MOVIMENTO OPERÁRIO1
Aline Maisa Lubenow, Eny Izolda Dreischerf Pereira, Regina Chiesa2
RESUMO
O artigo tem por finalidade buscar elementos e aspectos envoltos ao processo, no século XIX, denominado de Movimento Operário. Nesse contexto destaca­se o país que esteve a "frente" desse processo numa fase de transição no início da industrialização, que foi a Inglaterra. A análise ocorre a partir do diálogo com alguns autores, referentes a temática Movimento Operário. Focalizam­se aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais relacionados a questão de "tempo" envolto nesse movimento, e as condições de vida nesse período.
PALAVRAS­CHAVES: LUTA DE CLASSE; BURGUESIA; OPERÁRIO .
INTRODUÇÃO: O presente artigo elaborado para a disciplina de História Moderna II, do Curso de História, orientado pelo professor Elison Antonio Paim, tem como objetivo abordar o contexto do movimento operário, sua constituição na Inglaterra, no século XIX, sua propagação para outros espaços geográficos, bem como sua relação com a burguesia. Pois esse período é um marco dentro do processo industrial. Desenvolvido através de um enfoque qualitativo, pois para compreender o processo do Movimento Operário se faz necessário conhecer seu contexto histórico. Diante dessa necessidade foram buscados subsídios teóricos, através de pesquisa bibliográfica, bem como reflexões sobre esse momento histórico. Esse conteúdo será apresentado de uma forma dinâmica, auxílio do material data show, com imagens que registram o contexto.
Vendo­se a necessidade de aprofundar e contextualizar o movimento operário, o qual passa a ser o “grito de liberdade dos trabalhadores pobres”, presos a classe burguesa e a sociedade capitalista. Pois com o processo da Revolução Industrial, onde fábricas aderiram as máquinas, novas estratégias de organização do trabalho e o crescente ritmo de inovação tecnológica fez surgir as grandes fábricas no lugar das pequenas oficinas. Sendo assim, o modo artesanal de produção, que incluía a participação do trabalhador em todas as etapas, foi substituído pela produção em escala. Conseqüentemente as cidades indústrias cresciam de uma forma desordenada e sem planejamento, oriundas das migrações do homem do campo, ocorrendo vários problemas, como epidemias, mas condições de moradia e sem saneamento. CONSTITUIÇÃO DO MOVIMENTO OPERÁRIO:
No seu livro A era do capital – 1848­1875, Hobsbawm destaca, no décimo segundo capítulo, a formação da “cidade, a indústria e a classe trabalhadora” e suas novas características sociais que vão surgir. Considerando que, com o “trabalho industrial” ocorrem mudanças na “estrutura e organização” do mesmo, bem como a “urbanização”, pois as “cidades cresciam rapidamente”, sendo que a “concentração de pessoas em cidades era o mais impressionante fenômeno social”, na Inglaterra e País de Gales no início do século XIX, onde a classe trabalhadora buscava construir seu espaço. (HOSBAWM: 1982, p. 222).
O que se verificou que as primeiras cidades industriais nem sempre se ampliavam e continuavam se ampliando, mas novos centros urbanos iam constituindo­se a partir da instalação de nova indústria. Para os trabalhadores, suas habitações eram precárias, sendo na maioria das vezes “escuras, monótonas, repletas de gente”. Porém, logo surgem, nessas cidades, exigências de construções planejadas.
Como a urbanização estava iniciando, havia em “contraste” entre os centros urbanos e as áreas agrícolas, pois ambas eram muito próximas, permanecendo trabalhadores “meio­agricultores”, porque muitos trabalhavam nas fábricas e mantinham seu trabalho agrícola. Nesses espaços urbanos, no início do século XIX, era uma mistura de “centro industrial” com “centro de comércio, transporte, administração e uma multiplicidade de serviços”, atraindo muitas pessoas, tornando 1
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Trabalho realizado para a disciplina de História Moderna II, com o Professor Elison Antonio Paim.
Acadêmicas do 5º período do Curso do História da Universidade Comunitária Regional de Chapecó­Unochapecó.
cidades “superpovoadas” e as pessoas vivendo, na maioria das vezes, em “cortiços”, tendo muitos problemas de saúde. Como consequência desse rápido crescimento foi o aparecimento de inúmeras epidemias que derivaram principalmente da falta de: limpeza das ruas, do fornecimento de água, do serviço sanitário, ou seja, as más condições de vida da classe trabalhadora. A cólera e o tifo foram as doenças contagiosas que reapareceram.
