ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I Versão Online 2009 O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica Secretaria De Estado Da Educação Superintendência Da Educação Programa De Desenvolvimento Educacional - PDE Produção Didático-Pedagógica BRINCAR É UM DIREITO DA CRIANÇA. BRINCAR É BOM. COM PALAVRAS, É MELHOR AINDA. Rosani Bora Telêmaco Borba 2009 IDENTIFICAÇÃO Professora PDE organizadora: Rosani Bora Professora orientadora: Profa. Dra. Marly Catarina Soares IES: Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG Objeto de estudo e intervenção: Estratégias de Leitura Gênero: Poema Estabelecimento: Colégio Estadual Professora Helena Ronkoski Fioravante. Disciplina: Língua Portuguesa Série: 6ª do Ensino Fundamental 2 SUMÁRIO Apresentação: Brincar é um direito da criança 5 Poemas para Brincar 8 Atividades antes da leitura 9 Atividades durante a leitura 11 Atividades após a leitura 14 É isso ali 15 Atividades antes da leitura 15 Atividades durante a leitura 15 Atividades após a leitura 17 Gincana Poética 17 Considerações finais 19 Referências 20 3 Ilustração: Poty Ribeiro Tubino “A poesia é a infância reencontrada”. Charles Baudelaire 4 Brincar é um direito da criança. Brincar é bom. Com palavras, é melhor ainda! Quando se trata de Poesia e universo infantil, podemos dizer que há um grande encontro, especialmente na carga afetiva, nas imagens, na fantasia e na sensibilidade. A linguagem poética faz parte naturalmente da linguagem da criança que dialoga com o mundo de maneira informal e lúdica, através de experiências linguísticas como: adivinhas, trava-línguas, palavras mágicas, parlendas, alfabetos particulares, cantigas, língua do “p”, associações, entre tantas outras. A escola deve ser um espaço privilegiado, no qual razão e emoção devem ser valorizados com total liberdade de expressão, um lugar em que a criatividade deve reinar. Portanto, a escola é o lugar ideal da poesia. Num contexto escolar em que, muitas vezes o poema é pouco veiculado, torna-se fundamental o resgate das emoções sensoriais inerentes ao ser humano. De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa do Estado do Paraná: O professor deve estimular, nos alunos, a sensibilidade estética, fazendo uso, para isso, de um instrumento imprescindível e, sem dúvida, eficaz: a leitura expressiva. O modo como o docente proceder à leitura do texto poético poderá tanto despertar o gosto pelo poema como a falta de interesse pelo mesmo. Assim, antes de apresentá-lo para os educandos, o professor deve estudar, apreciar, interpretar, enfim, fruir o poema. (...) Cabe ao professor, portanto, observar quais recursos de construção do poema devem ser considerados para a leitura e, como mediador do processo, contribuir para que os discentes sejam capazes de identificá-los e, sobretudo, permitir a eles que efetivem, de fato a experiência de ler o texto poético em toda a sua gama de possibilidades.(DIRETRIZES CURRICULARES, 2008, p.76) 5 Precisamos oferecer ao aluno os conhecimentos necessários e úteis à vida recuperando a sua convivência com a poesia, muitas vezes perdida no mundo mágico da infância, e assim, incluí-la na sua prática escolar. O que se propõe é que as crianças não percam a poesia que nasce com elas. Muitas vezes, a escola a insere entre as atividades lúdicas consideradas como “nãosérias”. Assim, à medida que elas crescem, estudam a poesia de uma maneira menos intensa, ou então, de uma maneira mais técnica; desta forma, evidentemente, a escola vai privilegiar o jogo poético com regras. Conforme Elias José (2003, p.101), “ser poeta é um dom que exige talento especial. Brincar de poesia é uma possibilidade aberta a todos”. Então, se podemos trabalhar com a poesia, por que não o fazemos de forma lúdica? O gênero poético desperta a sensibilidade do ser humano, podemos considerá-lo como uma relação da palavra com a vida, com o homem e o seu íntimo, a sua existência sendo contada em versos. É importante que desde cedo os alunos sintam que há uma arte técnica compreendida pelos outros e, para neles produzir certas impressões, é necessário desvendar determinados princípios os quais não são receitas nem prescrições arbitrariamente