II Troféu CAAR - F3A - 2010 (Texto de Manuel Cunha e João Santos Silva e Fotos de
João Santos Silva)
Realizou-se nos dias 19 e 20 de Junho de 2010 o II Troféu CAAR – F3A – 2010 e, como
não podia deixar de ser, a Secção de Aeromodelismo do PCR - Portugal Cultura e
Recreio fez-se representar com 3 concorrentes – o João Silva na Classe F3A-Nacional e
o Bernardo Reis e Bruno Mesquita na Classe F3A-Iniciados.
Os concorrentes do PCR – da esquerda para a direita, Bruno Mesquita, João Santos
Silva e Bernardo Reis
Em nossa opinião, esta prova e ao contrário dos eventos anteriormente organizados pelo
CAAR, esteve abaixo das nossas expectativas.
Em primeiro lugar, porque esteve calendarizada para os dias 26 e 27 de Junho de 2010 e
foi antecipada de uma semana. Desta antecipação resultaram duas consequências. A
primeira, é que os concorrentes, em especial os da Classe F3A-Iniciados, ficassem
apenas com 15 dias de intervalo entre duas provas que contam para o Campeonato
Nacional. A segunda, foi que a prova colidisse no dia 20 com o II Festival de
Aeromodelismo de Sintra, uma prestigiada organização do AEROMANIA em que participa
um número não desprezável de aeromodelistas e de modelos.
Em segundo lugar, esta prova esteve abaixo das nossas expectativas nos aspectos
organizativos. Vejamos o porquê desta nossa opinião:
- Começou com cerca de uma hora de atraso relativamente ao horário previsto no seu
Regulamento Particular;
- A primeira manga da Classe F3A-FAI proporcionou logo um reparo porque pelo menos
uma das folhas de pista de um dos concorrentes continha a sequência de manobras da
Classe F3A-Nacional, o que obrigou esse concorrente a repetir a sua manga;
- Por razões de saúde, o Juiz F3A Luís Salgueiro (PCR) não pode comparecer. A
organização realiza e bem várias diligências no sentido de substituir o Juiz em causa.
Contacta o Juiz F3A Daniel Costa (PCR) que só está disponível para dia 20. No local,
contacta com o chefe de equipa do PCR, também Juiz F3A Manuel Cunha, para substituir
o Juiz em falta. Este aceita com a condição, por razões éticas, de não ajuizar qualquer
das provas em que o PCR concorre. É aceite esta condição pelo que completará os 5
Juízes para a Classe F3A-FAI. Quando o Manuel Cunha toma o seu lugar para o voo de
aferição de juízes, é dispensado com a alegação de que “juízes diferentes nos dois dias
de prova poderia originar critérios diferentes de julgamento”. Mas a “brincadeira” com os
juízes não fica por aqui… O Daniel Costa (PCR), quando se apresenta no dia 20 para
completar a equipa de 5 Juízes, é “dispensado” porque a prova tinha começado com 4
juízes e portanto terminaria com os mesmos 4 juízes! Entretanto, a organização
“esqueceu-se” que o Daniel Costa (PCR) teve que se deslocar propositadamente de
Lisboa para Alverca para ajuizar uma prova que não ajuizou…
- Finalmente e ainda no que se refere aos aspectos organizativos, lamentamos o que
aconteceu com o nosso concorrente na Classe F3A-Iniciados Bruno Mesquita. Ao ser
colocado o motor em marcha para a sua primeira manga, verificou-se uma intermitência
nos comandos rádio. Porque a situação apresentava elevados riscos, o chefe de equipa
que o acompanhava optou por se abortar a operação e fez sinal aos Juízes desse facto.
Verificada a situação, constatou-se a existência de uma rotura no tanque de combustível
e o combustível derramado havia atingido o receptor. A anomalia foi rapidamente
reparada, após o que se solicitou ao Director da Prova a possibilidade do Bruno Mesquita
realizar a sua primeira manga, considerando que o modelo nem sequer tinha sido
colocado na posição de descolagem quando se verificou a anomalia. Tal não foi
permitido, invocando os regulamentos.
Ora bem. No Regulamento Particular da prova e nos Regulamentos da FPAm –
Federação Portuguesa de Aeromodelismo não encontramos qualquer referência a esta
matéria. Mas de acordo com o texto do Regulamento Particular da prova, temos que:
“Normas técnicas:
A Prova será regida pelo Regulamento Nacional de Aeromodelismo,
Código Desportivo, e aditamentos.
Os casos omissos a este código, serão regidos pelas Normas FAI.”