Com o fortalecimento do capitalismo, também, forma­se as distintas classes: dos “pobres” e dos “ricos” economicamente. As primeiras, em grande maioria e a segunda, em minoria. Isso retrata­se na formação das cidades que são projetadas com avenidas e como transporte são construído trilhos de trem, para que os “pobres” morem bem longe dos centros urbanos. Pois as construtoras consideravam que “o pobres eram um mercado que não dava lucro, comparado aos ricos com suas lojas especializadas, comércio, casas e apartamentos”.
Como consequência, há um crescimento em vários ramos da indústria, tanto na Inglaterra como na França. Com lucros e capital privado, os empresário vão expandir suas empresas para outros espaços geográficos da Europa.
Além disso, pode­se destacar a pobreza no campo principalmente entre os trabalhadores assalariados, os trabalhadores rurais domésticos e também entre os camponeses pobres, no qual a fome era grande, a pobreza também se instalava na área rural, até doenças como o tifo devastava os campos.
PORQUE SURGEM AS MÁQUINAS:
O que leva a introdução das máquinas são vários motivos. Na França, segundo Perrot, porque os “tecelões reivindicam um salário excessivo” ou mesmo as “greves que prejudicam o processo” da produção. Bem como, as máquinas “substituem” o trabalho humano, onde as mesmas “produzem melhor e mais barato” e mais rápido. Outro fator era a “insubordinação dos nossos operários” e porque “a máquina libertou o capital da opressão do trabalho”. Também “a descoberta da máquina (...) torna impotente a má vontade dos operários (...) e podem­se substituí­los sem inconvenientes por homens novos e sem experiência”. (PERROT, 1992, p.23­24).
Com a chegada das máquinas, ocorre uma guerra social declarada e aberta entre operários contra patrões, pois o operário inglês prefere passar por inúmeras necessidades, a se deixar dominar e submeter­se a classe burguesa.
Na Inglaterra ocorre com muita freqüência paralisações e greves oriundas de inúmeros motivos. Entre eles destaca­se a “redução de salários, como a propósito da recusa de um aumento (...) ou ainda porque o patrão se tinha recusado a pôr fim a abusos ou a melhorar instalações deficientes; ou porque foram introduzidas novas máquinas”. (ENGELS, 1985).
Com a Revolução Industrial uma nova ordem se constituiu. O que antes era somente realizado pelas mãos dos operários, com destaque ao trabalho em família com uso de mão de obra das crianças, agora é feito, em partes, com a máquina. Nesse momento, o capitalismo se fortalece e se expande mais na Inglaterra, França e Alemanha, isso ocorre com aumento da produção, baixo salário pago aos operários, o lucro e acúmulo por parte dos proprietários.
RESISTÊNCIA CONTRA AS MÁQUINAS:
No início, com a chegada das máquinas, há uma resistência por parte dos operários, porque consideravam a perda de espaço e domínio do que faziam. Porém, para os patrões foi muito bom, pois a “organização operária: bem remunerada, os operários são indisciplinados, brigões e beberrões”.
Segundo Perrot os operários eram contra as máquinas pois consideravam que as mesmas eram a causa do “desemprego”. E estando desempregado como pagariam os impostos? Outro, que diante da crise econômica e política, a burguesia buscava novas alternativas, e essa foi à introdução da máquina, com a substituição do operário. Pois a máquina “permite eliminá­lo, substituí­lo por (...) engenheiros ou técnicos, (...) mais ligados à direção da empresa (PERROT, 1992, p.23).
Outro fator são as “grandes máquinas”, que devido ao seu “tamanho e volume”, exigem novas construções, ampliações e um “reordenamento do espaço produtivo que pressupõe a fábrica”. Na França, havia oposição aos produtos ingleses. Os operários eram contra, porque com as máquinas ocorria uma “má qualidade” nas confecções. Toda essa luta era para que homens e mulheres tivessem “direito ao emprego”. Enfim, a “oposição às máquinas” ocorreu de diversas maneiras, sendo que a destruição das mesmas foi a última forma encontrada, pelos operários, para protestarem.
