Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo DOI: http://dx.doi.org/10.11132/rea.2012.668 Dyogo Felype Neis Mestrando, Universidade Federal de Santa Catarina Rua João Born, 444, Centro CEP 88160-000 Biguaçu – SC Brasil e-mail: [email protected] Maurício Fernandes Pereira Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina Professor Associado 2 da Universidade Federal de Santa Catarina Presidente do Conselho Estadual de Educação Campus Universitário – Trindade UFSC/CSE/CAD CEP: 88040-900 Florianópolis – SC Brasil e-mail: [email protected] Alexandre Marino Costa Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina Diretor do Centro Sócio-Econômico, Universidade Federal de Santa Catarina Campus Universitário – Trindade UFSC/CSE/CAD CEP: 88040-900 Florianópolis – SC Brasil e-mail: [email protected] Resumo Esta pesquisa faz uma análise comparativa entre os custos da estratégia de integração vertical e da terceirização de uma operadora de plano de saúde. O referencial teórico é relatado através de uma seção com conceitos de autores históricos e atuais, disponibilizando referências aos temas propostos. Foram utilizados métodos de custeio para identificar o custo unitário de cada paciente que permanece internado em uma determinada unidade própria de atendimento (integração vertical). A partir de dados extraídos do business intelligence da operadora de plano de saúde, identificou-se o custo unitário de cada paciente na rede prestadora (terceirização). Todavia, é importante ressaltar que o custo de manutenção dos serviços de internação da unidade própria de atendimento não implica, necessariamente, em lucro ou prejuízo para a organização. Dado que, uma vez que o cliente passa a utilizar os serviços próprios ao invés da rede prestadora, se torna possível diminuir os custos do seu processo produtivo, mesmo que o resultado do processo não consista em lucro. Neste contexto, torna-se oportuna a realização de uma análise quantitativa, ou seja, uma comparação entre os custos de produção por hierarquia e por mercado. Palavras-chave: Estratégia; Integração vertical; Terceirização. Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 349 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa Abstract The paper performs a comparative analysis between the costs of the vertical integration strategy and the outsourcing of a health care company. The theoretical framework is outlined in a chapter containing exposition by historical and current authors. Costing methods were used for assessing the cost per patient of the company’s hospital (vertical integration), and data extracted from business intelligence have led to assessment of the unit cost of each patient in the accredited network (outsourcing). However, it is important to observe that the cost of maintaining a hospital does not always result in profit or loss; but it is undeniable that its use saves money, since the client uses the company’s hospital instead of the accredited network. In this context, it is appropriate to carry out a quantitative analysis, in other words, a comparison between the costs of production in a hierarchy and in the market. Keywords: Strategy; Vertical integration; Outsourcing. Submetido em 29 de setembro de 2012 Aprovado em 21 de agosto de 2013 1. Introdução É possível identificar a relevância das pesquisas sobre estratégia na literatura. A importância e diversidade dos estudos acerca do tema podem ser identificadas pela quantidade e qualidade de produção literária desenvolvidas nos últimos anos. A multiplicidade dos conceitos é tamanha, que Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), levando em consideração os seus processos históricos, suas premissas e suas falhas, dividiram as linhas de pensamento estratégico em dez escolas. No entanto, após realização de pesquisa bibliográfica, percebe-se que as discussões acerca da relação entre a adoção da estratégia de integração vertical e a terceirização diminuíram de forma considerável nos últimos anos. Os primeiros estudos acerca do tema foram realizados por Coase (1937), e aprofundados por Williamson (1975), que impulsionaram as discussões sobre integração vertical, principalmente a partir das pesquisas sobre custos de transação. Após estes estudos, as discussões sobre integração vertical e terceirização passaram se destacar na literatura, sendo que a presente pesquisa visa a contribuir com as discussões acerca do tema. O interesse do tema de pesquisa surgiu a partir de uma normativa da Agência Nacional de Saúde (ANS), que induzia as operadoras de plano de saúde a proporcionar atendimento de urgência e emergência a seus clientes. Desta forma, a operadora de plano de saúde em questão investiu em uma unidade própria de atendimento, disponibilizando - dentre outros - serviços de Internação Clínica a seus clientes. No entanto, considerando que somente esta unidade própria de atendimento não seria capaz de atender a todos os clientes, a operadora de plano de saúde manteve a relação com a rede prestadora no que diz respeito ao serviço assistencial mencionado, caracterizando a terceirização dos serviços. Ou seja, a operadora de plano de saúde, apesar de adotar a estratégia de integração vertical, manteve também serviços terceirizados através da rede prestadora, Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 350 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo que é o conjunto de clínicas e hospitais credenciados a atender os clientes da operadora de plano de saúde. Este evento proporcionou a realização de uma análise comparativa entre os custos da integração vertical e da terceirização, em um mesmo período e na mesma especialidade assistencial. Neste caso, vale destacar ainda que o resultado de lucro/prejuízo da unidade própria de atendimento não deve ser o único foco de análise, tanto dos pesquisadores quanto dos dirigentes organizacionais. Porque deve ser considerado também o valor economizado pela operadora de plano de saúde em relação ao pagamento da rede prestadora, pois, além de não serem pagos valores a terceiros, ainda há a possibilidade de obtenção de lucro ou redução dos custos de produção (BRITTO, 2002). É justamente esta lacuna que se pretende abordar na presente pesquisa. Além das discussões sobre custos de transação (COASE, 1937; WILLIAMSON, 1985; FIANI, 2002), que impulsionaram os estudos acerca da integração vertical, Britto (2002) afirma que a eficiência econômica, por exemplo, por meio da redução de custos, pode ser um aspecto propulsor para as organizações optarem pela integração vertical ao invés de recorrerem ao mercado. Mas, de que forma uma organização pode mensurar se a sua opção pela estratégia de integração vertical realmente está sendo eficaz? Buscando responder esta questão, esta pesquisa busca contribuir com a evolução teórica do tema através de um foco de pesquisa relativamente inovador, principalmente considerando o escopo, o modelo de análise e a área de mercado: Saúde Suplementar. Entende-se que esta pesquisa pode contribuir para o avanço científico da área, uma vez que há a possibilidade de se comparar os custos de manutenção de um determinado serviço realizado pela própria operadora de plano de saúde (integração vertical) aos custos pagos à rede prestadora (terceirização), em um caso real. Por diversos motivos, há escassez de pesquisas com este foco, um destes motivos podendo ser impulsionado pelo fato da maioria das organizações, quando integra alguma atividade em uma determinada etapa do seu processo produtivo, acaba deixando de realizar esta mesma transação com outras empresas (BRITTO, 2002). No entanto, como a operadora de plano de saúde em questão manteve os serviços terceirizados mesmo se integrando verticalmente, tornou-se possível a realização desta análise. Com base nestes argumentos, este artigo tem como objetivo principal realizar uma análise comparativa entre os custos de manutenção de uma determinada etapa da integração vertical e o valor pago para o pagamento da terceirização (reembolso às clínicas prestadoras de serviço), no que diz respeito às internações clínicas. 2. Referencial teórico Para ser possível responder a pergunta básica, torna-se imprescindível a pesquisa bibliográfica referente ao tema abordado. Neste sentido, esta seção pretende apresentar conceitos e teorias pertinentes para o entendimento do assunto. Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 351 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa 2.1 Estratégia de integração vertical Este artigo tem como base a identificação dos custos referentes à adoção da estratégia de integração vertical de uma determinada operadora de plano de saúde. Desta forma, é apresentado um breve histórico do tema, além de conceitos, características, vantagens e desvantagens desta estratégia. Antes de compreender os conceitos que envolvem a integração vertical, é importante entender os motivos pelos quais o processo produtivo de um produto ou serviço não pode ser realizado por uma série de atores de forma independente; isto é, as razões pelas quais o processo de produção não pode ser formado por uma cadeia em que cada empresa participante comprasse de outra empresa que atuasse na produção da etapa anterior do produto, e assim sucessivamente, até que o produto final fosse disponibilizado ao consumidor pela última empresa de todo o processo. Em síntese, é oportuno apresentar o que leva uma organização a se integrar verticalmente. Diversos autores argumentam que um dos motivos que fazem as organizações decidirem, de forma hierárquica, a alocação de fatores de produção no seu interior, ao invés de utilizar os mecanismos de mercado, é a composição das relações contratuais, isto porque as trocas, assim como a produção, também apresentam custos (WILLIAMSON, 1975; FIANI, 2002; GRANT, 2002). Neste sentido, torna-se pertinente a compreensão do conceito de custo de transação, uma vez que a definição do termo é relevante para o entendimento das razões que levam uma organização a adotar a integração vertical. Coase (1937), um dos autores que sedimentaram os estudos na área, concebeu uma nova forma de enxergar a organização econômica. Coase (1937) destaca o fato da empresa e o mercado serem formas alternativas de organizar as mesmas transações. Antes disto, a economia abordava somente os custos de produção e acabava negligenciando os custos considerados relevantes que estavam associados às transações econômicas (FIANI, 2002). As concepções de Coase (1937) deram início aos estudos das condições em que os custos de transação passam a ser um aspecto importante do processo de tomada de decisão dos agentes econômicos, contribuindo para a determinação da forma pela qual são alocados os recursos em um contexto mais amplo da economia. Tais análises, somadas às consequências dos custos de transação para a efetividade do sistema, constituem a Teoria dos Custos de Transação. Buscando descobrir os motivos pelas quais as empresas existem, Coase (1937) faz outro questionamento: quais são os limites do processo de produção de uma determinada empresa? Isto é, quando é mais interessante produzir internamente e quando é mais interessante deixar o mercado, por meio de mecanismos de preço, coordenar a produção? Segundo o autor, isso pode explicar porque não existe uma única empresa realizando todo o processo produtivo e, desta forma, eliminando o mercado. Neste sentido, Williamson e Winter (1993) afirmam que Coase apresentou questões de suma importância para o avanço da literatura, a citar: por que a Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 352 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo empresa existe e como e por que ocorre o processo de integração vertical? Williamson (1985), buscando compreender as funções e origens das estruturas empresariais e mercadológicas, aprofundou os estudos sobre custo de transação, visando a entender como as instituições lidavam com questões vinculadas à transação, haja vista que parte-se do princípio que a opção de utilizar o mercado implica outros custos além do preço pago pelo produto; por exemplo, o custo de transação. Destacando a importância do custo de transação, Fiani (2002) afirma que, caso ele não existisse, os indivíduos realizariam trocas entre si para cada etapa do processo de produção; no entanto, considerando a sua existência, há a possibilidade das empresas substituírem as ações de mercado pela alocação de produção interna. Mas, afinal, o que é custo de transação? Williamson (1985) afirma que transação é o evento que acontece no momento da interação entre agentes econômicos, na qual há a transferência de um produto ou serviço. Segundo o autor, esta relação pode ser analisada enquanto relação contratual, uma vez que envolve compromissos pelos atores envolvidos. Destarte, entende-se o custo de transação como o dispêndio de recursos econômicos para se planejar, adaptar e monitorar as interações dos agentes econômicos, a fim de garantir o cumprimento dos termos contratuais, que deve ser realizado de forma satisfatória para os envolvidos ao mesmo tempo em que deve ser compatível com a sua função econômica (WILLIAMSON, 1985). Nesta mesma linha, Fiani (2002, p. 269) concebe que os custos de transação referem-se aos “custos de negociar, redigir e garantir o cumprimento de contratos”. A teoria dos custos de transação parte do princípio de que os atores são incapazes de realizar contratos perfeitos por diversos motivos, dentre eles: (1) a racionalidade humana é limitada para conceber todas as necessidades para se formalizar um documento de troca; (2) os ambientes são complexos e incertos, e existe a possibilidade de alteração do objeto ou do mercado a qualquer momento; (3) os atores possuem atitudes oportunistas, ou seja, há uma tendência por parte dos atores em transmitirem informações falsas, informações incompletas ou promessas incompatíveis com a sua capacidade; e (4) os ativos são específicos; neste caso, os riscos de atitudes oportunistas são ainda maiores, isso porque a especificidade do ativo pode ser de localização, física, capital humano, bem como os ativos podem ser previamente dedicados a um único agente econômico (WILLIAMSON, 1985). No que se refere às relações econômicas, Guedes (2000) afirma que as organizações podem utilizar pelo menos três formas de condução: por mercado, por hierarquia e por formas híbridas. A presente pesquisa visa justamente a realizar uma análise comparativa dos custos de produção da hierarquia (integração vertical) e do valor pago ao mercado (terceirização). Ainda que diversos autores destaquem algumas limitações da teoria dos custos de transação no que se refere à não efetividade de explicar questões como surgimento e evolução das organizações, por outro lado, os mesmos ressaltam as diversas contribuições para o avanço da literatura (PHAN; SOMMER, 1999; NICKERSON, HAMILTON; Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 353 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa WADA, 2001), desta forma, entende-se que a abordagem dos custos de transação é relevante para a compreensão da evolução dos estudos sobre integração vertical, bem como para conceber os motivos que levam uma empresa a adotá-la, como é o caso da operadora de saúde em questão. Além dos custos de transação, há outros fatores que podem ser considera dos condicionantes para esta decisão. Britto (2002) aborda questões acerca de: • ordem técnica: interdependência entre as atividades e desequilíbrios entre as fases de produção, principalmente quando se trata de serviços; • eficiência econômica: redução de custos, ganhos de eficiência e aperfeiçoamento dos níveis de segurança; • competição: principalmente devido ao aumento de barreiras à entrada de novos produtores e concorrentes. No que se refere à competição, Williamson (1975) argumenta que, para uma nova empresa entrar de forma competitiva em um mercado em que as demais organizações são verticalizadas, ela também já deve iniciar seu processo produtivo de forma verticalizada, a não ser que as demais empresas entrem neste mercado no mesmo momento, atuando nas demais etapas. Caso contrário, o sucesso para a entrada desta nova empresa é pouco provável, o que demonstra a efetividade da estratégia de integração vertical no que se refere a barreiras à entrada de novos concorrentes. De acordo com as concepções de Britto (2002), identifica-se que, principalmente no que refere à eficiência econômica, esta pesquisa pode contribuir para o avanço científico acerca do tema, uma vez que há a possibilidade de se comparar os custos de manutenção de um serviço (integração vertical) e os custos pagos à rede prestadora (terceirização) em um caso empírico. Para Porter (1986, p. 278), integração vertical refere-se “a combinação de processos de produção, distribuição, vendas e/ou outros processos econômicos tecnologicamente distintos dentro das fronteiras de uma mesma empresa”. Britto (2002) complementa que a estratégia de integração vertical ocorre a partir do momento em que a empresa assume o controle de diferentes etapas da transformação de insumos em produtos finais ou na execução dos seus serviços. Desta forma, pode-se entender estratégia de integração vertical como a atuação em mais de um estágio do processo produtivo. Grant (2002) define que, quanto maiores a propriedade e o controle sobre a cadeia de valor da empresa, maior é o grau de integração vertical, o que resulta no nível de verticalização que a organização possui. De acordo com Porter (1986), a decisão pela integração vertical requer a análise de custos e investimentos necessários, devendo ser considerados os possíveis problemas estratégicos mais amplos da integração vertical, em comparação com a possibilidade de que este mesmo processo seja realizado pelo mercado, além de problemas administrativos que podem afetar o sucesso empresarial. Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 354 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo Segundo Porter (1996), a adoção da estratégia de integração vertical pode resultar em diferentes benefícios, dependendo do segmento de mercado e da situação estratégica da empresa. Os benefícios da integração vertical podem ser a compensação do poder de negociação dos fornecedores - para trás - e dos compradores - para frente. Tachizawa e Rezende (2000) defendem que, em relação ao suprimento, a integração vertical pode aumentar a segurança e o escoamento da produção. Além disso, a integração pode levar à redução de custos, à apropriação do lucro do fornecedor, a um aumento do poder de mercado da empresa, ao aprofundamento na tecnologia e a melhorias na diversificação. A redução do número de etapas do processo de produção, a redução do custo de transporte, o melhor controle das programações, a redução da necessidade de informações, a diminuição de custos de transação e os menores custos provenientes de relações estáveis podem ser a consequência da contenção de custos ao se adotar a estratégia de integração vertical. A integração vertical permite ainda que determinada atividade da empresa que seja mais lucrativa financie segmentos que, por algum motivo, sejam menos lucrativos, ou até mesmo que não resultem em lucro, mas que por algum motivo a empresa necessite manter ativos (PORTER, 1991). Para melhor entendimento do tema, apresenta-se no Quadro 1, os principais benefícios conceituados por Porter (1991), sendo complementado ainda por diferentes autores. Em contrapartida, Porter (1991) ressalta algumas possíveis desvantagens. Uma delas é a superação de barreiras de mobilidade, haja vista que a integração vertical depende de maiores financiamentos, maior escala, e maiores investimentos. Outro aspecto negativo da integração vertical também acarreta um aumento de barreiras para a saída, principalmente devido ao aumento de determinados ativos. Possíveis flutuações dentro da cadeia produtiva são transmitidas às etapas subsequentes. Logicamente, o custo fixo da empresa também aumenta a partir do momento que possui uma cadeia produtiva mais verticalizada. Outros problemas estão relacionados ao fato da empresa ter maior necessidade de investir em atividades de baixo retorno e em desenvolvimento de capacidade tecnológica, haja vista que a empresa diminui o acesso às pesquisas até então realizadas pelos fornecedores ou consumidores. Com a verticalização, consequentemente, a estrutura da empresa aumentará e isso poderá gerar problemas de velocidade de resposta e flexibilidade às mudanças no ambiente. Em seguida, apresentam-se no Quadro 2 as principais desvantagens da estratégia de integração vertical ressaltadas por Porter (1996), sendo complementadas por visões de outros autores. Desta forma, visando ao alcance dos objetivos propostos, torna-se relevante o entendimento acerca da administração financeira e gestão de custos (custeio direto ou variável, custeio baseado em atividades e custeio por absorção), haja vista que a análise, principalmente da unidade própria de atendimento, foi realizada por meio de métodos de custeio. Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 355 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa Quadro 1.- Possíveis vantagens da estratégia de integração vertical. Principais Benefícios Autores Economias de operações combinadas Porter (1986); Stern et al. (1996); Coughlan et al. (2002) Melhor coordenação e controle interno Porter (1986); Besanko et al. (2004); Grant (2002); Tachizawa e Rezende (2000) Oportunismo e poder de barganha Porter (1986); Tachizawa e Rezende (2000); Grant (2002); Besanko et al. (2004) Equilíbrio de oferta e/ou demanda Porter (1986); Stern et al. (1996) Ganhos e sigilo de informação Porter (1986); Stern et al. (1996); Grant (2002) Controle de estoque Stern et al. (1996) Barreiras elevadas de entrada Porter (1986); Stern et al. (1996); Williamson (1975) Retenção dos lucros Porter (1986); Stern et al. (1996); Besanko et al. (2004); Tachizawa e Rezende (2000) Redução dos custos de transação Porter (1986); Stern et al. (1996); Grant (2002); Williamson (1975) Poder de negociação e das distorções nos custos dos insumos Porter (1986); Tachizawa e Rezende (2000) Diferenciação Porter (1986) Elevado grau de emprego de tecnologias Porter (1986); Stern et al. (1996); Tachizawa e Rezende (2000) Habilidade em efetuar a diversificação Porter (1986); Stern et al. (1996); Tachizawa e Rezende (2000) Fonte: Adaptado de Williamson (1975); Porter (1986); Stern et al. (1996); Tachizawa e Rezende (2000); Coughlan et al. (2002); Grant (2002); Besanko et al. (2004). 2.2 Administração financeira No conceito de Gitman e Madura (2003, p. 2), “praticamente todos os indivíduos e organizações ganham ou levantam dinheiro e gastam ou investem dinheiro. Finanças são os processos pelo qual o dinheiro é transferido entre Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 356 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo Quadro 2.- Possíveis desvantagens da estratégia de integração vertical. Principais Desvantagens Maior investimento Custos de mobilidade Alavancagem operacional Desencadeamento de problemas na cadeia produtiva Redução de mobilidade de parceiros Novas necessidades administrativas Redução de inovação, pesquisa e evolução Maiores barreiras à saída Autores Porter (1986); Besanko et al. (2004); Grant (2002) Porter (1986); Stern et al. (1996) Porter (1986); Stern et al. (1996); Coughlan et al. (2002) Porter (1986); Stern et al. (1996) Porter (1986); Grant (2002) Porter (1986); Stern et al. (1996) Porter (1986); Grant (2002); Coughlan et al. (2002); Besanko et al. (2004) Porter (1986) Fonte: Adaptado de Porter (1986); Stern et al. (1996); Coughlan et al. (2002); Grant (2002); Besanko et al. (2004). empresas, indivíduos e governos”. Portanto, segundo os autores, finanças são todas e/ou quaisquer atividades que relacionam capital no decorrer dos processos sistêmicos; com isso, observa-se claramente a importância desta especialidade para as organizações atuais, sendo que cada ação no interior da organização resulta também numa mudança, positiva ou negativamente, no exterior da empresa. Analisando-se apuradamente, pode-se verificar que as finanças fazem parte do cotidiano, desde o controle dos recursos para compras e aquisições para a normal decorrência de todas as funções organizacionais ou, num segundo plano, numa gestão de investimento em longo prazo. Neste sentido, a função administrativa de finanças compreende as ações realizadas com a finalidade do alcance dos objetivos, sendo que é função da gestão financeira a formulação de uma estratégia que seja adequada à maximização do retorno do investimento, ao mesmo tempo em que este mesmo capital propicie a manutenção de todas as áreas funcionais e a liquidez da empresa (SANVICENTE, 1987). Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 357 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa Contextualizando a área financeira, necessita-se a explanação referente à gestão de custos, a qual é considerada parte integrante do processo administrativo das instituições empresariais. Com o gradativo crescimento da competitividade mercadológica, as organizações necessitam implantar um sistema de custos com o maior grau de exatidão possível, para auxiliar na tomada de decisões relacionadas à gestão de custos, na busca dos objetivos organizacionais (DUTRA, 2003). De acordo com Iudícibus e Marion (2000), no âmbito interno de uma organização, frequentemente os administradores necessitam tomar decisões que podem ser vitais para o sucesso do negócio. Desta maneira, se tornam imprescindíveis a necessidade de dados, informações corretas e subsídios para a base da tomada de decisão. Neste sentido, os métodos de custeio tornam-se uma ferramenta útil, a qual será explorada em seguida. Ainda segundo os autores, a maneira pela qual os dados são processados para a obtenção de informações é nomeada como métodos de custeio. Os principais métodos de custeio são: custeio direto ou variável, Activity-Based Costing (ABC) e custeio por absorção. 2.2.1 Custeio direto ou variável Para Dutra (2003), o custo direto é considerado nos casos em que pode ser diretamente apropriado a cada tipo de bem ou órgão no momento de sua ocorrência, ou seja, está diretamente ligado a cada tipo de bem ou função de custo. Na visão de Martins (2003, p. 198), “[...] no custeio variável, só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o resultado; para os estoques só vão, como conseqüência, custos variáveis”. Logo, pode-se vislumbrar que o custeio variável considera que os custos fixos não devem ser apropriados diretamente aos produtos, e sim considerados como despesas. Logo, os custos dos produtos são compostos por custos que variam conforme a produção. É oportuno citar Dutra (2003), pois o mesmo relata que o custeio variável tem como características fundamentais, dentre outras: • não diferenciar despesa e custo; • segregar os custos e despesas que variam com o volume daqueles que não variam dentro de certa capacidade produtiva; • tratar os custos fixos de produção como custos do período; • atribuir aos produtos apenas os custos que se alteram com o volume; • determinar a margem de contribuição; • apresentar lucro final menor que no custeio por absorção quando as vendas forem menores do que a produção do período, ou seja, quando há estoques não vendidos; • igualar o lucro final ao apurado pelo custeio por absorção quando a produção for igual às vendas, ou seja, quando não há estoques; Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 358 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo • possibilitar a comparação dos custos dos produtos em bases unitárias, independentemente do volume de produção; • facilitar a análise da relação custo-volume-lucro; • facilitar a elaboração e o controle de orçamentos; • fornecer mais instrumentos de controle gerencial. Nesta forma de custeio, é calculada a margem de contribuição, que se caracteriza como a diferença entre a receita de venda e os custos e despesas variáveis, ou seja, o valor que a empresa obtém para cobrir os custos e despesas fixos (MARTINS, 2003). Acerca desse assunto, vale ressaltar as contribuições de Dutra (2003), que afirma que o custo variável é baseado na margem de contribuição, conceituada como a diferença entre o total da receita e a soma de custos e despesas variáveis. Desta forma, simplifica-se a visualização e potencialidade de cada produto, com a finalidade de absorver os custos fixos e proporcionar lucro. 