SEGUIMENTO DE JESUS - Psicopedagogia de Jesus FREI JOÃO CARLOS KARLING, ofm [email protected] 51 9833 8421 SEGUIMENTO DE JESUS1 Quem foi Jesus? Onde e como viveu? O que viu? Ouviu? Falou? Testemunhou? Como era seu mundo? Quais eram: seus sentimentos, afetos, desejos, medos, angústias, vontades? Como se relacionava? A quem seguia? Quem sou eu? Onde e como vivo? O que vejo? Ouço? Falo? Testemunho? Como é meu mundo? Quais são: meus sentimentos, afetos, desejos, medos, angústias, vontades? Como me relaciono? A quem sigo? 1. JESUS SEGUINDO • Jesus foi seguidor... • Fez seu caminho de iniciação. • Como pessoa, fez seu processo de aprender e seguir... • Viveu trinta anos em Nazaré, onde crescia e se fortalecia (Lc 2, 40). • “Embora sendo Filho de Deus, aprendeu a ser obediente através de seus sofrimentos” (Hb 5, 8). • NÓS, ONDE APRENDEMOS? O caminho de seguimento de Jesus: • Nasceu num determinado: • Lugar. • Família. • Povo. • Cultura. • Língua. JESUS: • Nasce em Belém da Judeia, no Sul (Mt 2, 1). • Foi criado em Nazaré da Galileia, no Norte (Lc 4, 16), na roça. • Falava o aramaico, com sotaque de judeu da Galileia. • Era visto como judeu pela Samaria (Jo 4, 9) e como Galileu pelos judeus da Judeia (Mt 26, 69.73). • Não pertencia ao clero que cuidava do templo. • Não era Doutor da Lei. 1 A referência básica para as anotações que seguem é de Frei Carlos Mesters. Anotações feitas ao longo dos anos. Não cito, por isso, referências. 1 • • • • • Não pertencia ao grupo dos fariseus ou essênios. Nasceu leigo, pobre, sem proteção de uma classe ou família poderosa. Não se escolhe: nasce judeu! É seu ponto de partida. É a encarnação. DÁ ALGUNS CONDICIONAMENTOS! José provavelmente era migrante, vindo de Belém da Judeia (Lc 2, 4). JESUS: • Dos 33 anos de vida, passou 30 no anonimato, em Nazaré, cidade sem importância: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1, 46). • Viveu com a família e o povo (Lc 2, 52). • Aprendeu o seguimento em casa, na família, onde vivia com os pais, sendo obediente a eles (Lc 2, 51). A. Com a família, aprendeu a: • Amar. • Andar. • Falar. • Conviver. • Rezar. • Trabalhar. • O povo rezava muito: manhã, tarde, noite, todos os dias, desde criança, decorando os salmos. • A mãe ou avó os ensinava (2Tm 1, 5; 3, 15). • A vida de família para Jesus não foi fácil, especialmente na vida pública. Teve problemas: • Parentes achavam que estava louco e queriam que voltasse para casa (Mc 3, 21). • Depois da fama, queriam promovê-lo (Jo 7, 3-5). • E, nos dois casos, Jesus discordou deles (Jo 7, 5-6; Mc 3, 31-35). B. Aprendeu o seguimento na Bíblia: lida na comunidade e ruminada em casa: • Ele a conhecia de cor. • Aprendeu em casa com a mãe e na Sinagoga. • Ninguém tinha a Bíblia em casa. Era necessário ir ao Templo/Sinagoga. • Escritura: • Fonte de autoridade (Lc 4, 18). • Por ela, se orienta e se forma meditando as profecias do Servo de Deus e do Filho do Homem para saber como realizar a sua missão (Mc 1, 11; 8, 31). • Nela, encontra respostas para contrapor ao diabo e aos seus adversários (Lc 4, 4.8.12). C. Aprendeu o seguimento na tradição transmitida pelos Doutores da Lei: • Reconhece sua autoridade, mas avisa: “façam o que eles dizem, mas não o que eles fazem” (Mt 23, 3). • Reconhece que eles transmitem a vontade de Deus, mas dizem muitas coisas que não tem nada a ver com a mesma (Mc 7, 13). • Em Jerusalém, discutiu com eles (Lc 2, 46). • Em Nazaré, dos 12 aos 30 anos, escutou o ensinamento deles e os confrontava com a vida do povo, a Bíblia e sua experiência. D. Aprendeu o seguimento na convivência com o Povo de Nazaré: • Nazaré: povoado pequeno, todos se conheciam. 