.600,8 KM 36 R$ 3,494 TOTAL Quadro 9 – Lotes Objeto do Leilão Público da ANTT – 2ª. Etapa Fonte: Editais da ANTT (2007) A empresa vencedora do leilão público do Lote 7 foi a OHL, representada pela corretora Ágora. A empresa espanhola OHL consagrou-se vencedora do leilão do Lote 7 com o lance de R$ 1,028, pois apresentou a menor tarifa de pedágio ofertada para esse lote. Frente à tarifa de pedágio máxima de R$ 2,754, permitida no Edital da ANTT para Lote 7, o lance da OHL evidenciou um deságio de 62,67%. 103 A ANTT apresentou no Edital de Concessão os “Estudos Indicativos” dos Lotes leiloados, por meio de planilhas eletrônicas. Esses estudos indicativos são compostos por premissas básicas que deram origem à tarifa máxima de pedágio objeto do Edital para cada Lote leiloado. Todo esse conjunto de elementos forma a base de dados para a realização dos estudos desta pesquisa. Na sequência, são apresentados estes elementos de forma descritiva, procurando elucidar as principais premissas-alvo da análise realizada sobre o Edital 003/2007 – Lote 7: a) Tarifa Básica de Pedágio Máxima: R$ 2,754; b) Tarifa Básica de Pedágio Vencedora do Leilão: R$ 1,028; c) Prazo do Contrato de Concessão: 25 anos; d) Data do Início do Contrato de Concessão: 14/02/2008; e) Data do Término do Contrato de Concessão: 14/02/2033; f) Início da Cobrança de Pedágio Previsto no Edital: a partir do sétimo mês do início do contrato. A Previsão de Arrecadação para o primeiro ano é de 6 meses; g) Quantidade de Praças de Pedágio: 5 Praças de Pedágio; h) Estimativa do Fluxo de Tráfego no Edital: O Fluxo de Tráfego é estimado para cada uma das cinco praças de pedágio em 10 categorias diferentes; i) Estimativa de Fluxo de Tráfego Equivalente no Edital para o primeiro ano: 31.236.061,250 Veículos Equivalentes em TBPs (para seis meses) nas cinco praças de pedágio; j) Impostos incidentes sobre a receita bruta previstos no Edital: PIS (0,65%); COFINS (3,00%) e ISS (5,00%); k) Impostos incidentes sobre o lucro previstos no Edital: IRPJ (15% + 10% adicional) e CSLL (9,00%); l) Receita Financeira: O Edital estima uma receita financeira de 0,50% sobre o valor total estimado para a receita bruta de arrecadação de pedágio; m) Custos Operacionais: Operacionais em dois O Edital grandes divide grupos: os Custos Grupo 1 - Administração Operação e Conservação; e Grupo 2 – Seguros, Fiscalização, Polícia Rodoviária Federal - PRF e 104 Recursos de Desenvolvimento Tecnológico – RDT; n) Investimentos: O Edital divide os Investimentos em quatro grandes grupos: Grupo 1 – Trabalhos Iniciais, Restauração e Melhorias; Grupo 2 – Manutenção; Grupo 3 – Edificações; e Grupo 4 – Equipamentos, Sistemas e Veículos; o) Taxa Interna de Retorno: O Edital prevê uma TIR de 8,95%ao ano; p) Pay-back Time: O Edital prevê o pay-back time (simples) de 14 anos; q) Recursos de Terceiros: O Edital prevê apenas aporte de capital próprio; Os Estudos Indicativos apresentados pela ANTT, no Edital 003/2007 do Lote 7, são partes integrantes desta pesquisa e estão apresentados nos APÊNDICES. 4.2 ANÁLISE CRÍTICA DO MODELO DFC DA ANTT Nos Estudos Indicativos apresentados pela ANTT, no Edital 003/2007 do Lote 7, o modelo DFC adotado não proporciona, por si só, uma forma que propicie uma análise mais detalhada da sua composição. Isso ocorre, pois sua formulação se dá a partir do resultado líquido apurado no DRE, admitindo, para tanto, que os ingressos e desembolsos ocorrerão no fluxo de caixa, no mesmo tempo em que foram apropriados como receita e despesas no DRE, quando contabilizados pelo regime de competência. O Quadro 10 ilustra o fluxo de caixa adotado pela ANTT, no Edital 003/2007 do Lote 7. 105 FLUXO DE CAIXA DO PROJETO ANO 1 ANO 2 ANO 3 … ANO 25 (=) RESULTADO LÍQUIDO (+) DEPRECIAÇÃO (+) FINANCIAMENTOS 1. FONTES (-) INVESTIMENTOS (-) AMORTIZAÇÃO EMPRÉSTIMOS 2. USOS 3. SALDO DE CAIXA (1 - 2) 4. SALDO DE CAIXA ACUMULADO Quadro 10 – Modelo da DFC da ANTT Fonte: Edital 003/2007 da ANTT (2007) Assim, a proposição de um modelo de DFC completo e que proporcione uma visão abrangente das transações que afetam o Fluxo de Caixa pode ser elaborada com base nas técnicas de estruturação da demonstração dos fluxos de caixa apresentadas por Marion (2009), que afirma: Assim como o Balanço Patrimonial é dividido em grupos de contas e a DRE em operacional e não operacional, a DFC deverá ser dividida em: (a) atividades operacionais; (b) atividades de investimentos; e (c) atividades de financiamentos. Nesse sentido, a crítica ao modelo do DFC adotado pela ANTT vem ao encontro do pensamento lançado por Marion (2009) e notadamente adaptado para a atividade de Concessão de Rodovias, buscando destaque para as rubricas que expressam os valores mais significativos de ingressos e desembolsos no fluxo de caixa. O modelo proposto e ilustrado no Quadro 11 é composto por (a) atividades operacionais; (b) atividades de investimentos; e (c) atividades de financiamentos. As rubricas que compõem cada um desses três grupos foram extraídas dos estudos indicativos apresentados pela ANTT no Edital 003/2007 do Lote 7. Assim, no novo modelo proposto, é possível realizar análises detalhadas da formação dos saldos de caixa, que possam contribuir para a compreensão dos fatores que influenciam nos resultados periódicos do fluxo de caixa do projeto. 106 FLUXO DE CAIXA DO PROJETO O P E R A C I O N A L I N V E S T I M F I N A N C T O ANO 1 ANO 2 ANO 3 … ANO 25 1. INGRESSOS ATIVIDADES OPERACIONAIS (+) RECEITA DE PEDÁGIO (+) RECEITAS ACESSÓRIAS 2. DESEMBOLSOS ATIVIDADES OPERACIONAIS 2.1. TRIBUTOS (-) ISS (-) PIS (-) COFINS (-) IMPOSTO DE RENDA (-) CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 2.2. CUSTOS E DESPESAS (-) ADMINISTRAÇÃO / OPERAÇÃO / CONSERVAÇÃO (-) SEGUROS E GARANTIAS (-) POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL (-) FISCALIZAÇÃO (-) RECURSOS DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO 3. SALDO OPERACIONAL (1-2) 4. INGRESSOS ATIVIDADE DE INVESTIMENTOS (+) VENDA DE ATIVO IMOBILIZADO 5. DESEMBOLSOS ATIVIDADE DE INVESTIMENTOS (-) TRABALHOS INICIAIS/RESTAURAÇÃO/MELHORIAS (-) MANUTENÇÃO (-) EDIFICAÇÕES (-) EQUIPAMENTOS / SISTEMAS / VEÍCULOS 6. SALDO DAS ATIVIDADES INVESTIMENTOS (4-5) 7. INGRESSOS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS (+) EMPRÉSTIMOS/FINANCIAMENTOS/DEBÊNTURES (+) RECEITA FINANCEIRA (+) RESGATE DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS (+) APORTE DE CAPITAL DOS SÓCIOS 8. DESEMBOLSOS ATIVIDADES FINANCIAMENTOS (-) EMPRÉSTIMOS/FINANCIAMENTOS/DEBÊNTURES (-) JUROS SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (-) APLICAÇÕES FINANCEIRAS (-) PAGAMENTO DE DIVIDENDOS 9. SALDO DAS ATIVIDADES FINANCIAMENTOS (7-8) 10. SALDO DE CAIXA DO PERÍODO (3+6+9) 11. SALDO DE CAIXA ACUMULADO Quadro 11 – Modelo Proposto da DFC O modelo apresentado no Quadro 11 é a base de análise de simulação desta pesquisa, visando, assim, obter resultados mais detalhados sobre as implicâncias dos saldos de caixa calculados para cada nível das três atividades do empreendimento observado ao longo dos 25 anos do contrato de concessão. 4.3 CENÁRIOS ALTERNATIVOS CONSIDERADOS Para avaliação do Fluxo de Caixa em Risco, foram considerados três cenários alternativos: (a) O cenário mais provável; (b) o cenário otimista; e (c) o cenário 107 pessimista. Esses cenários têm como objetivo estabelecer os limites a priori aceitos para as variações das principais variáveis analisadas no projeto, para mais ou para menos, a partir da proposta original da ANTT estabelecida no Edital 003/2007 para o Lote 7. É a partir das simulações desses cenários que se torna possível a mensuração efetiva do valor em risco e sua probabilidade de ocorrência, por meio da geração de inúmeros e diferentes fluxos de caixa projetados. 4.3.1 O Cenário mais provável O Edital 003/2007 da ANTT para o Lote 7 divulga os “Estudos Indicativos” elaborados para o estabelecimento da tarifa básica de pedágio máxima que poderá ser aceita no Leilão Público. Assim, este estudo reproduzido em planilhas eletrônicas e adaptado para o modelo de DFC proposto nesta pesquisa, foi tomado como base para o cenário mais provável. Esse complexo modelo de avaliação econômica e financeira de projeto de investimento permite simular os resultados esperados admitindo que sejam inseridas variações, tais como: a) do fluxo de tráfego equivalente por praça de pedágio; b) do valor da tarifa básica de pedágio; c) da estimativa para receitas financeiras; d) das taxas de juros na contratação de financiamentos; e) dos prazos para pagamento dos financiamentos contratados; f) dos valores de financiamento contratados; g) das modalidades de sistemas de financiamentos contratados; h) dos valores estimados para os custos e as despesas operacionais; i) dos valores estimados para os investimentos; j) das alíquotas estimadas para os impostos; k) do cronograma para realização dos investimentos; e l) da taxa mínima de atratividade do projeto. 108 4.3.2 O Cenário otimista A partir das premissas utilizadas pela ANTT para elaboração dos “Estudos Indicativos” do Edital 003/2007 para o Lote 7, que constitui o cenário mais provável, foi considerada a possibilidade de variação em 15% em cada uma das variáveis independentes, com a finalidade de se obter os resultados para o cenário otimista: a) fluxo de tráfego equivalente por praça de pedágio: +15%; b) valor da tarifa básica de pedágio: +15%; c) valores estimados para os custos e as despesas operacionais: -15%; d) valores estimados para os investimentos: -15%; e) taxa mínima de atratividade do projeto: 4% ao ano. 4.3.3 O Cenário pessimista A partir das premissas utilizadas pela ANTT para elaboração dos “Estudos Indicativos” do Edital 003/2007 para o Lote 7, que constitui o cenário mais provável, foi considerada a possibilidade de variação em 15% em cada uma das variáveis independentes, para se obter os resultados para o cenário pessimista: a) fluxo de tráfego equivalente por praça de pedágio: -15%; b) valor da tarifa básica de pedágio: -15%; c) valores estimados para os custos e as despesas operacionais: +15%; d) valores estimados para os investimentos: +15%; e) taxa mínima de atratividade do projeto: 8% ao ano. A variação de 15%, considerada para a simulação dos cenários, buscou estabelecer os limites máximos e mínimos para cada variável independente admitida neste trabalho, para fins de testar os efeitos produzidos nos indicadores de rentabilidade, de risco e de agregação de valor. Esta condição é possível, dado que o Edital 003/2007 prevê cláusulas de equilíbrio econômico-financeiro para o contrato 109 de concessão, tomando para isto a Taxa Interna de Retorno não alavancada, pactuada quando da assinatura do Contrato de Concessão, conforme texto do Título V, Capítulo II na íntegra: O equilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão é definido pelo fluxo de caixa descontado considerando-se o disposto no Título V, Capítulo I, Seção I, que assegure a Concessionária a Taxa Interna de Retorno não alavancada pactuada quando da assinatura do Contrato de Concessão. (...) O equilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão será mantido ao longo da sua vigência e considerado nos processos de reajuste e de revisão tarifária, de modo a assegurar a Taxa Interna de Retorno assumida no Leilão. (Edital 003/2007 da ANTT, 2007). O Edital 003/2007 da ANTT prevê, ainda, no Título V, Capítulo I, Seção I, que: Apenas as alterações nos encargos do PER (Programa de Exploração da Rodovia) da Proponente, durante a execução do Contrato de Concessão, decorrentes de antecipação ou postergações e de inclusões ou exclusões de obras e implantações de serviços obrigatórios, serão objeto de reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão. (Edital 003/2007 da ANTT, 2007). Quanto ao risco de fluxo de tráfego da rodovia, o Edital 003/2007 da ANTT, prevê no Capítulo VII, Seção II, que: A Concessionária assume, integralmente, o risco de tráfego inerente à exploração da Rodovia, incluindo-se neste o risco de redução do volume de tráfego em decorrência da transferência de tráfego para outras rodovias. A assunção do risco de alteração do tráfego no Lote Rodoviário constitui condição inerente ao regime jurídico da Concessão a ser outorgada, não se admitindo revisão tarifária para fins de reequilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão, caso ocorra variação do volume de tráfego real em relação ao tráfego projetado pela Concessionária em sua Proposta Comercial. (Edital 003/2007 da ANTT, 2007). Assim, espera-se que a variação de 15% sobre as variáveis independentes, possa ser representativa da variação de mercado e que seus efeitos sejam testados neste trabalho, limitados ainda à capacidade instalada da futura empresa concessionária, considerada nos custos e investimentos a priori definidos nos Estudos Indicativos da ANTT. Já para a TMA buscou-se refletir uma mudança da política de taxa de juros no mercado, estimada para fins dessa pesquisa numa variação de 2 pontos percentuais, sobre a TMA do projeto original de 6% ao ano, já descontada a inflação e a tributação do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido. 110 4.4 ESTIMATIVA DOS INDICADORES ASSOCIADOS À RENTABILIDADE, À CRIAÇÃO DE VALOR E DE RISCO Nesta seção são apresentadas as estimativas dos indicadores associados à: (a) Rentabilidade: Valor Presente Líquido (VPL); e Taxa Interna de Retorno (TIR); (b) Criação de Valor: Retorno Adicional sobre o Investimento (ROIA); e (c) Risco: Cash Flow at Risk (CFaR); Earning at Risk (EaR); e Pay-back time. Esses indicadores estão apresentados para cada um dos cenários considerados, a saber: (a) Cenário provável, (b) Cenário otimista e (c) Cenário pessimista. O objetivo é proporcionar uma avaliação independente para cada cenário e para cada indicador estimado, possibilitando a comparação entre os resultados obtidos ao final deste capítulo. 