Hobsbawm em seu texto, Os Destruidores de Máquinas, deixa claro que muitos devemos rever em certos pontos desse movimento, pois grande parte ainda é obscura. O surgimento desse movimento veio como um meio de destruição, no início do triunfo da mecanização, que já nessa época estava sendo inevitável. Grande parte de movimento ocorreu na Inglaterra “o berço da industrialização”. Muitos dos trabalhadores assustados e com medo dos maquinários, atribuem a um meio de deter esse avanço. Pois em seu início os trabalhadores tão pouco sabiam o que estavam fazendo, mas reagiam cegamente a pressão da miséria e a falta de consideração ao trabalho humano, principalmente entre eles estavam os artesões e mineiros.
Destacamos os “Luddistas”3 que por sua vez não eram maquinários e operários das fábricas e sim artesões autônomos, que trabalhavam em vários tipos de comércios e indústrias queriam mesmo era manter a tradição do artesão e da indústria doméstica, pois os mesmos rendiam lucros favoráveis e se opuseram a industrialização intensas e as novas tecnologias. Os trabalhadores só podiam lutar por meio de demonstração, gritaria, incitação e vaias, intimidação e violência. O Luddismo e a sabotagem, embora não elevados a categoria de doutrinas tinham, apesar de tudo, fazer parte dos métodos de luta.
No contexto do movimento operário também encontramos o Cartismo4, uma reivindicação a favor de melhores condições de vida. O primeiro movimento independente da classe trabalhadora na Inglaterra. O cartismo também abrange questões políticas, é a “Carta do Povo” leis propostas pelo proletariado. Segundo Engels a “Carta do Povo” definiu seis pontos : 1­ “Sufrágio universal para todos os homens”; 2­ “Renovação anual do parlamento”; 3­ Fixação de uma remuneração parlamentar”; 4­ “Eleições por escrutínio secreto”; 5­ “Circunstâncias eleitorais legais”; 6­ “Abolição da disposição [...] de modo que cada eleitor seja a partir de agora elegível”.
Dentro do processo de industrialização, devemos dividí­los em duas partes: a primeira não implica diretamente ao ataque das máquinas, mas as certas condições que os trabalhadores no momento estavam sendo expostos, mas como um meio de fazer pressão aos empregadores e aos trabalhos extras, “estavam usando os ataques contra as maquinaria, quer nova ou velha, como meio de forçar seus empregadores a fazer­lhes concessões com relação ao trabalho e outras questões”.(HOBSBAWM, 1981, p. 17).
Esse tipo de destruição é tradicional, estabelecido do conflito industrial no período do sistema doméstico de fabricação e nas primeiras fases das fábricas têxtil, nas minas (principais indústrias na Inglaterra na época) e principalmente as matérias primas. Podendo citar como exemplo, no interior da Inglaterra em Wiltshire, operários queimaram montes de feno, celeiros e choças de negociantes de tecido impopulares, abateram sua árvores, destruíram carregamentos de pano, bem como atacaram e destruíram suas fábricas. Obviamente que tão pouco os trabalhadores estavam interessados com os processos técnicos mas sim em manter seus empregos e sua dignidade.. A partir desse processo seguimos o segundo método de destruição, considerado como a “expressão da hostilidade” da classe trabalhadora, que buscava da mesma forma lutar para garantir o seu emprego, diante de tanta mudança, pois com a mecanização já implantada, os jovens começam a trabalhar nas novas máquinas garantindo assim, seu trabalho, mas para os mais velhos que não se adaptavam as novas tecnologias, eram dispensados. O métodos de destruição das máquinas teve sucesso na medida que sua capacidade de manter as condições expostas estáveis, com tudo exigiu lutas incessantes e eficientes. “Quando desse processo foi devido ao homem, quanto ao Luddismo latente ou passivo dos próprios empregadores, não podemos, contudo, determinar. No entanto qualquer que seja a verdade na questão, a iniciativa veio dos homens e ate esse ponto eles podem reivindicar uma parcela importante em qualquer desses sucessos”. (HOBSBAWM, 1981, p. 27). 3
­Luddismo foi um movimento que ficou bastante conhecido em 1811 na Inglaterra e que pregava a condenação da mecanização do trabalho, uma das maiores conseqüências da Revolução Industrial. O nome do movimento deriva de Ned Ludd, um de seus líderes e autor das primeiras cartas que ameaçavam os industriais da cidade de Nottingham.