2 • Conheciam a família de Jesus (Mc 6, 3). • Jesus conhecia o povo (Jo 2, 24-25). • Nos trinta anos, aprendeu o que também nós aprendemos: as tradições, os costumes, as festas, os cânticos, os tabus, as histórias, os medos, as doenças, os poderes, os remédios... Quando Jesus se afasta de algumas práticas do dia a dia, o povo não gosta e nem acredita (Mc 6, 4-6). • Quando na reunião da comunidade, começa a ligar a Bíblia com a vida (Lc 4, 21), a briga foi tanta que queriam matá-lo (Lc 4, 22-30). E. Aprendeu o seguimento no trabalho: • Aprendeu a profissão de seu pai (Mt 13, 55). • Serviu seu povo como carpinteiro (Mc 6, 3). • Carpintaria e roça... Trabalho duro para viver e sobreviver... Terra boa, mas alta exploração de impostos (Mc 2, 14-15). F. Aprendeu o seguimento na escola: • Em todos os povoados da Galileia, havia, junto à Sinagoga local, a “beth-há-midrasch”, a casa da letra. Lá, os meninos iam aprender a ler e escrever. Jesus sabia ler (Lc 4, 16-17). G. Aprendeu o seguimento no mundo: • A Galileia no tempo de Jesus tinha uma maneira diferente de conviver com os povos. Era mais aberta, cercada por cidades pagãs, grandes centros comerciais, como: Damasco, Tiro, Sidônia, Ptolomaide, Cesareia, Samaria, Decápole... • Os judeus da Galileia tinham mais contato com os pagãos do sul e os chamavam de “Galileia dos pagãos” (Is 8, 23; Mt 4, 15). • Esse contato com os outros povos influenciou a formação de Jesus. Ele viajou e foi para várias regiões: • Tiro e Sidônia (Mc 7, 24.31). • Decápole (Mc 5, 1.20; 7, 31). • Cesareia de Filipe (Mc 8, 27). • Samaria (Lc 17, 11). • Conversa com o povo (Mc 7, 24-29; Jo 4, 7-42), o que era proibido. • Reconhece a fé das pessoas que não eram judias e aprende com elas (Mt 8, 10; 15, 28). • Com as pessoas, muda de opinião (Mt 15, 24.28). H. Aprende o seguimento no coração: • No tempo de Jesus, o livro do Eclesiástico era muito conhecido e ele recomendava: “Frequente sempre aquelas pessoas das quais você sabe que elas são fiéis aos mandamentos de Deus e que têm a mesma disposição de você e que, quando você tropeça, sofrem com você e o ajudam. Porém, acima de tudo, siga o conselho de seu próprio coração, porque o coração da gente é de confiança, é fiel a você e te aconselha melhor do que sete sentinelas colocadas no alto da torre. E, por fim, reza ao Deus altíssimo, para que ele dirija os seus passos de acordo com a verdade” (Eclo 37, 12-15). • E Jesus começa a escutar o coração, onde mora o Pai. I. Aprendeu o seguimento na vida de intimidade com Deus, seu Pai: • Jesus, o filho, rezava e rezava muito! • Passava noites e noites em oração (Lc 6, 12). • Na oração, procurava saber o que o Pai queria dele (Mt 26, 39). 