4.4.1 Mensuração do Valor Presente Líquido (VPL) A estimativa do VPL obtida a partir da variação dos cenários proporciona uma visão da flutuação da rentabilidade esperada para o projeto em análise, com nível de confiança de 95%, por meio da aplicação da SMC, com 1.000 simulações do fluxo de caixa, que são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 – Valores estimados para o VPL Variável Independente TMA Cenários 6%aa Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Mais Provável Fluxo de Tráfego Tarifa Básica de Pedágio Custos/Desp Operacionais Investimentos Taxa Mínima Atratividade Valor Presente Líquido Cash Flow (R$ mil) Máximo 463.917 178.377 468.030 183.265 327.779 237.811 417.776 230.889 266.255 Médio 408.950 122.869 408.543 123.168 309.882 222.583 356.719 176.347 266.255 Mínimo 343.716 65.772 350.828 69.735 291.567 207.280 294.881 122.421 266.255 D. Padrão 16.922 16.486 17.548 17.058 5.318 5.333 21.638 21.047 0 Nível de Confiança 94,6% 95,4% 93,7% 95,0% 95,9% 94,9% 94,6% 95,9% N/A VPL maior ou igual a 380.216 92.305 384.442 96.383 300.622 213.098 322.671 140.381 266.255 A partir da análise dos resultados apresentados na Tabela 1 para apuração do VPL, é possível perceber que em nenhum dos cenários simulados e para 111 nenhuma das variáveis independentes testadas submetidas aos testes de variação foi encontrado VPL negativo. Assim, é possível afirmar que o projeto apresenta VPL positivo em todos os casos simulados, obtendo um resultado superior em dinheiro ao capital investido no projeto. Com base nessa afirmação, e ainda considerando uma análise realizada exclusivamente pela ótica do VPL, o projeto é economicamente viável e pode ser recomendado para investimento. Na Figura 12 é possível observar o comportamento do VPL, considerando a variação do fluxo de tráfego em -15%. Os resultados obtidos por meio da SMC a partir de 1.000 simulações demonstrados na Figura 12 resultaram num histograma que aparenta ser uma distribuição normal de probabilidade. Isso possibilita afirmar que com um grau de confiança de 95,4% o VPL é igual ou maior que R$ 92.305 mil. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 173.558 166.787 160.016 153.244 146.473 139.702 132.931 126.160 119.389 112.618 105.847 99.076 92.305 85.534 78.763 0 71.992 Frequência Bloco Freq Acum 71.992 2 2 75.377 1 3 78.763 2 5 82.148 4 9 85.534 7 16 88.919 9 25 92.305 21 46 95.690 19 65 99.076 31 96 102.461 33 129 105.847 43 172 109.232 55 227 112.618 54 281 116.004 66 347 119.389 77 424 122.775 84 508 126.160 69 577 129.546 77 654 132.931 69 723 136.317 63 786 139.702 51 837 143.088 41 878 146.473 27 905 149.859 26 931 153.244 24 955 156.630 17 972 160.016 12 984 163.401 8 992 166.787 2 994 170.172 2 996 173.558 3 999 Mais 1 1000 VPL em R$ mil Figura 12 - VPL em função da variação do fluxo de tráfego em -15% Já a Figura 13 demonstra o que ocorre com o VPL quando o fluxo de tráfego é submetido à variação de +15%. 112 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 466.197 458.720 451.244 443.767 436.291 428.814 421.337 413.861 406.384 398.907 391.431 383.954 376.478 369.001 361.524 0 354.048 Frequência Bloco Freq Acum 354.048 0 0 357.786 0 0 361.524 0 0 365.263 3 3 369.001 5 8 372.739 13 21 376.478 13 34 380.216 20 54 383.954 31 85 387.693 30 115 391.431 35 150 395.169 63 213 398.907 61 274 402.646 81 355 406.384 86 441 410.122 94 535 413.861 93 628 417.599 76 704 421.337 68 772 425.076 68 840 428.814 52 892 432.552 37 929 436.291 26 955 440.029 13 968 443.767 13 981 447.505 10 991 451.244 5 996 454.982 2 998 458.720 1 999 462.459 0 999 466.197 1 1000 Mais 0 1000 VPL em R$ mil Figura 13 – VPL em função da variação do fluxo de tráfego em +15% A Figura 13 possibilita afirmar que com um grau de 94,6% de confiança o VPL é igual ou maior que R$ 380.216 mil. Notadamente que a variação do fluxo de tráfego em 15% impacta na mensuração do VPL tornando-o 4,12 vezes maior no cenário otimista em relação ao cenário pessimista, com um grau de confiança próximo a 95%. As simulações para as variações da tarifa básica de pedágio em -15% no cálculo do VPL estão demonstradas na Figura 14, a qual possibilita afirmar que, para um nível de confiança de 95%, o VPL é igual ou maior que R$ 96.383 mil, apontando uma frequência acumulada de 50 casos em 1.000 simulações realizadas por meio da SMC. 113 100 90 80 70 60 Frequência 50 40 30 20 10 168.657 161.774 154.891 148.008 141.124 134.241 127.358 120.475 113.591 106.708 99.825 92.941 86.058 79.175 72.292 0 65.408 Bloco Freq Acum 65.408 0 0 68.850 0 0 72.292 0 0 75.733 1 1 79.175 1 2 82.617 2 4 86.058 3 7 89.500 5 12 92.941 19 31 96.383 19 50 99.825 22 72 103.266 42 114 106.708 45 159 110.150 50 209 113.591 79 288 117.033 68 356 120.475 79 435 123.916 73 508 127.358 83 591 130.799 90 681 134.241 63 744 137.683 67 811 141.124 45 856 144.566 38 894 148.008 36 930 151.449 28 958 154.891 18 976 158.332 10 986 161.774 6 992 165.216 4 996 168.657 3 999 Mais 1 1000 VPL em R$ mil Figura 14 – VPL em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15% A Figura 15 evidencia que o VPL é maior ou igual a R$ 384.442 mil em 93,7% dos casos simulados, entre 1.000 simulações realizadas, com a variação da tarifa básica de pedágio em +15%. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 VPL em R$ mil Figura 15 – VPL em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15% 468.527 460.883 453.239 445.595 437.951 430.307 422.662 415.018 407.374 399.730 392.086 384.442 376.797 369.153 361.509 0 353.865 Frequência Bloco Freq Acum 353.865 1 1 357.687 0 1 361.509 0 1 365.331 1 2 369.153 1 3 372.975 4 7 376.797 13 20 380.620 17 37 384.442 26 63 388.264 36 99 392.086 46 145 395.908 64 209 399.730 76 285 403.552 75 360 407.374 86 446 411.196 90 536 415.018 81 617 418.840 91 708 422.662 78 786 426.484 57 843 430.307 48 891 434.129 31 922 437.951 23 945 441.773 23 968 445.595 15 983 449.417 7 990 453.239 4 994 457.061 3 997 460.883 2 999 464.705 1 1000 468.527 0 1000 Mais 0 1000 114 Assim, é possível afirmar que a variação da tarifa básica de pedágio em 15% acarreta numa variação para o VPL em aproximadamente 4 vezes o valor estimado para o VPL no cenário otimista, quando comparado ao valor estimado para o VPL no cenário pessimista, com um grau de confiança próximo a 95%. O VPL mensurado a partir da variação dos custos e despesas operacionais em -15% está demonstrado na Figura 16, em que o VPL calculado é maior ou igual a R$ 300.622 mil em 95,9% dos casos, entre 1.000 simulações realizadas. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 331.227 328.779 326.330 323.882 321.433 318.985 316.537 314.088 311.640 309.192 306.743 304.295 301.846 299.398 296.950 0 294.501 Frequência Bloco Freq Acum 294.501 1 1 295.725 1 2 296.950 5 7 298.174 4 11 299.398 11 22 300.622 19 41 301.846 31 72 303.071 28 100 304.295 53 153 305.519 63 216 306.743 54 270 307.967 68 338 309.192 75 413 310.416 83 496 311.640 97 593 312.864 96 689 314.088 70 759 315.313 63 822 316.537 55 877 317.761 49 926 318.985 24 950 320.209 22 972 321.433 13 985 322.658 6 991 323.882 5 996 325.106 1 997 326.330 2 999 327.554 1 1000 328.779 0 1000 330.003 0 1000 331.227 0 1000 Mais 0 1000 VPL em R$ mil Figura 16 – VPL em função da variação dos custos e despesas operacionais em -15% Já a Figura 17 ilustra o VPL obtido a partir das 1.000 simulações realizadas com a variação dos custos e despesas em +15%, em que o VPL calculado é maior ou igual a R$ 213.098 mil em 94,9% dos casos simulados. Assim, é possível afirmar que a variação dos custos e despesas operacionais em 15% implica a variação do VPL em aproximadamente 1,4 vezes o valor estimado para o VPL no cenário otimista quando comparado ao valor estimado para o VPL no cenário pessimista, com um grau de confiança próximo a 95%. 115 100 90 80 70 60 Frequência 50 40 30 20 10 241.235 238.890 236.545 234.201 231.856 229.511 227.166 224.822 222.477 220.132 217.788 215.443 213.098 210.754 208.409 0 206.064 Bloco Freq Acum 206.064 2 2 207.237 2 4 208.409 1 5 209.581 6 11 210.754 5 16 211.926 13 29 213.098 22 51 214.271 26 77 215.443 25 102 216.615 49 151 217.788 57 208 218.960 69 277 220.132 66 343 221.305 82 425 222.477 71 496 223.649 101 597 224.822 74 671 225.994 82 753 227.166 65 818 228.339 48 866 229.511 46 912 230.684 32 944 231.856 11 955 233.028 18 973 234.201 15 988 235.373 3 991 236.545 1 992 237.718 6 998 238.890 2 1000 240.062 0 1000 241.235 0 1000 Mais 0 1000 VPL em R$ mil Figura 17 – VPL em função da variação dos custos e despesas operacionais em +15% O VPL estimado em 1.000 simulações realizadas com a variação dos investimentos em -15% está evidenciado na Figura 18. 80 70 60 50 40 30 20 10 VPL em R$ mil Figura 18 – VPL em função da variação dos investimentos em -15% 408.628 401.153 393.679 386.204 378.730 371.255 363.781 356.306 348.832 341.357 333.883 326.408 318.933 311.459 303.984 0 296.510 Frequência Bloco Freq Acum 296.510 1 1 300.247 0 1 303.984 2 3 307.722 3 6 311.459 8 14 315.196 7 21 318.933 8 29 322.671 25 54 326.408 26 80 330.145 38 118 333.883 37 155 337.620 50 205 341.357 61 266 345.094 65 331 348.832 62 393 352.569 64 457 356.306 76 533 360.043 52 585 363.781 58 643 367.518 61 704 371.255 53 757 374.993 42 799 378.730 48 847 382.467 35 882 386.204 33 915 389.942 21 936 393.679 24 960 397.416 20 980 401.153 6 986 404.891 6 992 408.628 6 998 Mais 2 1000 116 A Figura 18 demonstra que o VPL será maior ou igual a R$ 322.671 mil em 94,6% dos casos simulados, entre 1.000 simulações realizadas, com a variação dos investimentos em -15%. Já a Figura 19 ilustra o VPL calculado a partir da variação dos investimentos em +15%. Notadamente que, nesse caso, o VPL será maior ou igual a R$ 140.381 mil em 95,9% dos casos. 80 70 60 50 40 30 20 10 230.432 223.227 216.023 208.819 201.615 194.411 187.207 180.003 172.799 165.595 158.391 151.187 143.983 136.779 129.574 0 122.370 Frequência Bloco Freq Acum 122.370 2 2 125.972 5 7 129.574 4 11 133.177 9 20 136.779 7 27 140.381 14 41 143.983 30 71 147.585 29 100 151.187 39 139 154.789 35 174 158.391 42 216 161.993 42 258 165.595 56 314 169.197 60 374 172.799 60 434 176.401 69 503 180.003 56 559 183.605 58 617 187.207 68 685 190.809 52 737 194.411 46 783 198.013 45 828 201.615 44 872 205.217 34 906 208.819 32 938 212.421 24 962 216.023 16 978 219.625 4 982 223.227 10 992 226.829 2 994 230.432 3 997 Mais 3 1000 VPL em R$ mil Figura 19 – VPL em função da variação dos investimentos em +15% Assim, é possível afirmar que a variação dos investimentos em 15% implica a variação do VPL em aproximadamente 2,3 vezes o valor estimado para o VPL no cenário otimista quando comparado ao valor estimado para o VPL no cenário pessimista, com um grau de confiança próximo a 95%. 117 4.4.2 Mensuração da Taxa Interna de Retorno (TIR) A estimativa da TIR obtida a partir da variação dos cenários proporciona uma visão da flutuação da rentabilidade esperada para o projeto em análise, com nível de confiança de 95%, por meio da aplicação da SMC, com 1.000 simulações no fluxo de caixa, e que estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2 – Valores estimados para a TIR Variável Independente TMA Otimista + 15% Fluxo de Tráfego Tarifa Básica de Pedágio Custos/Desp Operacionais Investimentos Taxa Mínima Atratividade Cenários 6%aa Taxa Interna de Retorno (%ao ano) Nível de Confiança TIR maior ou igual a 9,96% Máximo Médio Mínimo D. Padrão 10,96% 10,28% 9,77% 0,19% 95,0% Pessimista - 15% 7,95% 7,32% 6,72% 0,18% 95,5% 7,01% Otimista + 15% 10,85% 10,29% 9,75% 0,18% 95,1% 9,95% Pessimista - 15% 8,00% 7,32% 6,75% 0,19% 94,4% 7,03% Otimista - 15% 9,47% 9,28% 9,10% 0,06% 94,0% 9,19% Pessimista + 15% 8,54% 8,35% 8,13% 0,06% 94,9% 8,24% Otimista - 15% 10,92% 9,99% 9,17% 0,31% 95,4% 9,48% Pessimista + 15% 8,53% 7,77% 7,13% 0,24% 95,5% 7,38% Mais Provável 8,82% 8,82% 8,82% 0,00% N/A N/A A partir da análise dos resultados apresentados na Tabela 2 para apuração da TIR, é possível perceber que em nenhum dos cenários simulados e para nenhuma das variáveis independentes testadas, submetidas aos testes de variação, foi encontrada TIR menor que a TMA. Assim, é possível afirmar que o projeto apresenta TIR maior que a TMA em todos os casos simulados, obtendo um resultado superior em taxa de rentabilidade ao ano sobre o capital investido no projeto, quando comparado com a TMA. Com base nessa afirmação e ainda considerando uma análise realizada exclusivamente pela ótica da TIR, o projeto é viável e pode ser recomendado para investimento. Na Figura 20 é possível observar o comportamento da TIR, considerando a variação do fluxo de tráfego em -15%. Os resultados obtidos por meio da SMC a partir de 1.000 simulações demonstrados na mesma Figura resultaram num histograma, que aparenta ter uma distribuição normal. Isso possibilita afirmar que com um grau de confiança de 95,5% a TIR é igual ou maior que 7,01%ao ano. 118 90 80 70 60 50 40 30 20 10 7,88% 7,81% 7,74% 7,66% 7,59% 7,52% 7,44% 7,37% 7,30% 7,23% 7,15% 7,08% 7,01% 6,93% 0 6,86% Acum 1 3 5 8 18 25 45 70 101 132 174 228 300 370 446 531 597 676 738 793 860 902 939 965 978 984 988 995 997 1000 1000 1000 6,79% Freq 1 2 2 3 10 7 20 25 31 31 42 54 72 70 76 85 66 79 62 55 67 42 37 26 13 6 4 7 2 3 0 0 Frequência Bloco 6,79% 6,82% 6,86% 6,90% 6,93% 6,97% 7,01% 7,04% 7,08% 7,12% 7,15% 7,19% 7,23% 7,26% 7,30% 7,34% 7,37% 7,41% 7,44% 7,48% 7,52% 7,55% 7,59% 7,63% 7,66% 7,70% 7,74% 7,77% 7,81% 7,85% 7,88% Mais TIR %ao ano Figura 20 – TIR em função da variação do fluxo de tráfego em -15% Já a Figura 21 demonstra o que ocorre com a TIR quando o fluxo de tráfego é submetido à variação de +15%. Notadamente que, nesse caso, a TIR é maior ou igual a 9,96% ao ano em 95% dos casos. Assim, é possível afirmar que a variação do fluxo de tráfego em 15%, implica a variação da TIR em 95% dos casos no valor esperado para a TIR, igual ou maior a 9,96% ao ano e maior ou igual a 7,01% ao ano, que pode ser comparada com a TMA de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, com grau de confiança de 95%. Sendo a TIR positiva, nos casos testados diante da variação do fluxo de tráfego, é correto afirmar que mesmo quando o volume de fluxo de tráfego sofre uma redução de 15%, o projeto ainda apresenta-se rentável, correspondendo esta rentabilidade à taxa maior ou igual a 7,01% ao ano em 95,5% dos casos. E, quando o fluxo de tráfego é testado com um acréscimo de 15%, a TIR esperada com um nível de confiança de 95% aumenta para a faixa maior ou igual a 9,96% ao ano. 119 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 10,93% 10,85% 10,77% 10,69% 10,61% 10,53% 10,45% 10,37% 10,28% 10,20% 10,12% 10,04% 9,96% 9,88% 9,80% 0 9,72% Freq Acum 0 0 2 2 1 3 2 5 6 11 21 32 18 50 15 65 27 92 34 126 52 178 69 247 76 323 74 397 81 478 87 565 92 657 63 720 64 784 57 841 45 886 26 912 27 939 27 966 12 978 9 987 6 993 4 997 2 999 0 999 1 1000 0 1000 Frequência Bloco 9,72% 9,76% 9,80% 9,84% 9,88% 9,92% 9,96% 10,00% 10,04% 10,08% 10,12% 10,16% 10,20% 10,24% 10,28% 10,32% 10,37% 10,41% 10,45% 10,49% 10,53% 10,57% 10,61% 10,65% 10,69% 10,73% 10,77% 10,81% 10,85% 10,89% 10,93% Mais TIR %ao ano Figura 21 – TIR em função da variação do fluxo de tráfego em +15% A Figura 22 demonstra a TIR calculada a partir da variação de -15% da tarifa básica de pedágio. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 TIR %ao ano Figura 22 – TIR em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15% 7,84% 7,77% 7,69% 7,62% 7,54% 7,47% 7,40% 7,32% 7,25% 7,18% 7,10% 7,03% 6,95% 6,88% 6,81% 0 6,73% Freq Acum 0 0 0 0 0 0 2 2 7 9 4 13 11 24 15 39 17 56 28 84 31 115 35 150 50 200 56 256 64 320 66 386 79 465 74 539 94 633 101 734 61 795 54 849 47 896 25 921 33 954 19 973 7 980 10 990 5 995 2 997 1 998 2 1000 Frequência Bloco 6,73% 6,77% 6,81% 6,84% 6,88% 6,92% 6,95% 6,99% 7,03% 7,06% 7,10% 7,14% 7,18% 7,21% 7,25% 7,29% 7,32% 7,36% 7,40% 7,43% 7,47% 7,51% 7,54% 7,58% 7,62% 7,65% 7,69% 7,73% 7,77% 7,80% 7,84% Mais 120 Os resultados obtidos para a TIR, apurados a partir da variação da tarifa básica de pedágio em -15%, demonstrados na Figura 22, possibilitam afirmar que com um grau de confiança de 94,4% a TIR será igual ou maior que 7,03% ao ano. Já os resultados obtidos para a TIR, apurados a partir da variação da tarifa básica de pedágio em +15%, estão demonstrados na Figura 23. Notadamente que os resultados demonstrados na Figura 23 possibilitam afirmar com grau de confiança de 95,1% que a TIR será igual ou maior que 9,95% ao ano. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 10,90% 10,83% 10,76% 10,68% 10,61% 10,54% 10,46% 10,39% 10,32% 10,24% 10,17% 10,10% 10,02% 9,95% 9,88% 0 9,80% Freq Acum 5 5 7 12 7 19 9 28 21 49 18 67 25 92 31 123 36 159 36 195 56 251 68 319 89 408 77 485 82 567 81 648 72 720 61 781 52 833 43 876 43 919 28 947 21 968 15 983 6 989 4 993 3 996 0 996 0 996 2 998 0 998 2 1000 Frequência Bloco 9,80% 9,84% 9,88% 9,91% 9,95% 9,99% 10,02% 10,06% 10,10% 10,13% 10,17% 10,21% 10,24% 10,28% 10,32% 10,35% 10,39% 10,43% 10,46% 10,50% 10,54% 10,57% 10,61% 10,65% 10,68% 10,72% 10,76% 10,79% 10,83% 10,87% 10,90% Mais TIR %ao ano Figura 23 – TIR em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15% Assim, é possível afirmar que a variação da tarifa básica de pedágio em 15% implica a variação da TIR, em 95% dos casos, sendo maior ou igual a 3,95% ao ano e maior ou igual a 1,03% ao ano, que pode ser comparada com a TMA de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, com grau de confiança de 95%. O impacto da variação dos custos e despesas operacionais em -15% na TIR é demonstrado na Figura 24, calculados a partir de 1.000 simulações, em que se pode constatar que em 94% dos casos a TIR é igual ou maior que 9,19% ao ano. 121 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 9,44% 9,42% 9,39% 9,37% 9,34% 9,32% 9,29% 9,27% 9,24% 9,22% 9,19% 9,16% 9,14% 9,11% 9,09% 0 9,06% Freq Acum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 2 5 7 12 7 19 14 33 27 60 22 82 41 123 52 175 52 227 59 286 84 370 89 459 79 538 78 616 80 696 62 758 52 810 51 861 40 901 34 935 15 950 22 972 8 980 10 990 8 998 2 1000 Frequência Bloco 9,06% 9,07% 9,09% 9,10% 9,11% 9,13% 9,14% 9,15% 9,16% 9,18% 9,19% 9,20% 9,22% 9,23% 9,24% 9,25% 9,27% 9,28% 9,29% 9,30% 9,32% 9,33% 9,34% 9,36% 9,37% 9,38% 9,39% 9,41% 9,42% 9,43% 9,44% Mais TIR %ao ano Figura 24 – TIR em função da variação dos custos e despesas operacionais em -15% Já os cálculos para a TIR, a partir da variação dos custos e despesas operacionais em +15%, resultaram em 94,9% dos casos para uma TIR igual ou maior que 8,24% ao ano, conforme é demonstrado na Figura 25. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 8,53% 8,50% 8,48% 8,45% 8,43% 8,40% 8,38% 8,35% 8,33% 8,30% 8,28% 8,25% 8,23% 8,21% 8,18% 0 8,16% Freq Acum 0 0 0 0 1 1 4 5 6 11 10 21 13 34 17 51 17 68 33 101 39 140 38 178 43 221 72 293 64 357 75 432 68 500 83 583 83 666 76 742 45 787 62 849 44 893 42 935 20 955 11 966 17 983 5 988 5 993 4 997 3 1000 0 1000 Frequência Bloco 8,16% 8,17% 8,18% 8,19% 8,21% 8,22% 8,23% 8,24% 8,25% 8,27% 8,28% 8,29% 8,30% 8,32% 8,33% 8,34% 8,35% 8,37% 8,38% 8,39% 8,40% 8,42% 8,43% 8,44% 8,45% 8,46% 8,48% 8,49% 8,50% 8,51% 8,53% Mais TIR %ao ano Figura 25 – TIR em função da variação dos custos e despesas operacionais em +15% 122 Assim, é possível afirmar que a variação dos custos e despesas operacionais em 15% contribui para a variação da TIR em 95% dos casos, sendo igual ou maior que 2,24% ao ano e maior ou igual a 3,19% ao ano, que pode ser comparado à TMA de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, com grau de confiança de 95%. O impacto da variação dos investimentos em -15% sobre a TIR foi calculado e demonstrado na Figura 26. É possível afirmar, nesse caso, que a TIR é maior ou igual a 9,48% ao ano com um grau de confiança de 95,4%. 80 70 60 50 40 30 20 10 10,88% 10,77% 10,66% 10,55% 10,44% 10,34% 10,23% 10,12% 10,01% 9,91% 9,80% 9,69% 9,58% 9,48% 9,37% 0 9,26% Freq Acum 5 5 5 10 14 24 10 34 12 46 24 70 26 96 44 140 47 187 53 240 45 285 72 357 52 409 67 476 51 527 64 591 62 653 56 709 53 762 47 809 38 847 36 883 33 916 19 935 16 951 20 971 9 980 7 987 5 992 2 994 4 998 2 1000 Frequência Bloco 9,26% 9,31% 9,37% 9,42% 9,48% 9,53% 9,58% 9,64% 9,69% 9,75% 9,80% 9,85% 9,91% 9,96% 10,01% 10,07% 10,12% 10,18% 10,23% 10,28% 10,34% 10,39% 10,44% 10,50% 10,55% 10,61% 10,66% 10,71% 10,77% 10,82% 10,88% Mais TIR %ao ano Figura 26 – TIR em função da variação dos investimentos em -15% Já os cálculos para a TIR, a partir da variação dos investimentos em +15%, resultaram em 95,5% dos casos para uma TIR igual ou maior que 7,38% ao ano, conforme é demonstrado na Figura 27. 123 80 70 60 50 40 30 20 10 8,40% 8,32% 8,23% 8,15% 8,06% 7,98% 7,89% 7,81% 7,72% 7,64% 7,55% 7,47% 7,38% 7,30% 7,21% 0 7,13% Freq Acum 0 0 2 2 3 5 4 9 8 17 13 30 15 45 29 74 36 110 41 151 42 193 51 244 52 296 70 366 71 437 60 497 62 559 68 627 44 671 65 736 66 802 36 838 38 876 38 914 19 933 20 953 16 969 11 980 8 988 4 992 4 996 4 1000 Frequência Bloco 7,13% 7,17% 7,21% 7,25% 7,30% 7,34% 7,38% 7,42% 7,47% 7,51% 7,55% 7,59% 7,64% 7,68% 7,72% 7,76% 7,81% 7,85% 7,89% 7,94% 7,98% 8,02% 8,06% 8,11% 8,15% 8,19% 8,23% 8,28% 8,32% 8,36% 8,40% Mais TIR %ao ano Figura 27 – TIR em função da variação dos investimentos em +15% Assim, é possível afirmar que a variação dos investimentos em 15% contribui para a variação da TIR, em 95% dos casos, sendo maior ou igual a 2,38% ao ano e maior ou igual a 3,48% ao ano, que pode ser comparada à TMA de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, com grau de confiança de 95%. 4.4.3 Mensuração do Retorno Adicional sobre o Investimento - ROIA A estimativa do ROIA obtida a partir da variação dos cenários proporciona uma visão da flutuação da rentabilidade agregada esperada para o projeto em análise, ou seja, é o retorno adicional sobre o investimento, esperado além da TMA, com nível de confiança de 95%, obtido por meio da aplicação da SMC, com 1.000 simulações do fluxo de caixa, cujos resultados estão apresentados na Tabela 3. 124 Tabela 3 – Valores estimados para o ROIA Variável Independente Cenários 6%aa Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Mais Provável Máximo 4,27% 2,10% 4,30% 2,11% 3,39% 2,67% 4,43% 2,67% 2,91% Médio 3,95% 1,58% 3,95% 1,57% 3,25% 2,53% 3,78% 2,00% 2,91% Mínimo 3,61% 0,97% 3,54% 0,91% 3,14% 2,34% 3,17% 1,32% 2,91% D. Padrão 0,11% 0,18% 0,12% 0,19% 0,04% 0,05% 0,25% 0,24% 0,00% Otimista FT + 15% Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% Mais Provável Pessimista FT - 15% 5,84% 4,72% 4,07% 5,09% 3,83% 3,12% 3,50% 1,94% 1,02% 2,66% 0,91% -0,12% 5,60% 4,72% 3,64% 4,78% 3,83% 2,64% 3,09% 1,94% 0,39% 2,21% 0,91% -0,94% 5,19% 4,72% 3,22% 4,47% 3,83% 2,16% 2,66% 1,94% -0,32% 1,77% 0,91% -1,90% 0,10% 0,00% 0,14% 0,10% 0,00% 0,16% 0,12% 0,00% 0,22% 0,15% 0,00% 0,28% Fluxo de Tráfego Tarifa Básica de Pedágio Custos/Desp Operacionais Retorno Adicional s/ Investimento (%ao ano) TMA Investimentos Taxa Mínima Atratividade 4%aa 5%aa Taxa Mínima Atratividade 7%aa 8%aa Nível de Confiança ROIA maior ou igual a 95,3% 94,1% 95,0% 95,2% 95,1% 94,8% 94,3% 95,4% N/A 3,76% 1,30% 3,77% 1,26% 3,19% 2,46% 3,40% 1,59% 2,91% 95,4% N/A 95,1% 94,5% N/A 95,3% 94,4% N/A 94,6% 94,7% N/A 95,0% 5,44% 4,72% 3,42% 4,61% 3,83% 2,35% 2,89% 1,94% 0,06% 1,99% 0,91% -1,37% A partir da análise dos resultados apresentados na Tabela 3, é possível perceber que nos cenários simulados, submetidos aos testes de variação das variáveis independentes, o ROIA apresentou valores positivos. Assim, é possível afirmar que o projeto apresenta ROIA maior que a TMA nos casos simulados, obtendo um resultado superior em taxa de rentabilidade ao ano sobre o capital investido no projeto, quando comparado com a TMA. Com base nessa afirmação e, ainda considerando uma análise realizada exclusivamente pela ótica do ROIA, o projeto é economicamente viável e pode ser recomendado para investimento. Exceção se faz, nessa recomendação, quando é analisada a única situação em que o ROIA apresentou-se negativo. No cenário formado pela combinação da redução do fluxo de tráfego em 15% e o acréscimo de 2% na TMA, ou seja, 8% ao ano, e com 95% de nível de confiança, o ROIA, é maior ou igual a -1,37% ao ano. Na Figura 28 é possível observar o comportamento do ROIA, considerando a variação do fluxo de tráfego em -15%. Os resultados obtidos, por meio da SMC a partir de 1.000 simulações, demonstrados na Figura 28, resultaram num histograma que aparenta ter uma distribuição normal. Isso possibilita afirmar que com um grau de confiança de 94,1% o ROIA é igual ou maior que 1,30% ao ano. Os resultados obtidos para o ROIA, apurados a partir da variação do fluxo de tráfego em +15%, estão demonstrados na Figura 29. 125 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 2,09% 2,01% 1,93% 1,85% 1,77% 1,69% 1,61% 1,53% 1,45% 1,37% 1,30% 1,22% 1,14% 1,06% 0,98% 0 0,90% Freq Acum 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 1 4 4 8 10 18 8 26 12 38 21 59 40 99 38 137 47 184 68 252 77 329 73 402 86 488 84 572 92 664 64 728 73 801 60 861 40 901 45 946 18 964 12 976 9 985 9 994 3 997 1 998 2 1000 Frequência Bloco 0,90% 0,94% 0,98% 1,02% 1,06% 1,10% 1,14% 1,18% 1,22% 1,26% 1,30% 1,34% 1,37% 1,41% 1,45% 1,49% 1,53% 1,57% 1,61% 1,65% 1,69% 1,73% 1,77% 1,81% 1,85% 1,89% 1,93% 1,97% 2,01% 2,05% 2,09% Mais ROIA %ao ano Figura 28 – ROIA em função da variação do fluxo de tráfego em -15% Notadamente que, esses resultados, possibilitam afirmar com grau de confiança de 95,3% que o ROIA é igual ou maior que 3,76% ao ano. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 ROIA %ao ano Figura 29 – ROIA em função da variação do fluxo de tráfego em +15% 4,28% 4,24% 4,19% 4,14% 4,09% 4,05% 4,00% 3,95% 3,91% 3,86% 3,81% 3,76% 3,72% 3,67% 3,62% 0 3,57% Freq Acum 0 0 0 0 0 0 2 2 4 6 2 8 5 13 18 31 16 47 18 65 37 102 41 143 53 196 65 261 72 333 77 410 76 486 93 579 83 662 83 745 62 807 49 856 35 891 39 930 30 960 15 975 8 983 6 989 4 993 3 996 4 1000 0 1000 Frequência Bloco 3,57% 3,60% 3,62% 3,65% 3,67% 3,69% 3,72% 3,74% 3,76% 3,79% 3,81% 3,83% 3,86% 3,88% 3,91% 3,93% 3,95% 3,98% 4,00% 4,02% 4,05% 4,07% 4,09% 4,12% 4,14% 4,16% 4,19% 4,21% 4,24% 4,26% 4,28% Mais 126 Assim, é possível afirmar que a variação do fluxo de tráfego em 15% implica em ROIA, com grau de confiança de 95%, maior ou igual a 3,76% ao ano e maior ou igual a 1,30% ao ano, além da TMA de 6,00% ao ano do cenário mais provável. Sendo o ROIA positivo, nos casos testados diante da variação do fluxo de tráfego, é correto afirmar que mesmo quando o volume de fluxo de tráfego sofre uma redução de 15%, o projeto ainda apresenta uma rentabilidade acima da Taxa Mínima de Atratividade, correspondendo ao ROIA maior ou igual a 1,30% ao ano. E, quando o fluxo de tráfego é testado com um acréscimo de 15%, o ROIA esperado com um nível de confiança de 95% é maior ou igual a 3,76% ao ano. A Figura 30 demonstra o impacto no ROIA em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15%, em que se constata, com um grau de confiança de 95,2%, que o ROIA é igual ou maior que 1,26% ao ano. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 1,99% 1,92% 1,85% 1,78% 1,71% 1,64% 1,57% 1,50% 1,43% 1,36% 1,29% 1,22% 1,15% 1,08% 1,01% 0 0,94% Freq Acum 0 0 0 0 2 2 1 3 1 4 5 9 4 13 10 23 12 35 13 48 17 65 30 95 21 116 44 160 54 214 57 271 82 353 68 421 80 501 69 570 84 654 79 733 58 791 51 842 44 886 33 919 26 945 20 965 15 980 5 985 5 990 10 1000 Frequência Bloco 0,94% 0,98% 1,01% 1,05% 1,08% 1,12% 1,15% 1,19% 1,22% 1,26% 1,29% 1,33% 1,36% 1,40% 1,43% 1,47% 1,50% 1,54% 1,57% 1,61% 1,64% 1,68% 1,71% 1,75% 1,78% 1,82% 1,85% 1,89% 1,92% 1,96% 1,99% Mais ROIA %ao ano Figura 30 – ROIA em função da variação da tarifa básica de pedágio em -15% A partir de simulações com a variação da tarifa básica de pedágio em +15%, é possível constatar que o ROIA será igual ou maior que 3,77% ao ano em 95% dos casos, conforme é demonstrado na Figura 31. 127 Assim, é possível afirmar que a variação da tarifa básica de pedágio em 15% implica a obtenção de um ROIA, com grau de confiança de 95%, maior ou igual a 3,77% ao ano e maior ou igual a 1,26% ao ano, além da TMA de 6,00% ao ano. Sendo o ROIA positivo, nos casos testados diante da variação da tarifa básica de pedágio, é correto afirmar que mesmo quando a tarifa básica de pedágio sofre uma redução de 15%, o projeto ainda apresenta uma rentabilidade acima da Taxa Mínima de Atratividade, correspondendo ao ROIA maior ou igual a 1,26% ao ano. E, quando a tarifa básica de pedágio é testada com um acréscimo de 15%, o ROIA esperado com um nível de confiança de 95% é maior ou igual a 3,77% ao ano. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 4,31% 4,26% 4,21% 4,17% 4,12% 4,07% 4,03% 3,98% 3,93% 3,89% 3,84% 3,79% 3,75% 3,70% 0 3,65% Acum 2 2 3 10 15 23 40 50 66 108 151 214 277 360 448 529 619 693 767 829 875 912 935 963 980 987 992 996 997 1000 1000 1000 3,61% Freq 2 0 1 7 5 8 17 10 16 42 43 63 63 83 88 81 90 74 74 62 46 37 23 28 17 7 5 4 1 3 0 0 Frequência Bloco 3,61% 3,63% 3,65% 3,68% 3,70% 3,72% 3,75% 3,77% 3,79% 3,82% 3,84% 3,86% 3,89% 3,91% 3,93% 3,96% 3,98% 4,00% 4,03% 4,05% 4,07% 4,10% 4,12% 4,14% 4,17% 4,19% 4,21% 4,24% 4,26% 4,28% 4,31% Mais ROIA %ao ano Figura 31 – ROIA em função da variação da tarifa básica de pedágio em +15% O ROIA estimado para a variação dos custos e despesas operacionais em +15% é demonstrado na Figura 32, em que é possível afirmar, com um grau de confiança de 94,8%, que o ROIA será maior ou igual a 2,46% ao ano. 128 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 2,70% 2,68% 2,65% 2,63% 2,61% 2,59% 2,57% 2,55% 2,52% 2,50% 2,48% 2,46% 2,44% 2,42% 2,39% 0 2,37% Freq Acum 0 0 1 1 1 2 2 4 1 5 5 10 1 11 21 32 20 52 31 83 34 117 57 174 60 234 87 321 75 396 93 489 92 581 74 655 83 738 84 822 39 861 55 916 33 949 17 966 14 980 8 988 5 993 4 997 2 999 0 999 0 999 1 1000 Frequência Bloco 2,37% 2,38% 2,39% 2,40% 2,42% 2,43% 2,44% 2,45% 2,46% 2,47% 2,48% 2,49% 2,50% 2,51% 2,52% 2,53% 2,55% 2,56% 2,57% 2,58% 2,59% 2,60% 2,61% 2,62% 2,63% 2,64% 2,65% 2,67% 2,68% 2,69% 2,70% Mais ROIA %ao ano Figura 32 – ROIA em função da variação dos custos e despesas operacionais em +15% Já na Figura 33 é demonstrado o ROIA obtido nas simulações realizadas com a variação dos custos e despesas operacionais em -15%. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 3,36% 3,35% 3,33% 3,31% 3,30% 3,28% 3,27% 3,25% 3,23% 3,22% 3,20% 3,19% 3,17% 3,15% 3,14% 0 3,12% Freq Acum 3 3 0 3 2 5 0 5 7 12 3 15 9 24 11 35 14 49 22 71 33 104 35 139 54 193 50 243 48 291 64 355 72 427 83 510 90 600 90 690 60 750 56 806 40 846 39 885 32 917 31 948 24 972 6 978 6 984 7 991 3 994 6 1000 Frequência Bloco 3,12% 3,13% 3,14% 3,15% 3,15% 3,16% 3,17% 3,18% 3,19% 3,19% 3,20% 3,21% 3,22% 3,23% 3,23% 3,24% 3,25% 3,26% 3,27% 3,27% 3,28% 3,29% 3,30% 3,31% 3,31% 3,32% 3,33% 3,34% 3,35% 3,35% 3,36% Mais ROIA %ao ano Figura 33 – ROIA em função da variação dos custos e despesas operacionais em -15% 129 O ROIA ilustrado na Figura 33 possibilita afirmar que em 95,1% dos casos é maior ou igual a 3,19% ao ano. Assim, é possível afirmar que a variação dos custos e despesas operacionais em 15% implica a obtenção de ROIA maior ou igual a 2,46% ao ano e maior ou igual a 3,19 % ao ano, além da TMA de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, em 95% dos casos. Sendo o ROIA positivo, nos casos testados diante da variação dos custos e despesas operacionais, é correto afirmar que quando os custos e despesas operacionais sofrem uma redução de 15%, o projeto apresenta uma rentabilidade acima da Taxa Mínima de Atratividade, correspondendo ao ROIA maior ou igual a 3,19% ao ano. E, quando os custos e despesas operacionais são testados com um acréscimo de 15%, o ROIA esperado com um nível de confiança de 95% é maior ou igual a 2,46% ao ano. O ROIA estimado para a variação dos investimentos em +15% é demonstrado na Figura 34, onde é possível afirmar que, com um grau de confiança de 95,4%, o ROIA será maior ou igual a 1,59% ao ano. 80 70 60 50 40 30 20 10 ROIA %ao ano Figura 34 – ROIA em função da variação dos investimentos em +15% 2,56% 2,48% 2,40% 2,31% 2,23% 2,15% 2,07% 1,99% 1,91% 1,83% 1,75% 1,67% 1,59% 1,51% 1,43% 0 1,35% Freq Acum 1 1 0 1 1 2 10 12 12 24 12 36 10 46 30 76 25 101 21 122 48 170 40 210 48 258 48 306 69 375 56 431 64 495 61 556 67 623 61 684 54 738 46 784 37 821 44 865 27 892 26 918 30 948 23 971 8 979 14 993 5 998 2 1000 Frequência Bloco 1,35% 1,39% 1,43% 1,47% 1,51% 1,55% 1,59% 1,63% 1,67% 1,71% 1,75% 1,79% 1,83% 1,87% 1,91% 1,95% 1,99% 2,03% 2,07% 2,11% 2,15% 2,19% 2,23% 2,27% 2,31% 2,36% 2,40% 2,44% 2,48% 2,52% 2,56% Mais 130 Na Figura 35 é demonstrado o ROIA obtido nas simulações realizadas com a variação dos investimentos em -15%, por meio da qual possibilita afirmar que em 94,3% dos casos é maior ou igual a 3,40% ao ano. Assim, é possível afirmar que a variação dos investimentos em 15% implica a obtenção de ROIA maior ou igual a 1,59% ao ano e maior ou igual a 3,40% ao ano, além da TMA de 6,00% ao ano, do cenário mais provável, em 95% dos casos. 80 70 60 50 40 30 20 10 4,33% 4,25% 4,17% 4,09% 4,00% 3,92% 3,84% 3,76% 3,68% 3,60% 3,52% 3,44% 3,36% 3,28% 3,20% 0 3,11% Freq Acum 0 0 1 1 2 3 5 8 3 11 10 21 16 37 20 57 26 83 40 123 46 169 47 216 48 264 71 335 50 385 49 434 55 489 60 549 44 593 48 641 55 696 50 746 34 780 43 823 42 865 37 902 31 933 25 958 16 974 13 987 11 998 2 1000 Frequência Bloco 3,11% 3,15% 3,20% 3,24% 3,28% 3,32% 3,36% 3,40% 3,44% 3,48% 3,52% 3,56% 3,60% 3,64% 3,68% 3,72% 3,76% 3,80% 3,84% 3,88% 3,92% 3,96% 4,00% 4,05% 4,09% 4,13% 4,17% 4,21% 4,25% 4,29% 4,33% Mais ROIA %ao ano Figura 35 – ROIA em função da variação dos investimentos em -15% Sendo o ROIA positivo, nos casos testados diante da variação dos investimentos, é correto afirmar que mesmo quando os investimentos sofrem uma redução de 15%, o projeto ainda apresenta uma rentabilidade acima da Taxa Mínima de Atratividade, correspondendo ao ROIA o valor maior ou igual 3,40% ao ano. E, quando os investimentos são testados com um acréscimo de 15%, o ROIA esperado com um nível de confiança de 95% é maior ou igual a 1,59% ao ano. 131 4.4.4 Mensuração do Cash Flow at Risk (CFaR) A estimativa do Cash Flow at Risk, obtida a partir da variação dos cenários, proporciona uma visão do fluxo de caixa em risco, refletida pela pior perda de caixa estimada para o projeto em análise, com nível de confiança de 95%. Para obtenção do CFaR, é calculado o Valor Presente Líquido dos fluxos de caixa, obtidos da Demonstração do Fluxo de Caixa, que são submetidos à aplicação do método da Simulação de Monte Carlo, em 1.000 simulações, a partir das variáveis independentes, em três diferentes cenários. Com a finalidade de ilustrar a trajetória dos possíveis fluxos de caixa estimados para o contrato de concessão, foram elaboradas as demonstrações dos fluxos de caixa acumulados para os cenários: (a) mais provável; (b) pessimista e (c) otimista, considerando que: a) Cenário mais Provável: aquele produzido pela ANTT nos estudos indicativos do edital 003/2007, o qual serviu de base de estudo desta pesquisa; b) Cenário Pessimista: representado pela pior condição de lucro esperado, gerando simulações que consideraram como premissas a variação das variáveis independentes, assim especificadas: Fluxo de tráfego -15%; Tarifa Básica de Pedágio -15%; e Custos e Despesas Operacionais +15%; c) Cenário Otimista: representado pela melhor condição de lucro esperado, gerando simulações que consideraram como premissas a variação das variáveis independentes, assim especificadas: Fluxo de tráfego +15%; Tarifa Básica de Pedágio +15%; e Custos e Despesas Operacionais -15%. Os resultados dos fluxos de caixa acumulados, estimados nos cenários propostos, foram obtidos a partir do DFC projetado e estão ilustrados na Figura 36. 132 2.250.000 2.000.000 1.750.000 1.500.000 1.250.000 R$ milhões 1.000.000 750.000 500.000 250.000 - 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 (250.000) (500.000) (750.000) anos (1.000.000) C. + Provável FT -15% FT +15% TBP -15% CDO -15% CDO +15% INV -15% INV +15% TBP +15% Figura 36 – Resultados dos Fluxos de Caixa Acumulados No melhor cenário, o saldo final dos fluxos de caixa acumulados é estimado em R$ 2.131.808 mil, o que ocorre com um acréscimo de 15% no fluxo de tráfego originalmente previsto. No cenário mais provável, aquele que reflete a condição original do Edital 003/2007, o saldo final dos fluxos de caixa acumulados projetado é de R$ 1.549.191 mil. Já no pior cenário simulado, o saldo final dos fluxos de caixa acumulados está estimado em R$ 967.109, obtidos a partir da redução de 15% no fluxo de tráfego previsto originalmente no Edital 003/2007. Notadamente que, no ano 4, é possível constatar a maior exposição de fluxo de caixa negativo acumulado do projeto, registrando valores que variam entre - R$ 560 milhões e - R$ 842 milhões. Os fluxos de caixa apurados, em cada um dos cenários, foram submetidos ao cálculo do Valor Presente Líquido. Para obtenção do VPL, foi utilizada a TMA de 6% ao ano, e os resultados obtidos já foram demonstrados nesta seção, no tópico 4.4.1., na Tabela 1. Complementarmente, foram apurados os resultados do VPL para os três cenários, sob a variação da TMA em 2%, buscando refletir os impactos no VPL dos fluxos de caixa. Os resultados do VPL dos fluxos de caixa, apurados com a variação da TMA em 2%, em relação à TMA do cenário mais provável, que é de 6% ao ano, 133 foram calculados para cada uma das variáveis independentes e estão demonstrados na Tabela 4, com os respectivos níveis de confiança. Tabela 4 – Valores estimados para o VPL dos Fluxos de Caixa Variável Independente TMA Cenários 6%aa Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Mais Provável Fluxo de Tráfego Tarifa Básica de Pedágio Custos/Desp Operacionais Investimentos Taxa Mínima Atratividade Otimista FT + 15% Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 5%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 7%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 8%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% 4%aa Taxa Mínima Atratividade Valor Presente Líquido Cash Flow (R$ mil) Máximo 463.917 178.377 468.030 183.265 327.779 237.811 417.776 230.889 266.255 Médio 408.950 122.869 408.543 123.168 309.882 222.583 356.719 176.347 266.255 Mínimo 343.716 65.772 350.828 69.735 291.567 207.280 294.881 122.421 266.255 791.468 550.647 432.756 617.723 395.991 300.384 340.847 157.053 70.875 225.670 64.831 (12.354) 728.375 550.647 372.119 555.393 395.991 236.577 286.910 157.053 26.744 182.639 64.831 (52.538) 663.911 550.647 302.318 495.027 395.991 167.598 245.740 157.053 (16.027) 139.181 64.831 (97.345) D. Padrão 16.922 16.486 17.548 17.058 5.318 5.333 21.638 21.047 0 20.417 0 20.586 18.239 0 18.973 15.479 0 15.594 14.491 0 13.895 Nível de Confiança VPL maior ou igual a 94,6% 95,4% 93,7% 95,0% 95,9% 94,9% 94,6% 95,9% N/A 380.216 92.305 384.442 96.383 300.622 213.098 322.671 140.381 266.255 95,4% N/A 95,7% 94,4% N/A 95,8% 94,7% N/A 94,6% 94,3% N/A 96,0% 693.855 550.647 338.050 524.356 395.991 204.545 263.390 157.053 2.598 160.621 64.831 (76.603) O CFaR , que representa a pior perda, do ponto de vista financeiro, esperada para o projeto analisado, é obtido por meio da dedução do VPL dos fluxos de caixa estimados nos diferentes cenários com grau de confiança de 95%, do VPL dos fluxos de caixa calculados no cenário provável. Assim, é possível afirmar, com um nível de confiança de 95%, qual é o fluxo de caixa em risco, estimado para o projeto, sob a luz do pior cenário simulado. Os diferentes valores encontrados para o VPL dos fluxos de caixa projetados, descontada a taxa mínima de atratividade do cenário mais provável, que é de 6% ao ano, apresentaram resultados que variam desde R$ 384.442 mil até R$ 92.305 mil com um nível de confiança de 95%. Os resultados apurados mostraram ser mais sensíveis às variações das variáveis independentes: Fluxo de Tráfego e Tarifa Básica de Pedágio. As variáveis independentes, Investimentos e Custos e Despesas Operacionais apresentam menor influência sobre a variação do VPL dos fluxos de caixa. Quando a variável independente TMA é testada, com taxas no intervalo de 4% ao ano até 8% ao ano, os resultados obtidos para o VPL dos fluxos de caixa 134 ampliam para a faixa de R$ 693.855 mil até - R$ 76.603 mil, com o nível de confiança de 95%. Notadamente que os valores calculados para o VPL dos fluxos de caixa apresentaram-se positivos, com exceção do cenário que é composto com a TMA de 8% ao ano, em que o VPL calculado, com nível de confiança de 96% é igual ou maior que - R$ 76.603 mil, apresentando-se como o único registro negativo para o VPL dos fluxos de caixa estimados. Quando esses valores são confrontados com o VPL dos fluxos de caixa estimados no cenário mais provável, é possível perceber os ganhos e as perdas esperadas em função das simulações realizadas. Dada a constatação de que as variáveis independentes, Fluxo de Tráfego e Tarifa Básica de Pedágio, apresentaram-se como os fatores que mais influenciam o VPL dos fluxos de caixa, os valores esperados para o CFaR, que representa a pior perda de caixa, apontam para os cenários onde esses fatores se fizeram presentes. Também é fato constatado que a variação da TMA é preponderante na formação do CFaR, pois implica o cálculo do VPL dos fluxos de caixa, que são descontados à base da TMA. Assim, a Tabela 5 demonstra o resumo dos valores estimados para o CFaR com grau de confiança de 95%, nos diferentes cenários. Tabela 5 – Valores estimados para o CFaR Variável Independente Nível de Confiança 6%aa Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Mais Provável 94,6% 95,4% 93,7% 95,0% 95,9% 94,9% 94,6% 95,9% N/A 380.216 92.305 384.442 96.383 300.622 213.098 322.671 140.381 266.255 113.961 (173.950) 118.187 (169.872) 34.367 (53.157) 56.416 (125.874) - 95,4% N/A 95,7% 94,4% N/A 95,8% 94,7% N/A 94,6% 94,3% N/A 96,0% 693.855 550.647 338.050 524.356 395.991 204.545 263.390 157.053 2.598 160.621 64.831 (76.603) 427.600 284.391 71.795 258.101 129.736 (61.710) (2.865) (109.203) (263.657) (105.634) (201.425) (342.858) Tarifa Básica de Pedágio Investimentos Taxa Mínima Atratividade Otimista FT + 15% Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 5%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 7%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 8%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% 4%aa Taxa Mínima Atratividade CFaR maior ou igual a Cenários Fluxo de Tráfego Custos/Desp Operacionais VPL F.Cx. maior ou igual a TMA 135 É possível observar na Tabela 5 que o pior resultado do CFaR estimado para o projeto é maior ou igual a - R$ 342.858 mil, com um nível de confiança de 96,0%, obtido a partir do cenário pessimista, constituído pela simulação do Fluxo de Tráfego reduzido em 15% e a Taxa Mínima de Atratividade ampliada em 2%, correspondendo a uma TMA de 8% ao ano. Esse resultado representa para o projeto a pior perda de fluxo de caixa, nas condições analisadas, em relação às expectativas originalmente aceitas no cenário mais provável. Ainda é possível afirmar, com nível de segurança de 95%, que o fluxo de caixa em risco, medido em função do pior cenário em relação a TMA, é representado por: para cada 1% na variação da TMA, é verificada uma perda de fluxo de caixa de aproximadamente R$ 100 milhões, conforme demonstrado na Figura 37. 100.000 71.795 50.000 4,00% 5,00% 6,00% 7,00% 8,00% (50.000) (61.710) R$ mil (100.000) (150.000) (200.000) (173.950) (250.000) (263.657) (300.000) (350.000) (342.858) (400.000) TMA %ao ano Figura 37 – CFaR em função da variação da TMA A informação dos possíveis valores do CFaR, em função das variáveis de um projeto e da técnica de análise de cenários, é uma importante ferramenta de gestão de riscos de perdas financeiras, pois auxilia no processo decisório e minimiza os erros. São evidenciadas, nesse caso, as perdas de fluxo de caixa, com nível de confiança de 95%, para a redução do fluxo de tráfego em 15%, com CFaR maior ou igual a R$ 173.950 mil, para uma TMA de 6% ao ano. Essa perda pode ser reduzida 136 para - R$ 61.710 mil, caso a TMA varie -1%, ou seja, 5% ao ano, ou, se apresentar como um ganho, caso a TMA varie -2%, ou seja, 4% ao ano, em que o CFaR é igual ou maior que R$ 71.795 mil, com nível de confiança de 95,7%. Contudo a pior perda registrada ocorre caso a TMA varie em +2%, ou seja, 8% ao ano, pois nesta situação o CFaR estimado é igual ou maior que - R$ 342.858 mil, para um grau de confiança de 96,0%. 