INTEGRAL INDEFINIDA Nice Maria Americano da Costa A NOÇÃO DE PRIMITIVA A questão posta pela operação derivada, era: dada uma função f(x), encontrar outra função, digamos F(x), que é igual à f´(x), ou seja, igual à derivada de f(x). F ( x) f ´( x) Com a nova operação que estudaremos, agora, a questão é, de certa forma, posta de forma inversa. Isto é, dada a função f(x), queremos determinar outra função F(x), cuja derivada é igual à função dada: F´( x) f ( x) Definimos como primitiva esta função F(x) obtida com tal procedimento. Consideremos f(x)=senx. Desejamos encontrar um outra função F(x), tal que, F´(x)=senx. Esta função procurada é F(x)=-cosx, pois F´(x)=senx. Definição 1. Diz-se que F(x) é uma primitiva da função f(x), no intervalo [a,b], se em todos os pontos deste intervalo, tem-se F´(x)=f(x). Note que, para f(x)=senx, a função G(x)=-cosx +5 também tem sua derivada igual a f(x); logo também ela é uma primitiva de f(x). Portanto, uma função qualquer admite mais de uma primitiva. Outros exemplos: f ( x) x 3 f ( x) cos x 1 f ( x) x uma primitiva é: x4 F ( x) 4 uma primitiva é: F ( x) senx uma primitiva é: F ( x) ln x Mas as funções: x4 F ( x) 5 4 F ( x ) senx 3 4 F ( x) ln x a São, correspondentemente, primitivas das funções dadas. Teorema. Se duas funções, F1(x) e F2(x), são primitivas da função f(x), no intervalo [a,b], então, a diferença entre elas é uma constante. Demonstração. Pela definição de primitiva, temos que as derivadas das F1(x) e F2(x) são iguais a f(x): F1´( x) f ( x) F2´( x) f ( x) Definindo a diferença de F1(x) e F2(x) como uma nova função G(x), teremos G( x) F1 ( x) F2 ( x) Calculando agora a derivada de G(x), temos: G´( x) F1´( x) F2´( x) G´( x) f ( x) f ( x) 0 G( x) F1 ( x) F2 ( x) Constante Basta então conhecer uma primitiva, pois as demais diferem apenas de uma constante. Podemos então escrever para a primitiva de uma função f(x) : F ( x) C Definição 2. Denomina-se Integral indefinida de uma função f(x) a operação de determinação da expressão da primitiva dessa função, F(x)+C; esta operação é simbolicamente representa por f ( x)dx Portanto, da definição, teremos f ( x)dx F ( x) C com F ( x) f ( x) Propriedades: Em virtude da definição da operação, temos que a derivada de uma integral indefinida é igual à função dada, ou integrando: f ( x)dx F ( x) C F ( x) f ( x) A diferencial de uma integral indefinida é igual à expressão no integrando d f ( x)dx F ( x) C dx F ( x)dx f ( x)dx Lembrando que a diferencial de uma função é a sua derivada vezes a diferencial da variável independente e usando o resultado anterior A integral indefinida da diferencial de uma dada função é igual à própria função mais uma constante dF ( x) F ( x) C exemplos: 4 x dx x dx senx dx cos x dx 3 dx x dx x2 e dx x dx cos2 x Funçao Derivada x5 5x4 x4 4 x3 x3 1 x senx cos x 3x 2 1 2 x cos x senx ln x 1 cos 2 x ex 1 x ex tgx ex ln x 1 x x5 5 x4 4 cos x senx tgx Outras propriedades: Teorema. A integral indefinida da soma algébrica de duas funções é a soma algébrica das integrais indefinidas dessas funções: f ( x) g ( x) dx f ( x)dx g ( x) dx Demonstração. Calculando a derivada dessa integral temos: f ( x) g ( x) dx f ( x) g ( x) Mas pela propriedade demonstrada antes f ( x) ( f ( x)dx) Então g ( x) ( g ( x)dx) f ( x ) g ( x ) dx f ( x)dx g ( x)dx O resultado à direita é o que se obtém calculando a derivada do membro direito da tese do teorema f ( x)dx g ( x) dx f ( x)dx g ( x) dx Teorema. Pode-se retirar um fator constante de dentro do sinal de integração cf ( x) dx c f ( x)dx Demonstração. Calculando a derivada dessa integral temos: cf ( x ) dx cf ( x) Mas pela propriedade demonstrada antes cf ( x) c Então f ( x)dx cf ( x) dx c f ( x)dx O resultado à direita é o que se obtém calculando a derivada do membro direito da tese do teorema c f ( x)dx c f ( x)dx TÉCNICAS DE INTEGRAÇÃO POR MUDANÇA DE VARIÁVEL Nem sempre temos pela frente o cálculo de uma integral de uma função elementar, mas de uma composição delas. Por exemplo 2 sen x cos x dx Entretanto, fazendo algumas transformações, por mudança de variável, podemos chegar a expressões com funções elementares. No exemplo, se olharmos com cuidado, vemos que : cos xdx d ( senx) u senx Podemos então fazer a transformação entao du cos dx A integral torna-se: u3 3 u du sen xC 3 2 O princípio desta técnica se apóia nas propriedade da derivada que vimos anteriormente. Dada a integral da função f(x), podemos imaginar x como uma função de outra variável t. x (t ) dx (t )dt Então f ( x)dx f t t dt Para mostrar, derivemos o membro esquerdo em relação a x f ( x)dx f ( x) Derivemos o direito em relação a x, lembrando que temos uma função de t: f t t dt x f t t dt dt t dx Mas f t t dt f [(t )] (t ) t e dt 1 dx (t ) Então f t t dt x f t t dt 1 dt f [ (t )] (t ) f ( x) t dx (t ) Que é o resultado encontrado antes. Exemplo x 1 x2 dx t 1 x2 dt 2 xdx x dt 1 1 2 dx ln t ln(1 x )C 1 x2 2t 2 2 Exemplo senx cos x dx t cox dt senxdx senx dt cos x dx t ln t ln(cos x) C Exemplo 5x e dx t 5x dt 5dx dt 1 t 1 5 x e dx e 5 5 e 5 e C 5x t