ADMINISTRAÇÃO : A TEORIA E A PRÁTICA
AUTOR
Marcos Cortez Campomar
INSTITUIÇÃO
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Universidade de São Paulo
RESUMO
Muitas e muitas vezes alunos reclamam que a universidade é muito teórica e que eles querem mais prática.
É preciso explicar a eles que na Universidade se ensina a teoria e que à prática só existe no mundo real. O máximo
que, nós professores, podemos fazer é simular a prática em laboratórios, apresentar exercícios ou trazer exemplos.
Na área de administração á apresentação da prática é feita com análise de casos, exercícios, exemplos e jogos de
empresas.
Estas simulações da prática em administração servem apenas para proporcionar aos alunos ilustrações de como os
conceitos, as teorias e os modelos podem ser aplicados e de como isto pode ajudá-los ao agir em determinadas
situações. Tudo isto sem fugir da máxima de que “certo em administração e o que deu certo”, não havendo a
possibilidade de se decidir na certeza, pois o risco é inerente ao processo decisório administrativo.
O que deve ser feito, então, é procurar aumentar as probabilidades de acerto.
E nesta procura de dar bases para o acerto nas decisões administrativas que a escola deve trabalhar, dando
ferramentas modernas e desenvolvendo o espirito analítico dos alunos.
São estas teorias e modelos que eu chamei de “ferramentas” que vão permitir que o estudante, ao tornar-se
profissional, possa enfrentar situações que não se lhes apareceram antes.
Costumo dizer aos meus alunos em inicio de curso que “nada deveria superar a prática em administração”. Isto
assusta porque a prá tica está ligada a tempo e a oportunidade de praticar, deixando muitos temerosos de só ficarem
bons quando estiverem velhos e quando tiverem passado por muitas experiências.
Esta frase, porém, precisa ser completada. “Nada deveria superar a prática desde que as coisas acontecessem no
presente exatamente como aconteceram no passado” e isto todos sabem que não acontece nunca.
Aquele que aprendeu na prática só sabe fazer do jeito que aprendeu e quando uma situação inusitada se lhe apresenta
ele irá procurar resolvê-la dentro dos limites do que sabe por não conhecer outras alternativas.
São as alternativas de solução e os caminhos novos que se aprende na Universidade, onde sempre deve haver
pesquisas para avançar o estado de arte do conhecimento.
A grande massa dos administradores brasileiros administra por experiência, já que quase 70% da nossa economia
formal está na mão do pequeno e médio empresário que administra com base do que aprendeu na prática e com um
conceito familiar.
E esta massa que não sabe reduzir custos e aumentar produtividade é que pede a constante proteção governamental
para manter seus negócios quando as variáveis incontrolaveis do mercado variam incontrolavelmente como sói
acontecer.
São executivos e empresários sem a formação que lhes permita tomar decisões com bases em teorias e modelos
empíricos (os quais vem em geral de pesquisas sobre situações reais) e sem o espirito analítico desenvolvido nas
escolas que impedem o desenvolvimento, emperrando as mudanças.
Volto a frisar, portanto, que cada vez mais os professores devem procurar ensinar ao maior numero possível de
pessoas os conceitos, as teorias e os modelos porque só assim poderemos ter o avanço no processo administrativo.
Esta ênfase toda no processo administrativo no caso brasileiro é fundamental porque parece estar claro que nosso
problema é de administração, já que não podemos reclamar por falta de recursos ou por estarmos afligidos por
grandes cataclismas.
Os que administram só com base na experiência dizem que sempre fizeram de um certo feito e então não devem (ou
não sabem) mudar. O problema é que se a administração do país tivesse sido boa até hoje, não estaríamos na ma
conjuntura em que estamos.
Quando falo da administração como um todo, é claro que devemos lembrar os maus governos (sejam eles militares
ou políticos), mas quero salientar que a culpa principal não está nas mãos dos governantes, mas sim dos que estão
administrando o processo econômico.
Os professores de administração devem ter, portanto, a preocupação em pesquisar para adaptar ou propor conceitos,
modelos e teorias que se adeqüem aos problemas brasileiros e transmitir isto para os seus alunos por meio de
tentativas de aplicação prática com exemplos, casos, etc., mas lembrando a eles, o tempo todo, que e a teoria que vai
permitir a solução de problemas novos e não a prática.
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