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­Cartismo foi um movimento político que ocorreu na Inglaterra entre os anos de 1838­1848.
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, ORGANIZAÇÃO DOS TRABALHADORES:
Em relação as leis trabalhistas, como conhecemos hoje, no século XIX eram muito precárias. Os operários eram submetidos a longas jornadas de trabalho durante o dia, inclusive sábado e domingo, praticamente sem descanso, laser e dedicação à família.
Com a expansão do sistema de indústrias, busca­se algumas melhorias aos trabalhadores, “possuindo segurança de trabalho, promoção por antiguidade e até mesmo pensões”, isso porém, era para pouquíssimos. Ao mesmo tempo que dá algumas migalhas, ela reforça a ideologia do trabalho com a seguinte canção: “Sou um soldado, um soldado da indústria. E como você, tenho minha bandeira. Meu trabalho, tem enriquecido a pátria. Vou te dizer, meu destino é glorioso.” (HOSBAWM: 1982, p. 229).
Mas com o trabalho, cada operário iria conseguir entrar no “universo burguês”? A lógica do capital diz que não. Pois a “maioria dos trabalhadores permaneceria trabalhador por toda a vida”. Ocorre um conflito entre os próprios donos de indústria. Uns acreditavam que aumentando o salário do operário iria deixá­lo mais satisfeito e esse produziria mais. Outros, consideravam a necessidade de manter os salários baixo. Nesse aspecto é levado em consideração os statos social pois era necessário manter os “trabalhadores pobres (...) porque a inferioridade econômica era um índice adequado de inferioridade de classe”. Assim como outros, que nesse período, início do século XIX, diziam que “os trabalhadores deviam agradecer por ter afinal algum trabalho, já que havia um grande exército industrial de reserva do lado de fora esperando por aquele emprego”. (HOSBAWM: 1982, p. 230).
Hosbawm destaca que, para a “classe operária” o “fator insegurança” era constante. Uma grande parte dos trabalhadores “não sabiam no princípio da semana quanto iriam levar para casa na sexta­feira, (...) não sabiam quanto tempo iria durar seu emprego, (...) se perdesse, quando voltaria a encontrar novo trabalho e em que condições”, pois não havia “nada que correspondesse a moderna segurança social, exceto caridade e readmissão no serviço”. Um dado importante: para o adulto até 40 anos havia trabalho, mas depois na velhice não havia amparo.
Uma forma que os trabalhadores encontraram foi organizar­se em sindicatos com os “melhores, mais capazes e sóbrios trabalhadores”. Porém, a burguesia via “os sindicatos como multidões de estúpidos e desencaminhados, instigados por agitadores que não conseguiria obter uma melhor forma de vida de outra maneira”. (HOSBAWM: 1982, p. 233).
No início do século XIX, o movimento operário estava construindo uma identidade de “trabalhadores”, mesmo que com muitas diferenças. O que os unia era “um sentido comum do trabalho manual e da exploração, (...) pelo destino de serem operários”. Bem como “estavam unidos pela crescente segregação da sociedade burguesa, cuja riqueza crescia dramaticamente enquanto a situação dos trabalhadores permanecia precária. (...) Pois havia uma real diferença entre as modestas conquistas de conforto que um trabalhador bem sucedido (...) e as brutais acumulações de riqueza” do industrial. (HOSBAWM: 1982, p. 235).
Isso fez surgir grupos de trabalhadores. Uns “menos conscientes” de sua exploração e forma de vida que iam aceitando essa condição de só trabalhar, ficando na pobreza e abandonados. Outros, “mais conscientes” que buscavam uma forma de vida mais digna, fazendo que começasse um pequeno fortalecimento do sindicato da categoria, pois isso possibilitava “melhorar sua barganha coletiva através de organização coletiva”. Muitas vezes, o que unia esses dois grupos era a religião, pois com isso teriam uma “unidade social dentro do ritual de afirmação da comunidade”.
