ID: 33016308 04-12-2010 | Fugas Tiragem: 50283 Pág: 32 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 25,54 x 31,46 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Prova de vinhos Anselmo Mendes Parcela Única 2009 A genialidade de um dos melhores enólogos nacionais NELSON GARRIDO Anselmo Mendes Parcela Única 2009 Pedro Garcias O minhoto Anselmo Mendes é um dos grandes enólogos nacionais e, talvez, o que mais inova a partir da tradição. Como consultor enológico, está associado a vários projectos de sucesso e a vinhos de referência. Bastaria citar os exemplos dos vinhos da Quinta da Gaivosa, no Douro, e da Casa de Cello, Quinta do Ameal e Provam, na Região dos Vinhos Verdes. Mas é como produtor dos seus próprios vinhos que merece os maiores elogios. Ainda antes dos 50 anos, Anselmo Mendes atingiu a sua idade de ouro com o seu fantástico portfolio pessoal da vindima de 2009 das castas Alvarinho e Loureiro. Trabalhador e criador incansável, reuniu um conjunto de vinhos capazes de surpreenderem os enófilos mais exigentes em qualquer parte do mundo e alcançou a genialidade com o novo Anselmo Mendes Parcela Única, da casta Alvarinho. Era o vinho que sempre quis fazer, o “tal vinho” que persegue todos os enólogos. Mas começamos pelos outros. Partindo da b ase da pirâmide, tendo em conta apenas o preço, o seu Muros Antigos Escolha Loureiro 2009 é um caso sério. Porque custa apenas 4,90 euros e é vinho para valer bastante mais. Parece saído de um jardim minhoto. Muito cítrico e floral de aroma, bastante mineral e elegante na prova de boca, compensa a exuberância aromática com uma acidez deliciosa, nada acerba, que torna o vinho muito delicado, fresco e guloso. Da gama Muros Antigos da colheita de 2009 há ainda o verde Escolha 2009, feito de Alvarinho e Loureiro (4,90 euros) e o Alvarinho (8,5 euros), ambos perfumados e minerais. O cabaz prossegue com o Alvarinho Contacto (8,5 a 9 euros), um vinho em que as películas estão em contacto com o mosto e que, depois de fermentar, estagia durante quatro meses em cubas de inox sobre as borras finas. Encantador de aroma, com sugestões de citrinos e de algum tropical, é muito enxuto e mineral na boca, com a fruta bem contida por uma frescura que lembra o orvalho da manhã. Subindo na escala, surge o Muros de Melgaço Alvarinho 2009 (14 euros), um vinho que fermenta e estagia em barricas Anselmo Mendes, Melgaço Castas: Alvarinho Graduação: 13,5% vol Região: Vinhos Verdes Preço: 24€ Nota de prova 9/9,5 Relação Qualidade /Preço 9 Escala de 1/2 (mau) A 9/10 (excelente) Anselmo Mendes usadas durante seis meses sobre as borras totais — as borras que resultam da fermentação e a que os antigos chamavam “a mãe”. Revolvidas regularmente, protegem os vinhos da oxidação e deixamnos mais estruturados. O risco é poderem ficar um pouco reduzidos e a cheirar a ovos podres. Não é o caso. Menos marcado pela madeira que as anteriores colheitas, é um vinho elegante que exala uma complexidade aromática e uma finesse e frescura de boca admiráveis. Anselmo Mendes repete o procedimento no seu Alvarinho Curtimenta 2009 (22 euros). Inspirado nas suas memórias minhotas, deixa fermentar durante um ou dois dias o vinho em contacto com as películas, leva-o depois à prensa e deixa-o acabar a fermentação em barricas de 225 litros, também usadas, onde estagia sobre as borras totais durante seis meses. É um Alvarinho com o melhor dos anteriores mas mais gordo e envolvente. Um moderno clássico. Para completar estas variações em torno do Alvarinho, Anselmo Mendes criou o Parcela Única (24 euros). Como o nome indica, o vinho é proveniente de uma única parcela das vinhas que possui em Melgaço. Plantada pelo próprio, desde há 10 anos que andava de olho nela, surpreendido com a qualidade dos vinhos que originava (Anselmo prova os seus vinhos às cegas e aquela parcela sempre se destacou). O vinho fermentou e estagiou igualmente sobre as borras totais, mas, ao