ANÁLISE ECONÔMICA DO BRASIL E AS PERSPECTIVAS PARA 2012 XXI Seminário de Dirigentes Sindicais da Construção e do Mobiliário do Estado do Paraná Itapoá/SC - 30 de janeiro de 2012 Cenário conjuntural em 2012: algumas tendências • O crescimento da economia global diminuirá em 2012, com aperto fiscal por um lado e condições de crédito bastante restritas, por outro (previsão:3% contra 4% em 2011) • Risco grande de recessão na Zona do Euro, com estagnação na Alemanha e contração do PIB em alguns países da Região Cenário conjuntural em 2012: algumas tendências • Alguns países da Europa deverão, simultaneamente, promover ajustes fiscais e reformas que reduzam a percepção de risco soberano, aumentem a competitividade e contribuam para a retomada do crescimento (é muito difícil) • A previsão é de crescimento fraco na Europa por, no mínimo, cinco anos (se fala até em 10 anos) Recuperação nos EUA e emergentes • A recuperação da economia dos EUA em 2012 está sendo contínua, porém lenta, impedindo a diminuição expressiva do desemprego e a rápida aceleração do crédito • O crescimento na maioria dos emergentes recuará em 2012, em função das políticas mais contracionistas de 2011 e da incerteza global • Mesmo assim, a expansão dos emergentes continuará bem superior à média global, com a China sendo o principal determinante dessa expansão Preços das commodities • A previsão é de os preços de commodities não diminuírem muito em 2012 (e nos próximos anos), o que é bom para o Brasil • O determinante principal dos preços das commodities chama-se China Juros baixos e fluxo de capitais • Os juros baixos nos países desenvolvidos manterão o deslocamento de capitais para investimentos em países emergentes, especialmente, China, Brasil, Rússia e Índia • O Brasil recebeu o recorde de US$ 66,660 bilhões em investimentos estrangeiros diretos (IED) em 2011, o maior volume da série histórica iniciada em 1947 Redução dos juros no mundo • A inflação deve reduzir na maioria dos países em 2012 • A redução da inflação em ambiente de desaceleração da atividade tende a manter os juros muito baixos na maioria dos países desenvolvidos • Os juros cairão também na maior parte dos países emergentes (copom reduziu para 10,50% em 18.01) • Brasil continua sendo o “campeão mundial” de juros Saldo comercial do Brasil tende a cair • O saldo comercial do Brasil deve reduzir em 2012 por conta da menor alta dos preços de commodities e do crescimento global mais reduzido (em 2011 foi de US$ 29,7 bilhões) • A redução do superávit comercial elevará o déficit em transações correntes do País em 2012 e 2013 (no ano passado foi de US$ 53 bilhões) • Déficit nas transações correntes significa que o crescimento do país está dependendo de poupança externa para fechar as contas, o que é muito complicado, especialmente neste momento de grave crise internacional Indústria deve ficar estagnada no primeiro semestre de 2012 • Estoques em níveis elevados e parque fabril com elevado grau de ociosidade, o setor industrial ingressa em 2012 sem perspectivas de ampliação representativa da produção • Atividade deve melhorar apenas no segundo semestre • Emprego industrial deve reduzir oferta de vagas em relação aos anos anteriores • A previsão é de que o setor fabril (indústria da transformação, indústria extrativa e construção civil) deve crescer apenas 2,3% em 2012 O país vive uma crise industrial • Causas da crise: menor ritmo de crescimento: elevação da taxa de juros, a contenção do crédito, o corte de despesas públicas e as expectativas negativas decorrentes do agravamento da crise nas economias centrais • Além do problema estrutural do câmbio • A indústria de transformação registrou déficit de US$ 48,7 bilhões em 2011, 40,2% acima do déficit de 2010 quando o saldo ficou negativo em US$ 34,8 bilhões • Há vários anos a pauta exportadora brasileira vem se “commoditizando” Dívida externa e reservas internacionais • O risco associado à elevação da dívida externa continuará baixo, ainda mais em um ambiente de entrada de IED no País • Brasil deve continuar acumulando reservas internacionais em 2012, embora com expansão inferior à de 2011 (hoje já estão em cerca de US$ 352 bilhões) O perigo da