impostas, mas que se fundamentam na experiência e derivam da natureza do espírito humano. A poesia é um material pedagógico riquíssimo para todas as idades, podemos trabalhar um mesmo poema com todas as etapas de formação do indivíduo, desde a alfabetização à vida adulta, em cada fase extrairemos o seu grau de complexidade. Portanto, não devemos considerar essencial que o aluno “entenda” o poema. Segundo CUNHA (1991) a poesia é para ser sentida, muito mais que compreendida. Uma das principais características da linguagem poética é exatamente a ambiguidade, a conotação. Certamente, ao relembrarmos de nossa infância, pensamentos se encontram com nossos sonhos, já vividos, assim como recorda a autora Rosane Pamplona: Ainda me lembro da alegria genuína que sentia brincando de gato-e-rato, de pular corda, de cabra-cega. Tudo isso, hoje sei com certeza, foi que me instigou a curiosidade, a admiração e o amor pela língua, pelas deliciosas palavras daqueles versos tão bonitos, que dizem adeus, mas não vão embora: ficam para sempre ancorados em nosso coração. (PAMPLONA, 2007, p. 55) Na escola, na família, na sociedade, precisamos retomar os espaços e o sentido de brincar. E uma das experiências mais marcantes na vida de uma criança é o seu contato criativo com a Palavra. Sim, da poesia bem escolhida. 6 Houve uma época em que a iniciação no domínio poético e lúdico não acontecia nas escolas, mas na própria vida cotidiana das crianças: nos quintais, nas ruas, nas praças, nos terreiros. A rima, a comparação e a metáfora, os jogos de palavras, as histórias e as canções tradicionais conquistavam um lugar privilegiado na comunidade. Atualmente, devido à globalização e pela demasiada difusão da cultura de massas, as crianças muitas vezes vivem confinadas em apartamentos, e a televisão e o computador conquistam o lugar das brincadeiras. As tradições nas zonas rurais ainda se mantêm de alguma forma, enquanto nos centros urbanos isso não acontece mais. É nesse momento que a escola precisa investir na preservação desse patrimônio e iniciativas como a de José Paulo Paes merecem destaque. Assim, essa riqueza acessível às crianças é uma atitude de resistência. O presente Material Didático-Pedagógica caracteriza-se como uma proposta de intervenção por meio de estratégias para leitura, propondo a familiarização dos alunos com poemas de diversos autores. Posteriormente, pretende-se mostrar a relação de poemas de José Paulo Paes e o brincar infantil, através dos seguintes livros do autor: “Poemas para brincar”, “É isso ali”, “Um passarinho me contou”, “Olha o bicho”, “Lé com Cré” e “Uma letra puxa a outra”. E, finalmente, organizado em forma de Unidade Didática, o trabalho dará um enfoque maior aos livros “Poemas para brincar” e “É isso ali”, com sugestões de atividades que podem ser desenvolvidas em sala de aula, através do brincar com as palavras. Lembramos que nesse contexto, o brincar com as palavras é um ato de criatividade, de liberdade, de recriação da imaginação e o despertar da sensibilidade. Primeiramente, faz-se necessário uma apresentação dos livros escolhidos para abordar este trabalho e mostrar as qualidades sedutoras dos poemas que atingem vários tipos de públicos, pois se mostram acessíveis, ágeis, de franca e rápida comunicação com o leitor. Em seguida, serão apresentadas algumas sugestões de atividades que poderão ser desenvolvidas em sala de aula, valorizando o aspecto lúdico e demonstrando que José Paulo Paes é um grande incentivador, que suas palavras poéticas são asas libertas para os alunos, cabendo ao professor fazer a mediação entre a poesia e o aluno, entre o real e o imaginário, entre o sonho e a fantasia, entre o lúdico e o prazer, entre a infância e a adolescência, entre a liberdade e a criatividade. Na vida de cada leitor existiu, quando criança, um adulto que o introduziu no mundo dos livros. Essa pessoa a iniciar as crianças no maravilhoso mundo da leitura pode ser o professor! 