3 2. JESUS QUE CHAMA AO SEGUIMENTO • Jesus anuncia e chama ao seguimento dos 30 aos 33. • Na Galileia, limitado a um tempo e espaço físico. Jesus chama as pessoas para segui-lo: • Nos evangelhos, o chamado de Jesus não é uma coisa de um só momento ou de uma vez só. Ele o faz de vários e repetidos convites. • Jesus chamando: • Começa com poucos à beira-mar (Mc 1, 16). • Só termina depois da ressurreição (Mt 28, 18-20; Jo 20, 21). • Começa na Galileia (Mc 1, 14-17) e, no fim, depois da ressurreição, recomeça novamente na Galileia (Mc 14, 28; 16, 7), também à beira do lago (Jo 21, 4-17). • Recomeça sempre... Seguimento é assim... Sempre... Sempre... Sempre... • Jesus chamando: • Sua maneira de chamar é simples e variada. • Às vezes, ele toma a iniciativa: passa, olha e chama (Mc 1, 16-20). • Outras vezes, são os discípulos que convidam parentes e amigos (Jo 1, 40-42.45-46). • Ou é João Batista que aponta a Jesus como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1, 35-39). • Outras vezes é a própria pessoa que se apresenta a Jesus e pede para segui-lo (Lc 9, 5758.61-62). • A maior parte das pessoas que é chamada já conhecia Jesus e já havia tido alguma convivência com ele. • Vêem-no ajudar o povo ou o escutam na sinagoga (Jo 1, 39; Lc 5, 1-11). • Sabem quem é Jesus, como vive e o que ele pensa. • Sabem que é uma pessoa perseguida e contestada (Jo 15, 20). • Que convive com os marginalizados (Mc 2, 15-16; Lc 7, 37-50). • E cujo jeito de ver as coisas é diferente das autoridades da época (Mc 1, 21-22). • Jesus chamando: • O chamado é gratuito, não custa. • Mas... Acolher o chamado exige muita decisão e compromisso. E Jesus não esconde as exigências. Quem quer segui-lo deve saber o que está fazendo: • Deve mudar e crer na boa nova (Mc 1, 15). • Estar disposto a abandonar tudo e assumir, com ele, uma vida pobre e itinerante. Quem não estiver disposto a isso “não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 33). • O centro não está na renúncia, mas no amor. • É por amor a Jesus (Lc 9, 24) que o discípulo deve renunciar a si mesmo, todos os dias, e carregar a sua cruz, para segui-lo (Mt 10, 37-39; 16, 24-26; 19, 27-29). • É por amor ao evangelho (Mc 8, 35). • O chamado é como um novo nascimento (Jo 3, 3-8), aceito deve-se deixar os mortos enterrarem os mortos (Lc 9, 60), seguindo em frente, sem olhar para trás (Lc 9, 62). • O chamado é como um tesouro, uma pedra escondida, pela qual se abandona tudo para seguir Jesus (Mt 13, 44-46), entrando em nova família e comunidade (Mc 3, 31-35). 3. PESSOAS CHAMADAS PARA SEGUIR JESUS • Nem santos, nem perfeitos: como nós, com virtudes e defeitos. O evangelho informa pouco, mas o pouco que informa é consolo e incentivo para nós, que queremos seguir Jesus. Olhemos: Pedro • Generoso e entusiasta (Mt 14, 28-29). 4 • Na hora do perigo e da decisão, o seu coração encolhia, e ele voltava atrás (Mt 14, 30; Mc 14, 66-72). • Jesus rezou por ele (Lc 22, 32), para que fosse pedra de apoio (Mt 16, 18) e não de tropeço (Mt 16, 23). Tiago e João • Estavam dispostos a sofrer com Jesus: “Sois capazes de beber a taça que eu vou beber...?... Podemos” (Mc 10, 39). • Mas eram muito violentos (Lc 9, 54): “Senhor, queres que mandemos que caia um raio do céu e acabem com eles?”. • Jesus os chamou de filhos do trovão (Mc 3, 17). Filipe • Tinha muito jeito para colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1, 45-46). • Não era muito prático em resolver os problemas (Jo 6, 5-7; 12, 20-22). • Jesus chegou a perder a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14, 8-9). André • Mais prático. • Ele encontrou o menino com os cinco pães e dois peixes (Jo 6, 8-9). • É a ele que Filipe recorre para resolver o caso dos gregos que queriam ver Jesus (Jo 12, 20-22). • É ele que chama Pedro para encontrar-se com Jesus (Jo 1, 40-43). Tomé • Era cabeçudo, capaz de sustentar sua opinião por uma semana ou mais contra o