2.2.2 Activity-based costing (ABC) O método de custeio Activity-Based Costing (ABC) é também chamado de método de custeio baseado em atividades. Este método surgiu com a intenção de aperfeiçoar a qualidade das informações contábeis para servir de auxílio na tomada de decisão. Almeja atribuir aos produtos individuais a parcela de gastos indiretos consumidos por cada um deles. Isto é realizado definindo-se as atividades relevantes da organização, calculando-se o custo de cada uma separadamente, e então atribuindo este custo aos produtos com base no consumo de cada atividade por parte de cada produto (DUTRA, 2003). Martins (2003) define que o método de custeio ABC é uma forma de mensuração que procura reduzir as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos. Porém, pode também ser aplicado aos custos diretos, como a mão-de-obra direta; porém, neste caso não haverá diferenças significativas em relação aos sistemas tradicionais. Ainda segundo o autor, o custeio ABC possibilita um cálculo mais apurado do custo dos produtos individuais, mas sua principal vantagem é o fato de poder ser utilizado como ferramenta gerencial que estimula e apoia a melhoria contínua dos processos, da qualidade, dos parâmetros de desempenho da empresa e dos próprios colaboradores. A utilidade do custeio baseado em atividades não se limita tão somente ao custeio de produtos. Pode ser considerada uma ferramenta de gestão de custos; no entanto, não é aceito para fins fiscais e o seu processo de implantação pode ser demorado e oneroso (DUTRA, 2003). 2.2.3 Custeio por absorção Na concepção de Martins (2003), o custeio por absorção consiste na apropriação apenas dos custos de produção aos bens elaborados; todos os gastos Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 359 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa relativos ao esforço de produção são distribuídos a todos os produtos ou serviços feitos. Não é um princípio contábil, mas uma metodologia nascida da contabilidade de custos. Para Santos (2011), no instante em que uma empresa procura custear o seu produto atribuindo parte do custo fixo, este procedimento é denominado custeio por absorção na contabilidade. Santos (2011) afirma ainda que na literatura a metodologia de custeamento por absorção é considerada básica para a avaliação de estoques e o levantamento de balanço patrimonial, uma vez que se consideram todos os custos, diretos e indiretos, como integrantes do produto. O fisco exige o uso do custeio por absorção, atribuindo aos produtos todos os custos ligados à produção. Martins (2003, p. 168) cita o Decreto-lei nº 1.598/77, que determina como custo de produção dos bens ou serviços vendidos: “o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção”. Porém, consoante a Martins (2003), há a restrição quanto ao tema de se tornar suscetível a falhas em algumas circunstâncias no quesito de tomada de decisões, tendo em vista que se baseia em premissa de rateio dos custos fixos, o que resulta na possibilidade de apresentar informações enganosas e arbitrárias. Após a explanação dos principais métodos de custeio, apresenta-se a relação do sistema organizacional de saúde público e privado, uma vez que o presente estudo também aborda a relação entre atendimentos hospitalares de pacientes do plano de saúde e pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). 2.3 Sistemas de saúde público e privado Inicialmente relata-se o atendimento público, que é representado pelo SUS. Este sistema é a base do atendimento de toda a rede pública no Brasil, sendo que há uma relação bastante crítica quanto à qualidade dos serviços prestados pelo governo. Ainda sobre o SUS, define-se que: “...amparado por um conceito ampliado de saúde, o SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira para ser o sistema de saúde dos mais de 180 milhões de brasileiros. Além de oferecer consultas, exames e internações, o Sistema também promove campanhas de vacinação e ações de prevenção e de vigilância sanitária – como fiscalização de alimentos e registro de medicamentos –, atingindo, assim, a vida de cada um dos brasileiros.” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). De acordo com o Ministério da Saúde (2009), o SUS deve realizar diversos tipos de atendimento assistencial, desde atendimentos considerados simples, como as consultas ambulatoriais, até atendimentos mais complexos, como os transplantes de órgãos, por exemplo. Este serviço é regulamentado pela lei Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 360 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo 8.080/90, que define que saúde é um direito do cidadão, sendo que o Estado deve promover as condições básicas para isso. Parafraseando Boeger (2003), o governo deve garantir a saúde através de inovações e melhorias na execução das políticas, no que se refere a alimentação, educação, estadia, transporte, e até mesmo lazer, que entre outros propõem a promoção do bem-estar físico, mental e social. Diante destes conceitos de responsabilidade de saúde voltada para o governo, surge então uma opção de melhoria no ramo de saúde particular, sendo essa a atual situação da operadora de plano de saúde analisada nesta pesquisa. No setor privado de planos de assistência à saúde, a formalização quanto à sua forma de atuação está regulamentada pela Lei 9.656/98. A lei inclui novas pautas no mercado, com a ampliação de cobertura médica, o ressarcimento ao SUS, o registro das operadoras, o acompanhamento dos preços pelo governo, entre outras regras legisladas pela ANS. Ainda assim, algumas regras e normas foram transferidas para agências reguladoras e outras ainda continuaram sendo controladas diretamente pelo Estado (FONSECA, 2002). Tendo como base os últimos 30 anos, conceitua-se que o sistema de saúde no Brasil passou por alterações de grande porte. O Ministério da Saúde era responsável pela saúde coletiva da sociedade, da logística de distribuição de vacinas e da assistência médica suplementar. Antigamente, era ativo também o Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAP), que seria responsável também por esses princípios, porém com o foco para o público de trabalhadores inseridos em alguma categoria profissional, ou dependentes, bem como os pacientes cobertos pela proteção previdenciária (NEGRI, 2001). Diante deste contexto, a privatização dos serviços públicos de saúde indica-se como uma transferência de responsabilidade do governo para o setor privado, gerando ainda uma nova oportunidade empresarial. Apesar de ser caracterizado por um novo patamar de administração, o setor privado tem sido base de um novo modelo também da administração pública de saúde. De acordo com Costa (1998), diante desta situação mercadológica, ressaltase a precariedade dos serviços de saúde pública no Brasil. Todavia, iniciou-se a partir dos anos 60 uma expansão da cobertura do sistema de saúde para a sociedade brasileira, por intermédio do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). A partir de então, o INPS passou a ser o gestor de assistência médica dos trabalhadores com carteira de trabalho assinada, bem como de autônomos que contribuíssem para a previdência social. Logo, em 1976, houve outra alteração quanto ao serviço de disponibilização de assistência médica para a sociedade brasileira. Cria-se então o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que seria mais um integrante sob a responsabilidade da saúde pública. Com o decorrer do projeto, foram inseridos também no serviço de assistência médica hospitalar os segmentos populacionais não contribuintes, como os rurais e indigentes, bem como a descentralização introduzida nos programas de expansão da cobertura de saúde privada e planos diferenciados para cada ramo de pacientes (COSTA, 1998). Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 361 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa Todavia, tratando-se de internação hospitalar, em grande parte dos casos são utilizados os hospitais públicos para o atendimento aos pacientes titulares de planos de saúde particulares, haja vista que não existiriam clínicas particulares suficientes ou hospitais próprios com estrutura adequada para a internação de seus próprios clientes. É justamente neste tocante que se ressalta a nova proposta de serviço da operadora de plano de saúde em estudo, a qual disponibilizou a seus clientes serviços de atendimento próprio; ou seja, unidades de atendimento que atendem diversas demandas, entre elas internações clínicas, focalizadas no atendimento a clientes do plano de saúde da operadora. Porém, além deste fato, ocorreu também uma forte crise institucional e financeira neste setor ligado à saúde no Brasil, motivada por desenvolvimento e crescimento populacional na década de 90 e, como consequência, houve queda da qualidade e da cobertura do sistema público. Por esta razão, houve também pressão generalizada para que o SUS passasse por uma alteração e concentrasse suas atenções apenas em grupos sociais de renda mais baixa, levando em consideração que as classes médias e altas podem adquirir planos privados de saúde. Trata-se de uma visão totalmente estagnada, que atualmente em falta de estrutura para os menos favorecidos financeiramente, e deixa de lado a responsabilidade do Estado de promover a saúde de seus cidadãos. Diante de uma concepção crítica de Costa (1998), obtém-se a definição de que o sistema de saúde está dividido em três vertentes, resultando do poder aquisitivo do paciente: o SUS, para os pacientes de menor renda, e as seguradoras para as classes média e alta. Contudo, observa-se