4.4.5 Mensuração do Earning at Risk (EaR) A estimativa do Earning at Risk, obtida a partir da variação dos cenários, proporciona uma visão do lucro em risco esperado para o projeto em análise, com nível de confiança de 95%. Para obtenção do EaR, é calculado o Valor Presente Líquido dos lucros líquidos, obtidos do Demonstrativo de Resultado do Exercício, que são submetidos à aplicação do método da Simulação de Monte Carlo, em 1.000 simulações, a partir das variáveis independentes, em três diferentes cenários. Com a finalidade de ilustrar a trajetória dos possíveis lucros estimados para o contrato de concessão, foram elaboradas as demonstrações dos lucros acumulados para os cenários: (a) mais provável; (b) pessimista e (c) otimista, considerando que: a) Cenário mais Provável: aquele produzido pela ANTT nos estudos indicativos do edital 003/2007, o qual serviu de base de estudo desta pesquisa; b) Cenário Pessimista: representado pela pior condição de lucro esperado, gerando simulações que consideraram como premissas a variação das variáveis independentes, assim especificadas: Fluxo de tráfego -15%; Tarifa Básica de Pedágio -15%; e Custos e Despesas Operacionais +15%; c) Cenário Otimista: representado pela melhor condição de lucro esperado, gerando simulações que consideraram como premissas a variação das variáveis independentes, assim especificadas: Fluxo de tráfego +15%; Tarifa Básica de Pedágio +15%; e Custos e Despesas Operacionais -15%. 137 Os resultados dos lucros acumulados, estimados nos cenários propostos, foram obtidos a partir do DRE projetado e estão ilustrados na Figura 38. 2.250.000 2.000.000 1.750.000 R$ milhões 1.500.000 1.250.000 1.000.000 750.000 500.000 250.000 - 1 3 5 7 9 (250.000) 11 13 15 anos 17 19 C. + Provável FT -15% FT +15% TBP -15% CDO -15% CDO +15% INV -15% INV +15% 21 23 25 TBP +15% Figura 38 – Resultados dos Lucros Acumulados No melhor cenário, o saldo final dos lucros líquidos acumulados é estimado em R$ 2.131.580 mil, o que ocorre com um acréscimo de 15% no fluxo de tráfego originalmente previsto. No cenário mais provável, aquele que reflete a condição original do Edital 003/2007, o saldo final dos lucros acumulados projetado é de R$ 1.549.191 mil. Já no pior cenário simulado, o saldo final dos lucros líquidos acumulados está estimado em R$ 966.608, obtidos a partir da redução de 15% no fluxo de tráfego previsto originalmente no Edital 003/2007. Notadamente que, não é constatado em nenhum dos 25 anos do projeto, e para nenhum dos cenários simulados, valores que correspondam a prejuízos. Os lucros líquidos apurados, em cada um dos cenários, foram submetidos ao cálculo do VPL, utilizando-se para isso a TMA de 6% ao ano. Na Figura 39 é possível verificar o VPL dos lucros líquidos, estimados em função do acréscimo de 15% no fluxo de tráfego original. Assim, é possível afirmar que o VPL dos lucros líquidos esperado é igual ou maior a R$ 861.570 mil, com um grau de confiança de 95,2%. 138 90 80 70 60 Frequência 50 40 30 20 10 939.655 932.865 926.075 919.285 912.495 905.705 898.915 892.125 885.335 878.545 871.755 864.965 858.175 851.385 844.595 0 837.805 Bloco Freq Acum 837.805 2 2 841.200 0 2 844.595 3 5 847.990 1 6 851.385 5 11 854.780 7 18 858.175 13 31 861.570 17 48 864.965 21 69 868.360 28 97 871.755 55 152 875.150 53 205 878.545 60 265 881.940 68 333 885.335 78 411 888.730 67 478 892.125 80 558 895.520 73 631 898.915 69 700 902.310 62 762 905.705 68 830 909.100 46 876 912.495 43 919 915.890 24 943 919.285 22 965 922.680 15 980 926.075 10 990 929.470 4 994 932.865 3 997 936.260 3 1000 939.655 0 1000 Mais 0 1000 VPL Earnings em R$ mil Figura 39 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% Quando o fluxo de tráfego é submetido à redução de 15%, é possível afirmar com um nível de confiança de 95,0% que o VPL dos lucros líquidos esperado é igual ou maior a R$ 573.759 mil, conforme demonstrado na Figura 40. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 656.325 649.145 641.966 634.786 627.606 620.427 613.247 606.067 598.888 591.708 584.528 577.349 570.169 562.989 555.810 0 548.630 Frequência Bloco Freq Acum 548.630 0 0 552.220 1 1 555.810 2 3 559.400 4 7 562.989 4 11 566.579 10 21 570.169 8 29 573.759 21 50 577.349 27 77 580.939 27 104 584.528 45 149 588.118 55 204 591.708 67 271 595.298 71 342 598.888 76 418 602.477 91 509 606.067 82 591 609.657 73 664 613.247 56 720 616.837 75 795 620.427 58 853 624.016 54 907 627.606 34 941 631.196 15 956 634.786 15 971 638.376 12 983 641.966 7 990 645.555 7 997 649.145 2 999 652.735 0 999 656.325 1 1000 Mais 0 1000 VPL Earnings em R$ mil Figura 40 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% 139 Para a variável tarifa básica de pedágio, o VPL dos lucros líquidos, estimado em função do acréscimo de 15% sobre a tarifa original, e um nível de confiança de 95,4%, é possível afirmar que o VPL esperado é igual ou maior que R$ 860.726 mil, conforme ilustrado na Figura 41. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 934.626 928.714 922.802 916.890 910.978 905.066 899.154 893.242 887.330 881.418 875.506 869.594 863.682 857.770 851.859 0 845.947 Frequência Bloco Freq Acum 845.947 5 5 848.903 3 8 851.859 8 16 854.814 9 25 857.770 6 31 860.726 15 46 863.682 29 75 866.638 34 109 869.594 29 138 872.550 44 182 875.506 52 234 878.462 49 283 881.418 50 333 884.374 50 383 887.330 85 468 890.286 61 529 893.242 67 596 896.198 65 661 899.154 63 724 902.110 52 776 905.066 47 823 908.022 56 879 910.978 27 906 913.934 25 931 916.890 19 950 919.846 16 966 922.802 12 978 925.758 5 983 928.714 11 994 931.670 4 998 934.626 1 999 Mais 1 1000 VPL Earnings em R$ mil Figura 41 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação da Tarifa Básica de Pedágio em +15% Quando a variável tarifa básica de pedágio é simulada com uma redução de 15%, o VPL estimado com um nível de confiança de 94,5% é igual ou maior que R$ 575.876 mil. Notadamente tanto as variações do Fluxo de Tráfego quanto às da Tarifa Básica de Pedágio, que são variáveis formadoras da Receita, apresentaram influência similares na formação do VPL. Com o acréscimo de 15% nos custos e despesas operacionais, é possível afirmar que o VPL dos lucros líquidos é maior ou igual a R$ 694.635 mil, com o nível de confiança de 95,1%, conforme demonstrado na Figura 42. 140 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 718.236 715.988 713.740 711.493 709.245 706.997 704.749 702.502 700.254 698.006 695.758 693.511 691.263 689.015 686.767 0 684.520 Frequência Bloco Freq Acum 684.520 0 0 685.644 0 0 686.767 0 0 687.891 2 2 689.015 1 3 690.139 3 6 691.263 5 11 692.387 13 24 693.511 13 37 694.635 12 49 695.758 49 98 696.882 41 139 698.006 52 191 699.130 64 255 700.254 61 316 701.378 75 391 702.502 89 480 703.625 60 540 704.749 89 629 705.873 78 707 706.997 69 776 708.121 52 828 709.245 47 875 710.369 43 918 711.493 26 944 712.616 18 962 713.740 15 977 714.864 3 980 715.988 6 986 717.112 5 991 718.236 2 993 Mais 7 1000 VPL Earnings em R$ mil Figura 42 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação dos Custos e Desp. Operac. em +15% Com a redução de 15% nos custos e despesas operacionais, é possível afirmar que o VPL dos lucros líquidos é maior ou igual a R$ 780.408 mil, com um nível de confiança de 95,6%, conforme demonstrado na Figura 43. Notadamente, nas simulações realizadas para a variável Custo e Despesas Operacionais, o VPL estimado para os lucros líquidos são menores que os calculados para a variável independente, Fluxo de Tráfego. A variável Investimentos, para análise do lucro líquido, apresenta efeito nulo, pois, por tratar-se de um fator que afeta apenas o fluxo de caixa, não há impacto na formação do lucro líquido. Com a finalidade de medir os impactos no VPL dos lucros líquidos, foram realizadas, ainda, simulações com as variáveis: (a) Fluxo de Tráfego; (b) Tarifa Básica de Pedágio; e (c) Custos e Despesas Operacionais, em função das variações da variável independente TMA. Os resultados do VPL dos lucros líquidos, apurados com a variação da TMA em 2%, em relação à TMA do cenário mais provável, que é de 6% ao ano, foram calculados para cada uma das variáveis independentes e estão demonstrados na Tabela 6, com os respectivos níveis de confiança. 141 90 80 70 60 Frequência 50 40 30 20 10 805.185 802.933 800.680 798.428 796.175 793.923 791.671 789.418 787.166 784.913 782.661 780.408 778.156 775.903 773.651 0 771.398 Bloco Freq Acum 771.398 1 1 772.525 2 3 773.651 0 3 774.777 1 4 775.903 2 6 777.029 7 13 778.156 3 16 779.282 7 23 780.408 21 44 781.534 16 60 782.661 26 86 783.787 32 118 784.913 48 166 786.039 60 226 787.166 73 299 788.292 81 380 789.418 74 454 790.544 78 532 791.671 82 614 792.797 67 681 793.923 63 744 795.049 65 809 796.175 56 865 797.302 39 904 798.428 35 939 799.554 20 959 800.680 15 974 801.807 10 984 802.933 3 987 804.059 6 993 805.185 3 996 Mais 4 1000 VPL Earnings em R$ mil Figura 43 – VPL dos Lucros Líquidos em função da variação dos Custos e Desp. Operac. em -15% Os resultados do VPL dos lucros líquidos, obtidos por meio da aplicação da SMC, com 1.000 simulações, a partir das variações estimadas para as variáveis independentes, em diferentes cenários, são utilizados no cálculo do EAR. Tabela 6 – Valores estimados para o VPL dos Lucros Líquidos Variável Independente TMA Cenários 6%aa Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Mais Provável Fluxo de Tráfego Tarifa Básica de Pedágio Custos/Desp Operacionais Investimentos Taxa Mínima Atratividade Otimista FT + 15% Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 5%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 7%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 8%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% 4%aa Taxa Mínima Atratividade Valor Presente Líquido Earnings (em R$ mil) Máximo 938.654 652.767 951.142 662.554 809.263 719.814 746.438 746.438 746.438 Médio 888.910 603.938 890.564 603.640 790.149 702.640 746.438 746.438 746.438 1.173.521 931.972 817.076 1.042.692 831.924 734.082 846.050 673.079 598.559 775.167 609.857 537.918 1.108.654 931.972 753.955 991.392 831.924 673.200 802.819 673.079 543.843 727.105 609.857 492.355 Mínimo D. Padrão 837.773 16.742 553.034 16.386 837.884 16.725 542.859 16.948 775.876 5.235 686.810 5.317 746.438 0 746.438 0 746.438 0 1.052.583 931.972 691.265 930.733 831.924 610.032 751.545 673.079 497.346 680.279 609.857 449.039 20.164 0 20.538 18.080 0 19.005 15.587 0 15.504 15.010 0 13.685 Nível de Confiança VPL maior ou igual a 95,2% 95,0% 95,4% 94,5% 95,6% 95,1% N/A N/A N/A 861.570 573.759 860.726 575.876 780.408 694.635 N/A N/A N/A 96,0% N/A 95,3% 94,3% N/A 94,2% 94,8% N/A 95,4% 95,8% N/A 94,5% 1.073.931 N/A 720.440 960.417 N/A 644.658 778.194 N/A 518.389 705.521 N/A 468.109 142 O EaR , que representa a pior perda, do ponto de vista econômico, esperada para o projeto analisado, é obtido por meio da dedução do VPL dos lucros líquidos estimados nos diferentes cenários com grau de confiança de 95% do VPL dos lucros líquidos calculados no cenário provável. Assim, é possível afirmar com um nível de confiança de 95%, qual é o lucro em risco, estimado para o projeto, sob a luz do pior cenário simulado. Os diferentes valores encontrados para o VPL dos lucros líquidos projetados, descontada a taxa mínima de atratividade do cenário mais provável, que é de 6% ao ano, apresentaram resultados com um nível de confiança de 95%, que variam entre: maior ou igual a R$ 861.560 mil; e maior ou igual a R$ 573.759 mil. Os resultados apurados mostraram-se mais sensíveis as variações das variáveis independentes: Fluxo de Tráfego e Tarifa Básica de Pedágio. A variável independente que apresenta menor influência sobre a variação do VPL dos lucros líquidos é: Custos e Despesas Operacionais. Já a variável independente, Investimentos, não tem influência na formação desse indicador, por se tratar de um fator financeiro e não econômico. Quando a variável independente TMA é testada, com taxas no intervalo de 4% ao ano até 8% ao ano, os resultados obtidos para o VPL dos lucros líquidos, com o nível de confiança de 95%, variam entre: maior ou igual a R$ 1.073.931 mil; e maior ou igual a R$ 468.109 mil. Notadamente, todos os valores calculados para o VPL dos lucros líquidos apresentaram-se positivos. No entanto, quando esses valores são confrontados com o VPL dos lucros líquidos estimados no cenário mais provável, é possível perceber os ganhos e as perdas esperadas em função das simulações realizadas. Dado ao fato constatado que as variáveis independentes, Fluxo de Tráfego e Tarifa Básica de Pedágio, apresentaram-se como os fatores que mais influenciam o VPL dos lucros líquidos, os valores esperados para o EaR, que representa a pior perda de lucro, apontam para os cenários onde esses fatores se fizeram presentes. Também é fato constatado que a variação da TMA é preponderante na formação do EaR, pois implica o cálculo do VPL dos lucros líquidos, que foram descontados à base da taxa da TMA. Assim, a Tabela 7 demonstra o resumo dos valores estimados para o EaR com grau de confiança de 95%, nos diferentes cenários. 143 Tabela 7 – Valores estimados para o EaR Variável Independente Nível de Confiança 6%aa Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Mais Provável 95,2% 95,0% 95,4% 94,5% 95,6% 95,1% N/A N/A N/A 861.570 573.759 860.726 575.876 780.408 694.635 N/A N/A 746.438 115.132 (172.679) 114.288 (170.562) 33.970 (51.803) N/A N/A - 96,0% N/A 95,3% 94,3% N/A 94,2% 94,8% N/A 95,4% 95,8% N/A 94,5% 1.073.931 931.972 720.440 960.417 831.924 644.658 778.194 673.079 518.389 705.521 609.857 468.109 327.493 185.533 (25.998) 213.979 85.486 (101.780) 31.756 (73.359) (228.049) (40.917) (136.581) (278.329) Tarifa Básica de Pedágio Investimentos Taxa Mínima Atratividade Otimista FT + 15% Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 5%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 7%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 8%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% 4%aa Taxa Mínima Atratividade EaR maior ou igual a Cenários Fluxo de Tráfego Custos/Desp Operacionais VPL L.Liq. maior ou igual a TMA Na Tabela 7 é possível observar que o pior resultado do EaR estimado para o projeto é maior ou igual a - R$ 278.329 mil, com um nível de confiança de 94,5%, obtido a partir do cenário pessimista, constituído pela simulação do Fluxo de Tráfego reduzido em 15% e a Taxa Mínima de Atratividade ampliada em 2%, correspondendo a uma TMA de 8% ao ano. Esse resultado representa para o projeto a pior perda de lucro, nas condições analisadas, em relação às expectativas originalmente aceitas no cenário mais provável. Ainda é possível afirmar com nível de segurança de 95% que a variação da TMA em 1%, representa um incremento médio de R$ 63 milhões em risco para os lucros líquidos estimados, conforme demonstrado na Figura 44. 