7 POEMAS PARA BRINCAR (JOSÉ PAULO PAES) A saber: "Poemas para brincar" é um livro que foi lançado em 1990, pela Editora Ática. É uma obra que podemos considerar uma das mais bem sucedidas no gênero, recebendo inclusive o prêmio Jabuti de Melhor Livro Infantil. Composto por 12 poemas curtos, causa interesse por ser diferente dos tradicionais, tem um tamanho maior, suas ilustrações encantam a criança. Tal interesse permite a leitura como uma atividade atraente. Os temas chamam a atenção das crianças, pois tratam de pescaria, troca de letras, natureza, sonoridade, humor, enfim é um livro para ler e reler, brincar com as palavras e se sentir um pouco mais criança. Em Convite, o poema de abertura, já fica explícita a ideia a sustentar o livro todo: o encontro da poesia com o mundo das crianças. Diante do inevitável desejo que elas têm de aceitar a esse convite do autor ao jogo da leitura, é preciso conhecer as regras para curtir a brincadeira. E o modo como este convite chega até o possível leitor, pode determinar se ele será aceito ou não. Convite Poesia é brincar com palavras como se brinca com bola, papagaio, pião. Só que bola, papagaio, pião de tanto brincar se gastam. As palavras não. (...) Vamos brincar de poesia? PAES, 1999, p.4 Dica para o professor: Poema completo disponível em: http://www.revista.agulha.nom.br/jpaulo1.html#convite Acesso em 18/05/2010 8 Esse convite à poesia é entregue pelas mãos de pessoas que ensinam as regras deste jogo: os professores. Mas como este convite é apresentado à criança: como obrigação insípida, como memorização de regras ou como uma oportunidade de criação, um jogo lúdico valorizando o texto poético como expressão artística? Sendo assim, esse poema será a semente de todo o nosso trabalho. Aceitando o convite do poeta, procuraremos investigar como seria brincar de poesia, quais as regras desse jogo e que técnicas o poeta se utiliza para renovar a linguagem. Essa convivência com a poesia desperta na criança o entusiasmo e a criatividade, principalmente quando se descobre que a sala de aula transformou-se num espaço de liberdade, inventividade, sonhos e fantasias. A. ATIVIDADES ANTES DA LEITURA Professor: Poesia combina com alegria, no sentimento e na rima. É interessante preparar convites antecipadamente e entregar às crianças e numa festa pedagógica, recebê-las com músicas, cartazes, poemas de autores diversos espalhados pela sala. Nesse clima festivo, deixar que elas se envolvam, leiam, interajam, brinquem e escolham seus poemas preferidos. Durante a realização de atividades, pode-se explorar os poemas musicados contidos nos CD’s de José Paulo Paes. 1. Para antecipar informações e ativar conhecimentos prévios sobre brincadeiras linguísticas, seguem algumas sugestões de atividades: • Dividir a classe em pequenos grupos. Cada grupo vai conversar e compartilhar as lembranças que cada um conhece: versos, cantigas de roda, parlendas, trava-línguas, músicas que ouvem e cantam, quadras, cordel, entre outras. • A seguir, entregar a cada aluno uma folha para que ele escolha um dos poemas lembrados e transcreva-o no papel. Sugerir que façam uma ilustração usando a imaginação e a criatividade. • Agora, será o momento de propor a construção de um mural. É importante pensar no título, no visual, e organizá-lo de maneira que não fique difícil de ler os poemas expostos. Depois é só enfeitá-lo com desenhos, colagens, artesanatos da região, ou o que as crianças inventarem. Dicas para o professor: O livro Armazém do Folclore, da Coleção Literatura em Minha Casa, tem vários exemplos de trava-línguas, cantigas, brincadeiras com as palavras. Você poderá usá-lo para propor brincadeiras com seus alunos. 9 Ilustração: Poty Ribeiro Tubino 2. Para instigar a curiosidade dos alunos, alunos, sugerimos apresentar à turma o livro Poemas para brincar. brincar Pode-se se ler alguns títulos de poemas, mostrar as ilustrações e a seguir realizar alguns questionamentos: • Como seria a nossa vida sem as palavras? palav • Será que a poesia é uma das linguagens da vida? • “Poemas para brincar”: o que q o título sugere? 