A classe burguesa e o sistema capitalista buscam no trabalhador, individualmente, “perspectivas diferentes de melhorias” e “imitar a classe média”, na tentativa de separar a classe operária, não permitindo o seu fortalecimento. Porém o trabalhador percebia a necessidade de se organizar e se unir. Isso se deu em algumas instâncias, como no sindicato, no partido político e em associações de diferentes categorias, incentivados pelas idéias liberais (as mulheres eram excluídas). Todo esse movimento foi na Inglaterra, Alemanha e França.
Enfim, o que percebemos nos escritos de Hobsbawm, no início do século XIX, é que não há nada definido em termos de classe operária como categoria, não horas estabelecidas de trabalho, a remuneração é baixa. Estava engatinhando uma busca de organização em diferentes setores. Mas há, ao mesmo tempo, um grande número de miseráveis, pobres e explorados, bem como outros, em menor número com melhores condições humanas e financeiras.
Com a Lei de 1824, os operários também possuem o direito a livre associação, onde antes somente à burguesia e a aristocracia possuíam este poder. Mas já havia a existência de inúmeras associações antes dessa lei, porém sem grandes resultados.
Mas em contraponto “no entanto, estas associações nunca subsistiram por muito tempo”, ou seja, eram ineficazes. Como nos apresenta Engels, “é uma longa série de derrotas dos trabalhadores, interrompidas por algumas vitórias esporádicas”. Antes de falar como surge o movimento operário, destacamos quem é a classe operária que dá formação ao movimento operário. Essa classe é formada de diferentes profissões: tecelões, papeleiros, ramo gráfico, metalurgia, indústria de confecção (alfaiates, chapeleiros, xales), indústria de madeira, indústria de papel pintado, indústria leve de bens de consumo, produção mecânica, entre outras.
O “movimento operário proporcionou uma resposta ao grito do homem pobre”. Segundo Hobsbawm o movimento operário é a forma na qual os trabalhadores pobres encontraram para enfrentar os “patrões ou capitalistas”, onde neste contexto havia uma “necessidade de mobilização permanente”.
A revolta que parte dos operários, segundo Engels, inicia pouco depois do desenvolvimento da indústria e atravessa diversas fases. Primeiramente pode­se relatar o “crime”, o operário em sua condição de miséria e indigência acaba recorrendo ao roubo para suprir suas necessidades.
Uma dado interessante: “as mulheres e as máquinas”. No final do século XVIII as “mulheres que fiscalizam os homens”. Porém, no século XIX, “raramente encontra­se tal situação”. “Técnica e fiscalização é sempre masculina”. (...) “divisão tradicional dos sexos e a subordinação feminina”. PERROT, 1992, p. 31).
Mas, afinal o que queriam o trabalhadores além de seus direitos trabalhistas? Queriam “possibilidade de pensar, sentir e viver humanamente”. Segundo essas palavras, o autor Engels nos retrata como os operários devem se libertar da situação que se encontram perante a classe burguesa. Essa os trata como se fossem uma “propriedade” e até mesmo “os coloca ao nível de animais”. Os Trabalhadores buscavam inclusive uma sociedade diversa da qual estavam inseridos. Idéias baseadas na oposição aos seus opressores. “Seria cooperativa e não competitiva, coletivista e não individualista. Seria 'socialista' e representaria não o eterno sonho da sociedade livre, que os pobres sempre levam no recôndito de suas mentes.” (HOBSBAWM, 1977, p. 291). Hosbawm, ainda descreve o movimento trabalhista além de uma “organização de autodefesa, de protesto e de revolução ” mas também como “um modo de vida”. Portanto, segundo o autor, o que unia esse movimento era “a fome, a miséria o ódio e a esperança entre os trabalhadores pobres”.
Já no final do século XIX surgem formas que regulamentam o trabalho. Porém esse “é a expressão da vontade patronal, e os operários não tem nenhuma participação nele”. Nesses regulamentos do trabalho “fixam os horários e o valor das multas”, inclusive “prescrições morais”. Tinha “disposições sobre os salários, regras de higiene e segurança. Assim como proibido circular na fábrica e “modo de vestir”. Verifica­se que, com a introdução das máquinas, criam­se legislações específicas com normas e regulamentos. (PERROT, 1992, p. 67­68).
Perrot descreve como eram os regulamentos e o que eles prevêem: “multas em caso de faltas, atrasos, falhas de fabricação “, bem como “por deterioração das máquinas, brigas dentro ou na frente, cachimbos mal apagados, 'bagunças', 'disputas, grosserias, conversas obscenas, maneira indecentes' (Regulamento da fábrica Thiriz, Godart, 1840), embriaguez, falatórios”, entre outros. (PERROT, 1992, p. 68).