144 100.000 50.000 4,00% R$ mil (50.000) 5,00% 6,00% 7,00% 8,00% (25.998) (100.000) (101.780) (150.000) (200.000) (172.679) (228.049) (250.000) (278.329) (300.000) TMA %ao ano Figura 44 – EaR em função da variação da TMA A informação dos possíveis valores do EaR, em função das variáveis de um projeto e da técnica de análise de cenários, é uma importante ferramenta de gestão de riscos de perdas financeiras, pois auxilia no processo decisório e minimiza os erros. São evidenciadas, nesse caso, as perdas de lucro, com nível de confiança de 95%, para a redução do fluxo de tráfego em 15%, com EaR maior ou igual a R$ 172.679 mil, para uma TMA de 6% ao ano. Essa perda pode ser reduzida para R$ 25.998 mil, caso a TMA varie -2%, ou seja, 4% ao ano, ou se apresentar ainda mais caótica a perda estimada, caso a TMA varie em +2%, ou seja, 8% ao ano, pois, nessa situação, o EaR estimado é igual ou maior que R$ 278.329 mil. 145 4.4.6 Mensuração do Pay-back A estimativa do pay-back descontada a TMA, obtida a partir da variação dos cenários, proporciona uma visão do prazo de recuperação do investimento em risco esperado para o projeto em análise, com um nível de confiança de 95%. A TMA utilizada para a análise deste projeto é de 6% ao ano. Os resultados obtidos para o pay-back, por meio da aplicação da SMC, com 1.000 simulações, em diferentes cenários, estão apresentados na Figura 45, pelos valores encontrados para os limites máximos e mínimos. 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 R$ milhões 100.000 (100.000) 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 (200.000) (300.000) (400.000) (500.000) (600.000) (700.000) (800.000) anos (900.000) C. + Provável FT -15% FT +15% TBP -15% CDO -15% CDO +15% INV -15% INV +15% TBP +15% Figura 45 – Pay-back descontada a TMA O pay-back pode ser identificado na Figura 45, no momento em que a linha da variável “plotada” cruza para cima o eixo do tempo (em anos). Assim, é possível afirmar que o cenário mais provável, aquele considerado nesta pesquisa como os Estudos Indicativos do Edital 003/2007 da ANTT, apresenta o pay-back de 19 anos. Notadamente, os diversos cenários, demonstram o pay-back variando entre a melhor ocorrência encontrada de 16 anos e a pior situação em que o pay-back não é 146 possível de ocorrer dentro do prazo do contrato, evidenciando um prazo de recuperação do investimento maior que 25 anos. Contudo, esses valores apontados para o pay-back têm um nível de confiança menor que 5%. Assim, o pay-back foi apurado para os cenários otimista e pessimista, com grau de confiança de 95%, aproximadamente, utilizando o método da Simulação de Monte Carlo, com 1.000 simulações para cada uma das variáveis independentes. Os resultados encontrados para o pay-back nesses diferentes cenários pode ser observado na Tabela 8. Tabela 8 – Valores estimados para o pay-back Variável Independente TMA Cenários 6%aa Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista + 15% Pessimista - 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Otimista - 15% Pessimista + 15% Mais Provável Fluxo de Tráfego Tarifa Básica de Pedágio Custos/Desp Operacionais Investimentos Taxa Mínima Atratividade Otimista FT + 15% Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 5%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 7%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% Otimista FT + 15% 8%aa Mais Provável Pessimista FT - 15% 4%aa Taxa Mínima Atratividade Fluxo de Caixa Acum. Descontado (R$ mil) Máximo 126.821 101.200 128.150 104.573 63.482 26.710 108.937 101.859 8.182 Médio 75.609 44.043 75.059 44.560 46.114 12.649 48.702 47.372 8.182 128.434 29.039 143.770 135.184 26.190 95.034 100.702 16.168 78.873 72.701 8.978 (7.845) 78.229 29.039 79.711 83.068 26.190 42.434 54.851 16.168 27.508 26.204 8.978 (52.899) Mínimo D. Padrão 20.372 15.420 (6.919) 16.573 24.527 15.305 (7.862) 16.477 25.301 5.379 (1.502) 4.970 (7.753) 20.717 (5.065) 20.774 8.182 25.727 29.039 8.459 35.853 26.190 (16.318) 10.608 16.168 (16.307) (17.777) 8.978 (98.783) 17.087 19.364 15.551 17.738 14.454 15.600 14.300 14.643 Nível de Confiança FC Ac.D. Pay-back maior ou (em anos) igual a 96,2% 94,5% 95,3% 94,4% 95,7% 95,8% 95,1% 94,6% N/A 48.540 17.914 50.035 18.303 37.404 3.383 14.454 15.692 8.182 18 23 18 23 19 20 18 22 19 94,6% N/A 95,9% 94,4% N/A 94,8% 95,8% N/A 95,8% 95,4% N/A 94,2% 50.719 29.039 47.281 55.764 26.190 12.588 30.089 16.168 1.000 2.781 8.978 (69.846) 16 17 20 17 18 21 19 21 25 20 23 + de 25 No cenário otimista, o melhor resultado obtido para o pay-back é de 16 anos, sendo que, o fluxo de caixa acumulado no ano 16, apresentou-se igual ou maior que R$ 50.719 mil, com um nível de confiança de 94,6%. Esse cenário em que, o fluxo de tráfego é acrescido em 15% e a TMA é reduzida em 2%, ou seja, 4% ao ano, representa a melhor condição esperada para o pay-back e está demonstrada na Figura 46. 147 100 90 80 70 60 Frequência 50 40 30 20 10 133.548 126.346 119.143 111.940 104.738 97.535 90.333 83.130 75.928 68.725 61.523 54.320 47.117 39.915 32.712 0 25.510 Bloco Freq Acum 25.510 2 2 29.111 0 2 32.712 0 2 36.314 3 5 39.915 9 14 43.516 11 25 47.117 7 32 50.719 22 54 54.320 30 84 57.921 41 125 61.523 52 177 65.124 64 241 68.725 60 301 72.326 92 393 75.928 85 478 79.529 90 568 83.130 74 642 86.731 86 728 90.333 60 788 93.934 50 838 97.535 46 884 101.137 36 920 104.738 27 947 108.339 18 965 111.940 10 975 115.542 11 986 119.143 6 992 122.744 3 995 126.346 2 997 129.947 3 1000 133.548 0 1000 Mais 0 1000 Pay-back em R$ mil Figura 46 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% com TMA de 4% ao ano Ainda no cenário otimista, mas com TMA de 6% ao ano, é possível afirmar, com um grau de confiança de 96,2%, que o fluxo de caixa acumulado é igual ou maior que R$ 48.540 mil, alterando assim, o pay-back para 18 anos, conforme ilustrado na Figura 47. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 120.109 113.886 107.663 101.439 95.216 88.992 82.769 76.546 70.322 64.099 57.875 51.652 45.428 39.205 32.982 0 26.758 Frequência Bloco Freq Acum 26.758 3 3 29.870 0 3 32.982 0 3 36.093 1 4 39.205 3 7 42.317 5 12 45.428 10 22 48.540 16 38 51.652 17 55 54.764 29 84 57.875 28 112 60.987 60 172 64.099 49 221 67.210 50 271 70.322 81 352 73.434 80 432 76.546 85 517 79.657 70 587 82.769 83 670 85.881 81 751 88.992 50 801 92.104 58 859 95.216 38 897 98.327 41 938 101.439 22 960 104.551 17 977 107.663 7 984 110.774 5 989 113.886 3 992 116.998 2 994 120.109 2 996 Mais 4 1000 Pay-back em R$ mil Figura 47 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% com TMA de 6% ao ano 148 Quando o fluxo de caixa é submetido à simulação da variação da TMA acrescida em 2%, ou seja, 8% ao ano, as simulações realizadas resultaram em fluxos de caixa acumulados no ano 20 iguais ou maiores que R$ 2.781 mil, com nível de confiança de 95,4%, conforme demonstrado na Figura 48. Assim, é possível afirmar que o pay-back para o cenário otimista, que prevê o acréscimo de fluxo de tráfego em 15% e TMA de 8% ao ano, tem um pay-back esperado de 20 anos, com nível de confiança de 95,4%. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 62.431 57.244 52.057 46.870 41.683 36.496 31.309 26.122 20.935 15.748 10.561 5.374 187 (5.000) (10.186) 0 (15.373) Freq Acum 1 1 1 2 1 3 1 4 4 8 7 15 15 30 16 46 18 64 25 89 38 127 38 165 45 210 50 260 73 333 62 395 89 484 79 563 66 629 76 705 54 759 54 813 43 856 29 885 31 916 29 945 16 961 14 975 10 985 9 994 1 995 5 1000 Frequência Bloco (15.373) (12.780) (10.186) (7.593) (5.000) (2.406) 187 2.781 5.374 7.968 10.561 13.155 15.748 18.342 20.935 23.529 26.122 28.716 31.309 33.902 36.496 39.089 41.683 44.276 46.870 49.463 52.057 54.650 57.244 59.837 62.431 Mais Pay-back em R$ mil Figura 48 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em +15% com TMA de 8% ao ano Já para o cenário pessimista, representado pela redução do fluxo de tráfego em 15% e testado sob a condição da variação da TMA em 2%, os resultados encontrados para o pay-back, representam a pior condição esperada para o projeto em análise, com nível de confiança aproximado a 95%. A Figura 49 demonstra que o saldo do fluxo de caixa acumulado simulado sob a condição do cenário pessimista, com a TMA de 4% ao ano, é igual ou maior que R$ 47.281 mil com nível de confiança de 95,9%. Como isso, ocorre no ano 20, o pay-back esperado com nível de confiança de 95,9% é de 20 anos. 149 100 90 80 70 60 Frequência 50 40 30 20 10 133.280 125.462 117.644 109.826 102.008 94.190 86.372 78.554 70.735 62.917 55.099 47.281 39.463 31.645 23.827 0 16.009 Bloco Freq Acum 16.009 0 0 19.918 0 0 23.827 2 2 27.736 1 3 31.645 1 4 35.554 8 12 39.463 5 17 43.372 6 23 47.281 18 41 51.190 28 69 55.099 26 95 59.008 38 133 62.917 55 188 66.826 62 250 70.735 76 326 74.644 68 394 78.554 89 483 82.463 75 558 86.372 76 634 90.281 76 710 94.190 61 771 98.099 69 840 102.008 46 886 105.917 42 928 109.826 26 954 113.735 19 973 117.644 13 986 121.553 6 992 125.462 4 996 129.371 2 998 133.280 1 999 Mais 1 1000 Pay-back em R$ mil Figura 49 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% com TMA de 4% ao ano No entanto, quando este mesmo cenário é avaliado com a TMA de 6% ao ano, é possível afirmar, com um grau de confiança de 94,5%, que o fluxo de caixa acumulado no ano 23 é igual ou maior que R$ 17.914 mil, alterando assim, o pay- back para 23 anos, conforme ilustrado na Figura 50. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 92.244 85.165 78.086 71.007 63.928 56.849 49.770 42.691 35.612 28.533 21.453 14.374 7.295 216 (6.863) 0 (13.942) Freq Acum 0 0 0 0 0 0 4 4 0 4 3 7 4 11 9 20 15 35 20 55 30 85 33 118 46 164 69 233 69 302 76 378 71 449 73 522 77 599 88 687 77 764 63 827 55 882 35 917 30 947 20 967 16 983 10 993 3 996 1 997 1 998 2 1000 Frequência Bloco (13.942) (10.403) (6.863) (3.323) 216 3.756 7.295 10.835 14.374 17.914 21.453 24.993 28.533 32.072 35.612 39.151 42.691 46.230 49.770 53.309 56.849 60.388 63.928 67.468 71.007 74.547 78.086 81.626 85.165 88.705 92.244 Mais Pay-back em R$ mil Figura 50 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% com TMA de 6% ao ano 150 E finalmente, quando o fluxo de caixa é submetido à simulação da variação da TMA acrescida em 2%, ou seja, 8% ao ano é possível verificar que o projeto não apresenta condições de recuperação do capital investido, no prazo vigente do contrato de concessão, que é de 25 anos. Nesse caso, as simulações realizadas resultaram em fluxos de caixa acumulados no ano 25, iguais ou maiores que - R$ 69.846 mil, com nível de confiança de 94,2%, conforme demonstrado na Figura 51. 120 100 80 60 40 20 (6.539) (12.044) (17.549) (23.054) (28.559) (34.064) (39.569) (45.074) (50.578) (56.083) (61.588) (67.093) (72.598) (78.103) 0 (83.608) Acum 1 2 4 8 17 22 37 58 89 127 188 258 332 411 484 580 653 723 776 822 866 904 942 961 981 993 997 999 1000 1000 1000 1000 (89.113) Freq 1 1 2 4 9 5 15 21 31 38 61 70 74 79 73 96 73 70 53 46 44 38 38 19 20 12 4 2 1 0 0 0 Frequência Bloco (89.113) (86.360) (83.608) (80.856) (78.103) (75.351) (72.598) (69.846) (67.093) (64.341) (61.588) (58.836) (56.083) (53.331) (50.578) (47.826) (45.074) (42.321) (39.569) (36.816) (34.064) (31.311) (28.559) (25.806) (23.054) (20.301) (17.549) (14.796) (12.044) (9.291) (6.539) Mais Pay-back em R$ mil Figura 51 – Pay-back em função da variação do Fluxo de Tráfego em -15% com TMA de 8% ao ano O pior resultado esperado para o pay-back, com nível de confiança de 94,2%, é maior que 25 anos, ou seja, o prazo do contrato de concessão proposto no Edital 003/2007 é insuficiente para garantir o retorno do capital investido, sob o cenário pessimista analisado, em que o fluxo de tráfego é submetido à variação de -15% e a TMA é acrescida em 2%, ou seja 8% ao ano, pois nesse caso, o saldo do fluxo de caixa acumulado é igual ou maior que – R$ 69.846 mil em 94,2% dos casos simulados. 151 4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO Considerando os resultados obtidos, por meio da Simulação de Monte Carlo, em 1.000 simulações realizadas, sob o teste de três diferentes cenários, na busca de respostas para os indicadores de rentabilidade, de agregação de valor e de risco, é possível afirmar que, tanto nas dimensões rentabilidade e agregação de valor, quanto na dimensão risco, o projeto é viável, nas condições originalmente analisadas. Sob a ótica das dimensões, rentabilidade e agregação de valor, o projeto pode ser recomendado para investimento, nas condições originalmente analisadas, pois apresenta resultados positivos para os indicadores associados a essas dimensões, que suportam essa afirmação, com um nível de confiança de 95%. O Valor Presente Líquido dos fluxos de caixa, apurado na pior condição, é de R$ 65.772 mil. Porém, somente é possível afirmar com grau de confiança de 95,4% que o VPL é igual ou maior que R$ 92.305 mil, no cenário pessimista. O VPL calculado para o cenário mais provável é de R$ 266.255 mil. E o melhor VPL apurado para o cenário otimista é de R$ 468.029 mil. Todavia, só é possível afirmar com grau de confiança de 95% que o melhor VPL é igual ou maior que R$ 384.442 mil. A Taxa Interna de Retorno, apurada na pior condição, é de 6,72% ao ano. Contudo, no cenário pessimista, a TIR com nível de confiança de 95% é maior ou igual a 7,01% ao ano. No cenário mais provável, a TIR é estimada em 8,82% ao ano. Já no cenário otimista, a melhor TIR encontrada é de 10,96% ao ano. No entanto, só é possível afirmar com grau de confiança de 95% que a TIR é maior ou igual a 9,96% ao ano. O Retorno Adicional sobre o Investimento, calculado na pior condição, é de 0,91% ao ano no cenário pessimista. Já o melhor ROIA estimado nesse cenário é de 2,11% ao ano. Entretanto, somente é possível afirmar com nível de confiança de 95% que o ROIA é maior ou igual a 1,26% ao ano no cenário pessimista. No cenário mais provável, o ROIA é estimado em 2,91% ao ano. E no cenário otimista, o melhor ROIA apurado é de 4,43% ao ano e o pior ROIA estimado é de 3,17% ao ano. Porém, somente pode-se afirmar que com um grau de confiança de 95%, o ROIA é de 3,77% ao ano no cenário otimista. 