3. No poema Convite o autor José Paulo Paes propõe: ”Vamos brincar de poesia”? poesia Diante desse convite, podemos explorar: explorar • Muitas brincadeiras linguísticas que o professor professor pode sugerir ou então propor que os alunos recolham poesias fazendo uma pesquisa dentro da própria escola com professores, funcionários, colegas. Podem também, como tarefa de casa, entrevistar pais, avós, vizinhos e parentes. Convidá-los Convidá para visitar a escola, conversar com os alunos e demonstrar que sempre há uma memória poética, ainda que adormecida, em qualquer lugar que imaginamos. Dica para o professor: professor No livro “Diga um verso rso bem bonito!” organizado por Maria José Nóbrega e Rosane Pamplona Pamplo (2007) há muitas brincadeiras que poderão enriquecer esse trabalho. 10 4. Que tal agora brincar com trava-línguas? É uma brincadeira sempre divertida, que leva à sensação de conquista. E quando se pode inventar, fica melhor ainda. Para envolver a criança nessa brincadeira e também para provocar a curiosidade dela, uma sugestão é colocar dentro de uma caixa colorida, vários trava-línguas. A seguir, todos os alunos sentados em círculo, ao som de músicas divertidas, deixar a caixa passar pelas mãos dos alunos até que música seja interrompida. Assim, quem ficar com a caixa nesse momento, escolhe o trava-língua e o lê para todos ouvirem. E assim sucessivamente até acabar a brincadeira. Dica para o professor: podemos encontrar muitos trava-línguas disponíveis em http://www.qdivertido.com.br/verfolclore.php?codigo=22 Acesso em 18/04/2010. B. ATIVIDADES DURANTE A LEITURA Professor: No poema “Convite”, o autor afirma que, assim como brinca com objetos, pode-se também brincar com palavras, porém brinquedos se gastam com o passar do tempo enquanto as palavras, contrário dos brinquedos, não se gastam, renovam-se na dinâmica leitura. É importante explorar essa relação de semelhança entre palavras e os brinquedos, através da comparação. se os ao da as 1. Um trabalho interessante é pedir aos alunos atribuírem um conceito de poesia e também criarem uma ilustração para ela. Após essa atividade, estimular o trabalho realizado através de uma exposição em sala de aula e também nos corredores da escola. 2. O poeta também compara as palavras com a água do rio e com o dia, elementos naturais e que assim como a natureza, as palavras também se renovam. Interessante descobrir a opinião de seus alunos em relação a outros elementos que se renovam na natureza e a importância dessa renovação na nossa vida. 3. Atividades com o poema “Paraíso”: (Poema que recupera a relação das crianças com a cantiga de roda “Se esta rua fosse minha”) da tradição popular. • Recortar o poema em tiras de cartolina, de maneira que cada verso fique separado. Guarde-os embaralhados num envelope ou dentro de uma caixinha. 11 • Dividir a turma em grupos e entregar um envelope (ou caixinha) a cada um. Após explicar que os versos de um poema foram misturados, pedir aos alunos que tentem organizar o poema, arrumando as tiras com os versos na forma que desejarem. Após a brincadeira, pode-se distribuir a versão original do poema, para que façam comparações. É essencial valorizar a produção das crianças em relação ao poema original. • Momento da canção: cantar estrofes é um ótimo exercício de ritmo para as crianças. Podemos recuperar a relação delas com a cantiga de roda "Se esta rua fosse minha" e depois deixar que elas tentem descobrir como cantar as novas estrofes do poema "Paraíso". • A exemplo do que o autor fez com "Se esta rua fosse minha", proponha aos alunos, em pequenos grupos, criarem um novo final para uma canção tradicional que conheçam como "Boi da cara preta", "Atirei o pau no gato", ou "Terezinha de Jesus, por exemplo. O importante é que as novas estrofes criadas caibam na melodia, para que seja possível cantar. 4. Brincando com as rimas: As crianças adoram as rimas. É comum ouvi-las brincando sozinhas, à vontade, rimando sílabas em canções simples. O ritmo nasce naturalmente para a maioria delas, de modo que muitas gostarão de participar e encontrar o maior número de rimas que esta brincadeira propõe. A diversão com as rimas poderá começar assim: o professor deixa exposto no quadro algumas palavras como: coração, flor, papel e amar. A seguir, pede às crianças que escrevam palavras em um pedaço de papel que rimem com as palavras sugeridas. Exemplo: Coração Emoção Mão Balão Algodão Pião Melão Flor Dor Amor Pavor Calor Cor Valor Papel Pastel Mel Céu Carrossel Coquetel Anel Amar Pensar Esperar Jogar Procurar Cantar