testemunho de todos os demais (Jo 20, 24-25). • Era sincero. Quando viu que estava errado, não teve medo em reconhecer a sua falta (Jo 20, 26-28). • Era generoso e estava disposto a morrer com Jesus: “Vamos também nós morrer com ele” (Jo 11, 16). Natanael • Era bairrista e não admitia algo de bom vindo de Nazaré (Jo 1, 46). • Diante da evidência da pessoa de Jesus, reconhece nele o Filho de Deus (Jo 1, 49). • Aparece só em João, alguns o identificam com Bartolomeu (Mc 3, 18). Mateus • Publicano, pessoa excluída da religião dos judeus, colaborava com o sistema romano (Mt 9, 9). • Chamado de Levi em Marcos e Lucas (Mc 2, 14; Lc 5, 27). • Mateus = dom de Deus. Excluídos = dom de Deus para a comunidade. Simão • Era zelote (Mc 3, 18). • Só sabemos o seu nome e apelido. • Zelote: fazia parte do movimento popular da época que se opunha ao sistema opressor do império romano. 5 Judas • Guardava o dinheiro do grupo (Jo 12, 6; 13, 29). • Tornou-se traidor (Jo 13, 26-27). • Nome completo: Judas Iscariot (Iscariotes) (Mc 3, 19; Mt 10, 4). • Alguns acham que ele era da Kariot ou Keriot, lugarejo na Judeia. Nesse caso, seria o único judeu num grupo de onze galileus. • João o chama de ladrão (Jo 12, 4-6). Nicodemos • Membro do Sinédrio, o Supremo Tribunal da época. • Homem importante. • Aceitava a mensagem de Jesus, mas, no início, com medo de manifestá-la publicamente. • Falava com Jesus só de noite (Jo 3, 1). • Mas ele cresceu na fé e no seguimento e no fim teve coragem de defender Jesus diante dos membros do Supremo Tribunal (Jo 7, 51). • Ajudou José de Arimateia a retirar o corpo de Jesus da cruz (Jo 19, 39-40). Joana • Esposa de Cusa, procurador de Herodes, que governava a Galileia. • Junto com Suzana e outras mulheres, seguia Jesus e o servia com seus bens (Lc 8, 2-3): “Acompanhavam-no os doze e algumas mulheres que havia curado de espíritos imundos e de enfermidades. Maria Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cusa, o mordomo de Herodes; Suzana e muitas outras, que os atendiam com seus bens”. Maria Madalena • Nascida em Magdala, daí seu nome. • Jesus a curou de sete demônios (Lc 8, 2). • Uma das maiores amigas de Jesus e o seguiu até o pé da cruz (Mc 15, 40). • Foi ela que recebeu de Jesus a ordenação de anunciar a Boa Nova da Ressurreição aos irmãos (Jo 20, 17; Mt 28, 10). Jesus chamando... • Passou noites em oração antes de escolher (Lc 6, 12-16). • Rezou para escolher e escolheu os que vimos. • Não escolheu a elite, não escolheu pessoas prontas, formadas ou altamente qualificadas. Escolheu: • Gente simples, sem muita instrução (At 4, 13; Jo 7, 15). • Quase todos pobres ou excluídos (Lc 4, 18; Mt 11, 25). Jesus escolhendo... • Homens e mulheres, pais e mães de família (Lc 8, 2-3; Mc 15, 40s). • Pescadores (Mc 1, 16.19). • Publicanos (Mt 9, 9). • Zelotas, Simão, do movimento popular (Mc 3, 18). • É possível que alguns tenham vindo dos mesmos grupos de revoltosos, pois carregavam armas e tinham atitudes muito violentas (Mt 26, 51; Lc 9, 54; 22, 49-51). • Outros tinham sido curados por Jesus ou libertos de espíritos maus (Lc 8, 2). • Mais ricos: Joana e Suzana (Lc 8, 3), Nicodemos (Jo 3, 1-2), José de Arimateia (Jo 19, 38), Zaqueu (Lc 19, 5-10). 