Outra forma de punição mais direta e severa: “advertência, suspensão (de algumas horas até vários dias) e, em último recurso, demissão” (Fábrica Schneider, Creusot). (PERROT, 1992, p. 69). Outro fator relacionado ao movimento operário é a comunicação. Como conhecemos hoje praticamente não existia. No início do século XIX, os operários procuravam se organizar, através de reuniões e associações, inclusive fazem comunicados, através de cartazes e “petições” que são encaminhadas aos “prefeitos” e ao “poder central”, com o objetivo de legalizar o trabalho.
Até a métade do século XIX a “organização do trabalho (...) é modesta”. Muito mais nos aspectos teóricos do que práticos. Entre os meios de comunicação, pode­se destacar o jornal “Northern Star”, único jornal a relatar os movimentos do proletariado.
RELAÇÃO BURGUESIA E MOVIMENTO OPERÁRIO:
A relação com a burguesia e o padrão de vida nas sociedades no início da industrialização, ocorre de maneira diversificada. A classe burguesa, segundo Engels, era calculista, egoísta, dominante e possuía um sentimento de cobiça. Em contraponto “os operários se mostram mais simpáticos, mais nobres e mais humanos”. Neste contexto destaca­se a força da burguesia que está relacionada à propriedade e ao poder do estado. Inclusive os interesses que estão marcados na exploração dos operários. “A máquina (...) introduziu um tipo de disciplina mais sutil (...), contribuiu para fixar o trabalhador, colado ao seu lugar na oficina (...) impondo­lhe seu ritmo. Ela se torna a senhora do jogo”. As “grandes empresas” buscavam formas de controlar o operário, inclusive, fora da fábrica. Indo além do econômico, chegando ao político e social, através, por exemplo, de associações. (PERROT, 1992, p. 71).
Thompson cita o exemplo da Siderúrgica Crowley, início do século XVIII, nessa fábrica havia um “Livro de leis”, no qual sua finalidade era “governar e regular a sua força de trabalho rebelde”. Destacam­se nessas leis o registro de tempo feito por um supervisor, à ampla preocupação com o relógio da fábrica e inclusive os horários que eram determinados quando o sino tocasse durante o dia, a saída e a entrada dos trabalhadores. Ainda neste contexto sobre o tempo, o autor, retrata que somente os mestres utilizavam o relógio com a finalidade de um maior controle sobre o tempo, ou seja, um controle sobre os trabalhadores. Pois, segundo o autor: “tempo é dinheiro” e nesta época (século XVIII) esta mentalidade já estava muito presente, segundo nos relata o autor.
Na questão da educação pode­se ressaltar uma forma de disciplina e inclusive de hábitos relacionados ao trabalho, isto nas escolas. Neste momento pode­se destacar a rigidez e regularidade no cumprimento de horários na escola sobre as crianças. No sentido de uma preparação para o trabalho futuro.
Portanto, no sentido da disciplina no capitalismo industrial a uma preocupação em controlar o tempo para que este não seja “desperdiçado”.
CONCLUSÃO:
As mudanças foram muito em favor da industrialização, com as mudanças tecnologias. A sociedade passou a consumir mais, com isso as mudanças começam a aparecer gradativamente, mas lentas com uma melhora material nos padrões de vida. Isso partiu para a sociedade comparadas as outras classes. Como na Inglaterra, onde a fartura de capital estava teoricamente disponível, mas não era utilizada em lugares úteis. Mas para os mais pobres, classificados como os artesões independentes, vendedores ambulante, trabalhadores de fora, ou de meio expediente entre outros, não podemos deixar de destacar que o inicio da industrialização foi uma catástrofe, pois seu padrão de vida declinou, refletidos na queda de preços por peças, no subemprego entre outros fatores. REFERÊNCIAS:
ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Global editora, 1985.
HOBSBAWM, Eric J. A era do capital – 1848­1875. 4. ed. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1982.
HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções. 23. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1977.
HOBSBAWM, Eric J. Os trabalhadores. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
PERROT, Michelle. Os excluídos – mulheres, operários, prisioneiros. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: Estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
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