Conselho Editorial Av Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 [email protected] Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt ©2015 João Henrique Pederiva; Lucio Rennó Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. P3712 Pederiva, João Henrique; Rennó, Lucio Responsividade Democrática no Brasil de Lula e na Argentina dos Kirchner/ João Henrique Pederiva; Lucio Rennó. Jundiaí, Paco Editorial: 2015. 332 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-8148-850-9 1. Orçamento governamental 2. Finanças públicas 3. Representação democrática 4. Responsividade . I. Pederiva, João Henrique II. Rennó, Lucio CDD: 320 Índices para catálogo sistemático: Ciências Políticas Democracia Finanças públicas IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi feito Depósito Legal 320 321 336 O livro é dedicado às nossas famílias, especialmente, a Patrícia, Marta, Alice e Luiza, a Izabel e Elisa, a nossos pais e a quem mais persiste na busca de um mundo melhor para todos. AGRADECIMENTOS O trabalho contou com o estímulo e as contribuições de professores e colegas do Centro de Pesquisa e Pós-graduação sobre as Américas (Ceppac/UnB), especialmente Camilo Negri e Daniel Marcelino, e do Grupo de Instituições e Políticas Públicas (GIPP/UnB), com destaque para Paulo Calmon e Suely Araújo. Nossa especial gratidão a Bernardo Mueller e Ricardo Rodrigues, integrantes da banca de defesa, e James Giacomoni e Timothy Power, pelo apoio e pelas contribuições ao trabalho. No Senado Federal (SF), foi imprescindível a colaboração de Claudia Lyra e Rosa, da Secretaria-Geral da Mesa, assim como de Neto, da Gráfica do Senado Federal, para a solução de dificuldades variadas, incluindo a disponibilidade e o acesso aos dados do Plenário da Casa. Cumpre ainda agradecer Helder Rebouças, Leonei Gomes, Luiz Perezino e Walter Valente, pelos dados e momentos de reflexões. Na Argentina, foram fundamentais as indicações de Miguel de Luca, Alejandro Bonvecchi e Gérman Lodola, além de Eduardo Delle Ville. Roberto Martirene e Guillermina Rodriguez, vinculados à Oficina Nacional de Presupuesto (ONP), os servidores da Contaduría General de la Nación (CGN), e Elisa Bianchi, do Serviço de Informática, e Jorge Bravo, Diretor dos Taquígrafos do Honorable Senado de La Nación (HSN), esclareceram dúvidas e facultaram o acesso a informações essenciais para a pesquisa. A democracia é um sistema no qual aqueles que são prejudicados pelos acordos existentes em determinado momento têm tanto o estímulo como os meios para apontar os defeitos desses acordos, demonstrar como se está ocultando a verdade a respeito deles e tentar modificar esses acordos. (Shapiro, 2006, p. 299) Based on the underlying accountability relation, the accountee has a certain right to know; at the same time, the accountor has a right to protect privacy. More information about the accountor is not necessarily better. It is perhaps better from the standpoint of the accountee but not necessarily from the overall accountability relation. Subjective information can seriously damage the interest of the accountor, even if it is highly useful to the accountee. (Ijiri, 1983, p. 75) Fiscal transparency is defined in this paper as openness toward the public at large about government structure and functions, fiscal policy intentions, public sector accounts, and projections. It involves ready access to reliable, comprehensive, timely, understandable, and internationally comparable information on government activities—whether undertaken inside or outside the government sector— so that the electorate and financial markets can accurately assess the government’s financial position and the true costs and benefits of government activities, including their present and future economic and social implications. (Kopits; Craig, 1998) Collective correspondence between the opinions of the public and the political elites does not occur by chance. Some degree of popular control is necessary to ensure the responsiveness of elites. Citizenselite agreement without popular control is representation by luck, not democracy. (Dalton, 2008, p. 223) Sumário Apresentação.....................................................................13 Prefácio..............................................................................17 Introdução.........................................................................23 1. Brasil e Argentina: representatividade com responsividade?...................26 2. Responsividade e representação democrática..........28 3. Responsividade democrática e democracia representativa......................................31 4. Responsividade democrática e incentivos institucionais..........................................34 5. Conexão orçamentária................................................37 5.1 Ciclos