E o que encontramos nas Normas FAI? Pois bem, aqui está (na versão original em língua
Inglesa e a respectiva tradução):
FAI Sporting Code
Section 4 – Aeromodelling
Volume F3
Radio Control Aerobatics
2010 Edition
Effective 1st January 2010
Revised January 2010
F3A – R/C AEROBATIC POWER MODEL AIRCRAFT
F3M - LARGE R/C AEROBATIC POWER MODEL AIRCRAFT
F3P - INDOOR R/C AEROBATIC POWER MODEL AIRCRAFT
ANNEX 5A - F3A DESCRIPTION OF MANOEUVRES
ANNEX 5B F3A JUDGES’ GUIDE
ANNEX 5G - F3A UNKNOWN MANOEUVRE SCHEDULES
ANNEX 5 L - F3M DESCRIPTION OF MANOEUVRES
ANNEX 5M - F3P DESCRIPTION OF MANOEUVRES
ANNEX 5N - F3A WORLD CUP RULES
…………………………………………………………………..
5.9.6 Number of Attempts
Each competitor is entitled to one (1) attempt for each official flight.
Note: An attempt can be repeated at the contest director's discretion only when for any
unforeseen reason outside the control of the competitor the model aircraft fails to start (eg
there is radio interference).
Similarly, in a flight that is interrupted by any circumstance beyond the control of the
competitor, the competitor is entitled to have a reflight, but only manoeuvres affected and
the unscored manoeuvres that follow will be judged.
5.9.6 Número de Tentativas
Cada concorrente tem direito
a
uma
(1)
tentativa
para
cada
voo
oficial.
Nota: Uma tentativa pode ser repetida a critério do director de prova somente quando, por
qualquer motivo imprevisto, fora do controle do concorrente o modelo falha ao iniciar (por
exemplo, se há interferência rádio).
Da mesma forma, num voo que é interrompida por qualquer circunstância para além do
controle do concorrente, o concorrente tem direito a repetir o voo, mas apenas as
manobras afectadas e não pontuadas serão julgadas. (O sublinhado é nosso)
5.1.6. Number of Attempts
Each competitor is entitled to one attempt for each official flight.
Note: An attempt can be repeated at the contest director's discretion only when any
unforeseen reason beyond the control of the competitor, causes the model aircraft to fail to
start (eg there is radio interference). Similarly, in a flight that is interrupted by any
circumstance beyond the control of the competitor, the competitor is entitled to a reflight,
with the entire schedule being flown and judged, but only the affected manoeuvre and the
unscored manoeuvres that follow will be tabulated. This reflight should take place within 30
minutes of the first flight, in front of the same set of judges, or be the first flight after the
judges’ break, or, if it involves a protest, as soon as the FAI Jury has deliberated and
communicated the outcome of the protest to the contest director. The result of the reflight
will be final.
5.1.6. Número de Tentativas
Cada concorrente tem direito
a
uma
tentativa
para
cada
voo
oficial.
Nota: Uma tentativa pode ser repetida a critério do director de prova somente quando
algum motivo imprevisto fora do controlo do concorrente, faz com que o modelo de
aeronave não possa iniciar o voo (por exemplo, quando há interferência rádio). Da mesma
forma, um voo que é interrompido por qualquer circunstância para além do controle do
concorrente, o concorrente tem direito a repetir o voo, com todo o programa a ser
executado e julgado, mas apenas as manobras afectados e as manobras não pontuadas
serão julgadas. Esta repetição deve ocorrer dentro de 30 minutos após o primeiro voo,
perante o mesmo conjunto de juízes, ou deve ser o primeiro voo a realizar após o repouso
dos juízes ou, tratando-se do resultado de um protesto, logo que o Júri deliberou e
comunicou o resultado do protesto ao director de prova. O resultado da repetição do voo
será final. (O sublinhado é nosso)
5.1.7. Definition of an Official Flight
There is an official flight when an attempt is made whatever the result.
5.1.7. Definição de um Voo Oficial
Há um voo oficial quando uma tentativa é feita independentemente do resultado.
Perante estes factos, estranhamos que Regulamento terá invocado o Director de Prova
para não autorizar que o Bruno Mesquita realizasse o voo referente à primeira manga.
Mas mais estranhamos que os critérios de decisão do Director da Prova sejam tão
rigorosos numa situação e tão “liberais” noutra… É que antes do início da prova, foi
solicitado à direcção da prova autorização para que um outro concorrente, por motivos de
ordem profissional, não realizasse as duas mangas da tarde de Sábado, dia 19, sendo as
mesmas transferidas para a manhã de Domingo, dia 20. Não tendo havido qualquer
objecção por parte dos outros concorrentes, esta alteração foi autorizada.
Mas clarifiquemos a posição da Secção de Aeromodelismo do PCR – Portugal Cultura e
Recreio, para que não haja interpretações ambíguas sobre esta matéria. Na nossa
opinião e sem qualquer réstia de dúvida, os Regulamentos são para cumprir, rigorosa e
escrupulosamente. É essa a informação que transmitimos sempre e a todo o tempo aos
nossos aeromodelistas, quer participem ou não em competições. Mas quando se
conhecem várias excepções, em diferentes eventos, pelas mais diferentes razões…
E porque se trata da Classe de Iniciados, temos que levar em linha de conta que o
interesse primeiro dos aeromodelistas é competir e é voar.