152 Na dimensão risco, os resultados obtidos, a partir da TMA de 6,0% ao ano, para os indicadores: Pay-back; Cash Flow at Risk (CFaR); e Earnings at Risk (EaR) apresentaram-se em diferentes cenários com valores que indicam a recuperação do capital investido com nível de confiança de 95%, como é o caso do pay-back. O pay- back calculado para o cenário mais provável é de 19 anos, podendo ser, ainda de 16 anos para o cenário otimista ou maior que 25 anos para o cenário pessimista, com um grau de confiança de aproximadamente 95%. Para o indicador Cash Flow at Risk, pode-se concluir que a pior perda de caixa estimada é de - R$ 173.950 mil com nível de confiança de 95,4%, para um cenário que levou em consideração da TMA de 6,0% ao ano, quando comparado ao cenário mais provável que estima um VPL dos fluxos de caixa em R$ 266.255 mil. Contudo, ainda é possível afirmar que, quando a TMA é ampliada em 2%, correspondendo a 8% ao ano, o pior resultado estimado para o CFaR é maior ou igual a - R$ 342.858 mil, com um nível de confiança de 96,0%, obtido a partir do cenário pessimista, constituído pela redução do Fluxo de Tráfego em 15%. E, finalmente, para o indicador Earning at Risk, o pior valor encontrado é igual ou maior que - R$ 172.679 mil, com um nível de confiança de 95%, obtido a partir do cenário pessimista, que leva em consideração a redução do fluxo de tráfego em 15% e a TMA de 6% ao ano. Entretanto, quando o EaR é calculado, a partir da TMA ampliada em 2%, ou seja, 8% ao ano, a pior perda de lucro líquido esperada, com nível de confiança de 94,5%, é igual ou maior que - R$ 278.329 mil. A Tabela 9 evidencia os valores apurados para cada um dos cenários e indicadores associados à rentabilidade, à agregação de valor e de risco. Assim, considerando que o Edital 003/2007, que trata da Concessão da Rodovia Federal, do Lote 7, referente ao trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis foi submetido à: (a) variação de três diferentes cenários; (b) 1.000 simulações, por meio do método da Simulação de Monte Carlo; e (c) mensuração dos indicadores associados à rentabilidade, à agregação de valor e de risco, não é recomendado para investimento, nas condições analisadas, pois os resultados calculados para os indicadores, com nível de confiança de 95%, suportam essa afirmação. Quanto aos indicadores associados à rentabilidade e à agregação de valor, os resultados obtidos mostraram-se insuficientes para suportar as variações de mercado simuladas com grau de confiabilidade de 95%. Da mesma forma, os indicadores associados ao risco demonstraram que em 95% dos casos, as 153 chances de perda são eminentes no cenário onde o fluxo de tráfego é reduzido em 15%. Notadamente, os riscos financeiros subjacentes ao contrato de concessão, já expostos nesta seção, suplantam as expectativas dos pequenos ganhos ofertados no projeto. Tabela 9 – Indicadores Associados à Rentabilidade, à Agregação de Valor e de Risco Indicadores, com nível de confiança próximo a 95% associados, à Rentabilidade e Agregação de valor Variável Independente TMA Otimista + 15% Fluxo de Tráfego Tarifa Básica de Pedágio Custos/Desp Operacionais Cenários 6%aa Investimentos Taxa Mínima Atratividade 4%aa 5%aa Taxa Mínima Atratividade 7%aa 380.216 VPL Earnings R$ mil TIR %ao ano ROIA %ao ano Pay-back anos CFaR R$ mil EaR R$ mil 861.570 9,96% 3,76% 18 113.961 115.132 Pessimista - 15% 92.305 573.759 7,01% 1,30% 23 (173.950) (172.679) Otimista + 15% 384.442 860.726 9,95% 3,77% 18 118.187 114.288 Pessimista - 15% 96.383 575.876 7,03% 1,26% 23 (169.872) (170.562) Otimista - 15% 300.622 780.408 9,19% 3,19% 20 34.367 33.970 Pessimista + 15% 213.098 694.635 8,24% 2,46% 19 (53.157) (51.803) Otimista - 15% 322.671 N/A 9,48% 3,40% 22 56.416 N/A Pessimista + 15% 140.381 N/A 7,38% 1,59% 18 (125.874) N/A 8,82% 2,91% 19 N/A 5,44% 16 Mais Provável 266.255 746.438 Otimista FT + 15% 693.855 1.073.931 427.600 327.493 Pessimista FT - 15% 338.050 720.440 N/A 3,42% 20 71.795 (25.998) Otimista FT + 15% 524.356 960.417 N/A 4,61% 17 258.101 213.979 Pessimista FT - 15% 204.545 644.658 N/A 2,35% 21 (61.710) (101.780) Otimista FT + 15% 263.390 778.194 N/A 2,89% 19 (2.865) 2.598 518.389 N/A 0,06% 25 (263.657) Otimista FT + 15% 160.621 705.521 N/A 1,99% 20 (105.634) (40.917) Pessimista FT - 15% (76.603) 468.109 N/A -1,37% + 25 (342.858) (278.329) Pessimista FT - 15% 8%aa VPL Cash Flow R$ mil Risco 31.756 (228.049) É possível imaginar que a empresa OHL tenha admitido um fluxo de tráfego superior ao projetado nos estudos da ANTT e também ao estimado nessa pesquisa, pois só assim parece fazer sentido a oferta da tarifa de pedágio vencedora do leilão no valor de R$ 1,028 com deságio de 62,67% ante a tarifa máxima permitida pelo edital de R$ 2,754. Mesmo que os riscos aqui verificados, por meio dos indicadores calculados, sejam submetidos a um plano de gestão de riscos, que visem minimizar as perdas previstas, em que as principais ocorrem, principalmente em função da redução no fluxo de tráfego e do aumento da TMA, há de se levar em consideração que são fatores externos à futura empresa concessionária. Nesse sentido, ainda, há de se gerir as demais variáveis que, apesar de representarem menor impacto de riscos ao projeto, também merecem ser tratadas no plano de gestão de riscos financeiros, 154 objetivando a redução à exposição de riscos. 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS Este capítulo tem por objetivo finalizar a pesquisa e faz isso trazendo à tona as principais conclusões aprendidas neste trabalho, encerrando com propostas de questões a serem abordadas em pesquisas futuras. Resgatando os objetivos propostos nessa pesquisa, em termos gerais e específicos, tem-se a preposição inicial de: mensurar o impacto dos riscos de mercado no fluxo de caixa projetado nos Estudos Indicativos do Edital 003/2007 da ANTT, objeto do Lote 7 de concessão para exploração da Rodovia Federal no trecho BR116PR – BR376PR e BR101 / SC – Curitiba – Florianópolis, por meio da métrica Cash Flow at Risk. Tal objetivo foi atendido, à medida que apresenta os resultados obtidos para o CFaR, nos diversos cenários propostos, com nível de confiança próximo de 95%. Também os objetivos específicos propostos foram atendidos, sejam eles: a) Identificar as variáveis “riscos de mercado” relevantes para o projeto de concessão de rodovias; b) Identificar os parâmetros operacionais para projeção do fluxo de caixa e da demonstração de resultados; c) Mensurar os valores dos indicadores de rentabilidade e de risco do projeto de concessão; d) Analisar as variações dos indicadores de rentabilidade e de risco em diferentes cenários. Assim, o aprendizado subjacente a essa pesquisa, está na avaliação do risco como subsídio para a gestão estratégica de negócios de longo prazo, como é o caso desse contrato de concessão de rodovias que tem duração de 25 anos. Os resultados dos indicadores, prospectados nos estudos indicativos da ANTT, foram calculados a priori e apresentaram-se nas seguintes magnitudes: A TIR é de 8,82% ao ano. O ROIA calculado é de 2,91% ao ano. As projeções do DFC levam ao pay-back simples de 14 anos e que quando é descontada a TMA de 6% ao ano passa para 19 anos. O VPL dos fluxos de caixa é de R$ 266.255 mil. A exposição máxima de caixa acumulado no ano 4 é de R$ 701.368 mil. O saldo dos lucros líquidos acumulados ao final de 25 anos é de R$ 1.549.191 mil. O fluxo dos lucros líquidos, descontada a TMA de 6% ao ano resulta no VPL de R$ 746.438 mil. 155 Esses indicadores são tradicionalmente aplicados nos estudos de viabilidade econômico-financeira em projetos de investimentos. E, analisando os resultados apresentados dessa forma, pode-se concluir pela recomendação do projeto para investimento, pois existe amparo científico para essa afirmação. No entanto, a técnica de análise de cenários que busca agregar elementos visa auxiliar no processo decisório, trazendo à tona novos resultados para serem comparados àqueles que já são conhecidos. Essa importante ferramenta já traduz um avanço na qualidade dos estudos de viabilidade econômico-financeira de projetos de investimentos. Ainda assim, os resultados apresentados nos diversos cenários não levam em consideração a questão: Qual é a probabilidade de ocorrência do indicador calculado. Pois geralmente são voltados a responder preponderantemente sobre a ótica da gestão de lucros com menor importância atribuída à gestão de riscos. Assim, quando um projeto é submetido ao método da Simulação de Monte Carlo, buscando respostas às métricas financeiras tradicionalmente aceitas, agregadas ainda às métricas específicas de risco financeiro como o Cash Flow at Risk e o Earning at Risk, é possível responder quais são as perdas e ganhos esperados para o projeto, com um nível de confiança definido a priori. Os resultados obtidos nessa pesquisa, por meio da técnica de Análise de Cenários e do método da Simulação de Monte Carlo, para os indicadores associados à rentabilidade, à agregação de valor e de risco, com nível de confiança de aproximadamente 95%, são comparados com os indicadores, calculados nos estudos do Edital 003/2007, para o Lote 7. A comparação desses resultados proporciona clareza acerca da viabilidade econômico-financeira e de risco para do projeto e contribui no processo decisório, além de servir como subsídio no processo de gestão de riscos financeiros, na elaboração do plano de contingenciamento de riscos, caso o investidor opte pela realização do investimento. Os piores resultados encontrados, no cenário pessimista, com nível do confiança de aproximadamente 95% são iguais ou maiores que: (a) TIR: 7,01% ao ano; (b) TMA: 8% ao ano; (c) ROIA: -1,37% ao ano; (d) VPL do fluxo de caixa: - R$ 76.603 mil; (e) VPL do fluxo de lucro líquido: R$ 468.109 mil; (f) Pay-back: maior que 25 anos; (g) EaR: - R$ 278.329 mil; e (h) CFaR: - R$ 342.858 mil. Diante desses indicadores de perdas possíveis, não é recomendado indicar o projeto para investimento, pois acarretaria em perdas, já quantificadas, com um nível 156 de confiança de 95%. Os melhores resultados encontrados, no cenário otimista, com nível de confiança de aproximadamente 95% são iguais ou maiores que: (a) TIR: 9,96% ao ano; (b) TMA: 4% ao ano; (c) ROIA: 5,44% ao ano; (d) VPL do fluxo de caixa: R$ 693.855 mil; (e) VPL do fluxo de lucro líquido: R$ 1.073.931 mil; (f) Pay-back: 16 anos; (g) EaR: R$ 427.600 mil; e (h) CFaR: R$ 327.493 mil. Diante desses indicadores de ganhos possíveis, o projeto pode ser recomendado para investimento, pois os ganhos já estão quantificados, com um nível de confiança de 95%. Eis então uma questão que merece ser cuidadosamente analisada, visando subsidiar a decisão sobre recomendar o projeto para investimento ou rejeitá-lo. Assim, faz-se necessário analisar cada indicador calculado e ponderar sobre as contribuições que cada um oferece para o processo decisório. Os resultados obtidos para o pay-back, descontada a TMA, com nível de confiança de 95%, para cada um dos três cenários são iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: mais de 25 anos; (b) cenário mais provável: 19 anos; e (c) cenário otimista: 16 anos. O pay-back traduz o risco de recuperação do capital investido, na dimensão tempo. Assim, por se tratar de um contrato de concessão de rodovias, com prazo limitado a 25 anos, a informação do pay-back torna-se relevante para o processo decisório, pois, findado o prazo do contrato de concessão, cessam as chances de recuperação do capital investido. Notadamente, no cenário pessimista, o pay-back calculado, com nível de confiança de 95%, não pôde ser apurado, pois os valores de fluxo de caixa acumulado não se apresentaram suficientes para recuperar o capital investido, implicando em prazo maior que 25 anos, para isso ocorrer. Essa informação contribui no processo decisório, com a recomendação para não investir no projeto. Os resultados obtidos para a TIR, com nível de confiança de 95%, para cada um dos três cenários são iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: 7,01% ao ano; (b) cenário mais provável: 8,82% ao ano; e (c) cenário otimista: 9,96% ao ano. Quando comparadas com a TMA do cenário provável, que é de 6% ao ano, todos os resultados obtidos indicam para a recomendação do projeto para investimento. Todavia, quando é estabelecida uma relação entre a TMA e a TIR, considerando que a TMA é uma variável que está sujeita às alterações de mercado, o projeto analisado pode se tornar melhor ou pior, à condição original. Assim, pode-se concluir 157 que a TIR, como informação isolada, não é suficiente para orientar o processo decisório, na dimensão financeira. Já, o ROIA apresenta vantagem em relação à TIR, como indicador de rentabilidade, pois leva em consideração a variação da TMA, dado que o ROIA indica o ganho adicional a TMA, que um projeto de investimento pode obter. Os resultados obtidos para o ROIA, com nível de confiança de 95%, para cada um dos três cenários são iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: -1,37% ao ano; (b) cenário mais provável: 2,91% ao ano; e (c) cenário otimista: 5,44% ao ano. Contudo, por se tratar de uma medida relativa, o ROIA apresenta complexidade na interpretação dos indicadores em diferentes cenários. A princípio, os indicadores do ROIA apresentados podem ser interpretados para o projeto em questão, afirmando que: a oportunidade de ganho no cenário otimista, onde o ROIA é maior ou igual a 5,44% ao ano, é maior que a possibilidade de perda no cenário pessimista, que é apenas de -1,37% ao ano, e, portanto, compensa apostar no projeto, pois se tem mais a ganhar do que a perder. O cuidado que se deve tomar nessa decisão diz respeito justamente ao tamanho da perda e do ganho absoluto que a decisão acarreta, visto que o ROIA transmite apenas a magnitude do ganho e da perda relativa. Notadamente, a perda de -1,37% ao ano é em relação, ao percentual de perda adicional, além da TMA de 8% ao ano, e o ganho de 5,44% ao ano refere-se ao percentual de ganho adicional, além da TMA de 4% ao ano. Assim, o VPL busca suprir a informação da quantificação desse valor, trazendo à tona os valores de benefícios futuros, para o presente, descontada no tempo, a taxa da TMA. Os resultados obtidos para o VPL do fluxo de lucros líquidos do projeto, com nível de confiança de 95%, para cada um dos três cenários são iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: R$ 468.109 mil; (b) cenário mais provável: R$ 746.438 mil; e (c) cenário otimista: R$ 1.073.931 mil. Dessa forma, é possível atribuir um valor absoluto para a perda e o ganho esperado para o projeto, por meio do desconto dos fluxos de benefícios futuros, no caso aqui os lucros líquidos, descontada no tempo a taxa da TMA, obtendo-se assim, o valor equivalente no momento presente. Assim, o pior lucro esperado para o projeto é igual ou maior que R$ 468.109 mil, no cenário pessimista. Já para o cenário otimista, o pior lucro esperado é igual ou maior que R$ 1.073.931 mil. No entanto, essa informação é melhor, quando apresentada pelo EaR, que traduz a pior perda esperada para o 158 projeto, com nível