orçamentários............................................41 5.2 Dinâmica institucional brasileira........................45 5.3 Dinâmica institucional argentina........................47 5.4 Incentivos e coordenação parlamentar...............50 5.5 Restrições ao poder de emenda orçamentária....54 6. Transparência fiscal e qualidade do gasto público....64 6.1 Transparência fiscal..............................................64 6.2 Dados abertos e acesso à informação pública.....67 6.3 Problematização das questões intertemporais....71 7. Objetivo, questões e recortes do objeto da pesquisa..79 8. Estrutura.....................................................................81 Capítulo 1 – Contexto Teórico...........................................83 1. Responsividade ou representatividade democrática?..83 1.1 Responsividade como medida da representação política........................................85 1.2 Responsividade e qualidade da democracia..........93 2. Vínculos entre responsividade, transparência e accountability..................................96 2.1 Modelos unidirecionais de responsividade democrática.................................98 2.2 Accountability, responsividade e transparência estritas e responsividade ampla...103 3. Relações entre as variáveis e derivação operacional das hipóteses.......................108 4. Hipóteses...................................................................114 4.1 Hipótese 1 (H1): responsividade dos gastos às agendas de população e elites...............116 4.2 Hipóteses 2 a 5 (H2 a H5): responsividade dos gastos às demandas dos públicos com mais recursos de poder...........119 4.3 Hipótese 6 (H6): responsividade das demandas aos gastos públicos......................124 Capítulo 2 – Empírico Descritivo....................................127 1. Medidas operacionais das agendas populares.........128 1.1 Distribuição das demandas por macrotemas.....129 1.2 Públicos por aprovação ao governo....................133 1.3 Públicos por situação econômica........................134 1.4 Públicos relevantes por escolaridade.................136 1.5 Públicos relevantes por gênero...........................138 2. Medidas operacionais das agendas legislativas e de gastos.............................................139 3. Dados legislativos: medidas operacionais...............145 4. Ofertas orçamentárias e financeiras: lei, executado e pago...............................................150 4.1 Expectativas de realização futura: lei................152 4.2 Expectativas de adimplemento futuro: executado....154 4.3 Adimplemento imediato: pago..........................155 Capítulo 3 – Operacionalização e Teste das Hipóteses e Discussão dos Resultados.....................159 1. Considerações comuns aos testes das hipóteses......160 2. Parâmetros das responsividades brasileiras e argentinas.............................................166 2.1 H1: responsividade das agendas de gastos às agendas majoritárias e das elites.....167 2.2 H2 a H5: diferentes responsividades conforme os públicos...............175 2.3 H6: responsividade democrática das preferências dos públicos............................181 3. Síntese da apresentação e da discussão dos resultados..........................................204 Conclusão.........................................................................211 Referências......................................................................223 Apêndices........................................................................243 Apêndice A – Do Latinobarômetro às demandas populares..............................243 Apêndice B – Públicos do Latinobarômetro................261 Apêndice C – Brasil e Argentina: lei, executado e pago..276 Apêndice D – Classificação de gastos por funções do governo.........................297 Apêndice E – Processamento dos registros do Plenário..307 Apêndice F – Dos registros de plenário às agendas legislativas...............................315 Apêndice G – Codificações das variáveis dos painéis..327 Apêndice H – Exemplo dos comandos empregados...329 APRESENTAÇÃO O estudo de caso dos sistemas políticos nacionais brasileiro e argentino, no período de 2003 a 2009, exemplifica de maneira prática o exame da responsividade democrática. Nos dois casos, são examinadas as correspondências entre as preferências reveladas por agendas de diferentes públicos no Brasil de Lula e na Argentina dos Kirchner. A mensuração desse atributo da qualidade democrática evidencia o grau de congruência sistemática, entre as percepções estruturadas de públicos demandantes e ofertantes de políticas públicas nacionais. A avalição da responsividade democrática complementa outras avalições da qualidade democrática dos respectivos sistemas políticos, a exemplo da efetuada pela Freedom House (2010). Nesse sentido, a metodologia ora empregada pode ser replicada e positivada, nos respectivos ordenamentos jurídicos, para: (1) o aperfeiçoamento da accountability governamental, (2) a garantia de maior transparência da representação política, (3) o aumento da correspondência de agendas de demandas e ofertas de políticas públicas, (4) a aferição do risco regulatório derivado das assimetrias de expectativas entre representantes e representados e (5) a mensuração objetiva da qualidade dos gastos públicos em contextos democráticos. Além da importância dos resultados da pesquisa em si, interessam os meios empregados, que podem ser replicados e estendidos para outros modos ou elos das cadeias de valor da representação política. A adoção normativa de metaíndices que integrem as diversas modalidades de uso do poder político, num único plano ou panóptico, amplia o reconhecimento, a mensuração e a evidenciação da qualidade democrática do exercício desse poder e a legitimidade 13 João Henrique Pederiva – Lucio Rennó das escolhas públicas e da seleção das origens e aplicações de recursos coletivos escassos. As pesquisas de opinião do Latinobarómetro (2010) identificam os principais problemas nacionais e subsidiam a identificação das agendas populares. Os registros em ata das atividades dos Plenários de ambos os Senados nacionais brasileiro e argentino – discursos, proposições, deliberações e votações – indicam as agendas de elites legislativas, na forma das pautas do Senado Federal e do Honorable Senado de la Nación (SF, 2010; HSN, 2010). As dotações e execuções orçamentárias e financeiras expressam as agendas reveladas dos gastos federais brasileiros e argentinos, respectivamente, conforme a Câmara dos Deputados e a Oficina Nacional de Presupuesto e a Contaduría General de la Nación (CD, 2010; OPN, 2010; CGN, 2010). A reunião dessas diferentes expressões de representação política exige a elaboração de uma unidade analítica, baseada na classificação internacional das funções de governo (Cofog), denominada macrotema, associado a percentuais, por país, ano, público e etapa do gasto. Um dos macrotemas – sem correspondência – mensura a falta de nexo entre os conteúdos substantivos das agendas. Nesse sentido, mais de metade dos gastos federais, relacionados a previdência e dívida pública, não são reconhecidos como principal problema nacional pelos públicos pesquisados. Regressões multivariadas de média ponderada móvel (modelo linear geral – glm), com dados do mesmo ano e defasados em um e dois anos, medem as correspondências, entre os demais seis macrotemas (trabalho, segurança, saúde, educação, direitos e administração), inclusive do ponto de vista da antecedência temporal. O exame apura três hipóteses, sobre a responsividadade democrática, isto é, que ela existe e é semelhante para (1) população e elites e (2) diferentes públicos, além do que 14 Responsividade Democrática no Brasil de Lula e na Argentina dos Kirchner as agendas dos agentes expressariam (3) liderança, em lugar da indução das preferências das populações e dos públicos em ambos os países. Os parâmetros resultantes das regressões condizem com as expectativas de responsividade democrática das políticas públicas de gastos federais, em relação às preferências das elites legislativas de ambos os países, mas rejeitam essa responsividade em relação ao conjunto da população (primeira hipótese). Tais parâmetros diferenciam a responsividade em relação a públicos específicos dessa população (segunda hipótese). Eles revelam ainda a liderança das políticas públicas de gastos federais, em relação às preferências populares, com destaque para o público brasileiro com escolaridade superior, mas apontam para a indução não democrática dessas preferências no caso argentino (terceira hipótese). Desse modo, a qualidade democrática dos gastos públicos é comprometida, na responsividade das políticas públicas, pela falta de focalização nas agendas populares, em ambos os países. Na responsividade dos públicos, os indícios de liderança apontam para a maior qualidade democrática dos gastos federais brasileiros em relação aos gastos federais argentinos. O controle de ano maior do que 2005 é relevante para a responsividade dos gastos federais brasileiros, mas irrelevante nas demais situações verificadas. Tal resultado indica a mudança significativa do padrão de responsividade e, portanto, da qualidade dos gastos federais brasileiros a partir daquele ano. Ao mesmo tempo, as instituições políticas brasileiras garantem mais previsibilidade dos gastos públicos do que as argentinas. Assim, o primeiro capítulo delimita os objetivos, as questões e os recortes do objeto de pesquisa. Esse capítulo distingue responsividade e representatividade e justifica o motivo da escolha de Brasil e Argentina com base nessa 15