Quando um aeromodelista, como no presente caso o Bruno Mesquita, é impedido de
realizar um voo que ainda não havia iniciado porque verifica que o comando rádio
apresenta deficiências, que lhe são absolutamente alheias e impossíveis de detectar com
uma simples inspecção ao modelo depois de preparado para o voo, temos é que louvar a
sua atitude em termos de segurança.
Foi nesse mesmo espírito de abertura à vontade de competir e de voar dos iniciados que
nesta mesma prova concordámos, como todos os restantes concorrentes da Classe
Iniciados, com o adiamento das duas mangas de Sábado para Domingo de um dos
concorrentes, mesmo sabendo que as condições de voo poderiam eventualmente
beneficiar esse aeromodelista em prejuízo dos restantes.
Foi também nesse mesmo espírito de abertura à vontade de competir e de voar dos
iniciados que, numa prova anterior, concordámos como todos os restantes concorrentes
que um dos aeromodelistas, que durante a primeira manga viu o seu modelo danificado e
sem possibilidades de reparação, completasse as 3 mangas restantes da prova com o
modelo de um colega de equipa.
Provavelmente e no futuro, a Secção de Aeromodelismo do PCR – Portugal Cultura e
Recreio, terá que rever a sua anuência com situações que não sigam rigorosamente os
regulamentos e aconselhará os seus aeromodelistas a proceder do mesmo modo.
Estamos em crer que situações como as que impediram o Bruno Mesquita de realizar
uma das suas 4 mangas só resulta da falta de sensibilidade de algumas organizações que
não apresentam associados concorrentes e não sabem valorizar o esforço e muitas vezes
os sacrifícios que esses mesmos concorrentes fazem para competir, em particular na
Classe de Iniciados.
Talvez uma das soluções a encarar de futuro pela FPAm seja não conceder a realização
de provas do Calendário Nacional ou da Taça de Portugal de qualquer categoria ou
classe a clubes ou associações que não apresentem concorrentes às provas.
Voltando à prova em si…
Mais uma vez, o vento resolveu acompanhar com razoável intensidade os dois dias de
prova.
Estamos em crer que este ano o vento se tornou um assíduo frequentador dos locais
onde decorrem provas de F3A.
Foi acentuado o esforço dos pilotos para conseguirem realizar com a precisão possível as
suas manobras.
Concorreram no total 15 Aeromodelistas, assim distribuídos:
F3A-FAI
Nome
Rui Ferreira
Clube
CRO
Classe
FAI
Pedro Jesus
CJA
FAI
Rui Mendes
CJA
FAI
João Santos
CJA
FAI
Óscar Lopes
LAC
FAI
F3A-Nacional
Nome
João Santos Silva
Joaquim Sá
Clube
PCR
Classe
Nacional
SMP-SA Nacional
F3A-Iniciados
Nome
Fernando Costa
Clube
GAC
Classe
Iniciados
José Filipe
GAC
Iniciados
Hugo Fidalgo
GAC
Iniciados
Bernardo Reis
PCR
Iniciados
Bruno Mesquita
PCR
João Gui
CJA
Iniciados
Iniciados
Ricardo Marques
CJA
Iniciados
André Rodrigues
CALIZ
Iniciados
Foto de Família dos concorrentes
Classe F3A-FAI
Na classe rainha, apenas compareceram 5 concorrentes e repetiu-se a classificação de
Sta Margarida, com o Rui Mendes (CJA) a superar novamente o Rui Ferreira (CRO) tendo
agora duas vitória contra uma do Rui Ferreira, estando separados por três pontos. O
campeão Nacional FAI vai ser decidido na última prova, no Open de Pombal a 16, 17 e 18
de Julho, com a inovação em provas do campeonato Nacional, com o Domingo só
reservado para as finais de F3A-FAI. Estamos curiosos para ver como os Portugueses se
vão adaptar ao programa das meias-finais.
João Santos (CJA) efectuou mangas de muita qualidade arrancando o último lugar do
pódio. Seguiram-se o Óscar Lopes (LAC) e o Pedro Jesus (CJA) que evidenciou
melhorias em relação às últimas provas efectuadas.
As classificações na Classe F3A-FAI foram as seguintes:
Classif.