6 • Jesus escolhendo... • Os escolhidos sentiram na carne o que é seguir: • Nicodemos ao defender Jesus foi vaiado (Jo 7, 50-52). • José de Arimateia, ao pedir o corpo de Jesus, correu o risco de ser considerado inimigo dos romanos e judeus (Mc 15, 42-45; Lc 23, 50-52). • Zaqueu devolveu quatro vezes mais o que roubou e deu a metade de seus bens aos pobres (Lc 19, 8). Jesus chamando... O objetivo do chamado é duplo: a) “Vem e segue-me” (Mc 1, 17). Jesus chama para estar com ele, formar comunidade/fraternidade (Mc 10, 21). b) “Farei de vocês pescadores de homens” (Mc 1, 17; Lc 5, 10). Chamados, para segui-lo, estar com ele e trabalhar na missão! 4. JESUS CHAMA OS QUE ELE QUER! • Ao seu redor, formam-se grupos concêntricos: • Um núcleo menor de 12 (Mc 3, 13-19). • Comunidades mais amplas de homens e mulheres (Lc 8, 1-3). • Um grupo maior de 72 (Lc 10, 1-12). • Dentro do núcleo dos 12, formam-se grupos menores: • Em momentos de oração Pedro, Tiago e João (Mt 26, 36-46; Lc 9, 28-36). SEGUIMENTO DE JESUS - TRÊS DIMENSÕES 1 - IMITAR O EXEMPLO DO MESTRE • Jesus era o modelo a ser recriado na vida do discípulo ou discípula (Jo 13, 12-17). 2 - PARTICIPAR DO DESTINO DO MESTRE • Não aprendizado teórico, mas de vida. • Estar com ele nas tentações (Lc 22, 28-30). • Estar com ele nas perseguições (Mt 10, 24-25). • Estar disposto a carregar a cruz e a morrer com ele (Mc 8, 34-35; Jo 11, 16). 3 - TER A VIDA DE JESUS DENTRO DE SI • É experiência mística (Gl 2, 20; Fl 3, 10-11). SEGUIMENTO DE JESUS No ritmo diário em casa: • * As 18 bênçãos (M/T/N). • * O Shemá, composto de três benditos e três leituras: • 1. Um bendito ao Deus Criador que gera o povo. • 2. Um bendito ao Deus Revelador que elege o povo. • 3. Três Leituras: – Dt 6, 4-9: receber o jugo do Reino. – Dt 11, 13-21: receber o jugo da Lei de Deus. – Nm 15, 37-41: receber a consagração. • 4. Um bendito ao Deus Redentor que liberta o povo. • * Tudo misturado com Salmos. 7 No ritmo semanal na sinagoga/comunidade: • Pirquê Abot dizia: “O mundo repousa sobre três colunas: a Lei, o Culto e o Amor”. Bíblia, celebração, serviço. • Todo povo o fazia, aos sábados, na Sinagoga. • Mesmo durante as viagens, Jesus e os discípulos tinham o “costume” de se reunir com a comunidade local para: • Ouvir as Leituras da Bíblia (Lei). • Rezar e louvar a Deus (Culto). • Discutir os serviços a serem realizados para a edificação da Comunidade (Amor) (Lc 4, 16-21.44; Mc 1, 39). No ritmo anual, no Templo, no meio do povo: • Cada ano, o povo tinha que fazer três romarias para visitar a Deus no templo, nas três grandes festas da História do Povo: • Páscoa Pentecostes Tendas (Ex 23, 14-17). • Jesus e os discípulos participavam das Romarias e visitavam o Templo de Jerusalém (Jo 2, 13; 5,1; 7,14; 10, 22s; 11, 55-57). • Seguimento: participação da nova experiência de Deus e da vida que irradiava de Jesus. Na missão da comunidade: • TESTEMUNHAR A NOVA EXPERIÊNCIA DE DEUS: • Deus é Abba, pai/mãe. • Pessoas irmãos/irmãs. • * Realidade é diferente! • * Jesus proclama sua missão: Lc 4, 18-19. Jo 20, 21. Mc 1, 16-45 1 - Mc 1, 16-20 - CRIAR COMUNIDADE • Jesus chama os discípulos para segui-lo. • Primeiro objetivo da missão: reunir as pessoas em torno de Jesus. • Criar comunidade/fraternidade. 2 - Mc 1, 21-22 - DESPERTAR CONSCIÊNCIA CRÍTICA • A primeira coisa que o povo percebe é a diferença do ensinamento de Jesus e dos escribas. • Missão: denunciar a religião que esconde o rosto de Deus. 3 - Mc 1, 23-28 - COMBATER O PODER DO MAL • O primeiro milagre de Jesus é a expulsão de um espírito imundo. • Missão: combater o mal que estraga a vida das pessoas, da natureza, da criação. 