uma relação bastante radical do autor, que afirma ainda que, geralmente, os cidadãos de menor renda são aqueles que possuem a saúde mais fragilizada; são assim os que necessitam gradativamente de cuidado maior, sendo que a relação de política de saúde pública está inserida no mesmo contexto do sistema político brasileiro. A diferença supracitada entre a utilização do SUS e os planos de saúde privados desperta um conceito de discriminação apenas pela situação financeira do paciente. Da mesma forma que o serviço é diferenciado para os usuários, tem-se também uma preferência dos profissionais de saúde pelos convênios privados, pois a remuneração dos serviços médicos é relativamente maior e mais rápida, resultando em maior eficiência nos serviços. Tendo como base o pagamento financeiro, vale destacar que a exigência do setor privado também é fator fundamental quando se trata da diferenciação SUS versus serviços de saúde privada. Justamente por estar pagando mais, o cliente tem um nível de exigência bastante compatível com o serviço. Quanto à utilização dos serviços de saúde pública pelos usuários, geralmente conseguem seu atendimento viabilizado após longa antecipação de marcação de consulta ou procedimento, ou seja, resultando em longa espera por parte do paciente. Contudo, a administração financeira é parte fundamental neste contexto organizacional na busca constante de melhoria do serviço, tanto público quanto privado, inserido neste caso na administração sistêmica da organização. Portanto, torna-se importante a análise e o estudo desta área, pois visa justamente Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 362 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo a disponibilizar todos os recursos para as atividades meio da empresa, como também ao vértice de investimentos, no qual pode auxiliar a organização a alcançar suas vantagens competitivas. 3. Procedimentos metodológicos Para o alcance dos objetivos propostos nesta pesquisa, fez-se necessária a utilização de procedimentos metodológicos. Diante destas circunstâncias, para que os objetivos deste trabalho fossem alcançados, foi utilizado o método indutivo, juntamente com a pesquisa exploratória e descritiva. Como técnicas foram realizadas pesquisas bibliográficas, documentais e entrevista informal. Para a análise dos dados foi utilizada a abordagem qualitativa e quantitativa. O método indutivo auxiliou na definição das técnicas empregadas para a aquisição de informações específicas, extraídas principalmente de documentos da organização estudada, a fim de promover o destaque das diferenças financeiras entre as internações clínicas da unidade própria de atendimento e as da rede prestadora. Tratando-se da classificação quanto à finalidade da pesquisa, ou seja, dos tipos de pesquisa, foram utilizadas a exploratória e a descritiva. As informações descritas sobre a organização em estudo foram coletadas na área administrativa da organização. A captação dos dados da unidade própria de atendimento foi realizada através de relatórios gerenciais, utilizando as informações necessárias, em alguns casos, como método de custeio. Quanto aos dados da rede prestadora, foram coletados por intermédio do Business Intelligence (BI), e em alguns casos também utilizados como base para cálculos financeiros. Estas informações foram captadas por meio de pesquisa exploratória, com a finalidade de servir também como auxílio na tomada de decisão da operadora de plano de saúde em estudo. Este auxílio é determinado justamente pelo presente estudo, o qual visa a realizar uma análise comparativa do valor economizado na utilização das internações clínicas da unidade própria de atendimento, em detrimento da utilização dos serviços da rede prestadora para a mesma especificação de serviço. Quanto à utilização da pesquisa bibliográfica, percebe-se a sua relevância nos confrontos das ideias dos autores, para a elaboração do embasamento teórico. Com os conhecimentos específicos da organização, foi possível analisar os dados que se referem à utilização da internação de uma determinada unidade própria de atendimento, que serviu como base para a comparação com a rede prestadora. Ainda no tocante à realização da presente pesquisa foi utilizada, além da pesquisa exploratória, a pesquisa descritiva, que auxiliou na descrição da caracterização da situação da organização em estudo tendo em vista as utilizações da unidade própria de atendimento. A pesquisa descritiva permitiu a apresentação da caracterização da empresa, da situação problemática e da análise dos dados coletados, através da utilização de técnicas, como: pesquisa bibliográfica e documental, observação participante e entrevista informal. Com isso, foi possível comparar a utilização da internação Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 363 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa da unidade própria de atendimento com a rede prestadora; isto é, desta forma foi identificado o valor economizado pela operadora de plano de saúde entre a utilização da unidade própria de atendimento e a redução do reembolso para terceiros, caso o cliente fosse atendido na rede prestadora. Tratando-se da pesquisa documental, a aplicação deste tipo de pesquisa foi realizada por meio da utilização de documentos da própria operadora de plano de saúde, tais como estatuto, resoluções e memorandos. Também foram usados relatórios internos e externos, como relatórios financeiros, gerenciais, de controle e de farmácia, com a finalidade de elaborar principalmente as análises comparativas dos valores. Em relação à coleta de dados, foi utilizada também a entrevista informal, pela relação das informações obtidas por meio de perguntas e respostas não formalizadas, aplicadas principalmente ao gerente, ao assessor e ao diretor responsável pela unidade própria de atendimento. A partir desta etapa, definiram-se as abordagens que permitiram a análise dos dados coletados, em virtude das técnicas de pesquisa empregadas, a qualitativa e a quantitativa. Identifica-se a abordagem qualitativa na elaboração da caracterização informativa da operadora de plano de saúde em estudo atrelada também às informações descritivas do processo de gestão clínica e do fluxo de funcionamento dos serviços prestados. Por outro lado, na análise comparativa dos custos da utilização dos serviços prestados na internação da unidade própria de atendimento em relação aos valores reembolsados, caso fossem atendidos na rede prestadora, foi possível vislumbrar a utilização da abordagem quantitativa. Os procedimentos metodológicos foram fundamentais para a realização da pesquisa, tanto na obtenção dos dados, como também na padronização das informações. Obteve-se assim a análise proposta nos objetivos deste trabalho, realizando o embasamento teórico, a revisão de literatura, os procedimentos metodológicos e a descrição e análise dos dados. Referente à descrição atual da organização e o problema analisado, torna-se oportuno descrever, na próxima seção, as informações examinadas com os conceitos dos fatos relatados nesta seção, tendo como base a aplicação da pesquisa. 4. Descrição e análise dos dados É relatado a seguir o processo de gestão clínica, o qual visa apresentar o fluxo de logística da utilização do plano de saúde, bem como o reembolso pelos serviços prestados por parte da organização em estudo à rede prestadora que atendeu tais clientes. Torna-se oportuno relatar que a análise comparativa desta pesquisa está explicitada nesta seção, sendo iniciada pela explicação das tabelas utilizadas como padrão para o reembolso da rede prestadora quando a mesma presta algum tipo de assistência médica aos clientes do plano de saúde. Foi ilustrada ainda, por uma tabela amostral, a relação entre o preço de custo e o preço padrão que constam destas tabelas, dos materiais e medicamentos utilizados na internação da Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 364 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo unidade própria de atendimento, referenciando assim o valor economizado por parte da operadora de plano de saúde na sua utilização. Logo, relata-se também o preço de custo unitário de cada paciente por dia internado tanto na unidade própria de atendimento como na rede prestadora, e é determinado o valor economizado na utilização dos serviços próprios ou de terceiros, respectivamente. 