de confiança de 95% em relação à expectativa original. Assim, os resultados obtidos para o EaR do projeto, com nível de confiança de 95%, para os cenários simulados, são iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: - R$ 278.329 mil; e (b) cenário otimista: R$ 327.493 mil. Todavia, o EaR é limitado à tradução da pior perda de lucro projetado nos fluxos de benefícios econômicos de um projeto, deixando de levar em consideração o sacrifício financeiro, necessário para a realização dos investimentos que proporcionem a geração desses lucros. Então, analogamente ao processo de cálculo do EaR, é possível calcular o CFaR, que traduz a pior perda de caixa, esperada para o projeto com nível de confiança de 95% em relação à expectativa original. Para isso, foi calculado o VPL dos fluxos de caixa do projeto e os resultados obtidos, com nível de confiança de 95%, para os cenários simulados, são iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: - R$ 76.603 mil; (b) cenário mais provável: R$ 266.255 mil; e (c) cenário otimista: R$ 693.855 mil. Finalmente, os resultados obtidos para o CFaR, a partir do VPL dos fluxos de caixa do projeto, com nível de confiança de 95%, para os cenários simulados, são iguais ou maiores que: (a) cenário pessimista: - R$ 342.858 mil; e (b) cenário otimista: R$ 427.600 mil. O CFaR, que traduz a pior perda de caixa estimada para um projeto de investimento, com nível de confiança de aproximadamente 95% é igual ou maior que - R$ 342.858 mil. Isso significa que a possibilidade de ocorrer perda maior que - R$ 342.858 mil é de apenas 5%. Assim, resta saber se o investidor está disposto a correr o risco deste contrato para lucrar o equivalente ao VPL do cenário mais provável, que é de R$ 266.255 mil, sabendo, a priori, que a pior perda esperada para o projeto, com 95% de nível de confiança, é igual ou maior que - R$ 342.858 mil. Caso a opção seja de realizar o investimento, é importante ressaltar que no cenário otimista, também o pior resultado encontrado para o CFaR, com nível de confiança de 95%, é igual ou maior que R$ 427.600 mil. Assim, também é possível afirmar que a possibilidade de ocorrer ganho menor que R$ 427.600 mil é de apenas 5%. Quanto às limitações da pesquisa, nota-se que o modelo de fluxo de caixa adotado pela ANTT, nos Estudos Indicativos da Tarifa Básica de Pedágio Máxima, não é apropriado para a modelagem neste trabalho, pois limita o poder de influência das variáveis independentes, quanto aos impactos reais que estas podem causar ao fluxo de caixa. Um exemplo disso é a diferença entre o regime de competência 159 adotado pelo DRE e o regime de caixa atribuído ao DFC. Enquanto as receitas, despesas e custos são registrados no DRE pelo regime de competência, o DFC deve registrar o exato momento em que ocorrem os recebimento e pagamentos. Por se tratar de um projeto de longo prazo, o modelo do DFC adotado pela ANTT não leva em consideração esses fatores, informando apenas as verbas anuais estimadas para cada uma das rubricas de receitas, custos e despesas. A pesquisa apresentou as críticas ao modelo adotado pela ANTT e propõe um modelo de fluxo de caixa e DRE adequado para comportar esses efeitos. Contudo, não foi possível conseguir informações de mercado que possam refletir a realidade desses efeitos, no modelo proposto na pesquisa. Existem, ainda, limitações de ordem técnica, que dizem respeito ao plano de engenharia rodoviária. A pesquisa tratou as informações de mercado, do ponto de vista financeiro, mas não conseguiu mensurar os impactos dessas informações na dimensão operacional. Exemplo disso se dá à atribuição do percentual de 15% para a variação das variáveis independentes, a qual encontra apelo de mercado que sustenta esse percentual, porém não foi dimensionado o impacto dessa variação na capacidade da pista de rodagem e das praças de pedágio, admitindo-se que o PER – Plano de Exploração da Rodovia - , apresentado pela ANTT, apresenta capacidade instalada, e que não serão necessários investimentos adicionais àqueles já previstos nos estudos originais. Como sugestão de pesquisas futuras, acredito que o modelo de fluxo de caixa proposto nessa pesquisa, possa ser utilizado comportando as variáveis de mercado, não somente no seu valor absoluto estimado, mas também quanto à natureza das políticas de crédito e pagamentos adotadas, mensurando, assim, o impacto do capital de giro nos resultados pretendidos. Ainda, como sugestão, um estudo de riscos operacionais, agregado ao modelo financeiro adotado nessa pesquisa, poderia produzir informações mais ricas para o processo decisório. E, por fim, na dimensão da estratégia dos negócios no setor de concessão rodoviária, uma pesquisa dedicada ao estudo dos contratos de concessão vigentes no país, pode elucidar sobre como anda a gestão de riscos financeiros neste setor e quais medidas de contingenciamento a ANTT, como órgão regulador, pode implementar para minimizar perdas aos usuários, agentes financeiros, investidores e demais interessados nos negócios do setor rodoviário no Brasil. 160 REFERÊNCIAS BAGHDASSARIAN, Willian. Indicadores Estocásticos de Risco no Processo de Planejamento Estratégico da Dívida Pública. In: VIII Prêmio Tesouro Nacional. 2003. Brasília. Anais...: Brasília: VIII Prêmio Tesouro Nacional, 2003. Área Temática: Ajuste Fiscal e Dívida Pública. Menção Honrosa. BALARINE, Oscar Fernando Osório. Desvendando o cálculo da TIR. 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Bookman, 2003. 166 APÊNDICES APÊNDICE A – Fluxo de Tráfego Projetado no Cenário mais Provável PROGRAMA FEDERAL DE CONCESSÃO DE RODOVIAS QUADRO 1 - TRÁFEGO EM VEÍCULOS EQUIVALENTES EM TBP's Anos Período 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 fev/2008 a fev/2009 fev/2009 a fev/2010 fev/2010 a fev/2011 fev/2011 a fev/2012 fev/2012 a fev/2013 fev/2013 a fev/2014 fev/2014 a fev/2015 fev/2015 a fev/2016 fev/2016 a fev/2017 fev/2017 a fev/2018 fev/2018 a fev/2019 fev/2019 a fev/2020 fev/2020 a fev/2021 fev/2021 a fev/2022 fev/2022 a fev/2023 fev/2023 a fev/2024 fev/2024 a fev/2025 fev/2025 a fev/2026 fev/2026 a fev/2027 fev/2027 a fev/2028 fev/2028 a fev/2029 fev/2029 a fev/2030 fev/2030 a fev/2031 fev/2031 a fev/2032 fev/2032 a fev/2033 TOTAL Praça 1 % Cresc 5.879.785,0 12.244.837,5 4,1% 12.740.507,5 4,0% 13.245.667,5 4,0% 13.760.682,5 3,9% 14.280.077,5 3,8% 14.806.407,5 3,7% 15.336.752,5 3,6% 15.874.397,5 3,5% 16.409.487,5 3,4% 16.944.577,5 3,3% 17.484.047,5 3,2% 18.025.707,5 3,1% 18.572.660,0 3,0% 19.115.232,5 2,9% 19.661.455,0 2,9% 20.206.217,5 2,8% 20.747.695,0 2,7% 21.264.170,0 2,5% 21.648.880,0 1,8% 22.009.135,0 1,7% 22.344.570,0 1,5% 22.661.207,5 1,4% 22.951.930,0 1,3% 23.216.737,5 1,2% 441.432.825,0 2,9% Praça 2 % Cresc 6.086.466,3 12.676.815,0 4,1% 13.187.632,5 4,0% 13.711.225,0 4,0% 14.244.307,5 3,9% 14.779.215,0 3,8% 15.323.612,5 3,7% 15.871.660,0 3,6% 16.422.627,5 3,5% 16.975.420,0 3,4% 17.528.212,5 3,3% 18.081.005,0 3,2% 18.635.987,5 3,1% 19.188.050,0 3,0% 19.745.405,0 2,9% 20.299.110,0 2,8% 20.846.975,0 2,7% 21.388.270,0 2,6% 21.803.640,0 1,9% 22.190.540,0 1,8% 22.556.817,5 1,7% 22.902.655,0 1,5% 23.221.482,5 1,4% 23.521.330,0 1,3% 23.792.890,0 1,2% 454.981.351,3 2,8% BR116/PR - BR376/PR - BR101/SC Trecho 07 - Curitiba - Florianópolis Praças de Pedágio Praça 3 % Cresc Praça 4 6.915.290,0 7.504.947,5 14.399.980,0 4,1% 15.628.935,0 14.979.782,5 4,0% 16.257.647,5 15.570.900,0 3,9% 16.896.945,0 16.171.872,5 3,9% 17.553.215,0 16.780.510,0 3,8% 18.214.230,0 17.388.782,5 3,6% 18.874.515,0 18.002.165,0 3,5% 19.539.727,5 18.612.627,5 3,4% 20.208.407,5 19.221.995,0 3,3% 20.868.327,5 19.826.982,5 3,1% 21.524.962,5 20.418.100,0 3,0% 22.169.005,0 20.997.902,5 2,8% 22.797.352,5 21.569.492,5 2,7% 23.412.012,5 22.122.832,5 2,6% 24.011.525,0 22.652.630,0 2,4% 24.583.480,0 23.158.702,5 2,2% 25.141.017,5 23.644.882,5 2,1% 25.665.522,5 24.106.972,5 2,0% 26.167.032,5 24.539.680,0 1,8% 26.640.255,0 24.945.560,0 1,7% 27.081.175,0 25.331.000,0 1,5% 27.493.990,0 25.680.487,5 1,4% 27.881.802,5 26.010.082,5 1,3% 28.236.765,0 26.317.412,5 1,2% 28.568.185,0 509.366.625,0 2,7% 552.920.980,0 4,1% 4,0% 3,9% 3,9% 3,8% 3,6% 3,5% 3,4% 3,3% 3,1% 3,0% 2,8% 2,7% 2,6% 2,4% 2,3% 2,1% 2,0% 1,8% 1,7% 1,5% 1,4% 1,3% 1,2% 2,7% Praça 5 4.849.572,5 10.100.097,5 10.511.452,5 10.932.845,0 11.359.530,0 11.795.522,5 12.238.085,0 12.691.597,5 13.152.410,0 13.620.522,5 14.104.147,5 14.601.825,0 15.125.600,0 15.670.727,5 16.245.420,0 16.852.597,5 17.486.420,0 18.133.017,5 18.787.645,0 19.428.585,0 20.014.957,5 20.552.785,0 21.042.980,0 21.401.410,0 21.653.442,5 382.353.195,0 4,1% 4,1% 4,0% 3,9% 3,8% 3,8% 3,7% 3,6% 3,6% 3,6% 3,5% 3,6% 3,6% 3,7% 3,7% 3,8% 3,7% 3,6% 3,4% 3,0% 2,7% 2,4% 1,7% 1,2% 3,4% TOTAL 31.236.061,3 65.050.665,0 67.677.022,5 70.357.582,5 73.089.607,5 75.849.555,0 78.631.402,5 81.441.902,5 84.270.470,0 87.095.752,5 89.928.882,5 92.753.982,5 95.582.550,0 98.412.942,5 101.240.415,0 104.049.272,5 106.839.332,5 109.579.387,5 112.129.460,0 114.447.940,0 116.607.645,0 118.625.000,0 120.487.960,0 122.121.517,5 123.548.667,5 2.341.054.976,3 4,1% 4,0% 4,0% 3,9% 3,8% 3,7% 3,6% 3,5% 3,4% 3,3% 3,1% 3,0% 3,0% 2,9% 2,8% 2,7% 2,6% 2,3% 2,1% 1,9% 1,7% 1,6% 1,4% 1,2% 2,9% APÊNDICE B – Demonstrativo de Resultado do Exercício Projetado no Cenário mais Provável PROGRAMA FEDERAL DE CONCESSÃO DE RODOVIAS QUADRO 2 - DEMONSTRATIVO DE RESULTADO BR116/PR - BR376/PR - BR101/SC Trecho 07 - Curitiba - Florianópolis Tarifa de Pedágio Máxima R$ Anos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 TOTAL Período fev/2008 a fev/2009 fev/2009 a fev/2010 fev/2010 a fev/2011 fev/2011 a fev/2012 fev/2012 a fev/2013 fev/2013 a fev/2014 fev/2014 a fev/2015 fev/2015 a fev/2016 fev/2016 a fev/2017 fev/2017 a fev/2018 fev/2018 a fev/2019 fev/2019 a fev/2020 fev/2020 a fev/2021 fev/2021 a fev/2022 fev/2022 a fev/2023 fev/2023 a fev/2024 fev/2024 a fev/2025 fev/2025 a fev/2026 fev/2026 a fev/2027 fev/2027 a fev/2028 fev/2028 a fev/2029 fev/2029 a fev/2030 fev/2030 a fev/2031 fev/2031 a fev/2032 fev/2032 a fev/2033 Fluxo de Tráfego Cresc. do Tráfego % 31.236.061 65.050.665 67.677.023 70.357.583 73.089.608 75.849.555 78.631.403 81.441.903 84.270.470 87.095.753 89.928.883 92.753.983 95.582.550 98.412.943 101.240.415 104.049.273 106.839.333 109.579.388 112.129.460 114.447.940 116.607.645 118.625.000 120.487.960 122.121.518 123.548.668 2.341.054.976 1,000 4,13% 4,04% 3,96% 3,88% 3,78% 3,67% 3,57% 3,47% 3,35% 3,25% 3,14% 3,05% 2,96% 2,87% 2,77% 2,68% 2,56% 2,33% 2,07% 1,89% 1,73% 1,57% 1,36% 1,17% 2,88% Impostos Receita Bruta sobre Vendas 86.024 179.150 186.383 193.765 201.289 208.890 216.551 224.291 232.081 239.862 247.664 255.444 263.234 271.029 278.816 286.552 294.236 301.782 308.805 315.190 321.137 326.693 331.824 336.323 340.253 6.447.265 100,00% 7.441 15.496 16.122 16.761 17.411 18.069 18.732 19.401 20.075 20.748 21.423 22.096 22.770 23.444 24.118 24.787 25.451 26.104 26.712 27.264 27.778 28.259 28.703 29.092 29.432 557.688 8,65% Receita Líquida 78.583 163.653 170.260 177.004 183.877 190.821 197.819 204.890 212.006 219.114 226.241 233.349 240.465 247.585 254.699 261.765 268.784 275.678 282.093 287.926 293.359 298.434 303.121 307.231 310.821 5.889.577 91,35% Adm / Oper / Conserva 30.530 67.581 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 68.212 1.666.977 25,86% Seguros / Garantias 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 3.632 4.002 4.002 4.002 4.002 4.002 92.647 1,44% 2,754 Valores em R$ mil PRF Resultado Fiscalização Depreciação Antes IR/CS D. Tecnolog 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 7.780 194.496 3,02% 11.292 25.789 35.469 39.600 40.929 42.877 45.385 47.593 48.892 49.882 53.389 55.215 57.566 60.055 62.720 66.675 68.681 71.010 75.442 80.734 89.300 96.240 105.024 119.613 139.733 1.589.107 24,65% 25.350 58.871 55.168 57.781 63.325 68.320 72.811 77.673 83.491 89.609 93.229 98.510 103.275 107.907 112.356 115.467 120.480 125.044 127.028 127.568 124.065 122.201 118.103 107.624 91.094 2.346.350 36,39% IR 15% 3.802 8.831 8.275 8.667 9.499 10.248 10.922 11.651 12.524 13.441 13.984 14.777 15.491 16.186 16.853 17.320 18.072 18.757 19.054 19.135 18.610 18.330 17.715 16.144 13.664 351.953 5,46% IR adicional 10% 2.511 5.863 5.493 5.754 6.309 6.808 7.257 7.743 8.325 8.937 9.299 9.827 10.304 10.767 11.212 11.523 12.024 12.480 12.679 12.733 12.383 12.196 11.786 10.738 9.085 234.035 3,63% CSLL 9% 2.281 5.298 4.965 5.200 5.699 6.149 6.553 6.991 7.514 8.065 8.391 8.866 9.295 9.712 10.112 10.392 10.843 11.254 11.432 11.481 11.166 10.998 10.629 9.686 8.198 211.172 3,28% Resultado Líquido 16.755 38.879 36.435 38.160 41.819 45.115 48.079 51.288 55.128 59.166 61.555 65.041 68.186 71.243 74.179 76.232 79.541 82.553 83.862 84.219 81.907 80.677 77.972 71.056 60.146 1.549.191 24,03% 169 APÊNDICE C – Demonstrativo do Fluxo de Caixa Projetado no Cenário mais Provável PROGRAMA FEDERAL DE CONCESSÃO DE RODOVIAS QUADRO 3 - DEMONSTRATIVO DO FLUXO DE CAIXA Valores em R$ mil ANO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 TOTAL Período fev/2008 a fev/2009 fev/2009 a fev/2010 fev/2010 a fev/2011 fev/2011 a fev/2012 fev/2012 a fev/2013 fev/2013 a fev/2014 fev/2014 a fev/2015 fev/2015 a fev/2016 fev/2016 a fev/2017 fev/2017 a fev/2018 fev/2018 a fev/2019 fev/2019 a fev/2020 fev/2020 a fev/2021 fev/2021 a fev/2022 fev/2022 a fev/2023 fev/2023 a fev/2024 fev/2024 a fev/2025 fev/2025 a fev/2026 fev/2026 a fev/2027 fev/2027 a fev/2028 fev/2028 a fev/2029 fev/2029 a fev/2030 fev/2030 a fev/2031 fev/2031 a fev/2032 fev/2032 a fev/2033 Resultado Líquido 16.755 38.879 36.435 38.160 41.819 45.115 48.079 51.288 55.128 59.166 61.555 65.041 68.186 71.243 74.179 76.232 79.541 82.553 83.862 84.219 81.907 80.677 77.972 71.056 60.146 1.549.191 Depreciação Investimentos Saldo de Caixa 11.292 282.295 25.789 347.930 35.469 222.639 39.600 90.883 40.929 27.914 42.877 38.962 45.385 47.655 47.593 39.746 48.892 22.075 49.882 15.835 53.389 52.615 55.215 25.562 57.566 30.564 60.055 29.862 62.720 29.314 66.675 39.553 68.681 18.057 71.010 18.631 75.442 31.024 80.734 31.753 89.300 42.829 96.240 27.758 105.024 26.354 119.613 29.176 139.733 20.121 1.589.107 1.589.107 Taxa Interna de Retorno Saldo Acumulado (254.248) (254.248) (283.262) (537.510) (150.735) (688.245) (13.123) (701.368) 54.834 (646.534) 49.030 (597.504) 45.809 (551.695) 59.136 (492.559) 81.945 (410.614) 93.212 (317.402) 62.329 (255.073) 94.694 (160.379) 95.188 (65.191) 101.435 36.244 107.584 143.829 103.354 247.183 130.165 377.348 134.932 512.280 128.280 640.561 133.200 773.761 128.378 902.139 149.159 1.051.298 156.642 1.207.940 161.492 1.369.432 179.759 1.549.191 1.549.191 8,82% aa