Dançar Após terem em mãos a lista de palavras que rimam entre si, apresentar algumas opções: sugerir que elas escolham quatro de cada conjunto para escreverem versos rimados ou então duas de uma lista e duas de outra, em qualquer ordem. É importante que as regras sejam claramente acertadas 12 antecipadamente. Esta atividade representa o crescimento natural da atividade anterior e a intenção é estimular as crianças a escreverem poemas e que se divirtam de um jeito não-competitivo. Um exemplo do que a criança poderá criar a partir da lista: A amizade brota do coração Perfuma a alma como uma flor Enche a vida de emoção Enche a vida de amor. (BORA, Rosani, 2010). Essa estrofe faz sentido, possui rima e métrica razoável e não ganhará nenhum prêmio. O interessante é ver os diferentes poemas que as crianças criarão e de forma descontraída, brincando realmente com as rimas. Novamente, é necessário que o aluno perceba que isto não é uma competição para escolher a estrofe ou o poema mais bonito, mais inteligente. É uma experiência, uma atividade divertida para ver o que os colegas conseguem criar quando recebem palavras para brincar. Nesse processo as crianças aprenderão muito sobre as rimas, a métrica e a arte de criar poemas simples. Elas também estarão participando e aprendendo juntas em um projeto, ao invés de competir. 1. No "Dicionário", Paes abandona as rimas, a preocupação com a sonoridade, e nos apresenta versos livres. O poema todo se baseia no jogo de inversão, de paradoxos; apresenta definições curtas e engraçadas, segue até o fim apresentando definições como se fosse um dicionário lúdico para crianças. Observe: Aulas: período de interrupção das férias. Berro: o som produzido pelo martelo quando bate no dedo da gente. Caveira: a cara da gente quando a gente não for mais gente. Dedo: parte do corpo que não deve ter muita intimidade com o nariz. Excelente: lente muito boa. (...) PAES, 1999, p.19 • Podemos inventar um dicionário maluco, aguçando a imaginação das crianças, mostrando que as palavras foram feitas para serem reinterpretadas. É bom estimulá-las a prestarem atenção nas divertidas ilustrações contidas no poema de Paes, procurando descobrir sua relação com os textos. 13 • Nas brincadeiras com palavras, os desenhos podem ajudar muito na compreensão. Outra proposta interessante é pedir ilustrações e realizar uma exposição desses trabalhos. Dicas para o professor: 1. Poema "Paraíso" disponível em: http://profgege.blogspot.com/2008/05/paraiso-jos-paulo-paes-se-esta-ruafosse.html Acesso em 20/05/2010 2. Brincadeira baseada no poema "Dicionário" disponível em: http://www.ienh.com.br/download/ATIVIDADES_ALFABETO/livro/livro/alfabeto1.htm Acesso em 20/05/2010 3. "Poemas musicados" disponíveis em: http://www.luamusic.com.br/madan.htm C. ATIVIDADES APÓS A LEITURA 1. Em relação ao convite feito pelo autor, pode-se notar se a criança se sente estimulada a aceitar a brincadeira. Então, peça à criança responder a esse convite do poeta. É importante também expor as respostas em lugar visível para que todos possam apreciá-las. 2. Agora será a vez do aluno: estimulá-los a criarem um convite bem sugestivo, colorido e enviar a um colega da classe. A seguir, pode-se sugerir a leitura desses convites por alunos que desejarem lê-los. 3. Outra maneira de propor aos alunos recriarem um poema é tomar como ponto de partida um dos versos do poema “Paraíso”. Pode-se também, em vez de compor outro poema, acrescentar versos aos que o poeta criou. 4. Seria interessante um registro de tudo o que as crianças estão realizando. Nossa sugestão é combinar com as crianças um Álbum de Poesias, para que, ao final do percurso, haja uma coletânea dos poemas conhecidos, dos descobertos, dos preferidos, dos imaginados. Propomos que se inicie o álbum logo no início das atividades, para que ele seja ampliado no decorrer do processo. Poderá ser realizado em equipes ou individualmente, o importante é estimular as crianças, sugerindo que esse material seja colorido, ilustrado e com seus poemas preferidos. 