4.1 Processo de gestão clínica Vale destacar que a empresa analisada passa por mudanças no que diz respeito ao seu ambiente externo. Ressalta-se que antigamente os clientes de operadoras de planos de saúde eram atendidos nos mesmos locais de atendimento do plano público, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta relação possui duas vertentes. Se, por um lado, os clientes de operadora de plano de saúde ocupavam espaços que poderiam atender ao SUS, acarretando numa alta demanda referente às ocupações dos leitos, por outro lado as operadoras de plano de saúde investiam em melhorias e aperfeiçoamentos da estrutura e dos serviços, que também eram disponibilizados ao público em geral. Daí resultava um melhor rendimento dos serviços prestados também aos clientes do SUS. Porém, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) elaborou uma normativa que induzia as operadoras de planos de saúde a disponibilizarem unidades próprias para seus clientes. Após esta normativa houve um acordo entre as operadoras de plano de saúde e o Ministério Público, por meio de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), restringindo o uso de hospitais e unidades de pronto atendimento público para o atendimento de clientes que possuíssem planos de saúde. A partir deste momento, a operadora de plano de saúde em análise iniciou seus investimentos em unidades próprias de atendimento assistencial. Todavia, os dados gerenciais das unidades próprias de atendimento não necessariamente fornecerão o resultado final de lucro ou prejuízo da manutenção do empreendimento, pois não devem ser utilizados tão somente os dados da unidade própria de atendimento, mas sim o valor economizado pela operadora de plano de saúde, que possui a relação entre o valor da manutenção na unidade própria de atendimento quanto ao valor monetário que não foi gasto referente ao reembolso à rede prestadora. Portanto, o aprofundamento do estudo em questão será na análise da verticalização da operadora de plano de saúde, que não possui apenas planos de saúde, como também possui serviços próprios de assistência à saúde. Esta relação do valor economizado referente às unidades próprias de atendimento e à rede prestadora, especificamente no que diz respeito às internações clínicas, é o objeto de estudo desta pesquisa. O artigo visa a abordar referenciais teóricos para utilizar-se como base de conhecimento, diagnósticos de problemas ou melhorias na organização em estudo, bem como a atual situação organizacional e o que pode ser realizado buscando a melhor adaptação ao ambiente externo. A adaptação ao ambiente externo foi um dos principais pontos explorados na utilização dos serviços próprios pela operadora de plano de saúde em estuRevista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 365 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa do. Neste contexto, a análise desta decisão é um dos principais objetivos deste trabalho, vislumbrando ainda a gestão atual das internações clínicas em uma determinada unidade própria de atendimento, sendo que além de atender uma resolução normativa passou a ser considerada também como uma oportunidade de negócio pela operadora de plano de saúde. 4.2 Análise comparativa Conforme já explicitado, o resultado contábil da gestão da unidade própria de atendimento não é o único objeto em estudo, pois, além de possuir unidades próprias que se tornam mais rentáveis para a instituição, agregam-se valores e tende-se a possuir um determinado valor monetário economizado, o qual seria reembolsado para a rede prestadora que atendesse aos clientes do plano de saúde da mesma. Para esta pesquisa, foram considerados apenas os atendimentos idênticos aos prestados pela unidade própria de atendimento, tendo em vista que é realizada uma análise dos custos, neste caso formatada por uma comparação entre os valores despendidos na manutenção da unidade própria de atendimento em relação ao que seria pago para a rede prestadora caso não houvesse este serviço. Neste contexto, é oportuno relatar que não foram considerados os valores referentes ao investimento realizado na unidade própria de atendimento. Portanto, a análise realizada nesta pesquisa foi embasada somente nos custos e despesas operacionais da manutenção dos serviços prestados, mais especificamente nas internações clínicas. Há de se fazer menção também, à logística do serviço prestado pela operadora de plano de saúde para seus clientes. Neste caso, se não houvesse os serviços atualmente prestados pelas unidades próprias de atendimento, todos os pacientes da operadora de plano de saúde seriam atendidos pela rede prestadora. 4.2.1 Brasíndice/CBHPM Diante disto, torna-se válido citar que os valores pagos para a rede prestadora são baseados em padrões para os serviços prestados a determinado paciente, e dirigidos por um órgão fiscalizador (ANS). Esta padronização é formalizada por duas tabelas de preços, reconhecidas como tabela Brasíndice e Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), que contêm a grande maioria dos valores unitários dos materiais e medicamentos e procedimentos médicos realizados nos pontos de atendimentos das operadoras de plano de saúde; ou seja, o cliente do plano de saúde pode ir a uma clínica ou um hospital que atenda pela determinada operadora (o que caracteriza um integrante da rede prestadora), ser atendido imediatamente sem custo, e após isso, a operadora do plano de saúde reembolsa a determinada clínica ou hospital de acordo com os valores padronizados pela tabela, e dependendo do tipo de plano de cada paciente, o que pode contribuir para uma coparticipação das utilizações de assistência médica. Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 366 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo A Brasíndice é uma tabela utilizada como referência de valor no mercado de materiais e medicamentos utilizados no ramo de saúde, sendo que a unidade de material/medicamento já contém a diferença entre o preço cobrado no reembolso e o valor de custo (BRASÍNDICE, 2009). Esta diferença seria o valor economizado pela operadora na utilização de serviços próprios, pois, além de não estar pagando o valor total deste reembolso, ainda há a possibilidade de ganhar ou diluir os valores pagos pelos clientes na utilização dos mesmos. Uma amostra desta tabela, juntamente com a diferença entre valores de preço de custo e preço de cobrança da rede prestadora junto à operadora de plano de saúde, é exposta na Tabela 1. Portanto, de acordo com o contexto apresentado, define-se que na maioria dos casos há um valor economizado para as operadoras de planos de saúde. Há de se ressaltar também que a diferença entre o custo unitário de cada material/ medicamento é vista como lucro para a rede prestadora em cada atendimento realizado para um paciente utilizador de plano de saúde. Neste caso, houve a demonstração de uma amostragem dos materiais/ medicamentos que foram utilizados nos casos de internação clínica da unidade própria de atendimento em estudo, levando-se em consideração a quantidade de unidades utilizadas, bem como o tipo de plano de saúde, pois, de acordo com o tipo de plano de cada paciente são reembolsados valores percentuais da tabela Brasíndice. A apresentação da tabela completa com todos os cálculos citados, infelizmente, se torna inviável para a publicação em uma revista científica. Com base na amostragem supracitada, pode-se constatar um valor economizado pela operadora de plano de saúde de R$29.270,12, somente com materiais/ medicamentos, ou seja, ao invés de pagar para a rede prestadora o valor da tabela Brasíndice, que neste caso pode ser considerada como preço de venda, a operadora de plano de saúde, através da unidade própria de atendimento, utilizou-se do mesmo serviço gastando menos por se tratar do preço de custo de cada unidade de material/medicamento. Neste panorama, é relevante ressaltar também o detalhamento dos valores da tabela CBHPM, que seguem a mesma linha da tabela Brasíndice, porém, com foco nos procedimentos médicos. Esta tabela possui a generalidade dos casos de funções especificamente realizadas por médicos, sendo que tem o objetivo também de padronizar a cobrança e/ou reembolso da rede prestadora em relação à operadora de plano de saúde (ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, 2012). De acordo com a Associação Médica Brasileira (2012), a tabela CBHPM é o “ordenamento dos métodos e procedimentos existentes tanto no campo terapêutico quanto diagnóstico, estabelecendo portes de acordo com a complexidade, tecnologia e técnicas envolvidas em cada ato”. Os dados da CBHPM estão embasados em estudos realizados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (FIPE) e pelas entidades médicas do Brasil, objetivando “disciplinar o rol de procedimentos, incorporando ainda os recentes avanços tecnológicos, que ampliam a qualidade de atendimento dispensado ao paciente” (ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA, 2012). Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 367 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa Tabela 1.- Representação da comparação tabela Brasíndice. Utilização Internação Materiais e Medicamentos Referência 09 Descrição Saída Internação Un. Quant. Diferença Saldo Custo Unitário Brasíndice 100% Economia Gerada 3,63 1,14 5,14 0,28 0,01 63,71 44,25 106,23 1,59 0,09 2.149,49 3.444,72 11.223,76 71,41 32,47 2,1 3,64 247,3 11,53 142,13 4.541,56 70,63 193,12 3.097,91 0,01 0,45 1.114,46 55,69 150,74 1.040,56 0,23 1,94 291,24 Medicamentos Cefepima 1G AMP 40 Ceftriaxona 1G AMP 89 Ciprofloxacino 2Mg/Ml FR 124 Dipirona Amp 2Ml Cx100 AMP 62 Fenoterol Gotas GTS 457 Heparina Sódica 5000UI AMP 210 0,25ml Levofloxacina 500Mg IV BOLSA 39 100ml Nutrison Protein Plus FR 30 Multifiber 1000ml Paracetamol Gotas GTS 2820 Peptison Diet Pack FR 13 1000ml Ranitidina 50Mg/2ml AMP 192 AMP Materiais Agulha 13 X 4,5 Agulha 40 X 12 Cateter Dialise Peritoneal Tenckhoff Curativo Carvão Ativado Equipo Macrogotas Inj+Entr Fita Hgt Gaze Estéril (Pacote 10 Unidades) Micropore 25X10 Micropore 50X10 Seringa 10Ml Seringa 1Ml Seringa 20Ml UN UN 456 861 0,05 0,08 0,17 0,17 47 62,92 UN 1 301,94 747,36 371,02 UN 18 20 57 563,86 UN 124 1,69 3,16 143,27 UN 114 1,12 2,14 91,99 PCT 114 0,31 1,52 120,69 0,003552 0,0034 0,46 0,37 0,59 85,14 353,86 90,59 23,45 61,45 CM CM UN UN UN 37500 0,000928 170000 0,00098 520 0,24 282 0,25 339 0,35 Fonte: Dados primários (2009). Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 368 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo Portanto, de acordo com conceitos supracitados, observa-se que a CBHPM é um referencial para a padronização de valores de métodos e procedimentos médicos realizados na rede prestadora. Levando em consideração o estudo realizado na comparação dos valores dos materiais e medicamentos embasados na tabela Brasíndice, não foi possível realizar o mesmo estudo tendo como base a tabela CBHPM, pois há limitações para mensurar os valores gastos em cada procedimento médico para depois compará-los com o valor da tabela, resultando assim na diferença entre o preço de custo e o preço da tabela CBHPM, ou seja, num valor economizado por cada procedimento médico. Esta dificuldade é justificada pelo alto nível de desvio de gasto em cada procedimento médico em específico, embora trate-se do mesmo tipo de procedimento, pois cada procedimento específico pode ser realizado utilizando-se de quantidades diferentes, de materiais/medicamentos e taxas que também diferem, ou seja, custos assistenciais diferentes em cada caso específico. Os valores presentes nesta tabela, tanto do Brasíndice como da CBHPM, possuem diferenças em termos de preço de custo, sendo que o resultado desta diferença pode ser considerado como lucro para a rede prestadora da operadora de plano de saúde; porém, na utilização da unidade própria de atendimento ela pode ser entendida como valor economizado. A utilização desses dados será o destaque do próximo tema a ser abordado, o qual terá como referência a gestão de custo entre a internação clínica da unidade própria de atendimento e a rede prestadora. 4.3.2 Custo unitário paciente/dia Diante dos valores economizados na utilização da unidade própria de atendimento, se torna oportuno relatar também os custos e despesas relacionados à manutenção de uma estrutura capaz de atender à especificação de assistência médica versus o valor pago à rede prestadora atender os seus clientes. Levando adiante os estudos dos gastos da unidade própria de atendimento da operadora de plano de saúde, primeiramente foram relatados todos os valores despendidos na manutenção da unidade própria de atendimento durante um mês, e com isso será realizada uma análise de custos e despesas para a realização dos serviços. Utilizando-se deste estudo, realizou-se pelo método de custeio ABC a mensuração dos valores gastos por cada serviço prestado. Há diversos serviços que são rateados quanto à sua utilização e, portanto, foi definido o grau de utilização e dividido o valor pelo mesmo índice. Por exemplo, o serviço de limpeza é prestado em diversos setores da unidade, por exemplo, no pronto-atendimento, na internação, no serviço de imagem, no laboratório médico, entre outros. Sendo assim, o valor gasto no serviço de limpeza foi rateado pelo nível de utilização de cada tipo de atendimento. O exemplo supracitado teve um gasto de Y em reais e foi utilizado o critério do número de metros quadrados de cada tipo de atendimento, por exemplo, para a internação foram prestados 30%, utiliza-se então a seguinte fórmula: Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 369 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa Y em reais x 30% de utilização = valor gasto diretamente para a internação (1) Esta mesma fórmula foi utilizada para todos os custos indiretos, dentre eles, mão de obra indireta - diretor responsável técnico, gerente técnico, assistentes administrativos, atendentes, recepcionistas, telefonistas, estagiários, farmacêuticos, etc., material de expediente, insumos de copa e cozinha, serviços de lavanderia, serviços de nutrição, serviços de transporte, serviços de controle de infecção, serviços de desinsetização/desratização, serviços de tecnologia de informação, serviços de calibração de equipamentos médicos, serviços de engenharia clínica, serviços de laboratório, serviços de esterilização, serviços de engenharia e arquitetura, serviços de segurança e vigilância, serviços de limpeza, serviços de máquina de café, serviços com mão de obra terceirizada (segurança e vigilância), serviços de coleta de resíduos, aluguel de imóveis, uniformes, manutenção de imóveis, telefone, internet, água e esgoto, energia elétrica, impostos e taxas, seguros, publicidade institucional, relacionamento com o cliente, correio, taxi, fretes, serviços de manutenção de elevadores, serviços de manutenção de gerador, serviços de manutenção de no break e serviços de manutenção de ar-condicionado. Somados a este custo, foram considerados os custos diretos, como materiais, medicamentos, oxigênio e mão de obra direta, incluindo médica, técnica de enfermagem, enfermeira, fisioterapia, nutricionista, psicóloga e fonoaudióloga. O custo de paciente/dia foi determinado pelo valor total dos gastos transferidos para a internação, por método de custeio, dividido pelo número de atendimentos realizados num determinado período. Para a identificação do número de atendimentos da internação clínica, foi utilizada a seguinte fórmula: Quantidade de pacientes x quantidade de dias que cada paciente ficou internado = número de atendimentos (2) Portanto, sendo rateados todos os gastos da unidade própria de atendimento, é possível identificar que a utilização pela Internação Clínica foi de R$195.493,22. Este valor foi rateado pelo número de atendimentos, que no caso de Internações é determinado pela quantidade de diárias utilizadas neste serviço num determinado período. Durante o mês analisado, constatou-se que o número de atendimentos foi de 224. Identificou-se então o custo unitário de cada paciente por dia no setor de internação clínica, no pronto atendimento, nos serviços de imagem e nos atendimentos dos profissionais não médicos (consultórios de fonoaudiologia, nutricionista, psicólogo, entre outros). Infelizmente, a apresentação da tabela completa - com todos os cálculos dos gastos da manutenção da unidade própria de atendimento - torna-se inviável neste artigo devido à limitação de tamanho; no entanto, é possível vislumbrar uma amostragem na Tabela 2. Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 370 Transferência De Custos Custos Administrativos Critério: Dedicação por serviço Dedicação por serviço % Sub-Total Custos transferidos: CC Limpeza/Seg. Critério: M2 M2 % Sub-Total Custos transferidos: CC Farmácia Critério: Dedicação por serviço Dedicação por serviço % Sub-Total Custos transferidos: CC Lavanderia Critério: Taxa de utilização do serviço Taxa de utilização do serviço % Sub-Total Custos transferidos: CC Nutrição Critério: Taxa de utilização do serviço Taxa de utilização do serviço % Sub-Total Custos transferidos: CC Outros Apoio Critério: Participação total de c/atividade fim Participação total de c/atividade fim % Custo Total Número de Atendimentos Custo Unitário Ilustração Representativa PA 194.077,16 28.500,54 43,38 42,77% 222.577,70 734,02 50,48 27,77% 223.311,71 3.163,51 40 40,00% 226.475,23 294,12 30 30,00% 226.769,35 0 0,00% 226.769,35 266,88 49,29% 49,29% 227.036,23 2.767 82,05 CC Atividades fim Internação Imagem 162.434,53 14.734,66 24.700,47 3.800,07 37,60 5,78 37,07% 5,70% 187.135,00 18.534,73 144,08 1.240,27 9,91 85,29 46,93% 5,45% 188.375,27 18.678,81 790,88 3.954,39 10 50 10,00% 50,00% 192.329,66 19.469,69 686,28 70 0 70,00% 0,00% 193.015,94 19.469,69 2.247,48 100 0 100,00% 0,00% 195.263,42 19.469,69 229,80 22,91 42,44% 4,23% 42,44% 4,23% 195.493,22 19.492,60 224 777 872,74 25,10 PNM 13.621,66 4.885,81 7,44 7,33% 18.507,46 104,84 7,21 3,97% 18.612,30 0 0,00% 18.612,30 0 0,00% 18.612,30 0 0,00% 18.612,30 21,90 4,05% 4,05% 18.634,21 313 59,60 Tabela 2.- Custo unitário paciente/dia (Unidade Própria de Atendimento). 460.656,26 66.636,97 101,43 100% 460.656,26 2.643,05 181,76 1,00 460.656,26 7.908,79 100,00 1,00 460.656,26 980,40 100,00 1,00 460.656,26 2.247,48 100,00 1,00 460.656,26 541,50 1,00 1,00 460.656,26 Total Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 371 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa Portanto, tendo em vista os cálculos de custeio utilizados nos valores dos custos e das despesas da manutenção da unidade própria de atendimento durante o mês, pode-se identificar que o custo de um paciente por dia internado nos serviços próprios da operadora de plano de saúde é de R$872,74. Na Tabela 2 é possível constatar ainda o custo unitário de cada paciente no Pronto Atendimento, nos serviços de Diagnóstico por Imagem e nos atendimentos dos Profissionais Não Médicos, que representam respectivamente: R$82,05, R$25,10 e R$59,60. Explicada a forma pela qual foi mensurado o custo unitário paciente/dia da Internação Cliníca da unidade própria de atendimento, a seguir é analisado o valor unitário paciente/dia pelo qual a rede prestadora é reembolsada, em média, pela operadora de plano de saúde nos casos específicos de internação clínica, para que eles possam ser comparados. Torna-se oportuno citar neste caso que, com o auxílio do Business Intelligence da organização em estudo, foi possível identificar o valor médio que a operadora de plano de saúde reembolsa para a rede prestadora, para cada paciente seu que fica internado em hospitais que a compõem. Para isso, foram consideradas somente as internações idênticas às prestadas pela unidade própria de atendimento da operadora de plano de saúde, bem como uma amostragem do mesmo mês utilizado na análise anterior, para que fosse feita uma análise coerente e restringindo uma provável sazonalidade dos serviços, diminuindo assim possíveis erros. Para o estudo deste valor, foram utilizados três tipos de filtros: período, tipo de internação e tipo de acomodação. Quanto ao período, foi considerado somente o de um mês, sendo esse o mesmo