1º
2º
3º
4º
5º
Concorrente
Rui Pedro Mendes
Rui Ferreira
João Paulo Santos
Óscar Lopes
Pedro Jesus
Voo nº 1
1000,00
960,25
936,87
919,72
805,92
Voo nº 2
1000,00
992,78
955,23
935,74
769,68
Voo nº 3
1000,00
954,48
901,62
915,57
690,16
Voo nº 4
1000,00
959,42
948,55
868,84
744,20
TOTAL
3000,00
2912,45
2840,65
2771,02
2319,80
Classe F3A-Nacional
Na Classe que apresentou menos concorrentes, estranhamos a falta do Luis Eiras (IFCT),
mas este Piloto que fez para esta prova um bom investimento no seu modelo, não foi
informado da antecipação da prova em uma semana, não se inscrevendo. Esperamos
que apareça na prova de Pombal e com o seu excelente modelo de uma casa Espanhola
dê uma boa luta aos nossos vizinhos espanhóis que participam na prova de F3A-N.
Joaquim Sá (SMP-SA) venceu três das quatros mangas e João Santos Silva (PCR) a
terceira manga, não se adaptando ao vento de costas que soprava bastante forte na tarde
de Sábado. Nesta classe praticamente está tudo decidido.
As classificações na Classe F3A-Nacional foram as seguintes:
Concorrente
Classif.
1º
Joaquim Sá
2º
João Santos Silva
Voo nº 1
1000,00
877,09
Voo nº 2
1000,00
925,16
Voo nº 3
968,18
1000,00
Voo nº 4
1000,00
822,11
TOTAL
1000,00
2802,26
O concorrente do PCR na Classe F3A-Nacional João Santos Silva com o troféu de 2º
Classificado
Classe F3A-Iniciados
Aqui a disputa pelo primeiro lugar esteve sempre patente. Bernardo Reis (PCR) venceu
as duas primeiras mangas, mas via aproximar-se André Rodrigues (CALIZ) e Bruno
Mesquita (PCR) este a menos de 1 ponto do segundo lugar. Bernardo Reis no entanto
consegue no terceiro voo fazer a pontuação suficiente para garantir o primeiro lugar.
Nesta manga o Bruno Mesquita vence e aproxima-se perigosamente do segundo lugar a
0,67 pontos. O último voo, já com o primeiro lugar decidido, despertava interesse na
plateia para se saber quem ficaria em segundo. No último voo o Bruno Mesquita
praticamente empata com o André Rodrigues e fica a menos de 2 pontos do segundo
(ficou sem duvida a faltar-lhe o primeiro voo). Bernardo Reis com mais esta vitória
assegura praticamente o título de campeão nacional pelo segundo ano consecutivo.
Esperamos vê-lo para o ano a concorrer na Classe F3A-Nacional, pois a qualidade do voo
demonstrado assim o exige.
Mais uma vez o vento prejudica o voo dos concorrentes do GAC, que com os seus
modelos com menos de 2Kg deixavam-se arrastar pelo vento, mas é de destacar a
melhoria constante que o Hugo Fidalgo vem evidenciando. Os restantes elementos do
GAC fizeram voos de bom nível, mas como já se disse os modelos não facilitam a boa
execução das manobras, evidenciando por vezes também falta de potência. De qualquer
modo verifica-se que existe ali bastante potencial e uma excelente organização como
equipe.
Joao Gui (CJA) e Ricardo Marques (CJA), especialmente este, já realizaram voos de
modo a permitir ver que ainda este ano, talvez na prova de Setembro, possam lutar por
lugares acima do meio da tabela. João Gui com um pouco de mais trabalho deverá
melhorar as manobras com subidas e descidas a 45º permitindo-lhe assim subir na tabela
classificativa. São ambos pilotos jovens que aprenderam a voar há menos de um ano e
que este ano na competição irá permitir-lhes “lutar” pelas posições cimeiras para o
próximo ano.
As classificações na Classe F3A-Iniciados foram as seguintes:
Classif.
1º
2º
3º
4º
5º
6º
7º
8º
Concorrente
Bernardo Reis
André Rodrigues
Bruno Mesquita
Fernando Costa
José Filipe
João Gui
Ricardo Marques
Hugo Fidalgo
Voo nº 1
1000,00
862,27
0,00
889,53
0,00
748,92
761,84
545,19
Voo nº 2
1000,00
993,46
893,98
774,87
820,68
874,35
687,17
581,15
Voo nº 3
897,96
900,68
1000,00
917,01
838,10
740,14
850,34
760,54
Voo nº 4
906,82
1000,00
990,26
942,98
849,79
805,29
758,00
742,70
TOTAL
2906,82
2894,14
2884,24
2749,51
2508,57
2428,55
2370,17
2084,39
Os concorrentes do PCR na Classe F3A-Iniciados – da esquerda para a direita
Bruno Mesquita e Bernardo Reis
Da esquerda para a direita, o Bernardo Reis e o Bruno Mesquita com os troféus
conquistados.
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II Troféu CAAR - PCR Aeromodelismo