14 É ISSO ALI (JOSÉ PAULO PAES) A saber: “É isso ali" é um livro que instiga a curiosidade e o interesse do leitor, pois os poemas são constituídos a partir de brincadeiras com as palavras. “Nessa brincadeira, cada palavra pode e deve significar mais de uma coisa ao mesmo tempo: isso aí é também isso ali. Toda poesia tem que ter uma surpresa”. (PAES, 1993, p.3) Ao misturar expressões em sentido metafórico e literal, o autor faz com que as brincadeiras aconteçam, trazendo assim duas possíveis leituras para o texto. Os poemas chamam a atenção da criança ao tratar de seres imaginários, cachorro, sapo, peixes, alfabeto, pequenos mistérios da história do Brasil, ficção científica. A partir daí acontece uma sintonia entre a criança e a poesia. É isso aí: não dá para resistir à vontade de ler a esse livro de Paes. A. ATIVIDADES ANTES DA LEITURA Professor: é interessante apresentar aos alunos o livro É isso ali e provocar a curiosidade deles citando alguns títulos dos poemas e mostrando as ilustrações. Pode-se chamar a atenção das crianças em relação ao título, deixando essa questão em aberto, assim as respostas poderão surgir após os alunos conhecerem melhor a obra. 1. Explicação é o primeiro texto do livro É isso ali. As atividades que se pode explorar são sugestões de discussão. Qual é a opinião de seu aluno a respeito dessas afirmações de Paes? “Os poemas aqui reunidos são para ser lidos tanto por gente pequena e gente média como por gente grande”. “O adulto que não se diverte em ser, de vez em quando, criança ou jovem novamente, é um chato”. “Toda poesia tem que ter uma surpresa. Se não tiver, não é poesia: é papo furado.” B. ATIVIDADES DURANTE A LEITURA 1. A poesia possui um ritmo de leitura diferente da prosa. Para o aluno perceber essa diferença, é interessante que o professor compartilhe com seus alunos a 15 leitura de alguns poemas e de autores diversos. Pode-se pedir aos alunos que façam a leitura de poemas em voz alta e assim por em prática o que estão percebendo. 2. Um aluno poderá fazer a leitura do poema “Vida de Sapo” e juntos com os colegas descobrir, por exemplo, as diversas brincadeiras que o poeta faz: “Tanto buraco enche o sapo”. Qual é a brincadeira exposta através da sonoridade das palavras? Nesse verso, qual palavra poderia substituir sapo? 3. No poema “Mistério do passado”, o poeta apresenta alguns ajustes de parlendas de adivinhas, da cultura popular: Quando Cabral o descobriu, Será que o Brasil sentiu frio? Diz a História que os índios comeram o bispo Sardinha. Mas como foi que eles conseguiram abrir a latinha? (...) PAES, 1993, p.12 • Outras sugestões de parlendas semelhantes podem ser apresentadas aos alunos. Pedir também que eles tragam outras e programar uma brincadeira de adivinhas na classe divididas em equipes. Assim, a equipe que mais adivinhar a brincadeira com parlendas, ganhará o jogo. 4. O poema Inutilidades traz a figura da catacrese, de forma lúdica. O autor, através de um jogo de ideias, questiona a inutilidade das coisas: “Ninguém coça as costas da cadeira. Ninguém chupa a manga da camisa. O piano jamais abana a cauda. Tem asa, porém não voa, a xícara”. (...) PAES, 1993, p.31 • Brincando com a oposição entre a palavra e a ideia, é interessante realizar um levantamento das expressões metafóricas que se encontram no poema. A brincadeira pode-se tornar ainda mais atraente se propor ao aluno perguntas como: A boca da calça fala? O dente de alho mastiga? O piano abana a cauda? 16 • “Parece, mas não é”: essa brincadeira agradará muito as crianças: “Está no pomar, está no paletó Fale depressa, não seja bocó!” (Resposta: manga) Sugerir que as crianças busquem palavras para brincar de “Parece, mas não é.” Para recuperar e enriquecer essa brincadeira, a qual faz parte da tradição oral, pode-se propor aos alunos uma pesquisa juntamente com os pais, avós e outros familiares, pois certamente encontrarão neles uma boa referência para deixar essa atividade ainda mais divertida e interessante. C. ATIVIDADES APÓS A LEITURA • Propor aos alunos uma brincadeira com parlendas. Torna-se divertido preparar com a classe “O dia das adivinhas”. A classe é dividida em dois ou três grupos para fazer um jogo em que cada grupo terá que desvendar as adivinhas do outro. Dica para o professor: O livro “Salada, Saladinha – Parlendas” de Maria José Nóbrega e Rosane Pamplona há várias