dívida externa • Contudo, o diferencial de juros, ainda significativo, tem estimulado o setor privado a captar recursos no exterior, contribuindo para aumentar o endividamento externo • Mas o quadro favorável (juros baixos, economia em crescimento, cotação do dólar e reservas em níveis inéditos) pode mudar, tornando a dívida excessivamente alta e com pagamento complicado • Uma eventual alta expressiva do dólar, por exemplo, pode significar a impossibilidade das empresas pagaram a dívida Os números da dívida externa • Total: US$297,3 bilhões (dados de dezembro de 2011) • Dívida de longo prazo: US$258,3 bilhões • Dívida prazo: US$39 bilhões • Cerca de 24% do total é dívida pública: uns US$ 71 bilhões • A dívida está sob controle, mas se o cenário mudar e as dívidas ficarem elevadas, as empresas com empréstimos lá fora terão que reajustar seus preços e condições de venda/produção, atrapalhando seu crescimento (e do país em geral) O problema é a dívida pública como um todo • Despesas com juros incorporadas à dívida pública, que inclui o governo federal, os estados, municípios e empresas estatais, somaram R$ 235,6 bilhões entre dezembro de 2010 a novembro de 2011 • Equivalente a 5,72% do PIB • As despesas com juros, no acumulado do ano passado superaram toda a dotação orçamentária das áreas de Saúde (R$ 73 bilhões) e Educação (R$ 60 bilhões) • Dos R$ 235,6 bilhões pagos em juros da dívida pública, R$ 175,1 bilhões foram desembolsados pelo governo federal. Outros R$ 57,4 bilhões foram gastos por estados e municípios • Despesas com juros da dívida pública • Para comparação: o desembolso com o programa Bolsa Família – que beneficia 13,3 milhões de famílias - em 2011 foi de R$ 17,1 bilhões, isto é, 7,25% do que foi gasto com juros da dívida em um ano • Com o gasto do Brasil com juros se poderia aumentar o gasto com o bolsa família em quase 14 vezes ou multiplicar por 5 o gasto atual da União com educação Maior estabilidade no câmbio ▪ A estabilidade dos preços de commodities e a redução do diferencial entre os juros domésticos e externos são compatíveis com taxa de câmbio relativamente estável em 2012 • Uma eventual tendência de contínua apreciação cambial pode levar o governo, assim como no fim de 2010 e em 2011, a adotar novas medidas de restrição à entrada de divisas no País. Crescimento do PIB em 2012 • O perfil da expansão em 2011, com acomodação da economia no 2º semestre, indica um crescimento do PIB entre 3,5% a 4% em 2012 • O crescimento do PIB em 2013 será superior ao de 2012 como resultado de um cenário global mais favorável e das medidas de estímulo à economia nacional que serão, provavelmente, implementadas em 2012 Crescimento do PIB e investimentos em 2012 • O consumo doméstico continuará sendo o principal determinante do crescimento nos próximos anos (é um trunfo do Brasil) • Apesar da sua significativa desaceleração em 2011, os investimentos crescerão acima do PIB em 2012 Emprego e Salários reais • Mesmo com um menor crescimento do PIB em 2012, a taxa de desemprego tende a diminuir • Santa Catarina gerou 82.406 empregos em 2011, o Brasil 2.944.000 • Os salários reais aumentarão em 2012, com a contribuição decorrente do forte reajuste do salário mínimo em janeiro (14,13%) Emprego e salários reais • Temos ainda o reajuste dos pisos estaduais em janeiro, em Santa Catarina que tem grande impacto sobre os salários em geral (10,12% de correção, em média) • Em 2013, o ganho real do mínimo será menor, porque baseado no crescimento do PIB de 2011 Disponibilidade de Crédito • O crédito bancário tende a crescer mais moderadamente em 2012 • O aumento dos empréstimos bancários será concentrado nos financiamentos de prazos mais longos, em particular, nos financiamentos imobiliários e no crédito do BNDES para investimentos Inflação • A taxa de inflação já sofreu uma queda de patamar devido ao recuo no preço das commodities a partir de maio e pela própria desaceleração da economia • A inflação passada de 12 meses vem sofrendo queda e o país deve fechar 2012 dentro do teto da meta (6,5%) • O IPCA-15 (prévia da inflação oficial, divulgado ontem) acumulou 6,44% em 12 meses Inflação • A relativa estabilidade da taxa de câmbio, o