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Audiência 7720
Dinheiro Vivo Online
País: Portugal
Âmbito: Economia, Negócios e Gestão
ID: 56485944
05-11-2014
OCS: Dinheiro Vivo Online
Diferendo no Alvarinho custa 17 milhões de euros
URL:
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/interior.aspx?content_id=4219981
05/11/2014 | 00:01 | Dinheiro Vivo
Diferendo no Alvarinho custa 17 milhões de euros Vindimas de Alvarinho em Melgaço
José Mota 05/11/2014 | 00:01 | Dinheiro Vivo
O diferendo do Alvarinho tem anos - a primeira tentativa de alterar o Estatuto dos Vinhos Verdes
nesta matéria é de 2008, mas sem sucesso -, todavia o Governo deixou claro que, independentemente
das posições aprovadas no interprofissional da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, o
ConselhoGeral, não tenciona mudar a lei sem que as partes se entendam. Estabeleceu um prazo até
15 de janeiro e a primeira reunião está marcada para hoje, no Porto. Ao Instituto da Vinha e do Vinho
cabe o papel de moderador.
Do lado dos que se opõem à mudança, Miguel Queimado, presidente da Associação dos Produtores de
Alvarinho de Monção e Melgaço recusa fazer comentários prévios às negociações. Do lado oposto,
António Guedes, administrador da Aveleda e representante da Acibev - Associação dos Comerciantes e
Industriais de Bebidas Espirituosas e Vinhos no Conselho Geral, diz-se convicto que será possível
"levar as negociações a bom porto". Garante acreditar na "boa fé" de todos os intervenientes e
sublinha que "todos têm a ganhar com o que está em jogo".
Mas o que está, afinal, em causa? Só e apenas a possibilidade de todos os produtores - e não apenas
os de Monção e Melgaço, como a lei agora estabelece - poderem identificar os seus Alvarinhos como
Vinho Verde. Uma questão de rotulagem que, estima António Guedes, custa 17 milhões de euros ao
setor.
Não se trata de poder ou não produzir Alvarinho fora de Monção e Melgaço, porque há já 500 hectares
desta casta plantados só na região dos Vinhos Verdes (sem contar com Monção e Melgaço, que se
pode considerar, justamente, o berço da casta). E há por todo o país aliás, com exceção do Algarve e
da Bairrada. A única diferença é que os produtores do Douro ou do Alentejo podem rotular os seus
vinhos como Denominação de Origem Controlada (DOC) Douro ou DOC Alentejo Alvarinho, mas o DOC
Vinho Verde Alvarinho está reservado em esclusivo aos vinhos de Monção e Melgaço.
Então como são vendidos todos os Alvarinhos que não são de Monção e Melgaço, muitos dos quais
premiados nacional e internacionalmente? Ou os produtores não fazem menção no rótulo à casta e
então podem pedir a certificação como Vinho Verde, ou se quiserem ostentar Alvarinho no rótulo, a
garrafa tem de ser vendida como Vinho Regional Minho. E perde, consoante seja um vinho de lote ou
monovarietal (feito exclusivamente da casta Alvarinho), entre 50 cêntimos a um euro por garrafa, o
que significa uma desvalorização total estimada de um milhão de euros.
Além disso, há clientes nos mercados externos, bem como grandes superfícies e restaurantes em
Portugal, que recusam colocar nas suas prateleiras Alvarinho Regional Minho. António Guedes
considera mesmo que esta classificação constitui um "freio à exportação" e estima que isso represente
cerca de 5% das vendas de VinhoVerde, ou seja, mais de 12 milhões de euros. Isto sem falar nos
35% de aumento potencial de exportação da marca Alvarinho, o que calcula possa valer quase três
milhões e nos ganhos no preço da uva (cerca de 800 mil euros), entre outros.
Valores que teriam impacto aquando da alteração da lei, mas que não se esgotariam aí. Se em cada
ano as vendas de Alvarinho crescessem 10%, os ganhos seriam da ordem de 1,7 milhões de euros, diz
o responsável da Aveleda.
António Guedes acredita que "todos temos a ganhar" com a alteração da lei, na medida em que
permitiria à região "potenciar as suas vendas em valor e em volume", alavancando-as na casta
Alvarinho. A própria região de Monção e Melgaço retiraria daí dividendos, na medida em que "os
consumidores poderiam querer conhecer o berço da casta, o que hoje não acontece".
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Na reunião de hoje estarão representados, do lado dos que defendem a liberalização, a Adega de
Amarante e Vercoope, a Aveleda, a Quinta da Lixa, a Quinta da Raza e a Sogrape. Do lado oposto
estarão Anselmo Mendes, a Adega de Monção, a Associação de Produtores de Alvarinho de Monção e
Melgaço, as Quintas de Melgaço e a Provam. Manuel Pinheiro, líder da Comissão de Viticultura da
Região dos Vinhos Verdes presidente à reunião, que conta com um representante do Instituto da
Vinha e do Vinho como observador e representante do Ministério da Agricultura e do Mar.
Sendo certo que não se sabe quais são as propostas que estarão em cima da mesa, não deverão fugir
muito da que foi aprovada em julho pela ACIBEV no Conselho Geral da CVRVV e que previa um caráter
de exceção para os vinhos de Monção e Melgaço, os únicos Alvarinhos que poderiam ostentar no rótulo
a sub-região de proveniência. Para além disso, era sugerido que não só os Vinhos Verde Alvarinho
lotados tivessem de conter um mínimo de 20% desta casta para poderem fazer referência a ela, como
os próprios vinhos Regional Minho Alvarinho lotados teriam, também, de conter um mínimo de 20%.
Uma proposta classificada como "generosa", tendo em vista a proteção e valorização da marca
Alvarinho. "A questão é que a lei como está permite que um vinho regional lotado possa ter apenas
1% de Alvarinho e ser rotulado como tal e isso não valoriza o produto", alerta António Guedes.
Governo exige uma solução consensualizada. Primeira reunião agendada para hoje
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Diferendo no Alvarinho custa 17 milhões de euros