sugestões de brincadeiras que poderão ser usadas nesse jogo. Vale a pena conferir. GINCANA POÉTICA! VAMOS BRINCAR? PROFESSOR: Para organizar esta atividade, é necessário preparar antecipadamente algumas tarefas-surpresa e colocá-las em envelopes. Formar equipes de alunos por livre escolha e entregar os envelopes com as tarefas descritas. É necessário ler as tarefas para os alunos e assegurar-se de que todos entenderam o que devem fazer. Cada equipe deverá ter um coordenador. Na sala de aula, é interessante fazer uma exposição de alguns livros de poesia para ajudar na realização da gincana. As tarefas devem ser selecionadas em níveis de dificuldades, com pontuações adequadas a cada nível. Depois, é só combinar com a turma o prazo para a entrega das atividades ao professor e aguardar o dia final. Preparar os prêmios (que podem ser guloseimas, livros, gibis, objetos escolares). É importante orientar as turmas durante a execução das tarefas, que poderão ser, entre outras: 17 • Pesquisar e trazer um poema ou quadrinha que fale sobre animais. (10 pontos) • Trazer um poema ou quadrinha que fale sobre brinquedos. (10 pontos) • Trazer para a sala de aula um livro que contenha poesias. (20 pontos) • Pesquisar nomes de dois poetas brasileiros que façam poesia para crianças. (20 pontos) • Convidar um colega da escola para recitar uma poesia na sala de aula, com ênfase e entonação apropriadas. (50 pontos) • Convidar uma pessoa da comunidade, um professor ou funcionário da escola para ler ou recitar um poema à turma. (70 pontos) • Reconhecer a poesia em letras de músicas e escolher uma delas para ser tocada em sala de aula (som mecânico= 20 pontos; uma pessoa cantando ao vivo= 40 pontos) • “Caça à poesia”: No pátio da escola estará escondido um poema juntamente com um presente. Quem encontrar ficará com o prêmio, além de ganhar 30 pontos para a equipe. • A equipe que concluir as tarefas com correção será a vencedora. Nossa intenção é propor brincadeiras saudáveis à criança e envolver também a comunidade escolar, para que assim todos possam interagir diretamente na delicada tarefa de prover as crianças com os referenciais necessários para um crescimento saudável, do ponto de vista social. Acreditamos que a única maneira de se manter criança no lugar de criança é brincando com ela. Assim, as atividades saudáveis e não-competitivas com as crianças têm dupla importância: favorecer a aproximação das crianças entre si e delas com os adultos, assim como mostrar que a satisfação pessoal não está diretamente vinculada à superioridade de uns sobre os outros, como acontece quando há competição. O importante é brincar e, nesse caso, através da Poesia. 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS Espera-se que através de atividades criativas, lúdicas e divertidas, a criança crie uma relação afetiva e prazerosa com a poesia, aproveitando as brincadeiras linguísticas que ela já conhece antes mesmo de entrar na escola. Pretende-se que o aluno, brincando com poesias, sinta-se estimulado a desenvolver o interesse pela leitura. Toda inventividade precisa envolver a criança, fazê-la debruçar sobre poemas que reinventam seu mundo real numa dinâmica diversão representada no trabalho com a linguagem. Deve-se considerar a sensibilidade, multiplicidade e leveza dos poemas, uma ponte imprescindível entre a criança e a vida. Enfim, através desse trabalho envolvendo poesias, pretende-se mostrar que elas nos dão infinitas possibilidades de vivências poéticas, abrindo um leque de expectativas de trabalho em sala de aula, pois se continua acreditando que a leitura deve ser incentivada para que, desta forma, haja motivação do aluno e este possa se tornar um leitor fluente. 19 REFERÊNCIAS • BANDEIRA, P. Mais respeito, eu sou criança! São Paulo: Moderna, 2002. • CORONEL, L. Ave-Fauna Viva os Bichos. Erechim-RS: EDELBRA, 1998. • CUNHA, M. A. A. Literatura Infantil: teoria e prática. São Paulo: Ática, 1991. • JOSÉ, Elias. A poesia pede passagem: um guia para levar a poesia às escolas. São Paulo: Paulus, 2003. ____. De olho nos bichos. São Paulo: FTD, 2003. • KIRINUS, G. Criança e Poesia na Pedagogia Freinet. 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