contrário dos outros, passou nove meses em barricas de 450 litros e foi sujeito a pequenas doses de oxigénio (técnica que Anselmo Mendes tem vindo a testar, por acreditar que o oxigénio nos vinhos brancos, introduzido na dose certa, pode ter um papel positivo e não negativo, como é tese corrente). A primeira surpresa deste Parcela Única reside na falta de evidências que o associem de imediato à casta Alvarinho. A componente frutada típica da casta está lá, mas de forma mais dissimulada. É um vinho menos óbvio que cresce e se vai descobrindo com o arejamento. Os nove meses de estágio em barrica e a battonage deram-lhe uma grande estrutura e complexidade, sem o deixarem refém da influência por vezes excessiva do contacto prolongado com a madeira, apesar de ao primeiro gole o vinho parecer um pouco rugoso. Mas é uma impressão que passa depressa. O que fica é o seu carácter enxuto e seco, o frutado da casta e a sua impressionante mineralidade, que deixa uma interminável sensação de frescura na boca. Um vinho monumental que eleva a casta Alvarinho a um novo patamar de excelência. ID: 33016308 04-12-2010 | Fugas Os vinhos aqui apresentados são, na sua maioria, novidades que estão prestes a chegar ao mercado. A Fugas recebeu amostras dos produtores e provou-as de acordo com os seus critérios editoriais. As amostras podem ser enviadas para a seguinte morada: Fugas — Vinhos em Prova Praça Coronel Pacheco, n.º2, 3.º 4050-453 Porto Tiragem: 50283 Pág: 33 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 15,65 x 32,67 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Vila Santa Reserva Branco 2009 Quinta dos Cozinheiros Maria Gomes 2009 João Portugal Ramos Estremoz Castas: Antão Vaz, Arinto e Verdelho Graduação: 13,5% vol Região: Alentejo Preço: 11,39€ Quinta dos Cozinheiros Figueira da Foz Castas: Maria Gomes Graduação: 12,5% vol Região: Beiras Preço: 6,5€ Nota de prova Nota de prova Relação Qualidade /Preço Relação Qualidade /Preço João Portugal Ramos não é um produtor de relojoaria, prefere vender muito a um preço acessível do que pouco e caro. Mas o que faz tem a precisão de um relógio suíço. É bem feito e não engana. Este branco é um bom exemplo. Tem tudo no sítio: aroma exuberante (junta fruta ácida com alguma mais doce), textura ligeiramente gorda e mineral, sabor delicado e frescura a condizer. Vale bem o que custa. P.G. Este produtor, próximo da Figueira da Foz, foi o primeiro a usar no rótulo a umbrela Wines of Portugal - A World of Difference. Este selo é garantia de qualidade, mas a qualidade tem vários níveis, como se sabe. A deste vinho é boa e a apreciação não leva em linha de conta a ousadia que é fazer vinhos em produção biológica a apenas oito quilómetros do mar. Só isso é merecedor dos mais altos elogios. O vinho cavalga a onda dos aromas tropicais, embora também tenha algum citrino e discretas sugestões florais. Na boca é mais interessante, revelando sabores frutados contidos e uma bela acidez. P.G. Ameias Cabernet Sauvigon 2009 Quinta dos Carvalhais Duque de Viseu 2008 Sivipa Palmela Castas: Cabernet Sauvignon Graduação: 13,5% vol Região: Setúbal Preço: 4€ Sogrape Castas: Tinta Roriz, Tinta Nacional e Alfrocheiro Graduação: 13,5% vol Região: Dão Preço: 3,99€ Nota de prova Nota de prova Relação Qualidade /Preço Relação Qualidade /Preço Um vinho que não renega a casta, denotando fortes notas de pimento verde. É um vinho de perfil internacional, com um aroma marcadamente vegetal e, também por isso, muito fresco. Na boca é bastante macio e de sabor intenso. Um Cabernet Sauvignon amansado, óbvio, mas, se calhar, comercialmente eficaz, até porque o preço é convidativo. P.G. Aroma bastante vinoso e carregado de fruta vermelha, com alguma especiaria à mistura. É muito elegante e fresco, com taninos dóceis e um sabor frutado muito apetitoso. Como sempre, surge muito equilibrado. Um Dão barato e fiável. P.G. 8/8,5 8/8,5 7,5 8 7,5/8 8 7,5/8 8,5