crescimento moderado da economia e a concorrência dos importados indicam que a inflação de bens industriais em 2012 não aumentará frente à alta de 2011 • A estiagem no Sul e as inundações no Sudeste do Brasil devem provocar alta no preço de alimentos Cumprimento da meta de superávit primário em 2012 • O cumprimento da meta integral de superávit primário (3,1% do PIB) será dificultado pelo menor crescimento, pela provável desaceleração da arrecadação federal e pelo aumento da renúncia fiscal do governo Situação fiscal do país • Dívida líquida do setor público continuará diminuindo como proporção do PIB (dívida líquida: 36,6% do PIB; dívida Bruta do Governo Geral (Governo Federal, INSS, governos estaduais e governos municipais) está em 54,5% do PIB) • A vulnerabilidade fiscal do País permanecerá baixa, principalmente quando comparada com a de outros países, notadamente os desenvolvidos Condições do Brasil para o enfrentamento da crise • As condições de enfrentamento da tormenta são melhores que as de 2008: • Colchão de liquidez (depósitos compulsórios recolhidos ao Banco Central) de R$ 432 bilhões (R$ 246 bilhões em 2008) Condições do Brasil para o enfrentamento da crise • Existência de margem para redução da taxa de juros, para estimular o crescimento da economia (como está ocorrendo neste momento). Se o cenário se agravar na Europa o governo pode acelerar a redução • Maior solidez fiscal do que a maioria dos países Condições do Brasil para o enfrentamento da crise • Expansão do mercado interno, que vem crescendo há alguns anos pela geração de empregos e por uma ainda incipiente elevação da renda • Mercado de trabalho aquecido • Perspectiva de crescimento do PIB de, pelo menos, 3,5% em 2011, o que ainda nos mantém numa situação mais confortável do que a maioria dos países Condições da economia para o enfrentamento da crise • O déficit em Conta Corrente neste ano dificilmente passará dos US$ 55 bilhões ou menos de 3% do PIB • Investimento Estrangeiro Direto chegou a US$ 66 bilhões (superior ao próprio déficit em conta corrente) Perspectivas da negociação coletiva em 2012 • O reajuste do salário mínimo (14,13%), deverá adicionar • • • • • aproximadamente R$ 47 bi (cerca de 1,14% do PIB), sem contar o efeito multiplicador Ganho real do mínimo de 7,59% pressiona um melhor reajuste nos pisos salariais Em SC tivemos 10,12% de reajuste dos pisos estaduais (3,81% real), o que também ajuda as campanhas em geral Mercado de trabalho deve continuar a gerar empregos, o que é fundamental na negociação Menor acumulado da inflação favorece ganho real Perspectiva de PIB moderado atrapalha um melhor resultado no ganho real Perspectivas da negociação coletiva em 2012 • As condições do Brasil para o enfrentamento da crise internacional são elementos que ajudam os trabalhadores na mesa de negociação • O fato de estarmos em um ciclo de redução dos juros, ajuda também • As isenções fiscais que serão concedidas ao longo do ano, é uma bom argumento na mesa de negociação, já que a carga tributária é uma das queixas preferidas dos patrões (juntamente com a elevada taxa de juros, que também está em queda) PERÍODO DE REFERÊNCIA set/10 a agosto 2011 jan / a dezembro 2010 jan / a dezembro 2009 jan / a dezembro 2008 jan / a dezembro 2007 jan / a dezembro 2006 MARGEM DE REAJUSTE PARA RECEITA CORRENTE DESPESA TOTAL COM DTP/ ATINGIR O LIMITE LÍQUIDA R$ PESSOAL R$ RCC% PRUDENCIAL% 857.355.639,89 436.880.412,16 50,96 0,67 818.076.922,44 407.431.661,47 49,80 3,00 715.163.928,34 362.311.654,89 50,87 0,85 611.161.710,53 294.845.572,99 48,24 6,33 537.758.470,75 252.457.219,67 46,95 9,27 493.642.649,04 236.886.491,55 47,99 6,90 Previsão de crescimento: FMI • País • Brasil • Argentina • Colômbia • Venezuela • Peru • Chile • Equador • Uruguai • Bolívia • Paraguai 2011 3.8 8.0 4.9 2.8 6.2 6.5 5.8 6.0 5.0 6.4 2012 3.6 4.6 4.5 3.6 5.6 4.7 3.8 4.2 4.5 5.0 Transações correntes • Principal indicador do balanço de pagamentos, as transações correntes registram todas as operações, em dólares, com o exterior. O saldo é obtido após o resultado da balança comercial (exportações menos importações), da balança de serviços (fretes e seguros) e as transferências unilaterais.