4 - Mc 1, 29-34 - RESTAURAR A VIDA PARA O SERVIÇO • Jesus curou a sogra de Pedro. • Ela levantou-se e começou a servir. • Missão: preocupar-se com os doentes, para que possam voltar a prestar serviços aos outros, ser úteis. 8 5 - Mc 1, 35 - PERMANECER UNIDO AO PAI PELA ORAÇÃO • Depois de um dia de trabalho, no outro, bem cedo, levanta para poder rezar num lugar deserto. • Missão: permanecer unido à fonte da boa nova, o Pai, pela oração. 6 - Mc 1, 36-39 - MANTER A CONSCIÊNCIA DA MISSÃO Os discípulos gostaram do resultado e queriam que Jesus voltasse. Ele segue adiante. Missão: não se fechar sobre o resultado já obtido, manter viva a consciência. 7 - Mc 1, 40-45 - REINTEGRAR OS MARGINALIZADOS NA CONVIVÊNCIA Jesus cura um leproso e pede que ele se apresente ao sacerdote para ser purificado e voltar a conviver com o povo. Faz parte da missão acolher os marginalizados e reintegrá-los na convivência humana. Jesus anuncia o reino para todos a partir dos pobres/excluídos. ACOLHE OS QUE NÃO ERAM ACOLHIDOS RECEBE-OS COMO irmãos: “OS IMORAIS”: PROSTITUTAS E PECADORES (Mt 21, 31-32; Mc 2, 15; Lc 7 ,37-50; Jo 8, 2-11) “OS HEREGES”: PAGÃOS E SAMARITANOS (Lc 7, 2-10; 17, 16; Mc 7, 24-30; Jo 4, 7-42) “OS IMPUROS”: LEPROSOS E POSSESSOS (Mt 8, 2-4; Lc 11, 14-22; 17, 12-14; Mc 1, 25-26) “OS MARGINALIZADOS”: MULHERES, CRIANÇAS E DOENTES (Mc 1, 32; Mt 8, 17; 19, 13-15; Lc 8, 2s) “OS COLABORADORES”: PUBLICANOS E SOLDADOS (Lc 18, 9-14; 19, 1-10) “OS POBRES”: O POVO DA TERRA E OS POBRES SEM PODER (Mt 5, 3; Lc 6, 20.24; Mt 11, 25-26) Jesus é claro: não é possível segui-lo apoiando um sistema que marginaliza! ESCOLHER: • “Ou Deus, ou o dinheiro! Servir aos dois não dá” (Mt 6, 24). • “Vai, vende tudo que tens, dá aos pobres. Depois, vem e segue-me” (Mt 19, 21). • Seguir Jesus: lutar pela vida, estando com ele nas tentações (Lc 22, 28); nas perseguições (Jo 15, 20; Mt 10, 24-25); na morte (Jo 11, 16). JESUS, NAS PARÁBOLAS, PEDE SERIEDADE: • No uso dos bens (Mt 25, 21-30; Lc 19, 11-28). • Dinheiro a serviço da vida (Lc 16, 9-13). • Ser pobre não é sinônimo de relaxado e descuidado! 9 SEGUIMENTO DE JESUS Atitudes 1 - TODOS IRMÃOS • Ninguém aceitar o título de mestre, pai, guia, pois “um só é o mestre e todos vocês são irmãos” (Mt 28, 3-10). • (se compreendesses o dom de Deus...). • A base do seguimento não é o saber, nem o poder, nem hierarquia, mas sim, a igualdade de todos como irmãos, ao redor do mestre. 2 - IGUALDADE - HOMEM E MULHER - Jesus muda o relacionamento homem-mulher. - A) tira o privilégio do homem com relação à mulher (Mt 19, 3-12). - B) Não só os homens, também as mulheres “seguem” Jesus desde a Galileia (Mc 15, 4041; Lc 23, 49; 8, 1-3). - C) Ele revela seus segredos tanto aos homens como às mulheres. À samaritana, revelou que é o Messias (Jo 4, 26). A Pedro, revelou que é o Filho de Deus (Mt 16, 16). À Madalena, apareceu por primeiro e lhe deu a ordem de anunciar a boa nova aos apóstolos (Mc 16, 9-10; Jo 20, 11-18). 3 - PARTILHA DOS BENS - Na sua comunidade, ninguém tinha nada de próprio (Mc 10, 17-28); - Havia caixa comum, aberto também aos pobres (Jo 13, 29). - Nas viagens, confiava no povo. Dependia da partilha que recebia (Lc 10, 7). - Elogiou a viúva que deu até do necessário (Mc 12, 41-44). 4 - AMIGOS E NÃO EMPREGADOS • A partilha tem como base o econômico, mas deve chegar ao coração (At 1, 14; 4, 32). • A comunhão deve ser tal que rompe os segredos: “já não vos chamo de empregados, mas sim, de amigos. Pois tudo o que ouvi do meu Pai contei para vocês” (Jo 15, 15). 