período dos dados captados na análise dos custos da unidade própria de atendimento. Quanto ao tipo de internação e acomodação, foram utilizados também os mesmos casos específicos, ou seja, somente casos de internação clínica somados ao tipo de acomodação restrito às especificações de enfermaria. Faz-se imprescindível neste caso a explanação de termos técnicos como internação clínica e enfermaria. Tratando o assunto de forma clara e direta, pode-se dizer que internação clínica refere-se a uma especificação do tipo de internação que trata de casos em que não há nenhum tipo de procedimento cirúrgico, ou seja, somente tratamentos com medicamentos. Quanto à acomodação do tipo enfermaria, é possível definir que é um tipo de acomodação em que o paciente fica sob o mesmo espaço físico que outros pacientes, e que em alguns casos os leitos dos pacientes são divididos por estruturas divisórias ou cortinas. Sabendo-se então que foram utilizados somente os casos similares aos tipos de internação da unidade própria de atendimento, é oportuno explanar sobre o valor do custo unitário paciente/dia da rede prestadora. Com isso, foi identificado todo o valor reembolsado para a rede prestadora dentro das especificações supracitadas, o qual resultou em R$768.154,03. Foi considerado então o valor de todas as diárias lançadas no sistema de informação da operadora de plano de saúde com as especificações da pesquisa, resultando num total de 346 atendiRevista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 372 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo mentos, o qual condiz com a quantidade de pacientes somada à quantidade de dias em que cada paciente ficou internado sob os cuidados da rede prestadora. Portanto, foi utilizada a seguinte fórmula para identificar o custo unitário paciente/dia da rede prestadora: Valor reembolsado/número de atendimentos = custo unitário paciente/dia (3) Logo, levando-se em consideração o valor reembolsado pela operadora de plano de saúde à sua rede prestadora, e dividindo-se este valor pelo número de atendimentos, obteve-se o valor de R$2.220,10; destarte, pode-se conceituar que este é o valor pago em média pela operadora de plano de saúde à rede prestadora a cada dia que seu cliente próprio fica internado sob os cuidados e estrutura da mesma. Realizando uma análise comparativa dos custos unitários tanto da unidade própria de atendimento quanto da rede prestadora, identifica-se que se torna benéfica a utilização dos serviços próprios, mesmo levando em consideração os gastos gerados pela manutenção. Vale ressaltar ainda que, apesar de aumentar os custos indiretos, se tornam rentáveis os custos diretos do serviço, pois são considerados preços de custo tendo em vista que não é utilizado o valor das tabelas Brasíndice e CBHPM, as quais contêm os valores do lucro da rede prestadora, que foi o assunto da seção anterior. Com isso, não se evidencia o lucro da unidade própria de atendimento, e sim o valor economizado. Após esta análise, pode-se conceituar que o valor economizado por dia que cada paciente fica internado nas dependências dos serviços próprios é de R$1.347,36. Este conceito é identificado após relatar-se que, caso o paciente não estivesse internado na unidade própria de atendimento, na maioria dos casos seria destinado à rede prestadora. Com isso, a operadora de plano de saúde teria um gasto ainda maior no processo de reembolso. Vale ressaltar que foram utilizadas médias de valores, sendo calculadas por intermédio de amostras. Realizando-se uma breve análise com o valor economizado na utilização da internação clínica pelos serviços próprios da operadora de plano de saúde, pode-se comparar o valor da diferença do custo unitário paciente/dia na unidade própria de atendimento à média da rede prestadora, dado o número de leitos disponíveis no momento desta pesquisa. Os dados encontram-se na Tabela 3. Analisando-se a ilustração acima, é possível identificar o valor economizado pela operadora de plano de saúde na utilização dos serviços próprios ao invés da rede prestadora. Considerando-se apenas 50% da capacidade instalada para receber seus clientes, a internação do paciente na unidade própria de atendimento gera um retorno em valor economizado de R$3.880.396,80 por ano. Porém, levando-se em consideração uma ocupação de 80% da capacidade disponível na unidade própria de atendimento, conclui-se por um valor economizado de R$6.208.634,88 por ano na utilização dos serviços próprios em detrimento dos serviços da rede prestadora. Tendo em vista a utilização total da capacidade Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 373 Dyogo Felype Neis, Maurício Fernandes Pereira e Alexandre Marino Costa Tabela 3.- Valor economizado pela operadora de plano da saúde. Valor Economizado Internação Leitos Disponíveis: Valor Unitário Un. de Atendimento: Valor Unitário rede prestadora: Diferença Valor Unitário Ocupação 50% 16 R$ R$ R$ 872,74 2.220,10 1.347,36 16 Leitos * 50% de Ocupação: Valor Economizado Diário Valor Economizado Mensal Valor Economizado Anual Ocupação 80% R$ R$ R$ 8 10.778,88 323.366,40 3.880.396,80 16 Leitos * 80% de Ocupação: Valor Economizado Diário Valor Economizado Mensal Valor Economizado Anual Ocupação 100% R$ R$ R$ 12,8 17.246,21 517.386,24 6.208.634,88 R$ R$ R$ 16 21.557,76 646.732,80 7.760.793,60 16 Leitos * 100% de Ocupação: Valor Economizado Diário Valor Economizado Mensal Valor Economizado Anual instalada, identificou-se o valor economizado de R$7.760.793,60 por ano; ou seja, este é o valor que a operadora de plano de saúde pode economizar a cada ano utilizando apenas a internação da unidade própria de atendimento, o que demonstra a sua rentabilidade anual. É importante relatar que este é um estudo realizado tendo como base uma média de valores resultante de pesquisas amostrais, o que pode produzir desvios da média, resultando assim na possibilidade de diferentes valores. Contudo, torna-se possível ter uma ideia dos valores unitários de cada paciente no que se refere à internação clínica e a abordagem de diferentes prestadores torna-se o objetivo e sugestão para futuras pesquisas. 5. Considerações finais A utilidade da pesquisa está relacionada à necessidade de analisar, não somente o resultado contábil, mas sim a rentabilidade final da utilização da Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 349-377p, jul./set. 2013 374 Estratégia de integração vertical versus terceirização: uma análise a partir do custo unidade própria de atendimento, neste caso representada pelo valor economizado resultante da adoção da estratégia de integração vertical, comparada ao que seria pago a serviços terceirizados. É possível identificar o benefício da utilização da unidade própria de atendimento por parte da operadora de plano da saúde. Por meio da análise de custos identificou-se o valor economizado que a internação clinica da unidade própria de atendimento possibilita à operadora. Conclui-se que a utilização da integração vertical gera um custo menor comparado ao que seria reembolsado à rede prestadora. Tal fato remete à conclusão de que os custos de produção resultantes da estratégia de integração vertical, caracterizada pela diretriz da hierarquia, foram benéficos à operadora de saúde analisada, uma vez que o custo de manutenção do serviço próprio é menor que o ressarcimento à rede prestadora, caso o cliente fosse atendido em algum hospital credenciado. Compreende-se esta pesquisa como uma contribuição para as discussões teóricas e empíricas acerca do tema, uma vez que o seu escopo relativamente inovador amplia o foco de análise da relação entre integração vertical e terceirização. Além disso, considerando-se a escassez de pesquisas com este foco de análise, é possível concluir que a inclusão do conceito de valor economizado torna-se oportuno para a realização desta análise comparativa, haja vista que resultado de lucro ou prejuízo não necessariamente determinará a eficiência de um determinado estágio produtivo, como é caso da operadora de plano de saúde em questão. O fato de a organização manter os serviços terceirizados mesmo após a sua verticalização também é considerado um indicador que contribui para o avanço da literatura, uma vez que este fato proporcionou a realização de uma pesquisa que analisou serviços idênticos, em um mesmo período e em uma mesma localização, restringindo assim possíveis alterações no resultado final por diversas razões descritas no decorrer da pesquisa. Vale destacar que esta pesquisa visou a analisar os gastos de manutenção da unidade própria de atendimento, ou seja, não se consideraram os investimentos realizados para a realização da estratégia de integração vertical, o que pode ser considerado uma limitação da pesquisa. Além disso, não se obteve como foco a análise de possíveis vantagens e desvantagens qualitativas resultantes da integração vertical da operadora de plano de saúde. Desta forma, sugerese abordar tais questões em futuras pesquisas, visando ao avanço teórico e empírico do tema. 6. Referências Associação médica brasileira. Classificação brasileira hierarquizada de procedimentos médicos. São Paulo, 2012. Disponível em: <http://www.amb.org.br/Site/Home/>. Acesso em: 30 set. 2013. http://www.amb.org.br/_arquivos/_downloads/cbhpm_2012.pdf BESANKO, D. et al. A economia da estratégia. 3ª. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. 608p. BOEGER, M. A. Gestão em hotelaria hospitalar. São Paulo: Atlas, 2003. 97p. 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