5 - PODER COMO SERVIÇO • É O PONTO NO QUAL JESUS MAIS INSISTE. • Vejamos: Lc 22, 24-26; Jo 13, 12-17; Mt 20, 17-28; (Mc 10, 32-45). • APRENDEU DE SUA MÃE QUE DISSE: “EIS AQUI A SERVA DO SENHOR. FAÇA-SE EM MIM SEGUNDO A TUA PALAVRA” (Lc 1, 38). 6 - PODER DE RECONCILIAR E PERDOAR • O poder de perdoar em nome de Deus foi dado a Pedro (Mt 16, 19), aos apóstolos (Jo 20, 23) e às comunidades (Mt 18, 18). • O perdão de Deus passa pela comunidade, lugar de perdão e reconciliação e não de condenação mútua. 7 - ORAÇÃO EM COMUM • Eles iam juntos à romaria do templo (Jo 2, 13; 7, 14; 10, 22-23). • Rezavam antes das refeições (Mc 6, 41; Lc 24, 30). • Frequentavam as sinagogas (Lc 4, 16). • Jesus se retirava com eles para rezar, em grupos menores (Lc 9, 28; Mt 26, 36-37). 10 8 - ALEGRIA • JESUS DIZ AOS SEUS: • “Felizes são vocês” porque: • Vossos nomes estão escritos no céu (Lc 10, 20). • Seus olhos vêem a realização da promessa (Lc 10, 23-24). • O reino é de vocês (Lc 6, 20). • Alegria convive com dor e perseguição (Mt 5, 11). • Ninguém consegue roubá-la (Jo 16, 20-22). SEGUIMENTO DE JESUS Suas atitudes O AMIGO QUE CONVIVE E FORMA PARA O SEGUIMENTO NA MISSÃO Formação para o seguimento se dá na convivência. Como Jesus convivia com eles? Como passava sua experiência do Pai? • É amigo, partilhando tudo, até mesmo os segredos do Pai (Jo 15, 15). • É carinhoso, provoca respostas fortes de amor (Lc 7, 37-38; 8, 2-3; Jo 21, 15-17; Mc 14, 3-9; Jo 13, 1). • É atencioso, preocupa-se com a alimentação dos discípulos (Jo 21, 9). • Cuida do descanso deles e procura estar a sós com eles para descansar (Mc 6, 31). • Ele inspira paz e reconciliação: “a paz esteja com vocês” (Jo 20, 19; Mt 10, 26-33; Mt 18, 22; Jo 20, 23; Mt 16, 19; Mt 18, 18). • É compreensivo, aceita os discípulos do jeito que são, até mesmo a fuga, a negação, a traição, sem romper com eles (Mc 14, 27-28; Jo 6, 67). • É comprometido, defende os amigos quando são criticados pelos adversários (Mc 2, 1819; 7, 5-13). • É realista e observador, despertando a atenção dos discípulos para as coisas da vida através do ensino das parábolas (Lc 8, 4-8). • É livre, liberto, desperta liberdade e libertação. “O ser humano não foi feito para o sábado mas...” (Mc 2, 27; 2.18.23). • É misericordioso, manso e humilde, convida os pobres: “venham todos a mim” (Mt 11, 28). • É preocupado com a situação do povo, esquece o próprio cansaço e acolhe o povo que o procura (Mt 9, 36-38). • É sábio, conhece a fragilidade do ser humano, sabe o que se passa no seu coração e, por isso, insiste na vigilância e ensina-os a rezar (Lc 11, 1-13; Mt 6, 5-15). • É homem de oração, aparece rezando em todos os momentos importantes e desperta nos outros o desejo de rezar: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11, 1-4; Lc 4, 1-13; 6, 12-13; Jo 11, 41-42; Mt 11, 25; Jo 17, 1-26; Lc 23, 46; Mc 15, 34). JESUS É • HUMANO. • MUITO HUMANO. • TÃO HUMANO COMO SÓ DEUS PODE SER! Jesus envolve os discípulos na missão (Lc 9, 1-2; 10,1): • Devem ir dois a dois (Mt 10, 7; Lc 10, 1.9). • Curar os doentes (Lc 9, 2). • Expulsar os demônios (Mc 3, 15). 11 • Anunciar a paz (Lc 10, 5; Mt 10, 13). • Rezar pela comunidade da missão (Lc 10, 2). • Faz revisão de vida com os seus (Lc 9, 1-2; 10, 1; 10, 17-20). • Corrige os erros quando erram e querem ser os primeiros (Mc 9, 33-35; 10, 14-15). • Sabe aguardar o momento oportuno para corrigir (Lc 9, 46-48; Mc 10, 14-15). • Ajuda-os a discernir (Mc 9, 28-29). • Interpela-os quando são lentos (Mc 4, 13; 8, 14-21). • Prepara-os para o conflito e a perseguição (Jo 16, 33; Mt 10, 17-25). • Manda observar a realidade (Mc 8, 27-29; Jo 4, 35; Mt 16, 1-3). • Reflete com eles as questões do momento (Lc 13, 1-5). • Confronta-os com as necessidades do povo (Jo 6, 5). • Ensina que as necessidades do povo estão acima das prescrições rituais (Mt 12, 7.12). • Tem momentos a sós para poder instruí-los (Mc 4, 34; 7, 17; 9, 30-31; 10, 10; 13, 3). • Sabe escutar mesmo quando o diálogo é difícil (Jo 4, 7-42). • Ajuda as pessoas a se aceitar a si mesmas (Lc 22, 32). • É exigente e pede para deixar tudo por amor a ele (Mc 10, 17-31). • É severo com a hipocrisia (Lc 11, 37-53). • Faz mais perguntas do que respostas (Mc 8, 17-21). • É firme e não se deixa desviar do caminho (Mc 8, 33; Lc 9, 54). • Andar com Jesus e conviver com ele não era ainda garantia de ser seu discípulo. Havia o risco do “fermento de Herodes e dos fariseus” (Mc 8,15). • E nós, que fermento trazemos? Neoliberalismo? Consumismo? Individualismo? Preconceitos de família? Cultura? • Na formação, vigilância para: Formação do Grupo 1. Superar a mentalidade de grupo fechado (Mc 9, 38). 2. Superar a mentalidade do grupo que se considera superior aos outros (Lc 9, 54). 3. Superar a mentalidade de competição e prestígio (Mc 9, 33-35). “Não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10, 45; Mt 20, 28; Jo 13, 1-16). 4. Superar a mentalidade de quem marginaliza o pequeno. “Deixem vir a mim as crianças!” (Mc 10, 14). 5. “Quem não receber o Reino como uma criança não pode entrar nele” (Lc 18, 17). 6. Superar mentalidade de quem segue a opinião da ideologia dominante. “Quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego”? (Jo 9, 2). SEGUIMENTO DE JESUS Formação do Grupo - conteúdos e recursos didáticos 1. TESTEMUNHO DE VIDA • JESUS FORMA PELO SEU TESTEMUNHO: • “Segue-me” (Lc 5, 27). • “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 16). • “Quem me vê vê o Pai” (Jo 14, 9). • O discípulo tem na vida do Mestre uma norma (Mt 10, 24-25). 2. A BÍBLIA E A HISTÓRIA DO POVO • Jesus cita o AT seguidamente, reza os salmos, medita. Faz em vista do povo, da missão. 3. A CRUZ E O SOFRIMENTO 12 • • Os discípulos não querem aceitá-la (Mc 8, 31-33). Jesus quer ajudá-los a superar o escândalo da Cruz (Mc 8, 31-34; 9, 31-32; 10, 33-34). 4. A VIDA DA NATUREZA • As parábolas são exemplo (Mt 13, 1-52). 5. OS PROBLEMAS DA VIDA, OS FATOS, AS PERGUNTAS DO POVO • O crime de Pilatos contra alguns romeiros na Galileia, a queda da torre em construção que matou 18 operários (Lc 13, 1-4); a discussão dos discípulos pelo caminho (Mc 9, 33-36); a fome do povo (Lc 9, 13); o ensinamento dos escribas (Mc 12, 35-37)... 6. MOMENTOS A SÓS COM OS DISCÍPULOS • Muitas vezes, Jesus os convida para um lugar retirado, seja para: • INSTRUIR (Mc 4, 34; 7, 17; 9, 30-31; 10, 10; 13, 3). • DESCANSAR (Mc 6, 31). 7. MEMORIZAÇÃO NA BASE DA REPETIÇÃO • Não havia livros, manuais... Final do Sermão da Montanha (Mt 7, 24-25 e 26-27). 8. ORAÇÃO E AMBIENTE DE ORAÇÃO • Os salmos eram aprendidos de memória, com suas expressões corporais: • PROCISSÃO (Sl 95, 2). • PROSTRAÇÃO (Sl 95, 6). • ESTENDER AS MÃOS (Sl 63, 5). • PAI-NOSSO (Mt 6, 9-13; Lc 11, 2-4). 13